quinta-feira, 28 de novembro de 2013

De alma lavada! Fla vence e é tricampeão da Copa do Brasil














O Flamengo é campeão da Copa do Brasil. Ou melhor, tricampeão - venceu também em 1990 e 2006. Em um dia triste para o futebol brasileiro, com o falecimento de Nilton Santos e o acidente trágico com mortes nas obras do Itaquerão, coube ao Rubro-negro carioca garantir a fatia de alegria ao histórico 27 de novembro de 2013.

Embalado pela sintonia entre time e torcida no Maracanã, o clube da Gávea venceu o Atlético-PR por 2 a 0 com um gol de Elias e Hernane no finalzinho do jogo, ficou com a taça da competição e ainda garantiu sua vaga na Copa Libertadores do próximo ano.

O Flamengo chegou ao título após onze vitórias, dois empates e apenas uma derrota em 14 jogos. O time do técnico Jayme de Almeida marcou 26 gols e sofreu nove. Antes de vencer o Atlético-PR na grande decisão desta quarta, o Rubro-negro carioca passou por Goiás, Botafogo, Cruzeiro, Asa (AL), Campinense e Remo.

Como era de se esperar após o equilibrado empate por 1 a 1 no jogo de ida, a partida decisiva desta quarta-feira começou de maneira tensa. Depois de uma semana de muita expectativa pelo confronto final, Flamengo e Atlético-PR deixaram o nervosismo tomar conta dos primeiros minutos e tiveram muito mais erros do que acertos na metade do primeiro tempo.

Pouco tempo depois, em um caso típico de jogo muito truncado, era um volante do Flamengo quem comandava as ações. Sem maiores jogadas trabalhadas, Luiz Antônio apostava nos chutes de longa distância para chegar ao gol adversário. Foi assim em três oportunidades. Uma cobrança de falta chegou a carimbar o travessão do goleiro Weverton, mas os cariocas não conseguiam balançar a rede do Atlético-PR.

Nada, porém, que desanimasse a torcida do Flamengo. Com um 0 a 0 no placar que dava o título ao clube da Gávea, os donos da casa faziam uma bela festa nas arquibancadas. Do outro lado, pouco mais de seis mil atleticanos tentavam incentivar o time paranaense, mas a tensão de ter que reverter o cenário do jogo deixava os visitantes aflitos no intervalo.

Na volta para o segundo tempo, a festa nas arquibancadas continuava. Assim como a tensão. Mas o panorama do jogo se alterou. O Flamengo recuou em uma clara tentativa de segurar o empate e viu o Atlético-PR chegar mais vezes ao campo de ataque. A intensidade no setor ofensivo paranaense, porém, não era das maiores.

A ideia do técnico Jayme de Almeida de tirar o meia Carlos Eduardo e lançar o volante Diego Silva "convidava" ainda mais o adversário ao ataque. O Rubro-negro carioca se defendia como podia e conseguia poucas saídas em contra-ataque.

Nos minutos finais, táticas e orientações técnicas foram deixadas de lado, prevalecendo o coração e a transpiração. As equipes se lançaram abertamente ao ataque. E foi o Flamengo, dono da festa desde os primeiros minutos, quem se deu melhor. Aos 41min, Paulinho chegou à linha de fundo pelo lado esquerdo e cruzou para Elias, que chutou firme para o fundo das redes.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Globo manipula noticiário sobre denúncias envolvendo tucanos



Jornal Nacional da TV Globo de terça-feira (26) teve uma, digamos assim, recaída na edição de um debate político que se deu em duas entrevistas coletivas diferentes.
De um lado, o senador Aécio Neves e a cúpula do PSDB convocaram repórteres para acusar o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de fazer dossiês políticos contra adversários, por causa do aparecimento de nomes de altos tucanos paulistas como supostos beneficiários do esquema de propinas por licitações combinadas do Metrô e da CPTM. O esquema foi confessado por executivos de multinacionais como Siemens e Alstom, escândalo que ganhou o apelido de "trensalão".
Do outro lado, o ministro Cardozo também convocou a imprensa, mas para rebater as acusações feitas por Aécio. Ao seu lado estavam o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, e o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinicius Marques de Carvalho.
Pois o telejornal da Globo selecionou "os melhores momentos" de Aécio, e os "piores momentos" de Cardozo. Na edição que foi ar, as críticas mais contundentes de Aécio foram as escolhidas para serem levadas ao público. Já a declaração mais contundente de Cardozo, em que ele disse "... a época dos engavetadores gerais de denúncias já acabou no Brasil há alguns anos. E eu me recuso a ser um engavetor geral de denúncias" foi suprimida peloJornal Nacional, que mostrou apenas as partes mais insossas do que foi dito pelo ministro.
Citamos recaída, porque existe precedentes que vêm, por exemplo, do episódio já fartamente conhecido e admitido da edição do debate nas eleições presidenciais de 1989, entre Lula e Collor em que a emissora manipulou as imagens e contribuiu decisivamente para a eleição deste último.
Na mesma edição de terça-feira, outra estranheza: não foi noticiada a apreensão de 450 quilos de cocaína em um helicóptero da empresa do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG), filho do senador Zezé Perrella (PDT-MG). Afinal não é todo dia que se vê um helicóptero da família de um senador ser flagrado pela polícia com carga tão exótica.
A TV Record correu atrás da notícia, entrevistou o advogado do piloto Rogério Almeida Antunes que, preso, contradisse a versão do deputado de que a aeronave teria sido usada sem seu conhecimento. O piloto afirmou que fez duas ligações para Gustavo Perrella e foi autorizado a transportar a carga, oferecendo o sigilo telefônico como prova. Alega porém ter sido informado que seriam implementos agrícolas e que o deputado também não sabia tratar-se de drogas.
Os problemas do deputado Perrella não se resumem ao incidente. Descobriu-se que o piloto foi nomeado para um cargo na Assembleia Legislativa mineira. Segundo o que disse o advogado, seu cliente era um funcionário fantasma no serviço público, pois não comparecia ao trabalho no Legislativo, ficando à disposição da empresa Limeira Agropecuária, de propriedade do deputado, como piloto. Gustavo Perrella confirmou a nomeação dizendo que o havia demitido na segunda-feira.
Não se sabe dos bastidores que levaram a Globo a esconder uma notícia que, se envolvesse integrantes do PT, por exemplo, dificilmente deixaria de noticiar. O que se sabe é que o senador Zezé Perrella é do grupo político do senador do PSDB Aécio Neves. Chegou ao senado como suplente de Itamar Franco, eleito com apoio do tucano nas eleições de 2010.
Zezé Perrella foi presidente do Cruzeiro Esporte Clube e ainda é influente entre os atuais cartolas do time. A TV Globo mantém negócios regulares com o Cruzeiro pelos direitos de transmissão dos jogos de futebol – interesses ampliados agora que o time mineiro disputará a Copa Libertadores no ano que vem.
Voltando a falar em recaídas, lembremos que a emissora também blindou durante muito tempo o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira contra denúncias de corrupção em sua gestão. Em entrevista à revista Piauí, Teixeira disse que chegou a retaliar a Globo, mudando o horário de jogos da Seleção Brasileira para atrapalhar a grade de programação, quando a emissora divulgava notícias contra ele.
Enfim, a emissora dos Marinho acrescenta mais um item à coleção de fatos a explicar à opinião pública e sobre que justificativas encontra para omitir informações relevantes sobre políticos com os quais mantém relações.

