sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sindicato prevê 100 mil demissões na construção civil

Os últimos três meses do ano não serão de boas notícias para os trabalhadores da construção civil. O Sindicato da categoria em São Paulo (Sintracon) calcula que 100 mil funcionários do setor devem perder o emprego.O presidente da entidade, Antonio de Souza Ramalho, afirmou que cálculos feitos pelos técnicos do sindicato revelam que construtoras e outras empresas do ramo, que empregavam até o mês de outubro 2,1 milhões de pessoas, devem chegar ao fim do ano tendo dispensado 4,7% dos seus trabalhadores, o que perfaz quase 100 mil trabalhadores."Notamos um aumento muito grande no número de demissões homologadas pelo sindicato desde a segunda semana de outubro", afirmou Ramalho, citando que o número de homologações de demissão realizadas pelo sindicato praticamente triplicou desde a segunda quinzena de outubro. De acordo com ele, o final do ano, tradicionalmente, é um período de demissões devido à maior freqüência de chuvas e a conseqüente redução no ritmo de execução das obras.Neste ano, contudo, a crise financeira tem levado ao cancelamento de novos projetos e motivado a dispensa principalmente na área de administração. "O pessoal da obra não sofre tanto, pois há muita coisa por acabar", complementou. "O pessoal que trabalha com os projetos, porém, está com o emprego mais comprometido", disse Ramalho.Em entrevista coletiva, o diretor econômico do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Eduardo Zaidan, confirmou o período sazonal de demissões, mas preferiu não fazer estimativas de quantos trabalhadores serão dispensados. "Posso falar sobre a tendência [de demissões], mas não posso falar de números", disse ele, quando questionado sobre a quantidade de dispensas. Zaidan disse, entretanto, que o setor -maior gerador de emprego do País em 2008- deve retomar seu nível de emprego no início de 2009, com a normalização do trabalho nas obras. "As obras que já foram iniciadas terão de ser entregues."

Fonte: DCI

Impõe-se o controle do câmbio e do fluxo de capitais para contornar a crise cambial

O comportamento do câmbio reflete o movimento de fuga de capitais de curto prazo aplicados em nosso país e o avanço das posições especulativas contra o real. Os leilões de dólar do Banco Central, realizados diariamente, não se revelam suficientes para segurar a elevação da moeda norte-americana. O BC já vendeu US$ 6,7 bilhões no mercado à vista de câmbio, medida que pode ter amenizado a alta do dólar, mas não impediu a valorização da divisa estadunidense. ContradiçãoOs efeitos da depreciação do real são contraditórios e devem ser compreendidos à luz da dialética. De todo modo, parece evidente que, aliados às oscilações do câmbio, constituem um sério risco para a economia nacional e a saúde do balanço de pagamentos. Em tese, o impacto da alta do dólar sobre as exportações é positivo, pois as mercadorias brasileiras ficam mais competitivas no mercado externo, razão pela qual os capitalistas ligados ao setor exportador sempre reclamaram do que consideravam uma valorização excessiva e especulativa do real e clamavam por mudança na política cambial.A crise inverteu a tendência (e as apostas nos cassinos financeiros) ao provocar uma migração dos capitais estrangeiros às praças dos países mais desenvolvidos, especialmente para os EUA, ou em “direção à segurança”, conforme a expressão usada pelos economistas. O dólar disparou. Porém, o efeito potencialmente positivo sobre as vendas no comércio exterior foi anulado pela contração dos mercados provocado pela crise. Queda das exportaçõesAssim é que as exportações registraram uma forte queda, de 12,5%, em novembro (comparado a outubro). O saldo comercial não foi prejudicado, pois o declínio das importações foi ainda maior, de 16,5%. Não só o recuo das exportações como também o das importações são notícias negativas para o PIB, cabendo aqui notar que uma parcela expressiva das mercadorias adquiridas no exterior são meios de produção (máquinas, equipamentos e matérias primas), configurando, por conseqüência, investimentos. Queda de importações, no caso, sinaliza (em larga medida) diminuição dos investimentos.De outro lado, os compromissos das empresas e do governo no exterior com o pagamento de dívidas, remessas de lucros e dividendos ficam mais salgados, uma vez que tais contas são liquidadas em dólar, mas efetivamente os recursos são gerados em reais. Além disto, as intervenções do Banco Central na tentativa de controlar o câmbio e o financiamento do déficit entre entrada e saída de dólares pressionam (para baixo) o valor das reservas, comprometendo, por exemplo, a proposta de instituição do chamado fundo soberano. Até o momento, muito provavelmente em função do acordo feito com os EUA (garantindo a troca de 30 bilhões de dólares por reais), as reservas ainda não sofreram maior impacto, permanecendo acima dos 200 bilhões de dólares.Controlar o câmbioAdicionalmente, a desvalorização do real pressiona a inflação, ao encarecer o valor das mercadorias importadas. De outro lado, o impacto sobre a dívida pública, diferentemente do que ocorreu no governo FHC, mostra-se positivo pelo fato de que o valor das reservas é superior ao valor da dívida pública externa. Esta é a principal razão da queda da relação entre dívida interna e PIB.O balanço geral dos efeitos das flutuações do câmbio nos últimos dias é mãos negativo que positivo. A alta já configura uma maxidesvalorização da nossa moeda. Para evitar o agravamento da crise cambial, que pode comprometer as reservas, é necessário que o governo promova mudanças mais ousadas na política macroeconômica, pondo fim ao liberalismo e submetendo a conta de capitais e o câmbio a um controle mais rigoroso. É igualmente recomendável a taxação das remessas de lucros e dividendos das multinacionais a fim de reduzir o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, que também terá de ser financiado com recursos das reservas na medida em que declina os investimentos provenientes do exterior.
(Umberto Martins, editor do Portal CTB)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Livro destaca lideranças comunitárias da Baixada Fluminense

