segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

ARAGUAYA "Conspiração do Silencio"


Renato Rabelo: PCdoB, um Partido altivo, revitalizado e confiante

Foi no ano de 1922, que teve início no Brasil a construção de uma das mais importantes frentes de luta do nosso povo, é criado o Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Joanne Mota, da Redação do Vermelho, em São Paulo


Em 2012 foi comemorado os 90 anos do PCdoB. “O PCdoB é artífice de tudo o que mais honra a história do nosso querido Brasil”, sintetiza a última fala do filme. Quem afirma é a presidente da República Dilma Rousseff. Além da presidente, o programa contará com um depoimento do ex-presidente Lula, que vai falar pela primeira vez na TV depois de se recuperar da sua doença.


Renato Rabelo, presidente do PCdoB fala com emoção sbore as luta e conquistas do Partido. "O PCdoB chega aos 90 anos de existência altivo, revitalizado e confiante. Altivo por nunca ter tergiversado na defesa dos trabalhadores e do Brasil. Revitalizado por nunca ter contado com tanta gente em suas fileiras para enfrentar as tarefas do futuro. E confiante por estar no caminho do fortalecimento da Nação e no rumo do socialismo", reafirmou nosso comandante.

Participaram dessa produção os camarad@s João Amazonas, Aldo Rebelo, Fernando Morais, Manuela D'Ávila, Inácio Arruda, Netinho de Paula, Luciana Santos, Vanessa Grazziotin e Renato Rabelo. Para o diretor do programa Marcelo Brandão, esse foi o formato anatomicamente capaz de dar conta do desafio.

Desse modo, nada mais simbólico do que rememorar esta data no último dia do ano. A seguir veja o vídeo que emocionou todos os comunsitas ao retratar a fundação do PCdoB.







Será que o Brasil vai ter que seguir o exemplo da Bolivia para garantir energia elétrica?

Bolívia nacionaliza empresas para garantir luz em áreas rurais


O presidente boliviano, Evo Morales, decretou, neste sábado (29), a nacionalização das duas empresas distribuidoras de eletricidade do grupo espanhol Iberdrola, para ampliar a cobertura do serviço em áreas rurais. O serviço será assumido pela Empresa Nacional de Eletricidade (Ende).


David Mercado / Reuters
Bolívia Policial boliviano vigia sede da empresa de distribuição de eletricidade Electropaz, uma subsidiária da companhia espanhola Iberdrola.
Morales, que já havia nacionalizado em 2010 as ações de quatro empresas geradoras de eletricidade, incluindo duas filiais da francesa GDF Suez e a britânica Rurelec, com o objetivo de acelerar a distribuição do serviço nas distintas regiões do país.

"Fomos obrigados a dar esse passo para as taxas de serviços elétricos serem equitativas em La Paz e Oruro e garantir que a qualidade de serviço de energia elétrica seja uniforme em áreas rurais e urbanas", disse o líder indígena. Ele afirmou ainda que “esta medida garantirá o direito humanitário à eletricidade que têm os cidadãos que têm os cidadãos que vivem nas áreas rurais.

Iberdrola, cuja sede em La Paz estava sob custódia da polícia, opera na Bolívia desde a década de 1990, após a aquisição de sistemas de distribuição doméstica da Companhia de Energia Elétrica da Bolívia.

Da Redação do Vermelho,
com agências internacionais

domingo, 30 de dezembro de 2012

Os figuraças da política

Tiveram a grande oportunidade de fazer a diferença, mas fizeram o jogo do poder, pelo menos durante algum tempo.


reportagem

Algumas figuras vão fazer falta na linha de frente da política a partir desse ano. São aqueles que dissemos algumas centenas de vezes: “É doido (a)!”, mas que, até por isso, não podiam nunca deixar de ser notados. E levaram a política para o debate, deixando de ser uma coisa morna, de simples amém. Destaco três, correndo o risco, claro, de ser injusta com alguém.

Marcos Bacellar – Quantos devem ter sido o “É doido!” nos oito anos de mandato? Incontáveis. Bacellar nunca pode ser ignorado e não fugia do assunto, mesmo (ou principalmente) quanto era desagradável.
 Odisséia Carvalho – Ela fala, trabalha, age, tudo ao mesmo tempo. E faz seu papel de cobrar aos órgãos competentes ações. Protagonizou embates memoráveis (para o bem e para o mal) com o vereador Magal, da situação. Não foi reeleita, mas marcou presença constante e intensa.
Carla Machado, São João da Barra – Carla Machado não é santa. Está imaginando que é alguma ofensa? Pelo contrário. Representa o que as pessoas são: seres humanos, com qualidades e falhas. E a mulher trabalha e luta pela população.
Pode-se dizer (quase) tudo da prefeita Carla. Menos que ela fuja de uma briga. Não foge. Já passou um dia inteiro respondendo a questionamentos, ao vivo, em uma rádio. Passou por manifestações, campanha, acusações e até uma operação que a levou presa. Nunca deixou de responder e disparar contra seus adversários políticos.
Outra característica foi dar importância ao seu vice, Dodozinho. Coisa rara. Muitos chefes do Executivo, quando não rompem com eles, fazem questão que fiquem em segundo plano. Carla não. De mãos dadas com Dodozinho, de inaugurações a desfile no Carnaval, sempre estiveram juntos.
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Balanço positivo das obras do Superporto, será?

O que o jornal não expõem são a destruição ambiental e a destruição da comunidade agrícola, todos juntos pelo desenvolvimento econômico, mas que venha junto com o desenvolvimento social e sustentável e acima de tudo com respeito ao ser humano.

Abaixo a reportagem

As obras de construção do Superporto do Açu, em São João da Barra, fecham o ano com balanço positivo das atividades desenvolvidas. Desde o início dos trabalhos, em 2007, até setembro de 2012, o empreendimento recebeu R$ 3,15 bilhões em investimentos, do total estimado de R$ 4 bilhões. De acordo com o projeto, o por-to, com início de operação previsto para 2013,  será o terceiro maior do mundo e o mais importante polo de apoio para a indústria de petróleo e gás do Brasil. Também merecem destaque as obras da Unidade de Construção Naval do Açu (UCN), o maior estaleiro das Américas.

O Superporto do Açu é um complexo portuário privativo de uso misto, com dois terminais, um offshore e outro on-shore, em construção no Norte Fluminense, próximo à área responsável por 85% da produção de petróleo e gás do Brasil. Ele terá 17 km de píer e poderá receber até 47 embarcações. A previsão é que o Superporto do Açu movimente 350 milhões de toneladas por ano, entre exportações e importações, com destaque para o petróleo, o que o posiciona entre os três maiores complexos portuários do mundo. O Superporto conta, hoje, com mais de sete mil trabalhadores na construção do empreendimento.

— Através de sua localização estratégica na região sudeste, acesso às principais ferrovias e rodovias, a apenas 150 km de distância da Bacia de Campos e a 250 km da Bacia do Espírito Santo, responsáveis por 90% da produção de petróleo no país, o Superporto do Açu é um centro de convergência com características únicas, que representa um diferencial para as empresas que lá decidirem se instalar — comentou Marcus Berto, diretor presidente e de Relações com Investidores da LLX, empresa responsável pelas obras do porto.

A empresa iniciou os testes de componentes de máquinas que estão sendo instaladas na área do terminal de minério de ferro do TX1. Mais de 60% da montagem das máquinas que farão empilhamento, recuperação e embarque de minério de ferro já foi executada. Os testes acontecem em motores, redutores e partes móveis diversas dos equipamentos. Já estão montadas duas empilhadeiras de minério, cada uma com aproximadamente 500 toneladas e capacidade de empilhamento de 3.400 toneladas por hora, e uma recuperadora (98% instalada) pesando 1.250 toneladas e com capacidade de movimentação de 10.000 ton/h de minério de ferro dos pátios para o carregador de navios. Além disso, cerca de 50% dos transportadores já estão instalados no empreendimento.

O transporte do minério de ferro que chega ao Superporto será feito, do pátio de minério até o píer, através de correias transportadoras. No total, 8,3 quilômetros de transportadores serão instalados no empreendimento. Continuam os testes conhecidos como comissionamento com as máquinas e equipamentos já montados. A previsão é que a operação do terminal de minério de ferro seja iniciada em 2014.

TX2 — A expectativa maior para 2013 está no início da operação do canal do TX2. Atu-almente, o canal está com 4,8 km de extensão, 200 metros de largura e 12,5 metros de pro-fundidade. A obra para construção do quebra-mar foi ini-ciada em janeiro de 2012 e atu-almente o molhe norte conta com 483 metros de extensão e o sul com 511 metros.

Empresas sinalizam interesse no porto

A LLX possui cerca de 60 memorandos de entendimento em negociação com empresas que querem se instalar ou mo-vimentar cargas no Superporto do Açu. Com a Ternium, Anglo American, assinatura de contrato com a empresa NOV (que adquiriu a NKT Flexibles), para a instalação de uma unidade de produção de tubos flexíveis para apoio à indústria offshore no Superporto do Açu. A companhia também assinou contrato com a Technip Brasil, para a instalação de unidade de produção de tubos flexíveis tam-bém para apoiar a indústria offshore no porto. A LLX ainda assinou contrato com a Inter-Moor, para a instalação de uma unidade que oferecerá apoio logístico e serviços espe-cializados à indústria de óleo e gás.

No final de maio de 2012, a LLX anunciou contrato com a SubSea 7, para instalação de uma unidade para monta-gem e revestimentos de dutos rígidos submarinos de grande extensão no Superporto.  Em novembro de 2012, a empresa do Grupo EBX divulgou con-trato com a GE do Brasil, para instalação de unidade no polo metalmecânico.  E, neste mês de dezembro, a LLX divulgou a assinatura do contrato com a V & M do Brasil S.A para instalação de uma base logís-tica no empreendimento em São João da Barra.

Unidade da OSX entra em operação em 2013

O ano de 2012 foi marcado, desde o início, por realizações para a OSX, que em pouco mais de dois anos já opera a primeira unidade de produ-ção de sua frota, o FPSO OSX-1, com eficiência operacional média de cerca de 99%. Já para a construção da UCN Açu, que avança e entra em operação no primeiro trimestre do próximo ano, a OSX obteve o financiamento de R$ 2,7 bi-lhões, além de um adicional de até R$ 1,5 bilhões do Fundo da Marinha Mercante (FMM).

Com foco no desenvolvimento do setor como um to-do, o Instituto Tecnológico Naval (ITN), que iniciou as ati-vidades em 2012, encerra o ano com o treinamento e qualificação de cerca de mil pessoas. Dos profissionais formados pelo Programa de Qualificação Profissional em Construção Naval, realizado pelo Senai e pelo ITN, em Campos e São João da Barra, foram contratados pela OSX 92 desses técnicos, que estão na fase de desenvolvimento prático, para atuar no início da operação.