Piloto de helicóptero com cocaína era homem 'de confiança' de Perrella, diz advogado

Defensor de Rogério Antunes afirma que pretende pedir quebra do sigilo telefônico de seu cliente para provar que deu dois telefonemas para deputado do PSDB mineiro antes de voar.

São Paulo – Em entrevista ao blogue Viomundo, o advogado do piloto Rogério Almeida Antunes, Nicácio Pedro Tiradentes, afirmou que o deputado estadual Gustavo Perrella (Solidariedade-MG) mentiu ao dizer que o piloto roubou o helicóptero apreendido em uma fazenda no município de Afonso Cláudio, Espírito Santo, com mais de 400 quilos de cocaína.
Segundo o advogado, o piloto era homem “de confiança” do deputado, filho do senador e ex-presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella (PDT-MG), “não fez nada sem autorização” e teria dado dois telefonemas para Gustavo Perrella antes de levar a carga. Para provar isso, ele disse que pretende pedir a quebra do sigilo telefônico do seu cliente. “Deu duas ligações [para o deputado]. Aí que mora o perigo.”
Pela versão de Tiradentes, o piloto e o deputado acreditavam que o voo carregava implementos agrícolas. Ele acusou o parlamentar do Solidariedade de “empurrar o pepino” para o piloto. “O deputado não poderia enlamear o menos favorecido pela sorte”, disse Nicácio Tiradentes. O advogado também declarou que a fazenda para onde o helicóptero voava para levar a carga era de propriedade de Zezé Perrella.
Enigmático, o advogado de Gustavo insinuou a suposta intenção de livrar uma pessoa “de posses” que acompanhava o voo, mas não identificou quem seria. Ele teria um encontro marcado com essa pessoa hoje, para obter novas informações.
Junto com o piloto, foram presos o co-piloto Alexandre José de Oliveira Júnior, de 26 anos, o comerciante Róbson Ferreira Dias, de 56, e Everaldo Lopes de Souza, de 37.
Nicácio Tiradentes informou que pretende entrar nas próximas horas com habeas corpus para tirar o piloto da cadeia.
De acordo com o jornal O Estado de Minas, o piloto era “agente de serviço de gabinete da Assembleia Legislativa de Minas Gerais”, tinha salário de R$ 1,7 mil e estaria lotado desde abril de 2013 na 3ª Secretaria da casa, cuja presidência é do deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT). O parlamentar prometeu demitir Antunes.

Taxa de desemprego em outubro cai para a menor taxa desde 2009

Índice de 9,8% em seis regiões metropolitanas é o menor desde o início da série histórica da pesquisa Seade/Dieese, em 2009
São Paulo – A taxa média de desemprego em seis regiões metropolitanas do país foi a 9,8% em outubro, ante 10,3% no mês anterior, segundo pesquisa da Fundação Seade e do Dieese, divulgada hoje (27) pela manhã. É o menor resultado registrado da série histórica, iniciada em 2009.
Em São Paulo, a taxa passou de 10%, em setembro, para 9,6%, por sua vez a menor para outubro de 1990 – no caso da região metropolitana, a pesquisa se inicia em 1985.
O número total de desempregados foi estimado em 2,044 milhões, 94 mil a menos do que em setembro (-4,4%) e 128 mil /a menos do que há 12 meses (-5,9%). O rendimento médio dos ocupados (R$ 1.609) cresceu 0,6 % no mês e aumentou 0,9% em 12 meses.

Sem respostas para o transporte, governos não abrem mão de reprimir lutas sociais

Após realizar sua jornada de lutas no final de outubro, o MPL (e bairros em crescente organização) segue pautando o debate dos transportes públicos em São Paulo, enquanto a prefeitura mantém-se em sua morosidade em oferecer políticas mais incisivas contra a caótica situação atual. Ao lado disso, com grande contribuição do governo estadual tucano, mantém-se a criminalização de todo e qualquer movimento que se manifeste de forma claramente contrária aos interesses econômicos dominantes.

“O importante é a gente entender que existe uma criminalização de fato, e essa criminalização recai em cima de quem está se manifestando, de quem está tentando mudar as coisas e de quem é pobre, daqueles que a princípio o sistema quer excluir, inclusive por serem pessoas que se opõem a tal sistema”, disse Marcelo Hotimsky, militante do Movimento pelo Passe Livre, em entrevista ao Correio da Cidadania. “Na verdade, esse caso é exemplar de como o confronto não acontece por uma postura específica na manifestação, por quebrar alguma coisa etc. Acontece quando existe interesse por parte da burguesia, ou por parte de sua polícia, em reprimir uma manifestação”,  reitera Marcelo, tomando como exemplo a manifestação realizada no Grajaú.

Além de explicar um pouco mais sobre o polêmico ato de 25 de outubro, quando dezenas de militantes, e sua banda de música, foram detidos arbitrariamente, Marcelo concorda com a ideia de que a mídia contribui para a descaracterização dos movimentos que têm ido às ruas, abrindo caminho para justificativas de repressão e violência estatal, uma marca da qual o Estado brasileiro não parece pronto para abrir mão.

E, sem deixar de renovar os debates do campo de atuação do MPL, Marcelo critica as respostas oferecidas pela prefeitura no que se refere aos ônibus. Diz que os corredores que vêm sendo construídos, apesar de auxiliarem na mobilidade, também contemplam interesses dos empresários do setor, que ao mesmo tempo continuam cortando linhas periféricas de diversas regiões, com a anuência de Haddad e cia.

