segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Hospital Federal dos Servidores no Rio ganha tecnologia de ponta para neurocirurgias

Se tivessemos um governo municipal que se preocupasse com o bem estar da população e com um tratamento digno ao povo trabalhador, investiria na saúde pública, com parcerias com governo federal e universidade, quem sabe, com um curso de medicina numa das universidades públicas da cidade, trazendo, pesquisas e investimento tecnológico. Infelizmente dinheiro entra, dinheiro some.

Com múltiplas funções, o "microscópio pentero" proporciona avanços na saúde pública do Rio

Jornal do Brasil - Claudia Freitas
O serviço público de saúde no Rio de Janeiro ganhou um dos equipamentos mais modernos do mundo utilizado em neurocirurgias. O microscópio Pentero está em uso experimental há 45 dias no setor de neurocirurgia do Hospital Federal dos Servidores, atendendo desde as microcirurgias até os procedimentos de maior complexidade. Através de tecnologia de ponta, o microscópio permite técnicas menos invasivas, levando a uma rápida recuperação do paciente, com menores seqüelas. O risco de morte também diminui. A iniciativa pioneira foi do chefe da neurocirurgia do hospital, o médico José Carlos Lynch, que está capacitando toda a sua equipe, composta por dez cirurgiões, para manusear o maquinário.
Neurocirurgião José Carlos Lynch, que levou a tecnologia para o Hospital dos Servidores
Neurocirurgião José Carlos Lynch, que levou a tecnologia para o Hospital dos Servidores
O Pentero é um microscópio inteligente, capaz de realizar múltiplas funções, com recursos sofisticados de computação: iluminação potente, entrada USB para gravação das cirurgias em pen drive, imagem em alta resolução e até arteriografia. Um software acoplado ao aparelho permite os ajustes automáticos, que são programados no início da operação.
Por semana, a equipe de neurocirurgia do Hospital Federal dos Servidores contabiliza uma média de 100 consultas, realizando cerca de 25 cirurgias por mês. A maioria das intervenções é de alto de grau de especialização, exigindo recursos mais modernos e novas técnicas neurocirúrgicas.
Em entrevista ao Jornal do Brasil,o cirurgião José Carlos Lynch apresenta a nova tecnologiaque está disponível na rede pública da cidade, ressaltando os avanços que o equipamento está proporcionando, beneficiando pacientes e a comunidade médica. 
JB - O que muda nos procedimentos cirúrgicos adotados atualmente pela equipe  de Neurocirurgia do Hospital Federal dos Servidores com a instalação do microscópio Pentero?
José Carlos Lynch - O microscópio pentero permite uma melhor precisão na realização das  cirurgias de aneurismas ou a má formação vascular, e se foram totalmente  removidas. O cirurgião já sai do centro cirúrgico com a certeza da cura do paciente. Se ainda houver necessidade de dar prosseguimento à cirurgia, se não foi completada, o equipamento pentero informa esse fato. O equipamento possuiu um software equivalente ao recurso da angiografia. No futuro próximo, haverá, ainda o uso de uma substância - já utilizada nos países europeus -, o 5 ALA, que tornará os procedimento ainda mais eficaz.
JB – Pelo diagnóstico dos pacientes que estão em atendimento pela equipe de neurocirurgia, quais casos serão indicados para cirurgia com o pentero? Ou ele será utilizado em todas as cirurgias?
José Carlos Lynch - Todas as intervenções estão sendo realizadas já com o uso do pentero junto com os demais equipamentos. Mais utilizado para aneurisma cerebral e má formação arteriovenosa, como também em tumores malignos e benignos.
JB – Explique melhor como funciona essa tecnologia. 0 microscópio é usado somente em conjunto com outros aparelhos convencionais?