Para 2013, a OSX tem mais desafios pela frente. A UCN terá muitas frentes de obras convivendo com as fases de implantação e operação do maior estaleiro das Américas, simultaneamente. Além do início das operações da UCN Açu, a OSX receberá os FPSOs OSX-2 e OSX-3, que integrarão a frota. 

Jane Ribeiro www.fmanha.com.br

sábado, 29 de dezembro de 2012

Salim Lamrani: "La Dolce Vita" de Yoani Sánchez em Cuba

FONTE: www.vermelho.org.br

Ao ler o blog da dissidente cubana Yoani Sánchez, é inevitável sentir empatia por esta jovem mulher, que expressa abertamente sua oposição ao governo de Havana. Descreve cenas cotidianas de privações e de penúrias de todo tipo. “Uma dessas cenas recorrentes é a de perseguir os alimentos e outros produtos básicos em meio ao desabastecimento crônico de nossos mercados”, escreve em seu blog Generación Y. [1]

Por Salim Lamrani*, no Opera Mundi


Yoani Sánchez Ao contrário do que afirma, dissidente possui padrão de vida inacessível para a imensa maioria dos cubanos
De fato, a imagem que Yoani Sánchez apresenta dela mesma – uma mulher com aspecto frágil que luta contra o poder estatal e contra as dificuldades de ordem material – está muito longe da realidade. Com efeito, a dissidente cubana dispõe de um padrão de vida que quase nenhum outro cubano da ilha pode se permitir ter.

Mais de seis mil dólares de renda mensal.

A SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), que agrupa os grandes conglomerados midiáticos privados do continente, decidiu nomeá-la vice-presidente regional de sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação [2] por Cuba. Sánchez, que como de costume, é tão expressiva em seu blog, manteve um silêncio hermético sobre seu novo cargo. Há uma razão para isso: sua remuneração. A oposicionista cubana dispõe agora de um salário de seis mil dólares mensais, livres de impostos. Trata-se de uma renda bastante alta, habitualmente reservada aos quadros superiores das nações mais ricas. Essa importância é ainda maior considerando que Yoani Sánchez reside em um país de Terceiro Mundo em que o Estado de bem-estar social está presente e onde a maioria dos preços dos produtos de necessidade básica está fortemente subsidiada.

Em Cuba, existe uma dupla circulação monetária: o CUC e o CUP. O CUC representa aproximadamente US$ 0,80 ou 25 CUP. Assim, com seu salário da SIP, Yoani Sánchez dispõe de uma renda equivalente a 4.800 CUC ou a 120.000 CUP.

O poder aquisitivo de Yoani Sánchez

Avaliemos agora o poder aquisitivo da dissidente cubana. Assim, com um salário semelhante, Sánchez poderia pagar, a escolher:

- 300.000 passagens de ônibus;
- 6.000 viagens de táxi por toda Havana [3]
- 60.000 entradas para o cinema;
- 24.000 entradas para o teatro;
- 6.000 livros novos;
- 24.000 meses de aluguel de um apartamento de dois quartos em Havana [4];
- 120.000 copos de garapa (suco de cana);
- 12.000 hambúrgueres;
- 12.000 pizzas;
- 9.600 cervejas;
- 17.142 pacotes de cigarro;
- 12.000 quilos de arroz;
- 8.000 pacotes de macarrão;
- 10.000 quilos de açúcar;
- 24.000 sorvetes de cinco bolas;
- 40.000 litros de iogurte;
- 5.000 quilos de feijão;
- 120.000 litros de leite (caso tenha um filho de menos de 7 anos);
- 120.000 cafés;
- 80.000 ovos;
- 60.000 quilos de carne de frango;
- 60.000 quilos de carne de porco;
- 24.000 quilos de bananas;
- 12.000 quilos de laranja;
- 12.000 quilos de cebola;
- 20.000 quilos de tomate;
- 24.000 tubos de pasta de dente;
- 24.000 unidades de sabão em pedra;
- 1.333.333 quilowatts-hora de energia [5];
- 342.857 metros cúbicos de água potável [6];
- 4.800 litros de gasolina;
- um número ilimitado de visitas ao médico, dentista, oftalmologista ou qualquer outro especialista da área de saúde, já que tais serviços são gratuitos;
- um número ilimitado de inscrições a um curso de esporte, teatro, música ou outro (também gratuitos).

Essas cifras ilustram o verdadeiro padrão de vida de Yoani Sánchez em Cuba e dão uma ideia sobre a credibilidade da opositora cubana. Ao salário de seis mil dólares pagos pela SIP, convém agregar a renda que cobra a cada mês do diário espanhol El País, do qual é correspondente em Cuba, assim como as somas coletadas desde 2007.

Com efeito, no período de alguns anos, Sánchez recebeu múltiplas distinções, todas financeiramente remuneradas. No total, a blogueira recebeu uma retribuição de 250.000 euros, ou seja, 312.500 CUC ou 7.812.500 CUP, quer dizer, uma importância equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como a França, quinta potência mundial.

A dissidente, que primeiro emigrou à Suíça depois de optar por voltar a Cuba, é bastante sagaz para compreender que o fato de adotar um discurso a favor de uma mudança de regime agradaria aos poderosos interesses contrários ao governo e ao sistema cubanos. E eles, por sua vez, saberiam se mostrar generosos com ela e permitiriam gozar da dolce vita em Cuba.

*Salim Lamrani é Doutor em Estudos Ibéricos e Latinoamericanos pela Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor titular da Université de la Réunion e jornalista, especialista das relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro é intitulado Etat de siège: les sanctions economiques des Etats-Unis contre Cuba, París, Edições Estrella, 2001, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade. Contato: lamranisalim@yahoo.fr ; Salim.Lamrani@univ-reunion.fr ; Facebook: https://www.facebook.com/SalimLamraniOfficiel

Referências bibliográficas:
[1] Yoani Sánchez, “Atacado vs varejo”, Generación Y, 5 de junho de 2012. http://www.desdecuba.com/generaciony/ (site consultado em 26 de julho de 2012).
[2] El Nuevo Herald, “Yoani nomeada na Comissão da SIP”, 9 de novembro de 2012.
[3] De Havana Velha até o bairro Playa.
[4] 85% dos cubanos são proprietários de suas casas. Essa tarifa é reservada exclusivamente para os cidadãos cubanos da ilha.
[5] Até 100 quilowatt-hora, o preço é de 0,09 CUP a cada quilowatt-hora.
[6] 0,35 CUP por m³.

Família acusa Hospital de negligência em morte de jovem grávida

Alegando negligencia médica, a família de Francinete de Sousa Peixoto, de 20 anos, registrou ocorrência na 134ª DP na madrugada de hoje. De acordo com a versão da família, a paciente, grávida de oito meses, teria dado entrada no Hospital Plantadores de Cana no último dia 16, apresentando dores embaixo da barriga. Após uma semana de internação, a criança morreu e Francinete teria ficado cinco dias com a criança morta na barriga, vindo também a falecer na última sexta-feira, por volta de 00h20. Na delegacia, o registro foi feito como homicídio culposo — quando não há intenção de matar. Já o diretor clínico da instituição, Fernando Azevedo, informou, por telefone, que como o quadro da paciente evoluiu muito rápido, há suspeita de que ela estivesse com a gripe H1N1.

Segundo o registro de ocorrência, a mãe de Francinete, Josinete Mattos de Sousa, de 42 anos, contou que no dia 16 de dezembro, a filha teria sentido dor embaixo barriga e procurado o Sandu de Guarus, sendo encaminhada para o Plantadores de Cana. De acordo com ela, a filha teria sido medicada com uma injeção e liberada em seguida. Mais tarde, por volta de 20h, ainda com dor e também apresentando febre, Francinete teria voltado para o hospital.

Segundo relato da mãe, foram feitos exames na filha, onde teriam diagnosticado infecção urinária. A paciente ficou internada e durante três dias foi medicada e apresentou melhora, pois não estava mais com febre, apenas a dor persistia. “No dia 19, quarta-feira, ela começou a sentir falta de ar. Ela foi levada para fazer raios-X e disseram que constataram uma infecção no pulmão, foi quando a internaram na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI)”, contou a mãe.

De acordo com Josinete, no segundo dia na UTI, a filha já não estava mais lúcida e respirava com ajuda de tubos. Durante este período, a mãe contou que sempre perguntava pelo bebê e os médicos informavam que estava tudo bem. Ela disse ainda que ele, inclusive, se mexia. No dia 23, quando chegou ao hospital, a mãe da paciente foi informada de que o bebê havia morrido.

— Ninguém me explicou o motivo da morte. Eles ainda disseram que o bebê não podia ser retirado porque tal ato poderia oferecer risco a vida da minha filha. No dia 27 o médico disse que ela havia apresentado melhora e já estava se alimentando com leite por meio da sonda. No dia 28, por volta de 09h30, recebi uma ligação do hospital. A pessoa pediu para falar com algum parente, quando me identifiquei como mãe, a pessoa apenas disse “A senhora pode trazer os documentos dela todos para cá e que Deus te abençoe” — relatou a mãe de Francinete.

Após a ligação, familiares foram até o hospital e a morte da paciente por volta de 00h20 foi confirmada pelo médico Fabrízio Leal Fonte. Segundo a mãe, a família está revoltada com o ocorrido e pediu que o corpo fosse levado para o Instituto Médico Legal (IML) para realização do exame de necropsia para investigação da morte. Segundo a família o exame deve ficar pronto no prazo de dez dias.
Diretor clínico rebate

O diretor Clínico do Hospital Plantadores de Cana, Fernando Azevedo, informou que a paciente Francinete de Souza Peixoto deu entrada no hospital com um quadro de febre, dor lombar e no baixo ventre que se agravou para uma infecção respiratória aguda gravíssima, comprometendo os dois pulmões, com suspeita de gripe H1N1. Ele acrescentou que além do quadro ter sido agravado a equipe médica teve dificuldades para medicar a paciente, que se negava a ingerir os medicamentos.

— A paciente teve total assistência médica, com médicos 24 horas monitorando o quadro clínico, que se agravou muito rápido, não respondendo mais aos efeitos dos antibióticos. A evolução do quadro infeccioso nos dois pulmões foi muito rápido o que acredito, mas não posso afirmar que pode ter sido agravado pela gripe H1N1. Tivemos dificuldades em medicá-la, pois ela não queria ficar internada. Em momento nenhum ela deixou de ser assistida, fizemos de tudo para salvar tanto a vida do bebê, quanto da mãe, mas infelizmente não foi possível — disse o diretor clínico.