“Na realidade, temos uma avaliação bem negativa das respostas que foram dadas até agora. Porém, o que podemos ver do atual momento, pelas próprias políticas que estão sendo implementadas pela prefeitura, é uma reação das populações dos bairros, como é o caso de São Mateus, onde o pessoal começou espontaneamente a se manifestar contra o corte de linhas”, afirma.

A entrevista completa com Marcelo Hotimsky, mais uma realizada em parceria com a webrádio Central3, pode ser lida a seguir.

Correio da Cidadania: Como você avalia a jornada de lutas do MPL, realizada entre os dias 21 e 28 de outubro, com manifestações em diversas regiões periféricas da cidade pela tarifa zero e também um transporte público melhor no geral?

Marcelo Hotimsky: A nossa avaliação é bem positiva. Eu acho que a jornada foi muito bacana e, no seu término, no ato pela tarifa zero, na sexta-feira 25 de outubro, conseguiu reunir duas pautas que para nós são muito importantes: primeiro, a tarifa zero, para o transporte ser de fato um direito; em segundo, o transporte planejado de acordo com os interesses e as necessidades da população, o que se reflete nos atos que foram feitos anteriormente na periferia pela volta de linhas que vêm sendo cortadas, por transportes 24 horas, por extensões de linhas de metrô. Enfim, questões que foram levantadas pela própria população sobre como deve ser o transporte nessas regiões.

Na verdade, a gente junta as duas pautas justamente porque, tanto pelo fato de existir tarifa quanto de as linhas serem cortadas, além de não ter ônibus 24 horas e todas as coisas sobre as quais a população estava reclamando no seus bairros, são todas estas consequências de um transporte sustentado como mercadoria, não como direito.

Nesse sentido, pensamos que a luta foi muito boa, conseguiu ir para dentro dos bairros. Foi muito legal ver que na mesma semana um pessoal em São Mateus, na zona leste, começou a se mobilizar contra o corte de linhas. Portanto, a jornada não acabou na data inicialmente marcada por nós, pois, na semana seguinte, vimos novos atos no Campo Limpo e em São Mateus, os dois contra o corte de linhas de ônibus da região.

Correio da Cidadania: O que você comentaria do ato mais divulgado pela mídia, do dia 25, no centro de São Paulo, com todas as escaramuças de rua, a polêmica agressão ao coronel, as prisões etc.?

Marcelo Hotimsky: Eu acho que naquele dia vimos muito bem como está acontecendo uma escalada repressiva forte, a polícia prendeu muitos participantes das manifestações, estavam de fato procurando os manifestantes. Foi bem complicado. O final do ato foi meio conturbado por conta disso.

Acho que também está claro o quanto a polícia agride as manifestações, não por conta de qualquer evento como o que aconteceu com o coronel, mas porque é a função da polícia.  O que ficou claro pelo simples fato de a polícia ter começado a jogar bombas e perseguir os manifestantes depois de o ato ter acabado. A gente fez um jogral encerrando o ato, na Praça da Sé, e depois dissemos a todos para irem embora, pois o ato já tinha terminado. Mesmo assim, a polícia começou a jogar bombas e perseguir os manifestantes.

Correio da Cidadania: Concorda com a tese de que existe um conluio entre instituições e ocupantes do poder, alimentado pela mídia, de criminalização do protesto social, sob a desculpa do “vandalismo”?

Marcelo Hotimsky: Achamos que a mídia tem um papel bem complicado ao ajudar nessa criminalização do movimento social. Desde junho, a mídia acabou impondo uma separação entre manifestantes “pacíficos” e “vândalos”, muito prejudicial às manifestações.

A mídia tem jogado grupos de manifestantes contra outros manifestantes, enfim, tem, de certa forma, coibido certos grupos de participar das manifestações. Assim é o caso da polêmica com os mascarados, agora sob diversas proibições do uso de máscara em manifestações. Todo mundo que participa das manifestações e que já sofreu ameaça de polícia sabe que é uma forma de o manifestante se proteger.

Correio da Cidadania: Vimos que, logo depois da comoção em torno da agressão ao coronel da PM, a polícia executou, banalmente, um jovem na Vila Medeiros, zona norte. Que paralelo você faz entre a soltura do assassino de farda e a manutenção na cela, por vários dias, de um dos manifestantes do dia 25, Paulo Henrique, de 22 anos?

Marcelo Hotimsky: Eu acho que os dados falam por si só. O importante é a gente entender que existe uma criminalização de fato, e essa criminalização recai em cima de quem está se manifestando, de quem está tentando mudar as coisas e de quem é pobre, daqueles que, a princípio, o sistema quer excluir, inclusive por serem pessoas que se opõem a tal sistema.

Isso que é complicado. Mas, na verdade, não é novidade. Em junho vivemos o mesmo, muito fortemente. Mesmo dentro da criminalização dos próprios manifestantes, temos aqueles casos conhecidos, a exemplo das cenas explícitas que vimos de um filho de empresário dos transportes quebrando a porta da prefeitura. Esse rapaz foi solto no dia seguinte. Ao mesmo tempo, uma mulher negra, moradora de ocupação do centro, ficou presa três meses, por ter sido pega roubando material higiênico durante um ato.

Eu penso que tal cenário evidencia bem como o sistema judicial serve para atender certos interesses dominantes da sociedade, enquanto segue excluindo os que já são os mais excluídos.

Correio da Cidadania: O que o MPL, por experiência própria, pode falar da ação policial quando seus atos pela tarifa zero são realizados na periferia?

Marcelo Hotimsky: A maioria dos atos foi tranquila. Porém, no caso do Grajaú, é bom relembrar um caso especialmente interessante, porque foi o único ato na periferia que teve repressão, entre todos os atos da jornada. Mas a repressão de lá foi muito clara. Primeiro, os perueiros e funcionários das próprias empresas de ônibus e peruas tentaram acabar com a manifestação. Depois, a polícia, sem que tivesse acontecido qualquer grande problema na manifestação, foi lá e jogou um carro em cima dos manifestantes.

A partir do momento em que eles jogaram o carro em cima dos manifestantes, chegando a atropelar um deles, as pessoas ficaram bravas, chegaram a bater no carro da polícia, que logo usou a atitude como justificativa para iniciar o confronto.

Na verdade, esse caso é exemplar de como o confronto não acontece por uma postura específica na manifestação, por quebrar alguma coisa etc. Acontece quando existe interesse por parte da burguesia, ou por parte de sua polícia, em reprimir uma manifestação.

