Se tivessemos um governo municipal que se preocupasse com o bem estar da população e com um tratamento digno ao povo trabalhador, investiria na saúde pública, com parcerias com governo federal e universidade, quem sabe, com um curso de medicina numa das universidades públicas da cidade, trazendo, pesquisas e investimento tecnológico. Infelizmente dinheiro entra, dinheiro some.
Com múltiplas funções, o "microscópio pentero" proporciona avanços na saúde pública do Rio
Jornal do Brasil - Claudia Freitas
Em entrevista ao Jornal do Brasil,o cirurgião José Carlos Lynch apresenta a nova tecnologiaque está disponível na rede pública da cidade, ressaltando os avanços que o equipamento está proporcionando, beneficiando pacientes e a comunidade médica.
JB - O que muda nos procedimentos cirúrgicos adotados atualmente pela equipe de Neurocirurgia do Hospital Federal dos Servidores com a instalação do microscópio Pentero?
José Carlos Lynch - O microscópio pentero permite uma melhor precisão na realização das cirurgias de aneurismas ou a má formação vascular, e se foram totalmente removidas. O cirurgião já sai do centro cirúrgico com a certeza da cura do paciente. Se ainda houver necessidade de dar prosseguimento à cirurgia, se não foi completada, o equipamento pentero informa esse fato. O equipamento possuiu um software equivalente ao recurso da angiografia. No futuro próximo, haverá, ainda o uso de uma substância - já utilizada nos países europeus -, o 5 ALA, que tornará os procedimento ainda mais eficaz.
JB – Pelo diagnóstico dos pacientes que estão em atendimento pela equipe de neurocirurgia, quais casos serão indicados para cirurgia com o pentero? Ou ele será utilizado em todas as cirurgias?
José Carlos Lynch - Todas as intervenções estão sendo realizadas já com o uso do pentero junto com os demais equipamentos. Mais utilizado para aneurisma cerebral e má formação arteriovenosa, como também em tumores malignos e benignos.
JB – Explique melhor como funciona essa tecnologia. 0 microscópio é usado somente em conjunto com outros aparelhos convencionais?
José Carlos Lynch - É usado em conjunto com o neuronavegador e aspirador ultrassônico, ultrason intra-operatório, instrumentos específicos da microcirurgia, além das técnicas contemporâneas de anestesia. O pentero possui uma iluminação superior aos demais, como também possui auto-foco, o que acelera o tempo da cirurgia. É considerado como a melhor tecnologia para operação de tumores e cirurgias vasculares.
JB - Como aconteceu o processo de aquisição do microscópio pentero pelo Hospital Federal dos Servidores?
José Carlos Lynch - Partimos do princípio da relevância deste equipamento e de ser imprescindível pelo seu grau de importância na neurocirurgia. Solicitamos a aquisição, que foi realizada através de licitação.
JB - Quanto ele custou para o hospital?
José Carlos Lynch – R$ 1,2 milhão.
JB - A solicitação do microscópio pentero foi feita pelo senhor?
José Carlos Lynch- Sim.
Jornal do Brasil - Foi desenvolvida alguma pesquisa sobre o uso do moderno aparelho?
José Carlos Lynch - O aparelho já existe há cerca de três anos, ou pouco mais talvez. Tive a oportunidade de conhecê-lo em congressos realizados nos Estados Unidos, e reconheci o seu potencial para auxiliar e facilitar o trabalho do neurocirurgião, aqui no Brasil.
JB - O senhor tem conhecimento de outro hospital da rede pública que faça uso do microscópio pentero no Rio de Janeiro ou no Brasil?
José Carlos Lynch - No Brasil não saberia informar, mas no Rio de Janeiro apenas o HSE.
JB - Ele já é utilizado na rede privada no Brasil, desde quando?
José Carlos Lynch - A Rede D'Or (Copa), onde opero, utiliza-o no máximo há dois anos.
JB - O pentero já está operante no Hospital dos Servidores?
José Carlos Lynch - Está em uso há 45 dias.
JB - Quantas e quais tipos de cirurgias já foram realizadas com o microscópio pentero nos Servidores?
José Carlos Lynch – Vinte e cinco neurocirurgias e de todos os tipos.
JB- A sua equipe de neurocirurgiões está apta a operar essa nova tecnologia?
José Carlos Lynch - Vários médicos já foram treinados e, os que não foram, já estão com agendamento para tal.
JB - Quais as vantagens para o paciente da cirurgia menos invasiva?
José Carlos Lynch - É menos agressiva aos tecidos, há menor lesão e sequelas, bem como uma recuperação mais rápida. Sobretudo, há melhora dos resultados cirúrgicos.
JB - Aumenta em quantos por cento a possibilidade de sucesso do procedimento cirúrgico e qual índice percentual na diminuição de risco de morte?
José Carlos Lynch - No futuro será possível um estudo comparativo, mas ainda é cedo para esses dados. O sucesso nos procedimentos realizados até agora demonstram a eficácia do pentero. Não houve mortes. Podemos afirmar que é menor a morbidade.
JB - Com o uso da nova tecnologia, os pacientes terão que passar por exames específicos ou nada muda no pré-operatório?
José Carlos Lynch - Basta fazer os exames de imagem mesmo.
JB - Com a divulgação desse novo equipamento disponível na rede pública, deve crescer a procura pelos consultórios da Neurocirurgia do Hospital dos Servidores. Existe expectativa de aumento no número de atendimentos e, consequentemente, de cirurgias?
José Carlos Lynch - Acreditamos na urgência da mobilização do Ministério da Saúde, pois haveria necessidade de dobrar o número de centros cirúrgicos, médicos com muito investimento.
JB - O hospital terá capacidade para receber essa possível demanda de novos pacientes?
José Carlos Lynch - No curto prazo, não. É preciso investimentos para que possamos atender mais.
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