Bianca Alonso e Jane Ribeiro www.fmanha.com.br

Dengue: 25 casos em menos de dois dias


Phillipe Moacyr
O diretor do Centro de Referência da Dengue (CRD), Luiz José de Souza, reafirmou ontem que é alto o risco de Campos ter uma epidemia de dengue pelo sorotipo 4 no próximo ano. “Acredito que isso só não vai acontecer se não chover”, explicou o médico, destacando que os casos da doença voltaram a crescer nos últimos dias. Entre quarta e quinta-feira desta semana, 25 novos casos surgiram na cidade. “Até novembro, a incidência de casos estava em queda e registramos apenas 25 casos, mas em dezembro eles voltaram a aumentar e já contabilizamos 60 casos”.

Luiz José afirmou que o distrito de Morro do Coco está diante de um surto epidêmico, pois é o que apresenta um maior número de casos, mais de 20. “Cidades como Italva e Santo Antônio de Pádua também estão vivendo um surto epidêmico”, afirmou ele, destacando que o sorotipo 4 chegou a Campos em julho deste ano e hoje está presente em mais de 20 bairros. “Em 40 amostras enviadas para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi detectada a presença do sorotipo 4. A maioria da população não teve contato com ele e, por isso, está desprotegida”.

O médico afirmou ainda que a partir de janeiro o CRD, que funciona anexo ao Hospital dos Plantadores de Cana (HPC), vai passar por obras de ampliação. Segundo ele, no espaço onde hoje funciona a tenda, montada para auxiliar no atendimento aos pacientes, serão construídos um consultório e uma sala de hidratação.

— Esta semana, inclusive, me reuni com o secretário de Obras para tratar do assunto. O objetivo será prestar um atendimento ainda melhor às pessoas que buscam o órgão — disse ele, destacando que ano passado foram confirmados 4.387 casos da doença e este ano, até dezembro, mais de mil casos. Apesar da obra, Luiz José disse que os casos suspeitos da doença vão continuar sendo atendidos no CRD.

Farol - O diretor do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), César Salles, disse que até o Carnaval será realizado um trabalho preventivo na praia do Farol de São Thomé. “Além de dois carros e duas motos fumacê, teremos 60 homens trabalhando lá”, afirmou. Com relação a Morro do Coco, onde o número de casos está alto, ele disse que as ações de combate à dengue são diárias. “No mês passado fizemos um mutirão lá”, disse César.

Fernanda Moraes www.fmanha.com.br

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Ultimas da politica regional

Carla com 88,5% de aprovação

Última pesquisa realizada no governo Carla Machado, mostra uma aprovação de 88,5%. O Instituto IGUAPE entrevistou 602 pessoas nos dias 20 e 21 de dezembro em todos os distritos. Durante o ano de 2012, outras pesquisas realizadas pelos Institutos IBOPE e GPP, já mostravam este alto índice de aprovação.
(Fonte: Assessoria)

Nahim devolve R$ 1,2 milhão à Prefeitura

A exemplo de anos anteriores, o presidente da Câmara de Campos, o vereador Nelson Nahim, devolveu aos cofres públicos do município a quantia de R$ 1,2 milhão referente aos recursos provenientes da economia gerada pelo Poder Legislativo durante o ano de 2012.

CAMPOS muito calor!!!!

PU’s enchem com onda de calor

Phillipe Moacyr
Por causa do calor excessivo, o número de atendimentos nos postos de saúde de Campos, como o PU de Guarus, vem aumentando. As altas temperaturas dos últimos dias e os dias ensolarados têm levado muita gente também a se refugiar nas piscinas dos clubes. Segundo o meteorologista Valdo Marques, professor do Laboratório de Meteorologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Valdo Marques, as altas temperaturas são uma característica do verão, que começou oficialmente no último dia 21. A temperatura chegou a 39° mas com sensação témica de mais de 42°.

Ele explicou que existe uma massa de ar seco e quente, com ventos fracos, vindo do Norte e Nordeste do Brasil em direção à região. “Além disso, há uma massa de ar se deslocando do sul do continente pra cá”, explicou ele, destacando que, a partir de hoje, as temperaturas deverão diminuir, com exceção do Norte do estado, onde os termômetros em alguns municípios poderão atingir 40 graus.

De acordo com a pediatra Patrícia Gama Pessanha da Silva, que ontem estava de plantão no PU de Guarus, o atendimento nos últimos dias aumentou em 10%. Ela disse que muitas crianças chegam desidratadas e com quadro de febre, diarréia e vômito, este último provocado, muitas vezes, pela ingestão de água não filtrada. “Geralmente, a mãe diz que deu água da torneira para hidratar a criança, se esquecendo que a água, para ser consumida, tem que ser fervida ou filtrada”. A pediatra alertou também para a ingestão de um copo de água a cada uma hora e o uso de protetor solar de três em três horas.

Em um clube social, em Guarus, o fluxo de banhistas começou a aumentar no final de novembro, segundo o coordenador do setor de esporte e lazer, Charles Mendonça Ribeiro. Ele disse que é possível ver gente se refrescando nas piscinas até às 21h. “Com exceção dos dias 24 e 25 de dezembro e 31 e 1º de janeiro, o clube vai funcionar diariamente das 7h às 21h”, afirmou ele, destacando que do dia 14 ao dia 1º de fevereiro haverá colônia de férias para crianças com idade entre 4 e 12 anos.

A dona de casa Helena Silva, 52 anos, foi uma das pessoas que foi ao clube para se refrescar. “Enquanto a gente está na cidade, o jeito é aproveitar a piscina, pois o calor está demais”.  

Rio de Janeiro tem média maior da história

Não diferente de Campos, que tem registrado altas temperaturas nos últimos dias, o Rio de Janeiro registrou a máxima de 43,2 graus na quarta-feira, com sensação térmica de 50 graus, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Foi o dia mais quente desde que começou a medição na capital, em 1915. O recorde anterior havia sido registrado em 14 de janeiro de 1984: 43,1 graus, em Bangu. De acordo com o Climatempo, a previsão para Campos hoje é de sol com algumas nuvens, mas não chove. Já no sábado, o sol aparece e haverá aumento das nuvens, com pancadas de chuva à tarde e noite. Nos próximos dias, inclusive o dia 1º de janeiro, o sol aparece entre as nuvens, mas também não chove. A mínima deve ficar em 22 graus e a máxima, em 36 graus.

Fernanda Moraes www.fmanha.com.br

PCdoB aposta no debate sobre democratização da comunicação

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Luciana Santos (PE), antes de sair para o recesso parlamentar, falou ao Portal Vermelho sobre as dificuldades sofridas no Legislativo, principalmente nos últimos meses do ano, com as decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ao mesmo tempo, ela reservou parte do tempo do balanço do ano para demonstrar empenho no que deve ser discutido e votado em 2013, com destaque para a democratização da comunicação.


“A questão da comunicação é um debate que precisa ser assimilado como direito público, que é visto como direito privado, individual, por que repercute no seu modo de pensar e agir”, explica a parlamentar. E acrescenta que “a expectativa é fazer avançar, se não em uma reforma mais global, aquela que haja um mínimo de entendimento e pactuação para dar passos adiante”.

Segundo ela, o debate da Ley de Medios na Argentina ajuda o debate no Brasil “porque revela o quanto é antidemocrático e autoritário você ter monopólio ou propriedade cruzada dos meios de comunicação”. Para ela, a concentração de poder dos meios de comunicação ameaça a própria democracia.

A preocupação com a democracia deve pautar as discussões logo no início do próximo ano. Isso porque, na avaliação da deputada, “a decisão do Supremo enfraquece o estado democrático de direito, na medida em que a presunção da inocência de direito foi colocada em xeque com a tese do domínio de fato”, diz, lembrando que o PCdoB se manifestou em nota sobre o julgamento da Ação 470. Na nota, o PCdoB considera “injusta e desproporcional” a decisão do Supremo.

“E nós estamos vivendo as consequências disso, porque quando abre uma janela não se tem mais controle, e é o que está acontecendo”, disse, destacando a decisão do STF de cassar mandato, passando por cima do artigo 55 da Constituição Federal que diz que mesmo com ação transitada em julgado cabe ao Parlamento decidir sobre cassação dos mandatos.

Ela elogia a decisão do presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), que insiste em dizer que a decisão sobre cassação do mandato dos deputados condenados na Ação 470 deve ser do Parlamento. “A posição de Marco Maia é arrojada, posição que respeita o pacto federativo, respeita a soberania e autonomia dos poderes e respeita a Constituição”, afirma Luciana.

E enfatiza que o PCdoB defende e apoia a posição de Marco Maia, “porque esse é ponto estratégico da luta pela transformação do país”.

“Bandeiras caras”

Para 2013, a líder avalia que existem temas que representam “bandeiras caras” para a bancada do PCdoB, entre elas o fim do fator previdenciário. Ela lamenta que a Casa não tenha conseguido votar a matéria este ano. “Em algum momento, nessa Casa, este ano, chegamos muito próximo a esse entendimento sobre o fator previdenciário que devemos tomar com força no ano que vem.”

Ela acredita que no próximo ano, o Parlamento deve manter a votação de matérias da agenda do crescimento, que é pautada pelo próprio governo, que envia medidas estruturantes para o país, como ocorreu no final do ano com a Medida Provisória (MP) da redução da tarifa energética, que torna o setor produtivo mais competitivo para garantir melhores indicadores do país.

“Estamos diante de uma crise econômica internacional e sabemos que pelo acerto da política macroeconômica, o Brasil conseguiu navegar na crise com pleno emprego e inclusão social, mas isso tem limite, daí o esforço central para garantir o crescimento”, avalia a líder comunista.

Segundo ela, “essas medidas são emblemáticas porque deixa nítidos os projetos que estão em debate no país. O PSDB e o DEM votaram com a MP da energia elétrica, mas os estados governados pelo PSDB, como São Paulo e Minas Gerais, não aderiram, na prática, à medida de redução da tarifa”.

Balanço do ano

Entre as mais de 600 propostas analisadas esse ano, Luciana destaca a PEC do Trabalho Escravo, aprovada consensualmente após 11 anos de tramitação; o Plano Nacional de Educação (PNE), com metas e objetivos traçados para uma década; o Sistema Nacional de Cultura; e a Lei Geral da Copa.

“No caso da educação, precisávamos de uma reforma estruturante. A educação deve ser vista como política pública básica para fazer valer a agenda de crescimento que o Brasil tanto precisa, internamente e no contexto internacional”, ressalta.

Sobre o Código Florestal, ela destacou a participação intensa do ministro Aldo Rebelo que, como deputado e relator da matéria, aprofundou o debate sobre as necessidades de uma espécie de marco regulatório dos nossos recursos naturais.

“Foi uma contribuição muito relevante para o país, na medida em que precisamos enfrentar a discussão de segurança alimentar e entender a produção de alimentos como uma questão de segurança nacional. E isso ficou garantido na reforma que fizemos no código”, explicou.