Acho que, no caso do Grajaú, esse contexto ficou muito evidente, porque as reivindicações que a população está fazendo lá vão diretamente contra os interesses dos empresários de ônibus, da prefeitura etc. Exigiriam um gasto a mais com o transporte público de tais pessoas, o que, de fato, eles mostraram que não têm interesse em atender.

Correio da Cidadania: Após algumas vitórias e uma inédita repercussão dos debates a respeito do transporte público, como vocês avaliam, até agora, as respostas práticas do poder público, de todas as esferas, em termos de políticas direcionadas ao transporte?

Marcelo Hotimsky: Na realidade, temos uma avaliação bem negativa quanto às respostas que foram dadas até agora. A gente acha, sim, que a reversão do aumento da tarifa foi de importância extrema. Mas foi de grande importância justamente porque veio da parte da população, não porque a prefeitura decidiu não reajustar.

A população obrigou a prefeitura a recuar. Foi gerada uma situação de tamanha pressão popular, com as pessoas dizendo que não iriam aceitar o aumento da tarifa, que a prefeitura teve de mudar sua posição. É isso que defendemos para tudo que seja feito em termos de transportes. No entanto, vemos que as medidas atuais não foram tomadas nesse sentido. Achamos que toda a mudança do transporte coletivo deve ser feita de acordo com o interesse da população.

Assim, a prefeitura pode até justificar que o corte de linha é tecnicamente melhor, que pode ser mais barato... Mas o grande problema é esse: em nenhum momento o usuário foi perguntando sobre os cortes de linha. E o que estamos vendo, obviamente, é que o usuário não quer os cortes. Não quer ter de pegar mais de um ônibus, quando fazia o trajeto com um ônibus só.

No geral, temos essa avaliação a respeito de todas as medidas que estão sendo tomadas pela prefeitura. Por mais que existam alguns dados positivos, como no caso das faixas exclusivas de ônibus, não se trata de medidas que confrontem diretamente os interesses desse empresariado. Pelo contrário, mais corredores de ônibus é uma medida até conciliatória. Tanto que não se vê a prefeitura anunciando que vai colocar mais ônibus em circulação, que vai colocar mais linhas dentro das periferias, medidas que iriam contra o interesse desses mesmos empresários.

Correio da Cidadania: Como o movimento pretende seguir pautando o debate político, mais especificamente em sua área de atuação, nos próximos tempos?

Marcelo Hotimsky: O MPL sempre se organizou do mesmo jeito. Sempre estivemos nas periferias junto com os movimentos sociais, nos colégios públicos, nas associações de moradores, discutindo em cada região o que pessoas querem do transporte local e fazendo mobilizações. Sempre com a pauta da tarifa zero, como dito no começo. Portanto, não é uma demanda do MPL. A população traz o debate.

Porém, o que podemos ver do atual momento, pelas próprias políticas que estão sendo implementadas pela prefeitura, é uma reação das populações dos bairros, como é o caso de São Mateus, onde o pessoal começou espontaneamente a se manifestar contra o corte de linhas.

Eu acredito que o grande ponto dos próximos atos será o corte de linhas - na verdade, uma política antiga da prefeitura, que na zona sul já acontece há algum tempo. Tanto é que as manifestações que aconteceram na semana de lutas, na zona sul, tinham como um dos principais focos, nos diversos bairros, a volta de linhas que foram cortadas por conta da criação dos terminais, como os terminais Jardim Ângela e Campo limpo. Antes, existiam linhas que iam até depois de tais terminais, e agora é preciso pegar dois ônibus até o terminal, depois pegar mais uma fila, mais um ônibus, só pra catraca rodar de novo e o empresário lucrar mais.

Essa tem sido a política sistemática da prefeitura e a gestão Haddad, pelo que está indicando, ampliará tal tipo de política. Portanto, o corte de linhas, no momento, está sendo um ponto central de mobilização em torno do transporte.


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A Luta Política do Mensalão

Os últimos lances do processo do mensalão, produzidos pela decisão de Joaquim Barbosa de iniciar a execução das penas contra os réus, causaram fortes reações na sociedade.

A mais importante dessas manifestações de crítica certamente foi o manifesto subscrito por juristas do quilate de Dalmo Dallari e Celso Bandeira de Melo, assim como por intelectuais e dirigentes sindicais ligados ao Partido dos Trabalhadores.

Neste manifesto são levantadas fortes críticas à conduta de Barbosa. Ordem de prisões sem a devida expedição das cartas de sentença; não respeito ao domicílio dos réus e, especialmente, ao direito da prisão em regime semiaberto, para alguns dos condenados; além da falta de procedimentos cautelares em relação a José Genoíno, em fase de recuperação de uma delicada cirurgia cardíaca. As críticas são objetivas e contundentes, com os seus autores lançando até mesmo “dúvidas sobre o preparo ou a boa fé de Joaquim Barbosa na condução do processo”.

Os autores do manifesto também voltam a bater em uma tecla muito cara para todos os que se alinham na defesa de alguns dos réus deste rumoroso processo penal. Para eles, as atitudes do atual presidente do STF se constituem em “mais um lamentável capítulo de exceção em um julgamento marcado por sérias violações de garantias constitucionais”.

Mais uma vez, portanto, o manifesto aproveita a ocasião para lançar dúvidas e críticas não somente às decisões de Joaquim Barbosa, em relação às ordens de execução das penas do mensalão. O chamado “devido processo legal”, como um todo, também é questionado.

Não há dúvidas que muitas atitudes e decisões de Joaquim Barbosa são questionáveis, especialmente em relação à forma e o conteúdo dessas últimas medidas, que levaram à prisão alguns dos condenados no processo.

Entretanto, muito além do exame de tecnicalidades do processo, o que está em jogo é a disputa política que envolve a todos os que são aliados de alguns dos réus e que procuram a todo custo apontar erros processuais na ação penal e injustiças que estariam sendo cometidas, particularmente contra José Dirceu e José Genoíno.

É evidente a motivação política desse tipo de abordagem. Sempre, em relação apenas, repito, a alguns dos réus. Afinal, nunca vi qualquer tentativa de defesa para os réus, por exemplo, que foram condenados às mais elevadas penas de prisão neste processo. Jamais vi nenhum tipo de defesa, apaixonada ou não, em relação a Marcos Valério (condenado a 37 anos de prisão, sem contar o crime de formação de quadrilha, além do pagamento de multa milionária) ou a Kátia Rabello (14 anos de prisão, também sem se levar em conta o crime de formação de quadrilha, e multa de R$ 1,5 milhão).