Foi lançado no dia 11, o livro “Sociedade em movimentos”, que reúne entrevistas com participantes de movimentos comunitários a partir da década de 1950. A idéia de recolher essas informações surgiu em decorrência do Programa Nova Baixada, de 1995, que atingiu várias cidades da Baixada Fluminense, para só depois se transformar em livro. A entrevistada que abre o livro é a secretária de Movimentos Sociais do PCdoB/RJ, Dilceia Quintela.
O lançamento ocorreu na Câmara Municipal de São João de Meriti e contou com a participação de alguns entrevistados – entre eles o atual presidente da Casa, Padre Adelar – e lideranças comunitárias da Baixada Fluminense. Também estiveram presentes o secretário de Finanças do PCdoB/RJ, Marcos Costa, o presidente do Partido em São João, Agamenon, e membros do Partido em Belford Roxo.
No livro, Dilceia conta o começo da sua trajetória no movimento comunitário e na política, quando se filiou ao PCdoB e teve que entrar na clandestinidade na década de 1970. Nesse período, após sair da prisão, ela voltou para Belford Roxo, onde começou a reorganizar o Partido através do movimento de bairros. “Quando nós voltamos para a Baixada, junto com médicos sanitaristas, com a Teresinha Lopes e outras lideranças, começamos a discutir a unificação dos movimentos da Posse e de Belford Roxo para criarmos a Coordenação do Movimento dos Amigos do Bairro. É nesse momento que surge o MAB, em 1977, e o jornalzinho chamado o Encontro. A partir daí, nós começamos a organizar os vários grupos de amigos dos bairros e a fazer atividades de rua”, diz Dilceia em um dos relatos.
O livro foi organizado por Marcelo Ernandez Macedo, Juliana Guaraná Vieira Maia e Maria Gabriela Monteiro, que contaram com o apoio do governo do estado do Rio, do Nova Baixada e da UERJ

PCdoB quer ter 92 mil militantes de carteirinha

Já está pronta a nova Carteira Nacional Mi­litan­te (CNM) do PCdoB. Em 2007, foram lançadas 11.462. Agora, o partido espera que todos os seus 92 mil filiados tenham a Carteira. Além de simbolizar o compromisso do militante com o partido, a CNM tem o objetivo de ajudar a organizar a vida partidária e aumentar a contribuição financeira, importante para sustentar as atividades do PCdoB. Com ela, o militante tem o direito de votar e ser votado nos diversos fóruns do partido. Os candidatos às eleições de outubro serão incentivados a também ter a sua carteira. O partido quer aproveitar as plenárias e convenções deste primeiro semestre para aumentar o número de filiados com carteira. Para ter a CNM, basta ser filiado e contribuir, no mínimo, com uma anuidade equivalente a pelo menos 1% do salário ou renda mensal. “A Carteira significa compromisso e orgulho de ser militante do partido; significa reforçar a vida partidária coletiva e dar conseqüência à importante idéia de que ninguém deve atuar sem papel definido no partido”, disse Renato Rabelo, presidente do PCdoB.