Para o próximo ano

Luciana aposta também em outros temas polêmicos a serem discutidos em 2013. Entre eles, os direitos autorais e o marco civil da internet. Ela diz que é preciso também discutir a questão da comunicação brasileira. “Não podemos permitir o monopólio, e a liberdade de imprensa e de expressão precisa ter como pressupostos a liberdade real. Para garantir a liberdade real, é preciso lutar pelo fim do monopólio da comunicação brasileira”, afirmou.

Outro grande debate será a reforma política, em que o PCdoB é contra o fim das coligações proporcionais e defende o financiamento público e exclusivo de campanhas e a lista preordenada. “O PCdoB quer uma reforma ampla e abrangente, e que tenha como principal objetivo a consolidação dos partidos como instituições políticas”, afirma.

De Brasília
Márcia Xavier

Lutar contra o TRABALHO ESCRAVO é avançar na democracia e no desenvolvimento social

TRABALHO ESCRAVO uma realidade brasileira!
Quem em 2013 as formas degradantes de trabalho sejam abolidas, mas para isso, temos que estar vigilantes aos ataques aos direitos trabalhistas que acontecem no congresso e nos dissídios trabalhistas.

Impor limites é a garantia de desenvolvimento econômico e social.

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=202232&id_secao=1

Pela autodeterminação dos povos

Que em 2013 o povo palestino tenha direito a paz e a autodeterminação. E que os radicais palestinos e semitas sejam derrotados por aqueles que respeitam a vida humana e a liberdade.

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=202234&id_secao=9

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Renato Rabelo: em 2013 a luta continua e o PCdoB está preparado

“Chegamos ao final de 2012 com um Partido ainda mais forte política, estrutural e ideologicamente. E neste último programa saúdo cada comunista que fez do PCdoB esse Partido de luta, de programa, que tem como ideal uma sociedade justa e soberana.” Essas foram algumas das palavras externadas por Renato Rabelo, presidente Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), durante gravação da última edição do “Palavra do Presidente”.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo


Para Renato, “o ano de 2012 foi um ano de significativas celebrações, mas também de muitas lutas e de grandes vitórias. Neste ano, o nosso Partido se empenhou para atingir seus objetivos, para garantir que as nossas lutas atingissem o sucesso, lutas essas que nunca perderam de vista o programa do PCdoB”.

Ele frisa que foi um ano que começou já com as celebrações dos 90 anos, momento que mobilizou todo o país na reafirmação desta data.

“Todos os estados da federação comemoraram esta data, o país inteiro sentiu a expressão desta festividade, não só porque o PCdoB é o Partido mais antigo, mas porque tem tradição e mostrou seu valor ao longo da história do país”, reafirmou o dirigente nacional.

Segundo Renato, mesmo o PCdoB sendo um Partido nonagenário, é um Partido jovem, pois se ampara em ideias de vanguarda, está amparado em ideais avançados que buscam a construção de uma sociedade moderna, sobretudo a construção de uma sociedade que supere o capitalismo.

Durante o programa Renato Rabelo voltou a falar do documento aprovado, neste ano, pelo Comitê Central do Partido. “Esse documento, que foi intitulado ‘90 anos em defesa do Brasil, da democracia e do socialismo’, visa contar a história política do PCdoB inserida na própria história do Brasil, destaca as gerações comunistas que fizeram do PCdoB o que ele é hoje, como também procura tirar lições desse extenso caminho percorrido pelo Partido.”

Eleições 2012

Para o dirigente o Partido vive neste momento um ciclo de crescimento gradativo, “sai destas eleições com uma posição mais afirmativa e com mais respeito na seara política. Isso ocorre por que para nós o que importa é o interesse do povo, dos trabalhadores que diariamente movem esse país”.

Renato explicou que além do avanço quantitativo do Partido, o PCdoB também avançou qualitativamente. “É importante destacar qual a qualidade destes números conquistados. E nesse caso, nestas eleições, o PCdoB é o 6° no grupo chamado G85. Ou seja, o nosso Partido é o sexto partido com mais conquistas em prefeituras de municípios com mais de 200 mil habitantes.”

Partido de programa e militância

O dirigente nacional lembrou que o PCdoB não é um Partido de carreirismo e que não vai para nenhuma campanha sem projeto. “É importante lembrar que essa foi a maior campanha do PCdoB, mas o Partido não entrou nesta corrida sem definição, cada militante que ocupou as ruas sabia dos nossos desafios e tinha como referencial um projeto definido claro e consentâneo com o nosso programa. Desse modo, nossa militância, que é aguerrida e sabe porque luta, fez uma grande diferença na hora da disputa.”

De acordo com Renato, nesta campanha o Partido lutou por cidades mais humanas, mais modernas, apresentou propostas que levam em conta a governança com o povo. “Nossa campanha foi feita a partir de um debate de ideias e programa, esse é a nossa postura e o nosso mote. Alcançamos êxito, mas isso só foi possível graças ao nosso exército, que com suas bandeiras empunhadas, fizeram do PCdoB um Partido ainda mais forte, tornaram o Brasil ainda mais Vermelho. E nosso olhos agora se voltam para 2014”, orientou o dirigente.

A direita e a mídia golpista

Durante o programa, Rabelo reforçou o coro sobre a luta pela democratização da mídia. “Diante do que foi assistido ao longo de 2012, os ataques da mídia e sua luta para deslegitimar o que foi iniciado por Luiz Inácio Lula da Silva e é continuado pela presidenta Dilma, o PCdoB reforçará a luta pela democratização da mídia no Brasil. Porque a mídia, a chamada grande mídia no Brasil, é um monopólio comandado por algumas famílias e em função disso a notícia é homogênea e serve a um segmento da sociedade.”

Segundo ele, “o que se observa no Brasil hoje é uma excrecência, não é uma mídia democrática, mas sim uma mídia antidemocrática e não podemos mais admitir isso em nosso país. Democratizar a mídia é uma luta fundamental, e está entre as tarefas mais importantes na agenda do PCdoB. É preciso garantir o direito de voz a toda a sociedade. É chegada a hora de pôr fim a esse grupelho que domina os meios de comunicação no Brasil”, disparou o presidente do PCdoB.

Reformas estruturais

Para o presidente do PCdoB o resultado colhido em 2012 é amplamente favorável para os partidos que compõem a base da presidenta Dilma Rousseff. “Os partidos de oposição perderam 30 milhões de eleitores nestas eleições, e isso não e qualquer coisa”, pontua.

Desse modo, Renato reforça: “Nosso projeto não pode parar, temos ainda problemas graves para resolver e é esta base, que é progressista e que inaugurou um novo ciclo no país, que pode contribuir para as soluções. Ainda precisamos realizar reformas estruturais importantes, que são os grandes desafios de nossa nação. E o PCdoB está pronto para começar essa jornada”.

Projeto de desenvolvimento

Ao longo do “Palavra do Presidente”, Renato frisou a postura guerreira adotada por Dilma e explicou como a estratégia traçada pela presidenta para lograr êxito para a nação pode transformar a vida dos brasileiros.



“A postura assumida por Dilma, especialmente sua estratégia para construir um projeto de desenvolvimento econômico. Desde o final de 2011, Dilma está se empenhando em realizar uma espécie de transição, que visa colocar o país em um novo patamar, que tem como foco o desenvolvimento com inclusão, especialmente com o migração dos que ainda se encontram na linha da pobreza”, explicou.

Segundo ele, essa transição visa também superar toda aquela política econômica que estava baseada nos princípios neoliberais. E ele lembra, “isso só será possível a partir da luta política, a partir da firmação de um novo pacto social no país, este que leve em grande conta as forças do trabalho e da produção e do desenvolvimento nacional. E para que isso ocorra é preciso fazer alguns enfrentamentos, e a presidenta Dilma comprou alguns, cito as lutas que o governo tem travado com o chamado capital rentista”.



E acrescentou: “Sabendo que os trabalhadores compõem de uma maneira geral a maioria da população deste país, não dá para pensar em projetos de desenvolvimento sem levar em consideração as demandas dos trabalhadores. Desse modo, desenvolver com inclusão e distribuição de renda, significa não perder de vista o papel dos trabalhadores e o PCdoB estará preparado defender esta demanda em 2013”, sinalizou Renato.

Perspectivas para 2013


Para 2013, Renato Rabelo diz que o PCdoB travará sua luta em duas grandes frentes: a política e a econômica. “Após ampla discussão, nossa estratégia será travar a luta tanto no plano político, com vistas a fortalecer nossa democracia, para tanto endurecemos nossa luta pela reforma política, como no plano econômico, engrossando o coro para a construção de um projeto brasileiro de desenvolvimento, que enterre de uma vez os fantasmas desta grande crise que assola diversos países do globo.”

Além disso, Renato sinalizou uma nova frente de luta, a democratização do poder judiciário. “É uma nova trincheira de luta que surge a partir dos últimos acontecimentos e o PCdoB, pelo Partido que é, não pode se furtar de enfrentar. Pensamos que já é chegada a hora de acabar com esse sistema de indicações para o Judiciário, o povo deve participar desse processo. O PCdoB quer a exigência de mandatos eletivos para os ministros dos Tribunais Superiores, chega de indicações e cargos vitalícios.”

Taxar os Ricos: um conto de fadas animado

"Taxar os ricos: um conto de fadas animado" é um vídeo de oito minutos sobre a crise econômica mundial. O vídeo mostra que as coisas vão para baixo numa terra feliz e próspera após os ricos decidirem que não querem pagar mais impostos. Dizem às pessoas que não há alternativa, mas as pessoas não têm assim tanta certeza. Esta terra tem uma semelhança surpreendente com a nossa terra. O vídeo foi escrito e dirigido por Fred Glass para a Federação de Professores da Califórnia.

 

 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Orlando Silva: “Vou honrar a história do PCdoB na Câmara de SP”

O ex-ministro do Esporte, Orlando Silva, irá assumir a vaga deixada pelo vereador Netinho Paula na Câmara Municipal de São Paulo. Netinho será indicado nesta quarta-feira (28) pelo prefeito eleito da capital, Fernando Haddad, para a nova Secretaria de Promoção da Igualdade Racial.

Por Mariana Viel, da Redação do Vermelho


Em entrevista ao Portal Vermelho, Orlando afirmou que será uma honra e um desafio enorme representar o PCdoB no Legislativo Municipal. “Nosso Partido ganha a cada dia mais relevância na vida política brasileira e espero honrar a trajetória e a história do PCdoB – que é feita com gente comprometida com o Brasil.”

