segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Presidente da FCJOL continua sem esclarecer contratações da banda do marido


Conheço o Fabiano Venancio desde os anos 80, quando ele já era repórter da Folha e eu, ainda um garoto. Posteriormente, nosso contato se estreitou, comigo já atuando na redação do jornal e ele, durante alguns anos, na gerência da rádio Continental. Nessa convivência, desenvolvi apreço pelo homem e respeito pelo jornalista. Não por outros motivos, tomo a liberdade de externar meu estranhamento ao fato da entrevista feita por ele e publicada aqui, em seu site Campos 24 Horas, com a presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Patricia Cordeiro, em meio às 10 perguntas feitas e respondidas, não ter reservado nenhum espaço à indagação sobre as denúncias das contratações, bancadas com dinheiro público municipal, da banda A Massa, cujo percursionista Lucas “Cebola” é marido de Patricia.
Já que a pergunta permanece tabu na política cultural de Campos, sem ser feita e sobretudo respondida, inevitável o espaço escancarado a outra indagação lógica: como o entrevistador frisou que a entrevistada estava tão munida de documentos para fundamentar suas versões, será que ela esqueceu de levar aqueles relativos às contratações da banda do marido, que já foram inclusive alvo de denúncia no Ministério Público Estadual?
Também blogueiro, o advogado e competente fuçador das publicações do Diário Oficial Cláudio Andrade também fez outros questionamentos acerca da entrevista, que podem ser conferidos aqui. Especificamente sobre a banda A Massa e o mistério insolúvel das suas contratações pela Prefeitura de Campos, o professor, poeta e ator Artur Gomes deixou aqui suas observações sempre irreverentes, na democracia irrefreável das redes sociais.
Em respeito ao contraditório (mesmo quando se escolhe o que se pretende contradizer) e na defesa da reforma administrativa da prefeita Rosinha (PR), que concentrou toda a administração da cultura pública do município sob a presidência da FCJOL, movimento abertamente criticado em entrevista não apenas pelo Artur (aqui), como também pelos professores Adriano Moura (aqui), Deneval de Azevedo Filho (aqui), Arthur Soffiati (aqui) e Cristina Lima (aqui), além de mais recentemente pelo diretor de teatro José Sisneiro (aqui), o blog pede a licença devida para republicar abaixo a íntegra da entrevista dada por Patricia ao Fabiano…
Por Fabiano Venâncio, em 25-08-2013
Ela chegou para a entrevista munida de vários documentos e, em algumas perguntas, manuseava um ou outro, mostrando que tinha convicção do que falava. A presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Patrícia Cordeiro, critica algumas pessoas envolvidas em mídia que não sabem, sequer, ler e interpretar o que está publicado no Diário Oficial do Município, principalmente, quando se trata de licitação na modalidade registro de preço, o que, por vezes, causou comentários em rede social, mas “só por quem lê e não entende o que está escrito e interpreta do seu jeito”, afirma Cordeiro. Quanto a fusão dos órgãos municipais de cultura, ela classifica como boa e no meio da conversa explica porquê. No momento se dedica, entre outros, as Semanas Vinícius de Moraes e Nelson Rodrigues, respectivamente, em setembro e novembro.
Patricia Cordeiro (foto: Campos 24 Horas)
Patricia Cordeiro (foto: Campos 24 Horas)
Campos 24 Horas - Vamos começar pelos shows na cidade, a maioria considerado caro. O que você pode falar sobre isso?
Patrícia Cordeiro - Olha, quase sempre a Fundação faz bons negócios e pelo que constatamos através da mídia, os valores pagos aos artistas aqui, são bem menores do que os pagos na região. Para isso, a gente busca a logística do artista, como por exemplo, o momento que ele está em turnê na região Sudeste e, especialmente, nas cidades próximas. Isso e outros detalhes acabam barateando os custos.
C24H - E por falar em shows, lembro do Cepop, que continua sendo visto pelas pessoas como elefante branco…
Patrícia - É preciso lembrar inicialmente, que vários eventos de grande porte já são realizados no Cepop, como Bienal do Livro, Carnaval, Desfile de 7 de Setembro e outros, não precisando mais usar a estrutura qwue usávamos, Mas o Cepop tem estrutura complexa no seu funcionamento e não se pode chegar, ligar uma tomada e tudo funcionar como a gente quer.Ele demanda de som projetado para o espaço, alimentação de energia suficiente e por aí vai. E cada evento que a gente faz ali, consolida o espaço e sua funcionalidade. Não são todos eventos culturais que são concebidos para um espaço como o do Cepop, assim como acontece também no sambódromo, no Centro de Convenções de Manaus e outros.