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Mulheres do PCdoB conquistam brasileiros

A fase ainda é de pré-campanha. Mas as mulheres do PCdoB que podem disputar a prefeitura de algumas das principais capitais do país já saem bem colocadas. Entre elas estão as deputadas federais Jô Moraes, em Belo Horizonte; Manuela D’Ávila, em Porto Alegre e Vanessa Grazziotin, em Manaus e a secretária de Ciência e Tecnologia de Niterói, Jandira Feghali, no Rio de Janeiro. Também são pré-candidatas e as vereadoras Olívia Santana, em Salvador, e Ângela Albino, em Florianópolis. Três delas aparecem com cer­ca de 12% das intenções de voto: Jô, por exemplo, está em primeiro lugar; Jandira Feghali, no Rio, com o mesmo índice, está em terceiro e Manuela teve na capital gaúcha os mesmos 12%. As chances de crescimento das pré-candidaturas são grandes. Mulheres na ativaO bom desempenho feminino no PCdoB não é novidade. O partido é o que, em números proporcionais, tem mais mulheres em sua bancada federal. Entre os 13 deputados, elas são cinco, todas com atuação destacada: Alice Portugal (BA), Jô Moraes (MG), Manuela D’Ávila (RS), Perpétua Almeida (AC) e Vanessa Grazziotin (AM). Ou seja, o partido tem trabalhado para superar a pouca participação das mulheres na política. Pesquisa recente mostra que na Câmara, por exemplo, dos 513 deputados, apenas 46 são mulheres. No Senado, a situação é um pouco melhor: são dez as senadoras de um total de 81. O compromisso do PCdoB com a maior atuação das mul­heres na política vem de longe e resultou, em 2007, na realização da 1ª Conferência do PCdoB sobre a Questão da Mulher. Foi também a primeira vez que uma legenda política brasileira fez um evento voltado especialmente para este tema. Dali saíram importantes opiniões, aprovadas pela direção nacional, como tornar a luta das mulheres uma tarefa de todo o partido e garantir a participação delas em pelo menos 30% das direções estaduais.


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Equívocos e oportunismo no debate das reservas indígenas

Continua repercutindo a crítica do comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, à política indigenista do governo. No seio deste episódio, há dois assuntos que merecem ser tratados: um deles é o risco de insubordinação militar e o outro é a suposta ameaça à soberania nacional que as reservas indígenas representariam.
Em relação à insubordinação militar, esta deve ser sempre podada onde quer que aconteça pois, num regime democrático, as instituições militares são organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade direta do Chefe de Estado. Por isso, o presidente Lula está coberto de razão ao chamar a atenção do general Augusto Heleno.
Alguns clubes militares se solidarizaram com o general - o que é normal - e o Clube da Aeronáutica subiu o tom e emitiu uma nota ofensiva assinada pelo brigadeiro da reserva Ivan Frota, tido como um saudosista da ditadura militar e conhecido por sua obsessão em criticar o governo.
O problema é que o tom belicista da nota do brigadeiro teve eco em setores na oposição e na imprensa grande, que viram no episódio uma boa oportunidade para, mais uma vez, lançar suas flexas venenosas contra o governo Lula.
Através de notas, artigos e declarações, os adversários da demarcação de terras indígenas sustentam que o país perde o controle sobre as áreas demarcadas e, em faixa de fronteira, isso pode representar uma ameaça à soberania nacional.
São dois equívocos. Em primeiro lugar, as terras indígenas continuam pertencendo à União, que as cede em usufruto. O fato de serem destinadas exclusivamente aos povos indígenas não tira delas o caráter de território nacional.
Outro argumento equivocado é o de que há risco para a soberania pois as áreas de fronteira seriam inacessíveis às forças armadas e à Polícia Federal, facilitando o tráfico, o terrorismo, a exploração ilegal de riquezas naturais, o contrabando e outros crimes comuns em áreas fronteiriças. Isso não é verdade, pois a ação do Estado e de seus órgãos de vigilância nas áreas de fronteira é assegurada por lei, mesmo em reservas indígenas.
Na Amazônia Legal já existem quase cem reservas desse tipo situadas em faixa de fronteira e não há registro de “invasão estrangeira” através delas. Por que só a nova reserva de Roraima representaria uma ameaça?
A ameaça que existe de fato é a do radicalismo. Tanto daqueles que menosprezam o direito dos índios a um pedaço de terra - direito garantido pela Constituição de 1988 - e continuam achando esdrúxula a idéia de que o índio tem o direito de manter sua cultura e seu estilo de vida. Como daqueles que cultivam a idéia equivocada de que somente os interesses dos indígenas devem ser levados em conta quando se estabelece um conflito como o que envolve a reserva Raposa Serra do Sol.
São poucas as vozes sensatas neste debate. Uma delas é a do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Para ele, a demarcação da reserva deveria ter levado em conta os interesses legítimos dos diversos estratos sociais ali presentes. “Ainda há tempo de identificá-los e acomodá-los de forma justa e fraterna, pois ocorre em Roraima a desavença que o dirigente chinês Mao Tsé-tung chamou de 'contradições no seio do povo”.

