quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Protesto em São Paulo pede Fora Alckmin e CPI do Cartel Tucano


Pelo menos 3 mil pessoas participaram de um protesto convocado pelos metroviários e Movimento Passe Livre (MPL) nesta quarta-feira (14), em São Paulo (SP). Desta vez, a principal palavra de ordem foi “Fora Alckmin”. O governo tucano e as empresas que formaram um cartel foram os principais alvos dos manifestantes, que queimaram um boneco do governador Geraldo Alckmin (PSDB), exigindo a aprovação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa para inivestigar o caso.



Concentração no Vale do Anhangabaú / Fotos: Deborah Moreira

Duas catracas cenográficas também foram queimadas. Uma na rua Líbero Badaró e outra ao final do ato, por volta das 18h30, em frente à Catedral da Sé, na praça da Sé, quando todos se reuniram e promoveram um jogral para transmitir o objetivo do ato:

“Pessoal, estamos neste ano para dar um aviso para o poder público: que somos usuários, que somos trabalhadores, do transporte coletivo, não vamos aceitar que o dinheiro que devia ser usado no nosso transporte vá para o bolso dos empresários e patrões. Para eles o que importa é lucrar com nosso sufoco. Por isso, enquanto o transporte for controlado por políticos e empresários, ele será um transporte privado. Só que usa o transporte, só quem trabalha no transporte, todo dia, é que conhece seus problemas. E é na luta que vamos conquistar um outro transporte. Seguiremos nos organizando nos nossos bairros e comunidades, porque agora, porque agora quem manda é nós”, disseram os presentes que não se intimidaram com o frio e a garôa fina que caiu durante toda a marcha.

A concentração do ato começou por volta das 15 horas no Vale do Anhangabaú, na região central, depois, por volta das 16h30, seguiu pelas ruas do centro, passando pelo Largo São Francisco, Brigadeiro Luís Antonio, circulou a praça da Sé até o Pateo do Collégio, onde entrou na Rua Líbero Badaró e seguiu rumo à Praça da Sé.

Durante todo o trajeto os diversos grupos presentes com instrumentos musicais animaram a marcha entoando palavras de ordem como “Estatizar o busão”, “Três, três, três reais não dá. Eu quero passe livre, passe livre já” e “Trabalho, estudo, dou duro o dia inteiro. Geraldo anda de carro e ainda rouba o meu dinheiro”. 

Ao longo do trajeto, uma comissão foi formada por representantes de organizações, que foram até a Secretaria Estadual de Transporte para exigir apuração das denúncias, que foram publicadas de forma clara pela revista Isto É.

Para Onofre Gonçalves, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil de São Paulo (CTB-SP), que participou do ato, trata-se de uma mobilização fundamental.

“Estamos aqui porque nós acreditamos que o governo Alckmin é o responsável pelo que está ocorrendo, pela formação de cartel e pela precarização do metrô e do trem, que sofrem panes constantemente. E, agora, veio à tona a partir de denuncia de uma empresa que muito dinheiro já foi desviado. Não podemos permitir”, declarou Onofre Gonçalves ao Vermelho. Para ele, o movimento sindical deve entrar de cabeça nesta luta. “Eu acho que o movimento sindical deve ter outro olhar para essa pauta. Não estávamos debatendo e focando as ações nessa questão. Mas já fazemos uma avaliação de que é uma reivindicação justa e essencial para a população e precisamos entrar nessa briga”, completou Onofre.

Para Carlos Siqueira, o Carlão, presidente da União da Juventude Socialista de São Paulo (UJS-SP), o ato é uma continuação do que começou em junho e, com o escândalo do cartel tucano, a juventude voltou às ruas.

“Temos ai uma sequencia das manifestações de junho e, logo em seguida, o governo de São Paulo é pego com as calças nas mãos por estarem desviando dinheiro e de uma área tão essencial para a cidade”, relacionou Carlão, que acredita que um Fora Alckmin deva ser construído aos poucos, de forma consciente: “Precisamos construir a consciência da população do estado sobre o que o governo tucano vem fazendo nesses 20 anos. Não é só o problema do transporte, também educação, a segurança pública, há um genocídio da juventude negra, também as questões ambientais. Nós queremos que se investigue, que sejam apurem as denúncias, e acreditamos que o ‘Fora Alckmin’ deva acontecer de forma consciente por toda a população”.


Carlos Siqueira, da UJS, durante o protesto chamado pelas redes sociais e por panfletagem

Carlão lamentou que até agora somente a oposição assinaram o pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). “Vamos fazer blitz, mandar email, acompanhar a agenda do governador para cercá-lo e exigir a apuração”, completou Carlão, lembrando que a UJS ‘tem tradição forte na campanha pelo passe livre’. “Quando me filiei à entidade entrei por conta da luta pelo passe livre na minha cidade, Suzano, em 2005, onde conquistamos o passe livre para os estudantes mas a justiça acabou derrubando”, lembrou.

Nesta semana, a UJS, juntamente com outras entidades do movimento estudantil, atuam na Jornada de Lutas. Na terça-feira (13), os estudantes secundaristas chegaram a mobilizar 54 escolas em todo o estado, que paralisaram suas atividades para reivindicar os royalties do pré-sal para a Educação.

Antonio Pedro de Sousa, o Tonhão, do Movimento em Defesa da Moradia (MDM), fez questão reforçar que a luta pela mobilidade nas grandes cidades é um dos pontos principais da reforma urbana tão reivindicada pelos movimentos de moradia.


Trabalhadores que acompanharam o protesto de seus escritórios aderiram com cartazes e chuva de papel picado

“A pauta de hoje se inclui na reforma urbana. Temos cidades onde as populações têm grandes dificuldades de se dirigir ao trabalho, a escola, aos espaços de lazer, onde a moradia fica inacessível e longe dos locais onde estão os empregos. Além disso, não é possível permitir desvio de verba que seria destinada à melhoria do transporte”, exclamou.

Monique Felix, integrante do MPL explicou ao Vermelho quais os motivos que os moveram nesta quarta: “O que a gente julga importante pontuar neste ano é que esse caso específico de corrupção evidencia uma lógica maior de transporte privatizado, visando o lucro e não as pessoas. Acho importante os trabalhadores e usuários do sistema estarem unidos para mudar a realidade do transporte. Por que esse caso de corrupção é só mais um caso dentro da lógica privatista do transporte”. Perguntada se haverá novos atos sequencias, como ocorreu em na Jornada de Junho, ela diz que tudo dependerá da conjuntura, como foi naquele mês. “A gente não planejou com antecedência, foi tudo acontecendo conforme o desenrolar dos fatos”, concluiu. 

Repressão


Depois do ato ter sido encerrado, um grupo de manifestantes se dirigiram para a Câmara Municipal para tentar ocupá-la. Policiais militares dispararam tiros de bala de borracha e bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para tentar dispensar.

Pouco antes do confronto, um grupo de 16 manifestantes entraram na Câmara para conversar com o vereador e presidente da Casa José Américo (PT).

A tropa de choque também foi acionada na Assembleia Legislativa, região do Ibirapuera, onde outro grupo de manifestantes também se concentrava. Há informações de que pelo menos três pessoas ficaram feridas e foram atendidas no centro médico da Assembleia.

Até o fechamento da matéria, manifestantes se concentravam nas proximidades das casas legislativas.

Deborah Moreira
Da redação do Vermelho


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