quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Protesto em São Paulo mira governo tucano, Siemens e Alstom

Um novo protesto está marcado para esta quarta-feira (14) na capital paulista, a partir das 15 horas, no Vale do Anhangabaú, região central. Desta vez, o alvo é claro: o governo do estado, que nas últimas semanas teve seu esquema de formação de cartel descoberto e revelado pela Revista Isto É. Os manifestantes questionam o desvio de R$ 425 milhões nas obras do metrô. Outros grupos organizados na rede são mais diretos e exigem: "Fora Alckmin!"




Ilustração: Latuff

"Em julho o povo de São Paulo descobriu o maior escândalo de corrupção da história do Estado. O propinoduto tucano desviou ao menos R$ 425 milhões ao longo dos últimos 18 anos. Roubaram tanto que não sobrou dinheiro pro transporte e o povo tem que aguentar viajar que nem sardinha em vagões sucateados. As estações estão todas sobrecarregas e os problemas são frequentes", diz o chamamento deum dos eventos, que também denuncia "o desastre da linha amarela, o massacre do Pinheirinho, educação de péssima qualidade e a repressão aos protestos em Junho."

Na cidade de São Paulo a manifestação, que é promovida pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo, pelo Movimento Passe Livre (MPL-SP) e pela União da Juventude Socialista (UJS) E alguns movimentos de moradia, também tem a corrupção como alvo. Diferente do que foi a jornada de junho, quando milhares foram às ruas pelo reajuste de R$ 0,20 nas tarifas de ônibus, metrô e trem, a bandeira é declaradamente política, contra a política de redução de investimentos nos setores essenciais e contra a mercantilização do sistema de transporte, que se tornou uma caixa preta.

Na convocação para o protesto, feita pelas redes sociais e panfletagem de rua, o MPL cita os escândalos da Siemens, que denunciou um cartel nas licitações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, e também da Alstom, acusada de pagar US$ 20 milhões em propinas a políticos tucanos, incluindo o vereador Andrea Matarazzo.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB), em entrevista coletiva na terça-feira (13), tenta de todas as formas argumentar que o Estado nada sabia e, agora, quer dividir o escândalo com outros governos, afirmando que o cartel agiu em vários estados. Também declarou que vai processar Siemens, exigindo que ela devolva "centavo por centavo".

Concentração

Além do Vale do Anhangabaú, os movimentos sociais organizados, movimento estudantil e centrais sindicais se concentram no Largo do Paissandú, a partir das 15 horas e depois segue para se encontrar com os demais no Anhangabaú.

O trajeto a ser seguido pelos manifestantes paulistas não foi divulgado. 

Neste mesmo dia, também ocorrem atos em Manaus, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

Metroviários
Os metroviários divulgaram em sua página na internet e no evento do Facebook as reivindicações da categoria para este protesto:

- Abaixo a corrupção! Abertura da caixa preta dos transportes. Prisão dos corruptos e corruptores. Expropriação dos bens e devolução do dinheiro para o transporte público. Suspensão imediata da licitação da Linha 6.

- Fim das privatizações (diretas, concessões e PPPs). Estatização do Metrô, trens e ônibus.

- Redução da tarifa, rumo à tarifa zero.

- Passe livre.

- Fim das terceirizações. Manutenção e operação 100% estatais.

- Contratação de mais funcionários para: ampliação do horário de funcionamento, Metrô 24 horas aos domingos e feriados.

- Gestão do transporte conduzida por um Conselho de Trabalhadores e Usuários, sem empresários.

- Retorno da integração nos terminais e pela integração plena com a EMTU.

- Incorporamos a pauta dos trabalhadores para o Dia Nacional de Paralisação (30): Transporte público de qualidade, redução da jornada de trabalho, fim do Fator Previdenciário, contra o PL 4330 (terceirização), salário igual para trabalho igual, 10% do PIB para a educação pública, 10% do Orçamento da União para a saúde pública, fim dos leilões de petróleo e reforma agrária.

Abaixo, a nota do MPL na íntegra sobre o ato desta quarta:

A luta por transporte público continua: contra os desvios no Metrô!

Desde meados de 2012, a multinacional alemã Siemens tem delatado a existência e sua participação em um cartel que atuava nos contratos e licitações dos metrô e trens do Estado de São Paulo. A notícia veio à tona na semana passada, em uma matéria da revista ‘IstoÉ’, que estimava que R$ 50 milhões tinham sido desviados devido a esse esquema.

No domingo, o Conselho Admnistrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Ministério Público, que investigam o cartel, já estimavam que o montante desviado teria sido de pelo menos R$ 425 milhões. Esses números são provavelmente ainda maiores, pois estão sendo investigados apenas alguns contratos, que fazem parte de um conjunto maior, de proporções gigantescas: o valor dos contratos até 2008 de uma das empresas investigadas, a Alstom, é de mais de R$ 5 bilhões. Vale lembrar que essa empresa já foi investigada e punida em diversos países por pagamento de propina e que casos como esses não são novos nem inéditos, vide vencimento dos lotes 3 a 8 da linha 5 – Lilás do Metrô.

Essas notícias só reforçam como o transporte coletivo é hoje tratado como fonte de lucro, como mercadoria. O sufoco que passamos todo dia no trem e metrô é consequência de um sistema organizado não em função das demandas de seus trabalhadores e usuários, mas sim do bolso de uns poucos políticos e empresários. Não podemos ficar calados diante de mais essa evidência que a gestão do transporte coletivo em São Paulo serve aos interesses privados e não as necessidades da população.

Por isso, o Sindicato dos Metroviários, o MPL-SP e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, entre outras organizações, chamam um ato para o dia 14 de agosto, para afirmar: dinheiro público deve ser investido em transporte público! Chega de gestão com fins privados e de desvios! Só a luta dos usuários e trabalhadores do transporte pode mudar esse sistema!

No dia 6/8 será distribuída em diversas regiões de São Paulo uma carta aberta à população com mais informações sobre o caso e sobre o ato do dia 14.

A Luta por um transporte verdadeiramente público continua!

Transporte é direito, não mercadoria! 
 
Da redação do Vermelho com informações dos Metroviários e MPL

(matéria alterada às 12h30 em 14/8/13)


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