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Por que, afinal, ainda existe trabalho escravo no país? 20 DE ABRIL DE 2008 - 12h27

No ano em que o etanol brasileiro virou vedete internacional devido à busca por alternativas ao petróleo e o presidente Lula disse que os usineiros estavam deixando de ser "bandidos" para se tornarem "heróis", o país bateu o recorde de libertações de escravos em fazendas de cana-de-açúcar. Como era de se esperar, o sucesso econômico ficou na mão de poucos e não se traduziu em melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores.
Por Leonardo Sakamoto, do Repórter Brasil*
Pelo contrário: dos 5.973 libertados da escravidão pelo governo federal em 2007, 52% - 3131 - estava em atividades ligadas à cana-de-açúcar nos estados do Pará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Ceará. Em 2006, houve o registro de 289 trabalhadores libertados no setor sucroalcooleiro, e, no ano anterior, apenas em uma das ações 1.003 ganharam a liberdade, na Destilaria Gameleira, em Confresa (MT). Em 2007, a cana ficou em primeiro lugar no número de libertados devido à grande quantidade de mão-de-obra que utiliza. Contudo, os pecuaristas continuam ocupando o topo do pódio em quantidade de fazendas que escravizam.
A maior libertação do ano (e de todos os tempos) ocorreu na fazenda e usina Pagrisa, em Ulianópolis (PA). Em junho de 2007, 1.064 pessoas foram resgatadas da propriedade. Políticos, como os senadores Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Kátia Abreu (DEM-TO), e lideranças patronais pressionaram os auditores fiscais para que fosse revista a autuação. Por conta disso, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) optou por interromper temporariamente as operações dos grupos móveis, levando a manifestações e atos de apoio à fiscalização em todo o país. Na avaliação das instituições da sociedade civil que atuam no combate ao trabalho escravo, o Caso Pagrisa acabou fortalecendo as instituições que atuam nessa área e trouxe novamente para o debate temas como a PEC do Trabalho Escravo, que prevê o confisco de terras em que o crime for encontrado e sua destinação à reforma agrária.
Devido ao aumento da produção de etanol, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do Trabalho (MPT) promoveram ações especiais para averiguar as condições de trabalho e fiscalizar o setor sucroalcooleiro. Isso resultou em aumento do número de flagrantes. Ou seja, ao mesmo tempo em que a expansão da cana para novas áreas estava gerando um aumento nos casos de trabalho escravo, também uma demanda reprimida passou a ser fiscalizada com mais intensidade neste ano, revelando uma situação precária em regiões em que a cultura tem uma tradição histórica.
A incidência do trabalho escravo está concentrada nas regiões de expansão agropecuária da Amazônia e do Cerrado. Contudo, há casos confirmados nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o que demonstra que a origem desse fenômeno não está vinculada apenas à fronteira agrícola, mas a outro elemento que perpassa realidades sociais diferentes. Que elemento é este? O que garante que práticas que pareciam extintas, vinculadas a modos de produção que aparentemente foram destruídos pelo avanço do capital, continuem existindo?
Os relatórios de fiscalização do Ministério do Trabalho mostram que os empregadores envolvidos nesse tipo de exploração não são pequenos sitiantes isolados economicamente do restante da sociedade, mas na maioria das vezes, latifundiários, muitos deles produzindo com tecnologia de ponta. Não importa que a fazenda esteja escondida no meio da fronteira agrícola, ela estará conectada pelo comércio ao sistema global e dele dependente. Prova disso são as pesquisas de cadeias produtivas da ONG Repórter Brasil realizadas em 2004 e 2007: elas mostram como mercadorias produzidas em propriedades que utilizaram mão-de-obra escrava são vendidas para a indústria e o comércio dentro e fora do Brasil.