Com 19.739 votos, Orlando conquistou a primeira suplência da chapa comunista da capital nas eleições municipais de outubro deste ano. “Hoje cedo o prefeito Haddad me telefonou para comemorar a responsabilidade que terei como representante do Partido na Câmara. Falou que confia muito no meu trabalho e que meu mandato irá dar suporte ao seu governo. Estou feliz e consciente da importância que é representar o Partido na Câmara de São Paulo.”

Orlando começou sua trajetória no movimento estudantil em Salvador e foi eleito em 1995 o primeiro presidente negro da União Nacional dos Estudantes (UNE). Formado em Direito na Universidade Católica de Salvador, em 2006 ele foi nomeado ministro do Esporte pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ele foi um dos grandes responsáveis por trazer a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 para o Brasil. Em 2011, Orlando foi vítima de uma caluniosa campanha da mídia que tentou envolver seu nome em supostas irregularidades no Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte.

Em 12 de junho deste ano, a Comissão de Ética da Presidência da República arquivou a denúncia contra Orlando por “absoluta falta de provas”. Na época, ele afirmou que essa foi a “primeira vitória na cruzada em defesa da justiça e da verdade”.

“O mandato na Câmara é um caminho para eu retomar a minha atividade política pública e renovar os compromissos que sempre tive com o meu Partido e com o meu país. Tenho a responsabilidade de honrar os votos das pessoas que, enfrentando toda a onda da mídia, apoiaram, votaram e se mobilizaram. Vamos dar uma resposta com muito trabalho, dedicação e esforço para que possamos demonstrar a capacidade que temos para fazer uma cidade e um país melhor”.

Orlando assegura que será o porta-voz do PCdoB na cidade de São Paulo e que seu mandato terá uma identidade muito forte com os trabalhadores, a juventude e com os movimentos sociais. “Além do Esporte e da Educação, eu diria que os movimentos são uma marca importante da minha trajetória e também serão uma marca do meu mandato.”

Ele comentou ainda a indicação do vereador Netinho de Paula para a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. Segundo ele, a criação da pasta irá abrir o caminho para fomentação de políticas públicas na capital. “O ex-presidente Lula criou o Ministério, mas as principais cidades do país e os governos estaduais não têm uma Secretaria própria para tratar desse tema. Para nós é importante que São Paulo saia na frente, numa posição de vanguarda.”

“O PCdoB em São Paulo tem uma particularidade porque tem uma marca muito forte no trabalho com a juventude e com as mulheres e vai se configurando também como um Partido que tem muitas lideranças negras. Aqui em São Paulo o nosso vereador Netinho é negro, eu sou negro, o presidente municipal do PCdoB, Wander Geraldo, é negro, a nossa deputada Leci Brandão é negra. Isso para nós é uma coisa boa porque vai dando a nosso Partido a cara do povo brasileiro.”




quarta-feira, 28 de novembro de 2012

GOLPE DE 64, AINDA TRAZ SOFRIMENTO E DOR!!!!!


"O dia que durou 21 anos" aborda atuação dos EUA no golpe de 64


Que os Estados Unidos da América contribuíram com o golpe militar de 1964 no Brasil todos sabem. Mas o documentário O dia que durou 21 anos, dirigido por Camilo Tavares, explicita isso com uma contundência inédita no Brasil.


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John Kennedy e o embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon / Foto: Divulgação
O trabalho de pesquisa de três anos rendeu aos organizadores do filme materiais secretos da CIA, telegramas e até gravações telefônicas entre o embaixador norte-americano no Brasil e os presidentes dos EUA John Kennedy e Lyndon Johnson. As conversas mostram o passo a passo do golpe e o reconhecimento dele.

O documentário introduz o contexto vivido no Brasil desde João Goulart e suas tentativas de aplicação das chamadas Reformas de Base, até a reação estadunidense ao encaixá-lo como um comunista semelhante a Fidel Castro. Com forte participação dos embaixadores no Brasil, de institutos – como o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES) e Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) – o golpe é tratado no filme de maneira direta, expondo os interesses econômicos dos EUA no Brasil e o investimento financeiro aplicado para, por exemplo, comprar parlamentares brasileiros.

Historiadores e personalidades conduzem a narrativa, com ajuda de fotos da época animadas, áudios, imagens de documentos e filmagens do período. Um trabalho de fôlego, que preenche a 7ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América do Sul com conteúdo, contribuindo para a construção das história do país. O documentário buscará a distribuição comercial para abril de 2013.

Veja entrevista com Camilo e confira a programação da Mostra no site (www.cinedireitoshumanos.org.br):

Carta Maior: Por que escolheu dar o enfoque do documentário na atuação norte-americana no golpe de 64? 
Camilo Tavares: A riqueza do material encontrado nos levou a esta opção. Tanto os telegramas da CIA, como as conversas da Casa Branca, assim como os incríveis programas de TV produzidos pela CBS (em 1961) para convencer a opinião pública dos EUA.

Acredita que no Brasil há uma percepção comum dessa participação ativa dos presidentes norte-americanos no golpe? Há muito pouco conhecimento do assunto. Este foi um dos objetivos do filme. Nossa meta é que o filme que teve patrocínio do Ministério da Cultura e da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, via Eletrobras, Sabesp e Cesp, seja distribuído na rede de ensino público com foco no público jovem que precisa conhecer melhor nossa história. E também do público adulto em geral que viveu a ditadura militar mas não conhece a dimensão dos interesses dos EUA em nosso país.

O documentário traz uma série de documentos secretos do governo dos EUA e da CIA, além de gravações entre embaixadores e os presidentes dos EUA. Como foi o processo de pesquisa? Quanto tempo durou, como foram adquiridos esses materiais e como foi organizado? A divulgação desse material é considerada inédita no Brasil? 
Sim é inédita no sentido do volume de informações. Tivemos apoio de historiadores muito antenados como Carlos Fico (UFRJ) que pesquisou os arquivos e publicou dois livros sobre o assunto, Peter Kornbluh (NARA_Washington) e da jornalista e escritora Denise Assis que fez a pesquisa do IPES e IBAD. A Pequi Filmes, minha produtora, arcou um árduo e custoso trabalho de 3 anos para levantar todo o material de arquivo. Aliás temos um rico material suficiente para novas series de TV ou filmes longa-metragem das relações Brasil, EUA e América Latina.

O documentário traz também dois aspectos interessantes: a insistência do interesse financeiro dos governos norte-americanos em apoiar o golpe militar e a suposta falta de controle de pessoas que apoiaram o golpe mas não concordavam com torturas, prisões e outras medidas autoritárias. Acredita que os objetivos norte-americanos foram atingidos ou em algum momento houve um descompasso com os interesses dos militares brasileiros? Os militares brasileiros fizeram exatamente o que os americanos queriam. Entregaram nosso mercado para os EUA e adotaram o modelo de desenvolvimento financiado pelas empresas americanas, que hoje são as grandes empresas do Brasil nos setores estratégicos da economia. A primeira medida do Presidente Castelo Branco ao assumir foi acabar com a lei que limitava a remessa de lucros excessivos das empresas americanas ao EUA. Ou seja abriu as portas, como diz a música do Raul Seixas: "a solução é alugar o Brasil". E aliás como será que está esta lei de remessa de lucros atualmente?

Foram colhidos depoimentos de militares. Com que objetivo buscou isso?
Este foi o grande desafio: ouvir a voz dos militares como o Ministro Jarbas Passarinho, General Newton Cruz, Almirante Bierrenbach e também dos militares que apoiavam João Goulart, como Capitão Ivan Proença e o Brigadeiro Rui Moreira Lima.

Qual papel o documentário em si e o cinema em geral podem ter para a promoção dos direitos humanos no Brasil? 
Considero essencial.

Fonte: Carta Maior


SER PROFESSOR

Verdades da Profissão de Professor
Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal r
emunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.
... um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.
Paulo Freire

Lutar contra as ameaças a CLT

O capitalismo ataca o povo trabalhador em todas as formas seja com guerras, com ditaduras, com pseudas-democracias, mas a forma, mais presente, é o arrocho salarial e o ataque a direitos sociais e trabalhistas.
TODOS ALERTAS E PRONTOS PARA RESISTIR!!!!

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=199550&id_secao=1

Racismo

Pouco a comemorar e muito a ser cobrado!!!!

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=199240&id_secao=1

Seja solidário!

Estamos fazendo uma campanha de “Natal” em benefício ao “ASILO DE CAMBUCI” que se sustenta com a colaboração dos amigos que conhecem o trabalho ali realizado.
O brinde solicitado é: um lençol de solteiro com uma fronha, de tecido de algodão, com elástico ou uma toalha de banho.
Pode ser entregue na própria Instituição.
Desde já agradecemos mais uma vez sua colaboração que para nós é de enorme importância. Que Deus traga suas bênçãos de PAZ para você e sua família. Desejamos um Feliz Natal com harmonia e muito amor.
Neusa Hélia

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

González Varela: Um Marx desconhecido; A Ideologia alemã


Além da importância filológica-documental, dada por ‘óbvia’ ou totalmente ignorada pela marxologia tradicional, o projeto político-editorial amadurecido em dezembro de 1850, oferece pistas precisas sobre as ideias filosófico-práticas do Marx maduro.

Por Nicolás González Varela*


“Eu próprio não tenho uma compilação de meus trabalhos, que foram escritos em diferentes idiomas e impressos em diferentes lugares. A maioria deles já não se encontra nas livrarias” (Karl Marx a N. F. Danielson, 7/10/1868).

“Três chefes comunistas alemães, entre os quais o conhecido Marx, estão preparando edição em oito volumes sobre o Comunismo, doutrina, conexões e situação na Alemanha, Suíça, França e Inglaterra. Tudo a partir de documentos. Os outros dois colaboradores são Engels e Hess, comunistas conhecidos” (Informe secreto da Polícia Prussiana, Paris, 17/2/1846).
Boris Nicolaïevski, grande biógrafo de Marx, reconhecia em 1937 que, de cada mil socialistas, talvez só um tenha lido, de cabo a rabo, algum livro de Marx; e de cada mil antissocialistas, nenhum.