Mais emblemática ainda foi a decisão do PT – agora, parece esquecida – que, logo após a denúncia de Roberto Jefferson, expulsou dos seus quadros o seu ex-tesoureiro, Delúbio Soares. Se tudo não passou de um “golpe” da direita contra o governo de Lula, por que uma medida tão dura contra Delúbio? Além disso, por que Lula se referiu a uma traição, a uma “punhalada nas costas”, quando da explosão do escândalo? E por que o PT depois voltou atrás e reincorporou Delúbio às suas fileiras?

A rigor, o que ocorreu não estava escrito, nem previsto. Jamais o lulismo imaginou que o esquema financeiro organizado viria a ser denunciado por um dos mais destacados deputados da tropa de choque do governo Lula, nos anos de 2003 e 2004. Justamente Roberto Jefferson, a quem o próprio Lula defendeu, destacando que sua confiança no ex-collorido o permitiria assinar “um cheque em branco” para ele.

Portanto, parece claro que o esquema financeiro ilegal existiu. E se esse esquema existiu, se milhões de reais passaram a fazer parte do circuito da política, quem os utilizou, quem decidia pela sua aplicação ou por decisões sobre a sua distribuição? Seria apenas o Delúbio?

Essas são perguntas incômodas de serem feitas. Lula, por exemplo, já afirmou que de nada sabia. Mas foi exatamente ele mesmo, Lula, quem resolveu o impasse final do acordo entre o PT e o PL, em 2002, garantindo a presença de José Alencar como candidato a vice-presidente na chapa petista. E a “magia” de Lula – José Dirceu e Valdemar Costa Neto, os presidentes das siglas, chegaram a declarar na ocasião que o acordo não havia sido possível – posteriormente se soube qual foi: a promessa de colocar R$ 30 milhões (!!!) na “caixinha” de campanha da aliança PT-PL.

Os advogados de José Dirceu, por sua vez, desde o início do processo afirmavam que o seu cliente jamais havia tido contato mais sério com Marcos Valério, talvez tendo apenas ocasionalmente e socialmente se encontrado com o publicitário. Posteriormente, com a comprovação de sucessivas reuniões com a participação de José Dirceu e de Marcos Valério, dentro do Palácio do Planalto, os advogados do ex-chefe da Casa Civil foram sucessivamente recuando, até finalmente admitirem que as reuniões, de fato, existiram, mas nelas o publicitário jamais havia se utilizado da palavra....Mais patético, impossível.

Agora, Dirceu e Genoíno se reivindicam presos políticos, tomados de amnésia com relação às suas responsabilidades nos últimos tempos. Dirceu, por exemplo, virou lobista empresarial de Carlos Slim, o bilionário mexicano, e de Eike Batista, o picareta que iludiu espertalhões do mundo financeiro com o apoio decisivo do próprio governo de Lula e também de Dilma. Pode ser que eles estivessem se reivindicando como políticos da direita, assim como Jefferson, assim como o impune FHC....Tudo é possível. Em meio ao imbróglio, e com toda a metamorfose dessa turma, toda a cautela do mundo é pouca na análise a ser feita. Mas é bom que se lembre: as investigações sobre as falcatruas da privatização dos tucanos não andoaram para frente porque jamais interessou ao lulismo mexer nesses casos.

O que estamos assistindo neste momento é apenas ao desenrolar de uma disputa política, que busca minimizar – na ótica dos lulistas – os prejuízos e as perdas que o processo do mensalão impõe. Contudo, não podemos abstrair a precariedade, as falhas e as gritantes injustiças que diariamente são praticadas pela própria Justiça, pelo dito Poder Judiciário.

Mas, convenhamos, os melhores exemplos da injusta Justiça brasileira não devem ser pinçados desse caso do mensalão.

A injustiça da nossa Justiça é contra os pobres. Temos hoje em nossos presídios mais de meio milhão de condenados. Desses, elevadíssimo percentual lá está por crimes relacionados com o uso e a venda de drogas ilegais, particularmente a maconha. A esmagadora maioria é composta por pobres, negros, jovens e com baixa escolaridade.

Recente pesquisa aponta, também, que, em 2012, no estado do Rio de Janeiro, 42% dos acusados de crimes (portanto, não condenados) ficaram na cadeia sem nenhuma razão, para serem absolvidos ou condenados a penas que não os levariam à prisão. Na verdade, o motivo desses acusados terem ficado na prisão de forma injusta é pelo fato de serem pobres, não terem como pagar advogados, e não terem também qualquer cobertura decente por parte do Estado, através da Defensoria Pública. E olha que estamos nos referindo ao “desenvolvido” Rio de Janeiro...

Enquanto isso, os ricos nadam de braçada. As grandes empresas oligopolistas fazem o que bem entendem, em nome da liberdade de mercado. A sonegação fiscal ou mecanismos de elisão fiscal são utilizados largamente. Os corruptores do mundo empresarial pintam e bordam na esfera política. Casos como o do Banestado, das relações da Delta Construtora e de Carlinhos Cachoeira com políticos notórios do PT, do PSDB e do PMDB, entre outros escândalos recentes, são abafados.

O objetivo parece ser o de deixar tudo como aí está. Afinal, na ótica dos ricos, em time que está ganhando não se deve mexer.

Parece que a luta política em torno do mensalão tem justamente esse objetivo: deixar tudo como aí está.

Paulo Passarinho, economista, é apresentador do Programa Faixa Livre. www.correiodacidadania.com.br

Dois funcionários morrem em acidente no estádio do Corinthians


 Pelo menos duas pessoas morreram e uma ficou ferida com o desabamento de um guindaste usado na construção do estádio do Corinthians, o Itaquerão, na zona leste da capital paulista. A informação foi confirmada pela Polícia Militar. O Corpo de Bombeiros continua trabalhando no local. O acidente aconteceu por volta das 12h30 desta quarta-feira (27).


 
Pelo menos dois funcionários morrem em acidente no estádio do Corinthians
O repórter Bruno Andrade, do jornal Lance, estava no estádio antes do acidente. “Eu estava fora, na portaria secundária do estádio, esperando o motorista para ir embora. Em coisa de dez minutos, passei embaixo do guindaste que cedeu. Viemos aqui fazer uma entrevista com Andrés Sanchez, responsável pela arena. Batemos um papo, nos despedimos e, nesse meio tempo, o guindaste cedeu, e houve uma correria para todo lado e um susto muito grande”, contou ele.

