sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Precisamos eleger políticos comprometidos com os trabalhadores: UNE e OAB lançam campanha "Eleições Limpas" em ato no Rio


“Todas as vezes que essas entidades aqui se juntaram, o Brasil mudou”. A frase, dita pelo ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cézar Britto, nessa quinta-feira (29), na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, expressou o otimismo que marcou o encontro da entidade com a UNE, a CNBB, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), sindicatos, grupos religiosos e outras organizações estudantis e de juventude na campanha Eleições Limpas.


 

O ato de lançamento da campanha, no Rio de Janeiro, mostrou que os principais movimentos populares do Brasil estão comprometidos em garantir a reforma política popular, convocando milhões por todo o Brasil, como nas maiores mobilizações cívicas já realizadas no país.

“Desde a realização das Diretas Já! nunca houve um momento tão propício para mudarmos o nosso sistema político”, disse a presidenta da UNE, Vic Barros. Segundo ela, o projeto é a “maior resposta aos protestos dos últimos meses, que têm evidenciado a insatisfação da juventude e de grande parte da sociedade com a política”. Além da UNE e das outras entidades, participaram do ato parlamentares, juristas, representantes de sindicatos e de outras organizações.

O encontro foi realizado no prédio histórico da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, contando com o apoio do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira. O local foi sede, por quase 100 anos, do Senado Federal Brasileiro e pólo de resistência estudantil contra a ditadura militar.

Entre todos, foi consenso que o ponto principal do projeto, que precisa reunir 1,6 milhões de assinaturas para ir à votação no Congresso, é a alteração das regras de financiamento das campanhas eleitorais, impedindo a participação de empresas.

“Atualmente, o poder econômico tem uma incidência maior na política do que nós, cidadãos”, afirmou o juiz Marlon Reis, um dos idealizadores da lei da Ficha Limpa. Ele ressaltou que o modelo atual das eleições, além de permitir a corrupção e a troca de favores entre políticos e empresas, torna o sistema injusto.

“Para termos uma ideia de como o dinheiro massacra outras candidaturas, nas últimas eleições, apenas 10 empresas financiaram um total de um bilhão de reais para poucos candidatos. Não há como competir”, argumentou. “A democracia não se resume ao fato de poder votar, é preciso aperfeiçoá-la”, disse.

O ex-presidente da OAB convocou os movimentos a sairem às ruas, ressaltando o amplo apoio popular da proposta: “Oito em cada dez brasileiros querem o fim do financiamento de empresas nas campanhas políticas”, afirmou, citando pesquisa do IBOPE realizada a pedido da Ordem. A mobilização já começou na própria UFRJ, onde centenas de alunos já assinaram o projeto.

Também é possível participar pela internet. Basta acessar o site www.eleicoeslimpas.org.br, conhecer o projeto e assinar virtualmente.

Financiamento democrático das campanhas
A corrupção tem suas raízes nas relações poucos claras que são estabelecidas nas eleições. 98% do dinheiro das campanhas vem de empresas, sua maioria empreiteiras. Ao financiar os políticos as empresas impõe seus interesses privados, gerando poderosos lobbies e bancadas corporativistas nos parlamentos brasileiros. Além disso, embora todos sejam livres para ser candidatos, o peso do dinheiro nas campanhas faz com que muitos não possam se apresentar aos eleitores, enquanto outros se apoiam em robustas campanhas de marketing com pouco foco na discussões mais importantes do nosso País.

Participação popular 
A UNE defende uma reforma que amplie os espaços e canais de democracia direta e participativa, como conferências, conselhos consultivos e deliberativos, da sociedade civil, fóruns, seminários, plebiscitos, referendos, projetos de lei populares, mais mecanismos de transparência, e acompanhamento das atividades políticas do Brasil. É importante ainda garantir mais participação da mulher, maioria da sociedade, e minoria absoluta em prefeituras, governos estaduais e de Congresso Nacional.

Combate à corrupção
Para enfrentar a corrupção é necessária uma reforma que privilegie projetos, ideias, e não interesses individuais. O projeto que a UNE defende limita o personalismo, levando as pessoas a escolherem programas e ideologias, ao invés de permitir que alguns poucos tenham poder e influência para tirar proveito próprio. É necessário um sistema que não apenas condene as práticas de corrupção, mas que previna e impeça que políticos corruptos cheguem ao poder.

Fonte: Portal da UNE



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