E o pior, concluía, é que Marx já não estava na moda. Quarenta anos antes, um grande teórico e militante, falo de Labriola, ao participar não conhecido debate sobre o valor científico da obra de Marx em 1897, (a chamada “primeira crise do marxismo”, e cujos principais interlocutores eram ninguém menos que George Sorel, Eduard Bernstein e Benedetto Croce)[1] perguntava-se ingenuamente se “os escritos de Marx e Engels… foram lidos integralmente por alguém externo ao grupo de amigos e adeptos próximos, isto é, dos seguidores e intérpretes diretos dos próprios autores?... Acrescente-se a isso a raridade de muitos dos referidos escritos, e até a impossibilidade de encontrar alguns deles.” E concluía profético se “este ambiente literário”, esta situação hermenêutica adversa, não seria um dos culpados pela má assimilação, a aparente decadência e crise do pensamento de Marx. Com pessimismo, recapitulava, em frase profética: “Ler todos os escritos dos fundadores do socialismo científico resultou, até agora, em privilégio de iniciados.”[2]

Já o fundador do anarcossindicalismo Georges Sorel, com quem Labriola troca ideias, havia chegado a conclusões semelhantes em balanço parcial da penetração do marxismo sob as condições materiais da Europa não início do século 20. Segundo Sorel e pelo mesmo motivo: “as teses marxistas não foram, em geral, bem compreendidas na França e na Inglaterra pelos escritores que se ocupam das questões sociais”.[3] Parafraseando Frossard, poder-se-ia dizer que a maioria dos marxistas não conhecem os escritos de Marx melhor do que os católicos conhecem a Summa de Santo Tomás de Aquino. Labriola perguntava-se a propósito da “crise” ou decadência de Marx, “como nos pode surpreender (...) que muitos e muitos escritores, sobretudo publicistas, tenham-se sentido tentados a tomar críticas de adversários, ou citações incidentais, ou inferências temerárias baseadas em trechos esparsos, ou vagas lembranças, os elementos necessários para construírem um Marxismo que eles mesmos inventavam a seu modo? (...) O Materialismo Histórico – que em certo sentido é todo o Marxismo – passou (...) por uma infinidade de equívocos, más interpretações, alterações grotescas, disfarces estranhos e invenções gratuitas (...) que teriam de ser obstáculo para quem quisesse construir para si uma cultura socialista.”

Nikolaïevski e Labriola, mas não só eles, estavam convencidos de que Marx teria para sempre o destino de má recepção, que começava na difusão e irradiação de seus escritos. Labriola falava de outro obstáculo, ainda mais profundo e perigoso, do qual nos ocupamos aqui: a raridade dos escritos de Marx e a impossibilidade de encontrarem-se edições confiáveis. De fato, nem só edições confiáveis, mas, mais simplesmente, obras publicadas!

O leitor responsável que se interessasse por Marx sofreria, segundo Labriola, dificuldades mais extremas que as enfrentadas por filólogos e historiadores que tenham de estudar documentos da Antiguidade. E perguntava, por experiência própria: “Haverá muita gente não mundo que tenha suficiente paciência para procurar, por anos a fio, um exemplar de Miséria da Filosofia (...) ou desse livro singular que é A Sagrada Família; gente disposta a suportar, para encontrar um exemplar da Nova Gazeta Renana, mas fadigas que as que os filólogos e historiadores enfrentam para ler e estudar documentos do Egito antigo?”[4]

Em resumo: cumprindo a profecia de Labriola, acontece hoje no mundo, com Marx, o que aconteceu com Byron em meados do século 20: só se encontram seus livros em bibliotecas de leitores excêntricos, não especialistas ou antiquados. Para o grande público, incluindo-se a Noblesse d’État do mandarinato acadêmico, o nome de Karl Marx significa hoje bem pouco. Hoje, setembro de 2011, não se encontram no mercado editorial de língua espanhola edições críticas de Marx e Engels, a meritória edição dos Werke a cargo da equipe de Manuel Sacristán ficou incompleta[5] e a única exceção é a edição em andamento (embora hoje interrompida), de parte das Werke, na editora Fondo de Cultura Económica, FCE, do México, graças ao trabalho do falecido Wenceslao Roces.[6]

Mas é lícito perguntar o que permanece vivo e o que morreu Marx, embora a pergunta possa ser puramente retórica ou dispare automaticamente a vulgata do Dia-Mat. A resposta seca e solene do pós-modernismo e da filosofia analítica é amplamente conhecida: o marxismo está decididamente fora de época, é “inatual”, como “grande narrativa” não consegue explicar-se sequer ele mesmo; e é obra fatalmente datada. Não passa de uma filosofia a mais, das que nos deixou o século 20 e, como tal, definitivamente marcada pelo próprio tempo. Sepultar Marx com todas as honras é dever, nem tanto intelectual, mas arqueológico, trabalho de antiquariato. Nada há que valha a pena resgatar nessas páginas infectadas de hegelianismo e providencialismo, como insiste, pela milésima vez, o neopositivista Mario Bunge.[7]

Labriola (e Sorel) constatavam uma dificuldade fática que nasceu com o próprio marxismo, que a carrega como estigma até nossos dias: as enormes dificuldades para estabelecer e editar, com critérios científicos atualizados, as suas obras completas. Labriola reclamava do SPD da época, detentor dos manuscritos (Nachlass), que “seria dever do partido alemão dar edição completa e crítica a todos os escritos de Marx e Engels; quero dizer, edição acompanhada em cada caso de prólogos descritivos e declarativos, índices de referência, notas e remissões (...).

E é preciso acrescentar os escritos já publicados em livro ou opúsculos, artigos de jornal, manifestos, circulares, programas e todas as cartas que, por serem de interesse público e geral, tenham importância política ou científica”. E concluía, taxativo: “Não se trata de selecionar: é preciso por ao alcance dos leitores toda a obra científica e política, toda a produção literária dos dois fundadores (...) inclusive os escritos de ocasião. E não se trata tampouco de reunir um Corpus iuris, nem de redigir um Testamentum juxta canonem receptum, mas de recolher os escritos com cuidado e para que os escritos possam falar diretamente a quem tenha ganas de lê-los”. Trata-se simplesmente de Marx poder falar diretamente...

Marx reconhecia que a própria vida o havia impedido de escrever conforme o cânone da arte de faire le livre, razão pela qual sua literatura eram fragmentos de uma ciência e de uma política em eterno devir.

O marxismo, se há algo que se possa chamar assim, era eminentemente um sistema aberto. Labriola destacara com suficiente clareza não só os critérios editoriais de uma política editorial, mas os problemas materiais objetivos que a difusão implicava, tanto da obra exotérica como dos manuscritos de Marx (e Engels).

Um dos erros mais significativos da difusão da obra marxiana e, portanto, de uma das causas que ajudam a explicar os desvios de interpretação foi o deslocamento entre os níveis diacrônicos e sincrônicos dos manuscritos, o que levou a uma desarticulação entre os componentes biográficos, cronológicos e doxográficos, que constituem, desde Teofrasto, o instrumental filológico mínimo necessário para que se alcance compreensão satisfatória de uma obra. Labriola já havia reconhecido a necessidade de, para que se entendam plenamente os textos, ser necessário relacioná-los biograficamente (na biografia, encontrar-se-iam ao mesmo tempo “a pegada e a trilha, o índice e o reflexo” da gênese de Marx). Mas no caso de Marx, essa disrupção anômala entre os dois níveis deveu-se, na maior parte, nem tanto ao seu estilo particular, mas, mais, à constante manipulação política que sofreram seus escritos, por carrascos executores circunstanciais.

O percurso tortuoso, entre errático e movido pelo acaso, que é a história editorial dos escritos de Marx só é comparável à coleção de coincidências afortunadas, fantásticas, triviais e quase inacreditáveis graças às quais se salvaram, para a posteridade, muitos dos escritos de Aristóteles. Como no caso de Marx, seus escritos sofreram as inclemências dos interesses políticos e os caprichos culturais, em cada mudança na forma de atenção. E, como Aristóteles, os manuscritos de Marx guardam uma peculiaridade muito especial: a maior parte são anotações, esboços, notas e memoranda, produto de uma técnica de trabalho intelectual limitada pela extrema pobreza e as repetidas emigrações políticas.

Mas no caso de Marx acrescenta-se uma condição a mais: o próprio marxismo (melhor dizer, os marxismos) nasceu, desenvolveu-se e profissionalizou-se em escola (e, em seguida, em ideologia oficial e legitimadora de um estado) quando a obra de Marx ainda não era toda ela acessível e, inclusive, quando partes importantes de seu corpus eram inéditas (e ainda são) ou, mesmo, eram inencontráveis. O êxito (?) do marxismo como ideologia de partido e ortodoxia de estado (como ciência da legitimação do DiaMat) precedeu em décadas a divulgação científica e exaustiva dos escritos completos dos fundadores.

Um dos casos mais extremos (embora não seja o único) é o texto conhecido como Die Deutsche Ideologie, A Ideologia alemã*, escrito a três mãos por Friedrich Engels, Moritz Hess e Karl Marx entre 1845 e 1846, e onde, para muitos especialistas, pela primeira vez estabelece-se o que se poderia chamar de materialismo histórico coerente e fundamentado.[8] E, embora a marxologia mais prestigiosa geralmente admita a importância desse escrito, inclusive a marxologia acadêmica (a começar por Althusser, Balibar etc.), é obra muito pouco lida em toda sua extensão, mal editada e de péssima difusão.[9] Fora do âmbito da marxologia, reina a indiferença, o desconhecimento total ou, diretamente, o desprezo que brota da ignorância. [10] Como diziam os antigos romanos: Pro captu lectoris habent sua fata libelli (o destino dos livros acontece segundo as capacidades e possibilidades do leitor). Também no caso de um pensador clássico, como Marx.

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Para dar-nos uma medida da importância que o próprio autor atribuía a esse trabalho de 1845-1846, é preciso fazer um pequeno desvio para atualizar a história pouco conhecida das primeiras obras escolhidas editadas de Karl Marx. A difusão da obra de Marx já era problema, ainda em vida do autor. As únicas edições em livro, de trabalhos da mesma época em que escreveu A Ideologia alemã, a frutífera década dos 1840, são produto de uma tentativa frustrada de editar ‘obras escolhidas’ primitivas, chamadas pomposamente Gesammelte Aufsätze von Karl Marx, resultado da exaltação editorial de um camarada, o médico e publicista Hermann Heinrich Becker (que Marx apelidou de “Becker, o vermelho” [der rot Becker])[11] aparição fantasmática ocorrida em abril e maio de 1851.[12]

Franz Erdmann Mehring, o historiador e político que pouco adiante fundaria a Liga Espartaco, com Rosa Luxemburg, relatava em seu trabalho biográfico clássico que “Marx pôs-se em comunicação com Hermann Becker para a edição de suas obras completas e, adiante, de uma revista trimestral a aparecer em Lieja; Becker fixara residência em Colônia, onde gerenciava uma pequena empresa editorial.”[13] O projeto de edição, em dois tomos, cada um com cerca de 400 páginas, em 25 cadernos costurados, tinha fundo eminentemente político, ação ligada a uma tática de partido (propagandistische Tätigkeit), ligada estreitamente à propaganda e difusão das ideias da famosa Liga dos Comunistas [Der Bund des Kommunisten], organização que se tratava de reconstruir na Alemanha.