A produção capitalista necessita de espaços não-capitalistas para se desenvolver. Em função de sua natureza e forma de existência, não admite limitações na aquisição de matéria-prima e na criação de mercados. Vale lembrar que ao longo de séculos, países e corporações têm ido à guerra por esse motivo. Em um curto espaço de tempo, de acordo com uma sinalização de demanda pelos centros capitalistas nacionais e globais, os empreendimentos agropecuários são capazes de se expandir sobre áreas, na maioria das vezes, ocupadas por populações que vivem sob um modo de produção não-capitalista. Em questão de anos, surgem grandes fazendas de gado, lavouras de soja, algodão e cana-de-açúcar, além de carvoarias, produzindo matéria-prima e gêneros alimentícios, onde antes viviam populações indígenas, camponeses, comunidades quilombolas ou ribeirinhas.
Nessa expansão, coexistem tecnologia de ponta, vendida e financiada pelos mesmos centros capitalistas nacionais e globais, e formas ilegais de trabalho. O que parece contraditório na verdade expressa um processo fundamental para o desenvolvimento desses empreendimentos, acelerando sua capitalização e garantindo a capacidade de concorrência.
A utilização de trabalho escravo contemporâneo não é resquício de modos de produção arcaicos que sobreviveram provisoriamente à introdução do capitalismo, mas sim um instrumento utilizado pelo próprio capital para facilitar a acumulação em seu processo de expansão. A superexploração do trabalho, da qual a escravidão é sua forma mais cruel, é deliberadamente utilizada em determinadas regiões e circunstâncias como parte integrante e instrumento do capital. Sem ela, empreendimentos mais atrasados em áreas de expansão não teriam a mesma capacidade de concorrer na economia globalizada. Por conseguinte, o crescimento da oferta de produtos agropecuários no mercado seria mais lento, o que reduziria o ritmo de queda dos preços das matérias-primas em escala global, prejudicando o comércio e a indústria que demandam sempre mais por menos.
Há condições sociais que facilitam a disponibilização de mão-de-obra para essa pilhagem constante da força de trabalho. Em verdade, elas são conseqüências do próprio sistema, como o crescimento do exército de reserva de mão-de-obra que resulta da progressiva redução da participação relativa do trabalho na composição do capital. Mas também do processo de grilagem e expulsão de posseiros e de outras populações tradicionais de suas terras na região de fronteira agrícola amazônica - freqüente durante o regime militar nas décadas de 70 e 80 e que se mantém ainda hoje - que serve tanto para aumentar o contingente de mão-de-obra para o campo e as cidades, quanto para ampliar os territórios dos empresários.
Isso, estruturalmente, gera um excedente alijado de meios de produção e emprego, diminuindo o valor de mercado a ser pago por um serviço. Os trabalhadores são impelidos a aceitar a oferta de serviço do "gato", mesmo não recebendo garantias de que as promessas dadas no momento do recrutamento serão cumpridas. Baseado nesse contexto de fragilidade social, promovido pelo próprio capital, o capitalista pode utilizar a mão-de-obra necessária pagando o montante que desejar. Que pode ser nada no caso do trabalho análogo ao escravo.
As propriedades rurais mais atrasadas do ponto de vista tecnológico tendem a compensar essa diferença através de uma constante redução da participação do "trabalho" no seu custo total. Simulam dessa forma uma composição orgânica do capital de um empreendimento mais moderno, em que a diminuição da participação do custo do trabalho através do desenvolvimento tecnológico. Em outras palavras, há fazendeiros que retiram o couro do trabalhador para poder concorrer no mercado. Outros se aproveitam dessa alternativa não para gerar competitividade, mas para capitalizar-se durante um período de tempo (e depois trocar trabalhadores por colheitadeiras) ou aumentar sua margem de lucro.
A escravidão contemporânea não é um desvio, portanto, e sim mais uma aparente contradição do capital que utiliza formas que parecem negar a sua própria natureza, ignorando assalariamento e o contrato social estabelecido entre tomadores e vendedores de força de trabalho.