O repórter disse ter escutado um primeiro estrondo, quando viu “nitidamente o guindaste ceder e cair sobre a estrutura metálica”, falou ele. “O que sabemos é que ele [o guindaste] caiu em cima de um caminhão”.

Dezenas de pessoas estão concentradas na frente do estádio, em busca de informações sobre o acidente. Uma delas é o torcedor corintiano Marcos Paulo Cabral de Lima, promotor de vendas e morador das redondezas. “Venho aqui quase todos os dias”, contou ele à Agência Brasil. “Eu escutei três estrondos. O homem que estava no caminhão faleceu. Tinha aproximadamente 50 anos”, disse ele.

“É uma coisa muito triste. Ficamos tristes e abalados, principalmente pelas famílias [das vítimas]. Não tem preço isso. O estádio construímos de novo, mas e as famílias?”, disse o torcedor. 

A diretoria do Corinthians divulgou nota lamentando o acidente ocorrido nas obras do estádio logo em seguida.

“A diretoria do Sport Club Corinthians Paulista vem público lamentar profundamente o acidente ocorrido há pouco na Arena Corinthians. Devido ao acidente, o Sport Club Corinthians Paulista decreta sete dias de luto. Não existem outras informações no momento”, diz o texto divulgado.

Da mesma forma, o Ministro do Esporte, Aldo Rebelo divulgou nota de pesar pela morte de dois operários. Segue abaixo:

Nota de pesar 
O Ministério do Esporte e todo o governo federal manifestam o mais profundo pesar pela morte dos operários Fábio Luiz Pereira, 42 anos, e Ronaldo Oliveira dos Santos, 44 anos, após acidente ocorrido no início da tarde desta quarta-feira nas obras da Arena Corinthians, em São Paulo.

Expresso meus sentimentos aos familiares, aos amigos e aos colegas dos dois operários.

Aldo Rebelo
Ministro do Esporte
 
Fonte: Agência Brasil
Matéria atualizada às 19h30 para acréscimo de informações


Banco Central aumenta juros: uma má notícia para o povo


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou nesta quarta-feira (27) a taxa básica de juros de 9,5% para 10% ao ano. Foi o sexto aumento seguido de abril para cá, quando a taxa estava em 7,25%, no nível mais baixo desde que o Copom foi criado, em junho de 1996. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) emitiu uma nota assinala pelo seu presidente Adílson Araújo, em que assinala tratar-se de uma “péssima notícia para o povo brasileiro”. Leia a íntegra


“O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) concluiu a sua última reunião do ano na noite desta quarta-feira, 27, anunciando uma nova alta da taxa básica de juros (Selic), que subiu de 9,50% para 10%. É uma péssima notícia para o povo brasileiro e as centrais sindicais, que no dia anterior, 26, realizaram uma manifestação diante da sede do BC, em Brasília, reclamando precisamente o oposto do que foi decidido pelo Copom, ou seja, redução dos juros e mudança da política econômica conservadora e de viés neoliberal. 

O Brasil mantém, com isto, o desonroso título de campeão mundial dos juros altos. Os custos para a economia nacional, a classe trabalhadora e a indústria são altíssimos. Estima-se que os credores da dívida pública embolsem cerca de R$ 12 bilhões ao ano a cada 1% de aumento da Selic, que ainda no mês de abril estava em 7,5%. Opera-se através da atual política monetária uma brutal e perversa transferência de renda da maioria da sociedade para os ricos banqueiros, rentistas e especuladores. 

Em contrapartida, verifica-se o retrocesso da atividade econômica, com redução do consumo e dos investimentos na produção, e novos cortes nos gastos públicos justificados pela necessidade de economizar dinheiro para bancar os serviços da dívida pública (juros e amortizações), cujo peso cresce com a alta da Selic. O pagamento dos juros já consome cerca de 50% do Orçamento da União e o dinheiro destinado aos credores é o mesmo que faz falta na saúde pública, na educação, na Previdência, no transporte e na infraestrutura em geral.

A política econômica praticada pelo BC e pelo governo contempla os interesses da oligarquia financeira, que conta com um forte e eficiente lobby midiático para pressionar as autoridades a radicalizar em medidas conservadoras e não sair da linha traçada pelo tripé neoliberal dos juros altos, câmbio flutuante e superávit primário. 

A CTB vai continuar lutando, em unidade com as outras centrais, para transformar esta realidade, consciente de que com a atual política macroeconômica será muito mais difícil, senão impossível, conquistar o fim do fator previdenciário, a redução da jornada e demais reivindicações constantes da Pauta Trabalhista, bem como realizar a agenda da classe trabalhadora por um novo projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, soberania e democracia, aprovada na Conclat”.

Da Redação

Morre no Rio o ex-jogador de futebol Nilton Santos


O ex-lateral e ídolo do Botafogo de Futebol e Regatas, Nilton Santos, faleceu nesta quarta-feira (27) às 15h50 na Fundação Bela Lopes, em Botafogo, Zona Sul do Rio.


Nilton Santos

A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do clube. Ele foi bicampeão mundial pela seleção brasileira em 1958, na Suécia, e 1962, no Chile.

O ex-jogador sofria de mal de Alzheimer desde 2007 e havia sido internado no dia 16 em um hospital da capital fluminense com insuficiência respiratória. Na segunda-feira (25), Nilton Santos foi diagnosticado com pneumonia.

Nilton Santos, de 88 anos, era conhecido como a "enciclopédia do futebol'. Ele foi eleito o melhor lateral-esquerdo de todos os tempos pela Fifa, em 2000. Nilton Santos também foi o jogador que mais vestiu a camisa do Botafogo: 729 partidas em 16 anos de clube. Fez 75 jogos pela seleção brasileira e marcou cinco gols. Foi reserva na Copa de 1950 e titular nos três Mundiais seguintes, conquistando o bi em 1958 e 1962.

Nota de pesar pela morte do bicampeão mundial de futebol Nilton Santos
A morte de Nilton Santos, a Enciclopédia do Futebol, entristece o futebol brasileiro e mundial. Vencedor de inúmeros títulos nacionais e internacionais, Nilton honrou a camisa do Botafogo – único clube que defendeu – e da Seleção Brasileira. onde estreou em 1949 e foi bicampeão mundial em 1958 e 1962.

Lamento profundamente a morte desse atleta e homem exemplar e me solidarizo com seus familiares e amigos.