Aquelas primitivas obras escolhidas de Marx tinham o apoio institucional do Comitê Central da Liga em Colônia [Kölner Zentralbehörde], que previa um sistema de assinaturas antes da publicação. No mesmo projeto, Marx concebera o lançamento de uma coleção popular de literatura socialista em pequenos fascículos (plano de difusão de pensadores socialistas que já tentara por em prática em 1845), e incluía obras de Babeuf, Buonarotti, Holbach, Fourier, Owen, Helvetius, Saint-Simon, Cabet, Considérant e Proudhon.

No folheto explicativo que acompanhava essas obras escolhidas primitivas de Marx, nos pacotes distribuídos para as livrarias, assinado pelo editor da compilação – o próprio Becker –, lia-se que a obra de Karl Marx estava dispersa em folhetos, panfletos, periódicos já desaparecidos e livros já não encontráveis nas livrarias, motivo pelo qual a edição em livro era importante serviço, ao oferecer aos leitores a produção escrita de Marx na última década: “o primeiro volume recolhe as contribuições de Marx publicadas na revista Anekdota de Ruge, na antiga Rheinische Zeitung (inclusive artigos sobre a liberdade de imprensa, leis sobre roubo de madeira, a situação dos camponeses do Mosela, etc.), nos Deutsch-französischen Jahrbüchern, no Westphaelische Dampfboot, em Gesellschaftsspiegel, etc. e uma série de monografias publicadas antes da revolução de março de 1848, mas por desgraça (sic!) ainda plenamente atuais.”[14]

O único e primeiro volume, que afinal ficou reduzido a 80 páginas, continha textos de Marx desde dezembro de 1841, o primeiro era Bemerkungen über die neue preußische Zensurinstruktion [Observações sobre as Novas Instruções do Governo Prussiano acerca da Censura], publicado na revistaAnekdota zur neuesten deutschen Philosophie und Publicistik[15] dos jovens hegelianos. A inclusão desse artigo é sintomática. Não é acaso que Marx tenha escolhido, não primeira publicação impressa [16], mas seu primeiro escrito como propagandista democrata-revolucionário defendendo a liberdade de imprensa burguesa clássica, contra o reacionário estado prussiano.

Nesse artigo, já criticava o “aparente Liberalismo” (Scheinliberalismus) da forma-estado burguesa, com bagagem filosófica que remetia declaradamente a Spinoza, Kant e Fichte, desmascarando a ilusão política de crer que os defeitos institucionais objetivos (objektiven Fehler, como a tendência a restringir a informação crítica livre) do Estado, na realidade, sua essência, pudessem ser corrigidos apenas mudando os censores.

Nenhuma “boa” lei, nenhuma “boa” intenção subjetiva – diz Marx ali – pode alterar a essência de um estado burguês. Além disso, num extraordinário parágrafo concentrado, Marx descreve em linguajar popular o método dialético de investigação da Verdade (Untersuchung der Wahrheit), que tem de ser, ele mesmo, verdadeiro: Zur Wahrheit gehört nicht nur das Resultat, sondern auch der Weg, “não só o resultado constitui a Verdade, também o caminho.” Destaca que o caráter do objeto (Charakter des Gegenstandes) que se investiga, nesse caso o estado burguês, exerce influência decisiva sobre a própria investigação. A investigação verdadeira “é” a Verdade desmembrada, cujos membros dispersos agrupam-se e condensam o resultado, nada mais, nada menos, que uma versão ainda tosca e primitiva do modo de investigação, o Forschungswiese, como aparece explicado no prólogo de O Capital.

O projeto editorial incluía, além dos artigos jornalísticos da etapa radical-liberal nos Anekdota e no diárioRheinische Zeitung, alguns do frustrado projeto parisiense dos Anuários Franco-Alemães; e artigos do “órgão da Democracia” criado por Engels e Marx, a Neue Rheinisches Zeitung. Para o segundo tomo, que não chegou a nascer, estava previsto publicar artigos da revista política que Engels e Moritz Hess editaram, Espelho da Sociedade,[17] e pensou-se em traduzir para o alemão algumas monografias de Marx, como o livro contra Proudhon, Misère de la philosophie[18], e o capítulo IV de A ideologia alemã. Crítica da mais recente filosofia alemã em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus diferentes profetas, intitulado “Karl Grün: ‘Die soziale Bewegung in Frankreich und Belgien’ (Darmstadt 1845) oder Die Geschichtschreibung des wahren Sozialismus” ["Karl Grün: ‘O Movimento Social na França e na Bélgica” (New York, 1845) ou a historiografia do socialismo verdadeiro].[19]

Embora a tiragem pensada inicialmente fosse muito ambiciosa (15 mil exemplares), só se imprimiram umas poucas cópias, a repressão contra os comunistas em Colônia, o próprio Becker foi preso em maio de 1851, e o confisco de exemplares pela Polícia fizeram com que poucos livros fossem distribuídos na cidade e arredores. Ainda em meados de 1851, Marx pensava editar uma versão ampliada desses escritos, incluindo um possível terceiro tomo, cada um com 75 páginas, tendo o dirigente Ferdinand Lassalle operado na intermediação.[20]
Além da importância filológica-documental, dada por ‘óbvia’ ou totalmente ignorada pela marxologia tradicional, o projeto político-editorial amadurecido em dezembro de 1850, oferece pistas precisas sobre as ideias filosófico-práticas do Marx maduro.

Em primeiro lugar, que, para as tarefas políticas-revolucionárias pendentes na Alemanha pós-1848, o próprio Marx identificou, de sua obra anterior, tanto teórica como de publicista, quais os textos que eram e quais não eram pertinentes. Em segundo lugar, é evidente que se o próprio Marx pretendia publicar, com o consenso da própria Liga dos Comunistas, textos aparentemente “defasados” de sua etapa de liberal de esquerda, aí está uma evidência de uma (talvez) profunda continuidade (apesar das sucessivas rupturas teóricas) na autoconsciência de Marx entre seu pensamento esquerdo-hegeliano (logo feuerbachiano) e o Comunismo reflexivo da década dos 1850s.

As ideias marxianas entre 1841 e 1844 continuavam atuais, e continuavam plenamente operativas e funcionais associadas à nova dimensão daKritik. Não se deve esquecer que, nessa altura, Marx já escrevera não só “Lohnarbeit und Kapital” [Trabalho Assalariado e Capital] [21] no diário democrático-revolucionario Neue Rheinisches Zeitung, mas também já publicara, com Engels, o Manifesto Comunista. E, nessa continuidade em sua filosofia prática, Marx reconhecia o valor autônomo e de consolidação teórica de A Ideologia alemã de 1845-1846.

“Durante o verão (de 1845)” – recorda Jenny Westphalen, esposa, corretora e copista de Marx – “Engels elaborou com Karl uma crítica à filosofia alemã. O estímulo externo foi o surgimento de Der Einzige und sein Eigentum [aprox. “O ego e o seu próprio” (NTs)] (de Max Stirner). Acabou sendo obra volumosa e seria publicada na Westfalia.”[22] Numa autointerpretação do Marx maduro, o famoso Vorwort à Zur Kritik der Politischen Ökonomie [Prefácio à Crítica da Economia Política] de 1859, fica clara a enorme importância atribuída ao passo teórico dado entre 1844-1846 e em especial o papel que aí desempenhavaA Ideologia Alemã:

“Comecei em Paris a investigação [da anatomia da sociedade civil], prosseguindo em Bruxelas, para onde havia emigrado como consequência da ordem de expulsão do Sr. Guizot. O resultado geral que obtive e que, uma vez obtido, serviu de fio condutor dos meus estudos, pode ser assim formulado brevemente. Na produção social de sua existência, os homens estabelecem determinadas relações, necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção (Produktionsverhältnisse) que correspondem a um determinado estado evolutivo de suas forças (...).

O modo de produção da vida material determina (bedingen) o processo social, político e intelectual da vida em geral. (...) Com Friedrich Engels, com quem tenho mantido constante intercâmbio epistolar de ideias (...) e também quando se estabeleceu em Bruxelas na primavera de 1845, resolvemos elaborar conjuntamente a oposição de nossos pontos de vista contra o ponto de vista ideológico da filosofia alemã, ou, de fato, acertar contas com nossa antiga consciência filosófica. Este propósito levou-se a cabo na forma de uma crítica à filosofia pós-hegeliana.

O manuscrito, dois grossos volumes in-octavo, já havia chegado havia muito tempo ao local onde devia ser editado, na Westfalia, quando recebemos a notícia de que uma mudança de condições não permitia a impressão. Deixamos o manuscrito entregue à roedora crítica dos ratos, ainda de melhor grado porque já alcançáramos nosso objetivo principal: compreendermos, nós mesmos (Selbstverständigung), a questão.”[23]

Resulta claro e evidente que esta ruptura, esta nova Ansicht [visão], este revolucionário ponto de vista, só pode ser entendido em sua magnitude, se compreendermos o significado de A Ideologia alemã. Em suma: si voltamos ao “futuro anterior” do próprio Marx.

[Continua]