C24H - Além desses eventos que você citou, o que mais, então, pode dá para fazer no Cepop?
Patrícia - É o que eu estou te explicando, é um local de grande porte, para eventos também de grande porte. Não fica bem para uma pequena produção, proporcionalmente falando.Vou adiantar um evento que está sendo estudado para ser desenvolvido no local: gravação de um DVD. E tem, ainda, a formatura de alunos de uma faculdade da cidade, onde iremos alugar o espaço, agora no final do ano. Também os eventos institucionais, estão migrando para o Cepop, como a Agricultura Familiar e alguns na área de esporte.
C24H - Você tem sido muito criticada ultimamente, podemos dizer até que é a bola da vez. Como recebe essas críticas?
Patrícia - Tem coisas que quando eu leio vejo que a pessoa está totalmente desinformada. Tem gente que lê, por exemplo, o Diário Oficial, não interpreta o que está escrito e, mesmo assim, omite opinião. E, aí, claro, de forma equivocada. Vou dar um exemplo: Publicação de licitação na modalidade de registro de preço, que é interpretado como se fosse para um único evento e que não é. E quem entende desse mecanismo, sabe como funciona.
C24H - Neste contexto está a discutida história de um palco?
Patrícia - Sim. Mas a prefeitura de Campos tem palco próprio, mas não tem um que atenda toda a demanda. Dai a necessidade de licitação de registro de preço para palco e acessórios de palco, que são muitos. Entende?
C24H - Vamos falar da fusão dos órgãos municipais, que fortalece por demais a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima…
Patrícia - Hoje, com a fusão, a gente trabalha mais em consonância com as outras secretarias do que antes, inclusive, nos aproximou mais da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte. E por isso há um alcance maior das ações, porque todos pensam juntos, decidem juntos e o resultado é levado a todos. E os setores da cultura são completos, cada um tem excelência na sua área, o nível de diálogo é bom e elevado, ou sejam todos trabalhando em cima dos projetos da Prefeita Rosinha, que é audacioso.
C24H - Polêmicas à parte, como você vê a cultura em Campos?
Patrícia - Todas as vertentes têm sido alcançadas pelos projetos desenvolvidos e, para começar, posso citar o Festival de Bandas de Garagem, que neste último teve registro de mais de 70 bandas inscritas com os vencedores se apresentando no projeto Aumenta que Isso é Rock in Roll; as Casas de Cultura com cursos de artes e ofícios; o Festival Literário, as Oficinas Literárias; o Curso Livre de Teatro; o Projeto Farol de Todas as Estações já com preparação para o da primavera em parceria com as secretarias de Desenvolvimento Econômico e de Trabalho e Renda, com festival de petiscos e com choro e jazz; os Cafés Literários Antônio Roberto Fernandes, uma pessoa que eu sempre admirei e respeito muito; as aulas de balé e capoeira; os festivais que fazem parte do calendário de festas da cidade e muito mais.
C24H - É verdade que você se reuniu com os artistas, mas que a reunião foi solicitada por eles?
Patrícia – É verdade. E foi muito proveitosa, vários equívocos foram esclarecidos e eles levaram solicitações que nos foram muito bem vindas, como a otimização da agenda do Teatro de Bolso, que vai agora passar por reforma e adequação para acessibilidade, modernização dos equipamentos e por aí vai.
C24H - Teve discussão sobre o sonhado Fundo Municipal de Cultura?
Patrícia - Há tempos que o governo municipal estuda essa questão. Agora temos a consolidação do Fundo que, por determinação da`Prefeita Rosinha, terá recurso destinado, oriundo do orçamento da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. Isso vai proporcionar abertura de editais. Um verdadeiro avanço no município.
C24H - Antes de começar a entrevista, você já disse que queria muito falar sobre três consolidações. Quais são?
Patrícia - Claro, não posso deixar de falar na consolidação da nossa Orquestra de Música e no nosso Corpo de Baile, além do nosso Museu Histórico de Campos, importante que tudo isso é de nós campistas, envolvidos com talentos da nossa terra. Inclusive a orquestra vai para Portugal, para uma série de concertos e, quanto a dança, dia 26 Campos vai abrigar um Congresso, que este ano é internacional. Quanto ao museu, totalmente reformado e restaurado, além de guardar os ciclos sociais, culturais e econômicos do município, tem também espaço para exposições temporárias. O mesmo museu que em pouco mais de um ano concorreu a prêmio nacional, o Rodrigo Melo Franco, sendo escolhido no estado do Rio, na categoria governamental, ficando em terceiro lugar. Ele hoje é realidade, já tendo sido visitado por mais de 30 mil pessoas.

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