Aldo Rebelo
Ministro do Esporte

Com agências


domingo, 24 de novembro de 2013

Dom Pedro Casaldáliga: Minhas causas valem mais do que minha vida

Uma das atividades que gerou mais entusiasmo no 24º aniversário dos mártires da UCA (Universidad Centroamericana), em El Salvador, foi a pré-estreia do filme Descalço sobre a Terra Vermelha (Descalzo sobre la Tierra Roja), que narra a vida do bispo emérito Pedro Casaldáliga, figura emblemática da mais genuína tradição cristã libertadora da América Latina.





















Uma convicção do próprio Casaldáliga parece ser o fio condutor do filme. "Minhas causas valem mais do que minha vida”. Quais são essas causas? Citamos três que aparecem com maior força nessa produção cinematográfica.

As causas da terra, dos pobres e dos mártires são partes essenciais da vida de Dom Pedro Casaldáliga, refletidas de forma magistral no filme.

A causa da terra

Sabe-se que durante a década dos 1970, no Brasil, em plena ditadura militar, houve um processo de intensificação do desenvolvimento industrial, fruto do estímulo oferecido pela ditadura aos grandes capitais estrangeiros. 

Devido à modernização da indústria, que já não conseguia absorver toda a mão de obra procedente do campo, nessa década de grande repressão e sem vontade de reforma agrária, os militares distribuíram a população brasileira ao longo das fronteiras geográficas do país, especialmente na fronteira oeste, especialmente para o Mato Grosso. O filme coloca nesse contexto o trabalho que desenvolverá Dom Pedro Casaldáliga.

O bispo, profeta e poeta, assim descreve: "Percorrendo a região e vivendo em meio de vocês, fomos vendo quais eram as maiores dificuldades e sofrimentos do povo: problemas de terra para os camponeses, em luta com os grandes latifundiários; má administração e politicagem das autoridades locais; falta de atenção total em saúde, educação, comunicações; caciquismo e exploração no comércio; escravidão dos peões nas fazendas agropecuárias; arbitrariedade da Polícia Militar(...). 

A causa dos pobres

Segundo Leonardo Boff, o mérito maior do bispo Casaldáliga foi o de ter levado a sério os desafios que os pobres do mundo inteiro e especialmente os na América Latina nos apresentam. Certamente, vivenciou o seguinte processo: primeiro, deixar-se comover e encher-se de compaixão ante o sofrimento humano do pobre. 

Em seguida, a atitude de indignação e compromisso frente à realidade coletiva de miséria. O amor e a indignação estão na base de suas práticas que tendem a erradicar a pobreza. Esses sentimentos, ressalta Boff, fizeram com que Dom Pedro deixasse a Espanha, fosse para a África e, por fim, desembarcasse no interior do Brasil, onde camponeses e indígenas padecem ante a voracidade do capital nacional e internacional.

Dom Pedro dá testemunho nos seguintes termos: "Se a opção pelos pobres significa colocar-se ao lado dos pobres e contra sua pobreza e marginalização, a opção que também for feita pelos ricos levará a colocar-se ao lado de suas pessoas; porém, contra seu lucro e privilégios. Se não for assim, voltaremos ao de sempre. Todos irmãos em Adão e em Deus; porém, cada um em seu lugar social; uns passando muito bem e, outros, passando muito mal (...). 

A causa dos mártires

Para Jon Sobrino, os mártires latino-americanos foram mortos por defender aos pobres e aos inocentes e indefesos que morriam a morte lenta da opressão e a morte violenta da repressão. E explica que houve mártires porque, antes, também houve vítimas. Portanto, antes de pensar nos mártires, temos que rememorar os pobres e as vítimas. Casaldáliga, diz Sobrino, sempre as tem presentes e, periodicamente, recorda a verdade do mundo vitimizado.

Dom Pedro, ao dar testemunho dessa causa, afirma: "O martírio na América Latina passou a ser uma marca generalizada. Aquelas marcas do Apocalipse chegaram a ser a marca de todo o povo. Todo o povo latino-americano que tem consciência e vontade de defender a Causa da Libertação, as próprias raízes da identidade, que luta pelos direitos humanos, é um povo marcado para uma morte anunciada (...). 

Tornou-se habitual celebrar datas, até o ponto em que o calendário da América Latina tingiu-se todo de vermelho. Cada dia há um ou vários mártires”. E, referindo-se, de maneira poética, aos mártires da UCA, expressou: "Já sois a verdade em cruz / e a ciência em profecia / e é total a Companhia, / companheiros de Jesus. O juramento cumprido na UCA / e o povo ferido ditam a mesma lição / desde as cátedras covas / e Obdulio cuida das rosas de nossa libertação”.

Tradução: Adital

Nereide Saviani: O PCdoB não subestima a luta de ideias


A plenária do 13º Congresso do PCdoB, realizada entre os dias 14 a 16 de novembro, no Anhembi, em São Paulo,  contou com a intervenção da reitora da Escola Nacional de Formação do PCdoB, Nereide Saviani. Leia a íntegra do discurso abaixo:


Quero destacar um tema que esteve muito presente nos debates do 13º Congresso: o necessário entrelaçamento das frentes de acumulação de forças do Partido – a luta institucional (melhor dizendo, parlamentar/governamental), a luta de massas e a luta de ideias. 

A ênfase, nesse debate, esteve na crítica ao descompasso entre elas, numa possível superestimação da primeira em detrimento da segunda e, em ambas, a subestimação da terceira.

Defendo que – queiramos ou não, percebamos ou não, – o entrelaçamento existe. Isto porque, em regra, lideranças dos movimentos e de entidades de massas são indicadas a cargos eletivos ou convidadas a virem para o Partido com essa finalidade. Por outro lado, tanto nos parlamentos e governos quanto nos movimentos e entidades, ideias são elaboradas, defendidas, combatidas, reformuladas, divulgadas, em processos de negociação política, que exigem argumentação, persuasão, propostas. Resta saber: quais ideias? São as mais avançadas? Estão de acordo com nossos propósitos e nossos princípios? Seguem nossas bases teóricas e ideológicas?

Convém lembrar que no nosso Partido a luta de ideias não se resume ao trabalho das secretarias de Formação e Propaganda e de Comunicação. Também não é tarefa restrita a militantes e quadros que atuam em universidades e em movimentos e entidades culturais. 