Parte do Estado tem desempenhado um importante papel nesse processo ao garantir as condições estruturais e financeiras e segurança para possibilitar o desenvolvimento econômico em situações e regiões de expansão agropecuária e do extrativismo. Proprietários rurais que utilizaram mão-de-obra escrava possuem representação política ou participam direta ou indiretamente das decisões que protegem esse modelo.
Ao mesmo tempo, há setores do Estado que são atores fundamentais no combate à escravidão. Os grupos móveis de fiscalização, formados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho e Polícia Federal, têm atuado constantemente na libertação de escravos. E indenizações milionárias contra fazendeiros vêm sendo concedidas pela Justiça do Trabalho atendendo a ações de procuradores. No acumulado, de 1995 até o final de 2007, quando foi implantado o sistema de combate ao trabalho escravo, 28.508 pessoas foram libertadas.
Contudo, isso é pouco. E não por conta da diferença entre denúncias (50.564 entre 1996 e 2007) e libertações, mas porque, em nenhum momento, o Estado tem atuado para desestruturar ou subverter o sistema que produz as condições necessárias ao surgimento de escravos, como a concentração de terras e de meios de produção no campo nas mãos de poucos.
No curto prazo, como medida paliativa, pode-se atacar a possibilidade da realização de lucros obtidos através do trabalho escravo, inviabilizando economicamente os empreendimentos que adotam essa prática. Isso pode acontecer através de boicote aos produtos ou vedação de crédito. Bancos públicos (e alguns privados) e empresas já têm evitado relacionamento financeiro e comercial com empregadores que usaram escravos, graças à "lista suja" do governo federal e ao Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, que hoje conta com mais de 100 signatários. A questão é comercial. As empresas não querem ter sua imagem associada ao trabalho escravo, considerando que há um mercado global extremamente competitivo em que a vinculação de um ator a um risco desses pode levá-lo a ser preterido comercialmente dentro e fora do país. Ou mesmo receber um calote porque o proprietário deslocou todo os seus recursos para o pagamento de indenizações por trabalho escravo.
O trabalho escravo contemporâneo não é uma doença, mas sim uma febre, o sintoma de um problema maior que se manifesta na expansão ou modernização de empreendimentos. Portanto, a sua erradicação não virá apenas com a libertação de trabalhadores, equivalentes a um remédio anti-térmico - necessária, mas paliativa. Erradicar o trabalho escravo contemporâneo passa por uma mudança profunda que altere a lógica do sistema.
Nesse contexto, a Comissão Pastoral da Terra, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, entre outros movimentos sociais, sindicatos de trabalhadores rurais, associações de economia solidária e organizações não-governamentais defendem a realização de uma ampla reforma agrária como elemento fundamental no combate à escravidão.
A distribuição de terra não é a panacéia para o problema da exploração do trabalho no país. Mas ela representa uma mudança na estrutura do capital e no modelo de expansão do modo de produção. Mesmo que parcial, a socialização dos meios de produção no campo significaria um pesado golpe no capital que, direta ou indiretamente, se aproveita do exército reserva de mão-de-obra disponível para superexplorá-lo.
Uma reforma agrária real não representaria o fim da transformação de seres humanos em instrumentos descartáveis de trabalho. Mas seria um sinal de que não precisaríamos esperar que a expansão do capital absorvesse todas as realidades externas a ele, fechando por fim a última fronteira agrícola do planeta e levando a um colapso do sistema. A classe trabalhadora pode intervir na aparentemente inexorável marcha da história, libertando-se dos que a escravizam e produzindo seu próprio destino.
* Jornalista e doutor em Ciência Política, é coordenador da ONG Repórter Brasil.

