domingo, 8 de dezembro de 2013

PCSA: Honrar a memória de Mandela preservando a unidade do povo


Em nota emitida sobre o falecimento do líder Nelson Mandela, o Partido Comunista Sul-africano (PCSA), ressalta as suas qualidades de combatente e construtor da unidade popular. Mandela foi, além de membro do Congresso Nacional Africano, partido que conduziu a luta pela libertação nacional e o apartheid, dirigente do Partido Comunista até 1962, quando foi encarcerado.  


Na noite passada, milhões de pessoas na África do Sul, entre as quais a maioria da classe operária e dos pobres, junto ao bilhões de seres humanos que habitam o planeta, perderam um verdadeiro revolucionário, o presidente Nelson Rolihlahla Mandela, “Tata Madiba”.

O Partido Comunista Sul-africano se associa aos sul-africanos, como aos demais povos do mundo, exprimindo as mais sinceras condolências à senhora Graça Machel e a toda a família de Mandela pela perda daquele que o presidente Zuma apresentou justamente como o maior dos filhos da África do Sul, o Companheiro Mandela.

Queremos nesta ocasião exprimir nossa solidariedade ao Congresso Nacional Africano, uma organização que o forjou e à qual ele serviu de maneira louvável, junto com os seus camaradas e companheiros do nosso movimento de libertação.

Como dizia Madiba: “não são os reis e os generais que fazem a história, mas as massas, os povos, os trabalhadores, os camponeses”.

O desaparecimento do Companheiro Mandela assinala o fim da vida de um dos maiores revolucionários do século 20, que combateu pela liberdade e contra toda forma de opressão, no seu país e em escala mundial.

Como parte das massas que fazem a história, a contribuição do Companheiro Mandela à luta pela liberdade foi dada e forjada no pertencimento à direção coletiva do nosso movimento de libertação nacional dirigido pelo Congresso Nacional Africano – e por isto não foi uma contribuição isolada.

Tivemos no Companheiro Mandela um soldado bravo e corajoso, um patriota e um internacionalista que, retomando o mote de Che Guevara “foi um grande revolucionário guiado por um grande sentimento de amor” pelo próprio povo, uma marca de todos os autênticos revolucionários populares.

No momento de sua prisão, em agosto de 1962, Nelson Mandela não era somente membro do Partido Comunista Sul-africano, então clandestino, mas era também membro de nosso Comitê Central.

Para nós, comunistas sul-africanos, o Companheiro Mandela será sempre o símbolo da contribuição monumental do Partido Comunista Sul-africano à nossa luta de libertação. A contribuição dos comunistas à luta pela liberdade dos sul-africanos é dificilmente igualada na história do nosso país.

Depois da sua libertação, em 1990, o Companheiro Madiba permaneceu um grande e estreito amigo dos comunistas, até o seu último suspiro.

A lição importante que nós devemos aprender de Mandela e da sua geração de dirigentes, está no seu empenho pela unidade baseada sobre os princípios em cada uma das formações da nossa Aliança [Congresso Nacional Africano, Partido Comunista Sul-africano e a central sindical classista COSATU], pela unidade da nossa Aliança em seu conjunto e pela unidade de todo o movimento democrático de massa.

A sua geração lutou para construir e cimentar a unidade da nossa Aliança, e por isto nós devemos honrar a memória do Companheiro Madiba preservando a unidade da nossa Aliança.

Que se lembrem disso aqueles que não compreendem quanto sangue foi derramado para conservar a unidade da nossa Aliança, para que não manchem a herança e a memória de pessoas da têmpera de Mandela, pondo em jogo de maneira reprovável a unidade da nossa Aliança.

O Partido Comunista Sul-africano tem defendido o empreendimento da reconciliação nacional feito por Madiba. Mas a reconciliação nacional para ele nunca significou evitar contrapor-se às desigualdades de classe, sociais, na nossa sociedade, como hoje alguns tentam fazer crer.

Para Madiba, a reconciliação nacional representava uma plataforma para alcançar o objetivo da construção de uma sociedade sul-africana mais igualitária, liberta do flagelo do racismo, do patriarcado e das desigualdades mais evidentes.

E uma verdadeira reconciliação nacional não será jamais alcançada em uma sociedade ainda caracterizada pelas desigualdades que se aprofundam e pela exploração capitalista.

Em homenagem a este grande combatente, o Partido Comunista Sul-africano intensificará a luta contra todas as formas de desigualdade, inclusive intensificando a luta pelo socialismo, a única solução política e econômica aos problemas que a humanidade enfrenta.

Para o Partido Comunista Sul-africano, o desaparecimento de Madiba deve oferecer a todos os sul-africanos que não aderiram a uma África do Sul democrática e que sempre de um modo ou outro demonstraram nostalgia do período da dominação branca, uma segunda possibilidade de inserir-se em uma África do Sul democrática fundada sobre o princípio das regras da maioria.

Façamos um apelo a todos os sul-africanos a fim de que se inspirem no seu exemplo de abnegação, de sacrifício, de empenho e de serviço prestado ao povo.

Os comunistas dizem: “Hamba kahle Mkhonto!” (Descanse em paz, combatente da libertação!)

O Partido Comunista Sul-africano, em 6 de dezembro de 2013


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