José Carlos Lynch - É usado em conjunto com o neuronavegador e aspirador ultrassônico, ultrason intra-operatório, instrumentos específicos da microcirurgia, além das técnicas contemporâneas de anestesia. O pentero possui uma iluminação superior aos demais, como também possui auto-foco, o que acelera o tempo da cirurgia. É considerado como a melhor tecnologia para operação de tumores e cirurgias vasculares.
JB - Como aconteceu o processo de aquisição do microscópio pentero pelo Hospital Federal dos Servidores?
José Carlos Lynch - Partimos do princípio da relevância deste equipamento e de ser imprescindível pelo seu grau de importância na neurocirurgia. Solicitamos a aquisição, que foi realizada através de licitação.
JB - Quanto ele custou para o hospital?
José Carlos Lynch – R$ 1,2 milhão.
JB - A solicitação do microscópio pentero foi feita pelo senhor?
José Carlos Lynch- Sim.
Jornal do Brasil - Foi desenvolvida alguma pesquisa sobre o uso do moderno aparelho?
José Carlos Lynch -  O aparelho já existe há cerca de três anos, ou pouco mais talvez. Tive a oportunidade de conhecê-lo em congressos realizados nos Estados Unidos, e reconheci o seu potencial para auxiliar e facilitar o trabalho do neurocirurgião, aqui no Brasil.
JB - O senhor tem conhecimento de outro hospital da rede pública que faça uso do microscópio pentero no Rio de Janeiro ou no Brasil?
José Carlos Lynch - No Brasil não saberia informar, mas no Rio de Janeiro apenas o HSE.
JB - Ele já é utilizado na rede privada no Brasil, desde quando?
José Carlos Lynch - A Rede D'Or (Copa), onde opero, utiliza-o no máximo há dois anos.
JB - O pentero já está operante no Hospital dos Servidores?
José Carlos Lynch - Está em uso há 45 dias.
JB - Quantas e quais tipos de cirurgias já foram realizadas com o microscópio pentero nos Servidores? 
José Carlos Lynch – Vinte e cinco neurocirurgias e de todos os tipos.
JB- A sua equipe de neurocirurgiões está apta a operar essa nova tecnologia?
José Carlos Lynch -  Vários médicos já foram treinados e, os que não foram, já estão com agendamento para tal.
JB - Quais as vantagens para o paciente da cirurgia menos invasiva?
José Carlos Lynch - É menos agressiva aos tecidos, há menor lesão e sequelas, bem como uma recuperação mais rápida. Sobretudo, há melhora dos resultados cirúrgicos.
JB - Aumenta em quantos por cento a possibilidade de sucesso do procedimento cirúrgico e qual índice percentual na diminuição de risco de morte?
José Carlos Lynch - No futuro será possível um estudo comparativo, mas ainda é cedo para esses dados. O sucesso nos procedimentos realizados até agora demonstram a eficácia do pentero. Não houve mortes. Podemos afirmar que é menor a morbidade.
JB - Com o uso da nova tecnologia, os pacientes terão que passar por exames específicos ou nada muda no pré-operatório?
José Carlos Lynch - Basta fazer os exames de imagem mesmo.
JB - Com a divulgação desse novo equipamento disponível na rede pública, deve crescer a procura pelos consultórios da Neurocirurgia do Hospital dos Servidores. Existe expectativa de aumento no número de atendimentos e, consequentemente, de cirurgias?
José Carlos Lynch - Acreditamos na urgência da mobilização do Ministério da Saúde, pois haveria necessidade de dobrar o número de centros cirúrgicos, médicos com muito investimento.
JB - O hospital terá capacidade para receber essa possível demanda de novos pacientes?
José Carlos Lynch - No curto prazo, não. É preciso investimentos para que possamos atender mais.
O neurocirurgião José Carlos Lynch já utiliza o microscópio pentero (foto) em pacientes do Hospital Federal dos Servidores, no Rio de Janeiro
O neurocirurgião José Carlos Lynch já utiliza o microscópio pentero (foto) em pacientes do Hospital Federal dos Servidores, no Rio de Janeiro

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