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Concurso Público em Campos dos Goytacazes - Relação Candidato Vaga

RELAÇÃO CANDIDATO / VAGA
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES
Secretaria Municipal de Educação de Campos dos Goytacazes
CONCURSO PÚBLICO ‐ EDITAL 01 / 2008
Cargo Quantidade Vagas Candidato / Vaga
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Sede 12611 22 573,2
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Goytacazes 1024 2 512,0
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Santo Amaro 292 1 292,0
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - São Sebastião 193 1 193,0
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Mussurepe 156 1 156,0
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Travessão 360 1 360,0
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Morangaba 445 4 111,3
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Ibitioca 343 3 114,3
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Dores de Macabu 1129 6 188,2
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Morro do Coco 472 3 157,3
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Santo Eduardo 437 2 218,5
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Serrinha 63 1 63,0
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Tocos 360 2 180,0
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Santa Maria 83 1 83,0
Auxiliar de Secretaria - Creche/Escola - Conselheiro Josino 128 1 128,0
Professor II - Creche - Sede 5668 59 96,1
Professor II - Creche - Goytacazes 217 1 217,0
Professor II - Creche - Santo Amaro 230 6 38,3
Professor II - Creche - São Sebastião 811 12 67,6
Professor II - Creche - Mussurepe 77 4 19,3
Professor II - Creche - Travessão 122 1 122,0
Professor II - Creche - Morangaba 301 12 25,1
Professor II - Creche - Ibitioca 45 2 22,5
Professor II - Creche - Dores de Macabu 87 3 29,0
Professor II - Creche - Morro do Coco 457 8 57,1
Professor II - Creche - Tocos 31 1 31,0
Professor II - Creche - Santa Maria 115 2 57,5
Professor II - Creche - Conselheiro Josino 58 3 19,3
Professor II - Escola - Sede 4947 122 40,5
Professor II - Escola - Goytacazes 175 4 43,8
Professor II - Escola - Santo Amaro 716 30 23,9
Professor II - Escola - São Sebastião 212 13 16,3
Professor II - Escola - Mussurepe 96 10 9,6
Professor II - Escola - Travessão 800 30 26,7
Professor II - Escola - Morangaba 235 25 9,4
Professor II - Escola - Ibitioca 163 20 8,2
Professor II - Escola - Dores de Macabu 218 18 12,1
Professor II - Escola - Morro do Coco 517 20 25,9
Professor II - Escola - Santo Eduardo 279 5 55,8
Professor II - Escola - Serrinha 111 3 37,0
Professor II - Escola - Tocos 126 11 11,5
Professor II - Escola - Santa Maria 168 5 33,6
Professor II - Escola - Conselheiro Josino 52 3 17,3
Professor I Arte 165 12 13,8
Professor I Ciências 1028 5 205,6
Professor I Educação Física 1019 5 203,8
Professor I Geografia 685 25 27,4
Professor I História 916 12 76,3
Professor I Língua Inglesa 247 3 82,3
Professor I Língua Portuguesa 1197 5 239,4
Professor I Matemática 902 7 128,9
Pedagogo 1727 15 115,1
Total 43016 573
1 / 1

Mulheres: mais política e mais poder

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, clamamos por igualdade social e de gênero, contra qualquer tipo de discriminação de raça, cor, etnia, sexual e de geração.
Lutamos por um Brasil desenvolvido, com distribuição de renda, socialmente equilibrado e ambientalmente construído, onde nós mulheres possamos, livres da violência, trabalhar e viver plenamente como cidadãs.
Somos mais de 50% da população e queremos participar decisivamente da vida política e social e o desenvolvimento de políticas para garantir a equidade da representação feminina em todas as esferas de poder na sociedade.
Queremos o reconhecimento de nosso potencial criativo e competência ocupando cargos e funções de decisão e chefia.
Buscamos a paridade da participação feminina nas casas legislativas, como senadoras, deputadas e vereadoras. Queremos ser prefeitas, governadoras e presidente da República.
Nas próximas eleições o nosso voto não tem preço e seremos candidatas em vários municípios buscando fortalecer a luta pela igualdade para as brasileiras.
Queremos viver os direitos conquistados na lei. Direitos iguais, acesso a bens e serviços para nossa saúde, educação, trabalho. Decidir sobre nosso corpo e nossa vida, a implementação da Lei Maria da Penha, autonomia econômica e participação política.
Desejamos o fortalecimento e a ampliação da democracia brasileira com a superação da sub-representação feminina nas decisões em nosso país.

Entre nesta luta!
Por um mundo de igualdade, contra toda opressão.