NOTAS

[1] A conhecida como “primeira crise do marxismo”, hoje quase completamente esquecida, foi iniciada por um artigo do advogado G. Masaryk nos números 177-179 do jornal vienense Die Zeit, no qual o autor simplesmente constatava as diferenças teórico-práticas internas na social-democracia alemã e austríaca, em especial entre os pais fundadores e seus epígonos, concluindo que tais diferenças deviam-se ao caráter eclético do próprio marxismo, sistema sincrético; e que Das Kapital não passava de mera transcrição, em termos econômicos, do Fausto de Göethe. Da crise “no” marxismo da social-democracia de língua alemã, reformistas como Bernstein et altri, sem mais nem menos, extraíram uma crise “do” marxismo.
[2] LABRIOLA, Antonio. Discorrendo di socialismo e di filosofia, carta II (esp.) “Socialismo y Filosofía”, Madrid: Alianza editorial, 1969, p. 41, com tradução e prólogo de Manuel Sacristán.
[3] SOREL, Georges. “Préface” in LABRIOLA, Antonio. Essais sur la conception matérialiste de l'histoire, Paris: V. Giard & E. Brière, libraires-éditeurs, 1897, pp. 1-20.
[4] LABRIOLA, Antonio, ibidem, p. 41.
[5] Em 1975, Sacristán projetou uma edição crítica em espanhol da obra escolhida de Marx e Engels em 68 volumes, com o título de Obras completas de Marx e Engels (OME), sob o selo de Editorial Grijalbo. Desse projeto, só 11 volumes viram a luz, dentre os quais as traduções de Sacristán de O Capital, livros 1 e 2 e o Anti-Duhring. Sacristán dizia com razão, sobre publicar o Marx desconhecido que “quando me encarregaram de começar a traduzir as obras de Marx e Engels (que por certo foram suspensas, porque já não há mercado suficiente) era justo que me pedissem um Capital, porque, se traduziam obras completas, claro que também editariam O Capital. Mas o que, na minha opinião, estava errado, era entenderem que a primeira coisa a publicar, imediatamente, teria de ser O Capital. Entendo que, antes, teriam de publicar a parte inédita, a saber, o epistolário completo. Não me atrevo a dizer que eles, que são comerciantes, não tenham razão, mas a situação é absurda.” (In ARNAL, López, S.; DE LA FUENTE, P. Acerca de Manuel Sacristán, Barcelona: Destino, 1996, p. 168. Sobre a figura decisiva de Sacristán, ver ARNAL, López, S., “Aristas esenciales de un pensador poliédrico (I). Manuel Sacristán (1925-1985), a los 25 años de su fallecimiento”. In: Papeles de relaciones ecosociales e cambio global, n. 109, 2010, pp. 23-44.
[6] Tradução de uma seleção da edição de MARX, K.; ENGELS, F., Werke, editada por Dietz Verlag de Berlin-DDR, segundo a versão de 1958; em palavras de Roces: “Esta edição, que não é das obras completas (MEGA), mas das Obras Fundamentais (Werke), constará de vinte e tantos volumes. Já se publicaram dois, da juventude de Marx e de Engels; publicaram-se os três tomos das Teorias da Mais-valia. Agora aparecerão O Capital e os escritos econômicos menores e também a nova edição dosGrundrisse.” Sobre a figura de Roces: RIVAYA, Benjamín, “Comunismo e compromiso intelectual: Wenceslao Roces”. In Papeles de la FIM, n. 14, Fundación de Investigaciones Marxistas, Madrid, 2000. Roces foi pioneiro, ao fundar e dirigir uma empresa de difusão marxista ainda na IIa. República espanhola, a “Biblioteca Carlos Marx” da Editorial Cenit, da qual chegaram a publicar-se dez volumes grandes, entre os quais o primeiro tomo de O Capital em dois volumes e o Anti-Dühring de Engels.
[7] Remetemos o leitor à nossa crítica à centésima milésima tentativa de tratar Marx e Engels como cachorro morto, do físico Mario Bunge: “O Dr. Bunge sobre Engels. Los escombros ideológicos do Neopositivismo”, on-line em Rebelión: http://www.rebelion.org/noticia.php?id=98168
[8] ESSBACH, Wolfgang. Die Bedeutung Max Stirners für die Genese des historischen Materialismus(1978) , u.d.T. Gegenzüge, Materialis, Frankfurt am Main, 1982.
[9] Balibar, por exemplo, assinala, rápida e erradamente, que “em 1845, Marx, refugiado em Bruxelas, trabalhava em colaboração com Engels na elaboração de uma concepção filosófica materialista da istória, da qual quer fazer a base de um socialismo proletário autônomo (“Tesis sobre Feuerbach, A Ideologia Alemana, manuscritos publicados tras a muerte de Marx e Engels”)”. In: BALIBAR, Étienne. Cinco Ensayos de Materialismo Histórico, Barcelona: Editorial Laia, 1976, p. 20. Malgré lui: não só se equivoca ao considerá-las obra independentes, mas também no momento em que foram publicadas, muito antes da morte de Engels e Marx. Em momento algum Engels ou Marx utilizan, nesses anos, nem o termo “concepção filosófica materialista da História”, nem “socialismo proletário autônomo”.
[10] O caso do célebre filósofo liberal britânico Isaiah Berlin, o qual, em livro de encomenda sobre Marx, escreve, sobre A Ideologia Alemã, o seguinte: “Stirner é demoradamente discutido. Sob o título de ‘São Max”, é perseguido ao longo de 500 páginas de sarcasmo grosseiro e insultos”. In: Karl Marx: His Life and Environment, Thornton Butterworth, London, 1939, Chapter VI, “Historical Materialism”, p. 143. Berlin erra até no ano da composição: “A exposição mais extensa da teoria acontece num trabalho que compôs com Engels em 1846, intitulado Ideologia Alemã” (ibidem, p. 118).
[11] DOHM, Bernhard; TAUBERT, Inge. “Engels über den roten Becker. Ein unbekannter Brief von Friedrich Engels”, In: Beiträge zur Geschichte der Arbeiterbewegung. 1973, Heft 5, pp. 807-814.
[12] MARX, Karl. Gesammelte Aufsatze von Karl Marx, herausgegeben von Hermann Becker. I. Heft, Koln, 1851. O conteúdo dessa primeira edição de escritos de Marx encontra-se em MARX, Karl; ENGELS, Friedrich, Werke, Artikel, Entwrfe Juli 1849 bis Juni 1851, Abt. 1: Werke, Artikel, Entwürfe, Bd. 10, Akademie Verlag, Berlin, 1977, pp. 493-497. Tratava-se do primeiro volume projetado; o segundo nunca foi publicado, porque Becker foi preso dia 19/6/ 1851, acusado de ser comunista e conspirar contra o estado; foi julgado no famoso processo dos comunistas (Kölner Kommunistenprozess), em 1852, e condenado a cinco anos de cárcere. Vide carta de Becker a Marx de dezembro de 1850. In: AA.VV. Der Bund der Kommunisten. Dokumente und Materialen. Band 2, Dietz Verlag, Berlin-DDR, 1982, Dokumente 570, pp. 357-358.
[13] MEHRING, E., Franz. Karl Marx: Die Geschichte seines Lebens, 1918, p. 209. Esp. Carlos Marx. Historia de su Vida, México: Editorial Grijalbo, 1957, p. 227-228.
[14] Textual: “Marx's Arbeiten sind theils in besonderen Flugschriften, theils in periodischen Schriften erschienen, jetzt aber meistens gar nicht mehr zu bekommen, wenigstens im Buchhandel ganz vergriffen. Der Herausgeber glaubt deßhalb, dem Publikum einen Dienst zu erweisen, wenn er mit Bewilligung des Verfassers diese Arbeiten, welche gerade ein Decennium umfassen, zusammenstellt und wieder zugänglich macht. [...] Der erste Band wird Marx's Beiträge zu den ‘Anekdota’ von Ruge, der (alten) ‘Rheinischen Zeitung’ (namentlich über Preßfreiheit, Holzdiebstahlsgesetz, Lage der Moselbauern usw.), den ‘deutsch-französischen Jahrbüchern’, dem ‘Westf. Dampfboote’, dem ‘Gesellschaftsspiegel’ usw. und eine Reihe von Monographien enthalten, die vor der Märzrevolution erschienen, aber leider noch heute passen.” In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich, ibidem, p. 496.
[15] É o segundo artigo público conhecido de Marx, escrito entre janeiro e fevereiro de 1842, aparecido anonimamente (“De um renano”) como artigo nos Anekdota…, tomo I, ano 1843. A revista era órgão puro da esquerda hegeliana, sob a direção de Arnold Ruge. Agora, em MARX, Karl; ENGELS, Friedrich;Werke. Band 1; (Karl) Dietz Verlag, Berlin-DDR, 1976. pp. 3-25. Esp. MARX, Karl, Escritos de Juventud, FCE, México, 1982, pp. 149-169.
[16] Quer dizer, o artigo “Luther als Schiedsrichter zwischen Strauß und Feuerbach” (“Lutero, árbitro entre Strauss e Feuerbach”), escrito em janeiro de 1842 e publicado anonimamente (“Alguém que não é berlinense”) nos Anekdota…, tomo II, 1843. Agora em en: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich; Werke. Band 1; (Karl) Dietz Verlag, Berlin-DDR, 1976, pp. 26-27. Esp. MARX, Karl, Escritos de Juventud, FCE, México, 1982, pp. 147-148.
[17] Gesellschaftsspiegel. Organ zur Vertretung der besitzlosen Volksklassen und zur Beleuchtung der gesellschaftlichen Zustände der Gegenwart era revosta de tendência (wahrsozialistischen) político-teórica de intervenção nas classes trabalhadoras e de coinvestigação da questão social. Foi editada entre 1845-1846 na região natal de Engels, Elberfeld. Vide SILBERNER, Edmund, “Der ‘Kommunistenrabbi’ und der ‘Gesellschaftsspiegel’”. In Archiv für Sozialgeschichte, (1963), Band 3, pp. 87-102. Marx contribuiu com um artigo sobre o suicídio no capitalismo, em 1846: “Peuchet: Vom Selbstmord”. InGesellschaftsspiegel; zweiter Band, Heft VII, Elberfeld, Januar 1846, pp. 14-26. Agora em MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Marx-Engels Gesamtausgabe, MEGA, I Abt., Band 3, Moskau-Berlin, 1932, pp. 391-407. Em esp. Marx, Karl; Sobre o Suicidio, ed. e tradução a cargo de Nicolás González Varela, Montesinos, Mataró (no prelo). Sobre o artigo de Marx, nos permitimos remeter o leitor a nosso artigoon-line: “Karl Marx en Bruselas (1845-1848): suicidio e cuestión femenina en o Capitalismo” (http://www.rebelion.org/noticias/2006/10/38534.pdf).
[18] Escrito en francês entre dezembro de 1846 e abril de 1847: Misère de la philosophie. Réponse à la philosophie de la misère de M. Proudhon, C.G. Vogler, Brüssel-A. Frank, Paris, 1847. (...) A melhor tradução ao espanhol ainda é Miseria de la Filosofía, Buenos Aires: Editorial Signos, 1970.
[19] In: ENGELS, Friedrich; Werke. Band 1; (Karl) Dietz Verlag, Berlin-DDR, 1976, pp. 5–530.
[20] Vide carta de Lassalle a Marx de 26/6/1851 e suas conversas com o editor Scheller, de Düsseldorf.
[21] ENGELS, Friedrich; Werke. Band 1; (Karl) Dietz Verlag, Berlin-DDR, 1971, pp. 397-423. Esp.Trabajo Asalariado y Capital, Barcelona: Ed. Nova Terra, 1970.
[22] Westhpalen, Jenny; “Kurze Umrisse eines bewegten Lebens”. In: AA. VV. Mohr und General. Erinnerungen an Marx und Engels, Dietz Verlag, Berlin-DDR, 1964, p. 192.
[23] ENGELS, Friedrich; Werke. Band 1; (Karl) Dietz Verlag, Berlin-DDR, 1971, p. 8 e 10. Esp. MARX, Karl. Contribución al a Crítica de la Economia Política, México: Siglo XXI, 1980, p. 4 e 6.

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* Em português do Brasil: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich, A ideologia alemã. Crítica da mais recente filosofia alemã em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus diferentes profetas. [1845-1846] Trad.: Rubens Enderle, Nélio Schneider e Luciano Cavini Martorano. Prefácio: Emir Sader. São Paulo: Boitempo Editorial. 2007, 616 p.

*Nicolás González Varela é jornalista e escritor.

Fonte: Fundação Maurício Grabois