O PCdoB não subestima a luta de ideias. Temos um Programa Socialista para o Brasil, que define nosso rumo (a transição do capitalismo ao socialismo) e o caminho para atingi-lo (o fortalecimento da nação, pela construção de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento). Programa resultante de profunda análise da realidade brasileira, com base no marxismo-leninismo, tanto na produção dos clássicos quanto de autores atuais, marxistas ou alinhados ao campo patriótico, democrático e progressista. Em todas as lutas e embates, o Partido explicita nosso lado, em notas e documentos, tornados públicos. Contamos com importantes instrumentos para divulgação das nossas posições: o portal Vermelho, o jornal A Classe Operária, o sítio Partido Vivo, o Portal de Organização, o portal da Fundação Maurício Grabois, a Revista Princípios, a Editora Anita Garibaldi – entre outros. E com meios e métodos de Formação, para possibilitar a militantes e quadros a apropriação crítica das nossas elaborações e de seus fundamentos.

Falando em balanço da direção nacional, vou me ater à Escola Nacional do PCdoB, que venho dirigindo desde 2003. Ela conta com equipes de professores (as) e formadores (as) em nível nacional, em todas as regiões e em várias unidades da federação, organizadas em Núcleos de Ensino e Pesquisa. Equipes que participaram da elaboração e consolidação de um Currículo Básico, estruturado em três níveis, segundo o grau de complexidade dos conhecimentos, dispostos em eixos temáticos, cuja área de concentração é o binômio: Mais Marxismo, Mais Brasil. Nesses 10 anos, elaboramos e realizamos cursos para os três níveis, com recursos didáticos (vídeos, apostilas, material de orientação de estudo); criamos uma plataforma virtual para a formação na modalidade à distância; temos uma página no portal da Fundação Maurício Grabois. Um de nossos principais projetos é o CPS – Curso do Programa Socialista (em vídeo). Outro, os Estudos Avançados – programa de formação continuada de professores e professoras. Atuamos junto ao Departamento de Quadros da Secretaria Nacional de Organização e junto ao Departamento de Formação da Secretaria Nacional da Mulher.

Cabe, porém, perguntar: quantos dos quadros presentes à plenária final do nosso Congresso conhecem o trabalho da Escola? Quantos participaram de pelo menos um curso ou seminário? Desses, quantos se dispuseram a disseminar o nosso Programa, coordenando alguma turma do CPS?

A luta de ideias, camaradas, é luta de pessoas, grupos, classes que elaboram, estudam, debatem e difundem conhecimentos, princípios e valores que representam interesses específicos: tem lado, cor, sexo... Quando não nos apropriamos dos nossos documentos e instrumentos de produção e difusão das ideias do Partido, é como se entendêssemos que as ideias tem força própria, e são elas que lutam entre si. Quer dizer, essa frente é de luta das nossas ideias com outras ideias – basta que sejam produzidas e registradas! 

Deixo, então, um convite aos delegados e às delegadas do nosso Congresso: que conheçam a nossa Escola e que nos ajudem a consolidá-la nos estados e nos municípios, participando dos nossos cursos e preparando-se para contribuir na formação revolucionária de milhares e milhares de quadros, militantes e filiados, desde a base.

Saudações Comunistas!

Nereide Saviani

Cadernos do Terceiro Mundo é tema de debate sobre comunicação


A lembrança do papel informativo e de formação política da revista Cadernos do Terceiro Mundo emocionou muitos participantes do 19º Curso Anual de Comunicação do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), que ocorreu na última quarta-feira (20).  


A jornalista Beatriz Bissio, uma das fundadoras, diretoras e editoras da revista, fez uma apresentação com base na experiência da publicação, que existiu de 1974 a 2006 e foi pioneira na inversão dos fluxos comunicativos, promovendo uma aproximação e um conhecimento mútuo entre os “países do Sul” – da América Latina, da África e da Ásia. Bissio participou da mesa “A mídia da burguesia, a nossa e a formação das ideias” ao lado do também jornalista Gilberto Maringoni.

“Cadernos do Terceiro Mundo marcou um jornalismo de combate às ditaduras, mas era uma revista carregada de todo um ideário que queria contestar não somente as próprias ditaduras, mas sobretudo a forma como chegava a nós – e continua chegar – a visão de mundo”, apontou a jornalista. Ela lembrou o contexto dos anos 1970 em que, no marco do movimento dos países não alinhados, passou a ser discutido o tema da eliminação das assimetrias dos fluxos informativos e se fortaleceu a crítica à falta de pluralidade das agências de notícias dos países ricos.

Este cenário foi detectado por meio de uma pesquisa extensa, ratificada pela Unesco em 1980 com a publicação do Relatório MacBride “Relatório MacBride – um mundo, muitas vozes”. O texto já destacava a importância de que países da África, América do Sul e Ásia pudessem mostrar as suas visões de mundo para que houvesse diversidade de informação. “O relatório é uma referencia com a qual ainda podemos trabalhar, não precisamos reinventar a roda”, apontou, lembrando que ainda é extremamente necessário democratizar as comunicações no Brasil e no mundo.

A mídia da burguesia e a disputa pela democratização

Em sua exposição, o jornalista Gilberto Maringoni fez uma análise sobre a mídia da burguesia e discutiu o atual estágio da luta pela democratização da comunicação. Ele apontou que a mídia burguesa tem grande capacidade de produzir sua comunicação, tanto porque tem recursos financeiros para isso, como também por ser detentora da imensa maioria dos veículos. “Eles passam a impressão de que estão defendendo a sociedade inteira quando de fato estão defendendo os interesses da burguesia”, avalia.

Maringoni lembrou que há programas de grande qualidade informativa em alguns veículos desta mídia e que isto acontece justamente para que ela possa se legitimar e, ao mesmo tempo, impor uma linha editorial sem que fique explícito para a maior parte da sociedade que ela está defendendo os interesses da classe dominante. O jornalista apontou, ainda, que não existe mídia burguesa sem o Estado, que concede financiamentos, isenções fiscais e ainda investe em publicidade nesses veículos. “A mídia privada no Brasil vai muito bem porque os governos sempre deram todo o apoio a ela”, disse.

Apesar deste contexto, Maringoni avalia que vivemos hoje uma janela de oportunidade para avançar na luta pela democratização da mídia. Ele explica que a queda de audiência da televisão e da tiragem dos veículos impressos, os meios comerciais estão trilhando uma grande disputa por verbas que pode virar uma oportunidade para ampliar as mídias populares e abrir a discussão da democratização da comunicação. Mas o protagonismo da sociedade civil, no entanto, é fundamental para que isto ocorra. “Se formos contar com Paulo Bernardo ou Helena Chagas a democratização da comunicação não vai adiante. Precisamos fazer a campanha sabendo que não vamos contar com o apoio do Estado”, alertou. 

Fonte: Núcleo Piratininga de Comunicação