08 de março Dia Internacional da Mulher

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Correio eletrônico: ubmcampos@hotmail.com

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Banco lucra R$ 8 bilhões mas nega auxílio-educação

O Bradesco divulgou na segunda-feira (28/1), o lucro líquido de R$ 8,010 bilhões, o maior da história do sistema financeiro no país, superando os R$ 6,313 bilhões alcançado em 2006 pelo Banco do Brasil. O resultado representa um crescimento de 58,5% em relação ao ano passado (R$ 5,054). Apesar de toda essa fortuna, o maior banco privado do Brasil não apresentou qualquer proposta de auxílio-educação para os funcionários. O Bradesco continua a ser o único dos oito maiores bancos do país a não oferecer bolsas de estudo para os bancários.
Em 2007, a categoria conquistou bolsas de estudo no Itaú, Santander e no Unibanco. O benefício já havia sido conquistado pelos trabalhadores no ABN, HSBC, Safra, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Fonte: Bancários do Rio

Simplesmente uma Vergonha.

CSC de Campos vai participai das eleicoes do Siprosep

Em discussao com varias chapas a CSC definiu que o professor Marcelo Soares vai representa-la nas eleicoes sindicais do Siprosep.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Unidade marca congresso histórico de fundação da CTB

Por Luísa Pereira*

Após dois dias de intenso debate foi eleita no dia 14 a diretoria da mais nova central sindical do Brasil, a CTB, tendo Wagner Gomes, da Corrente Sindical Classista (CSC) e do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, como presidente. A criação da Central é fruto de um longo período de debates em importantes sindicatos do país no sentido de fortalecer o sindicalismo brasileiro e desenvolver uma entidade ampla e democrática, já que a CUT há tempos não cumpria esse papel.
Desde sua formação, a maior central do Brasil, a CUT, já contava com outras diferentes centrais sindicais, entre elas a CGTB e a Força Sindical. Históricos sindicatos nacionais que se mantinham, até então, independentes de qualquer central sindical marcam a construção da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil.
Severino Almeida, presidente do Sindicato dos Marítimos e da Confederção Nacional dos Trabalhadores Marítimos (Contimaf), em sua fala no ato de abertura da CTB destacou a importância da construção dessa central para a luta política brasileira e pela democracia do movimento sindical.
O ato político realizado na abertura contou ainda com o Ministro dos Esportes, Orlando Silva; o presidente do PCdoB, Renato Rabelo; o coordenador nacional da SSB, Joílson Cardoso; o dirigente nacional do PSB, Roberto Amaral, o presidente da Ubes, Ismael Cardoso, a presidente da UNE, Lucia Stumpf, e representantes de importantes centrais sindicais brasileiras, entre outros.
Em sua fala a presidente da UNE marcou o fortalecimento da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) e a preocupação da CTB com a juventude trabalhadora que cresce substancialmente entre a população economicamente ativa de nosso país.
Já os representantes das centrais falaram sobre a necessidade de realizar um novo Congresso da Classe Trabalhadora (Conclat) para unificar a luta dos trabalhadores. Dentre as centrais que referendaram a criação da CTB está a Força Sindical, a UGT e a CGTB.
Ênfase nas mulheres e na juventude
A CTB nasce com o desafio fundamental de compreender a heterogeneidade das diversas categorias que contam com cerca de 50% de mulheres. A CTB deve dar ênfase na juventude de forma ampla e democrática.
Sabendo conviver com as divergências, o diálogo de diferentes correntes políticas e a independência frente ao governo federal, o clima de unidade do congresso de fundação reflete o objetivo da central: se consolidar como entidade articuladora de pautas unificadas do movimento sindical brasileiro.
A bancada do Rio de Janeiro da CSC teve atuação destacada e elegeu três representantes para a direção nacional da central, sendo duas delas mulheres: Sonia Latgé, do Sintergia e Ana Zélia, da Sintect/RJ. Maurício Ramos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, também foi eleito membro da direção nacional.
A opção classista e a luta pelo socialismo foram afirmadas por essa entidade que já aprova em seu congresso a filiação à Federação Sindical Mundial, entidade de base progressista e representativa em âmbito mundial e de destaque na luta antiimperialista.
Sendo assim, a CTB já se coloca como corrente importante da luta democrática e progressista do país, para a construção de um Brasil soberano, com divisão de riqueza, emprego e justiça social. Já está posto o desafio da redução da jornada de trabalho e inclusão econômica de nosso povo onde a CTB está na ponta dessa luta nacional.
Viva os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil!!!

*Luísa Pereira é presidente da UJS/Rio e membro da Comissão Política do PCdoB/Rio.