A sucessão política entre parentes é prática comum no contexto campista e brasileiro, apesar de vivermos numa república, ainda temos, um comportamento monárquico, não só no Brasil, mas na nossa cidade onde temos marido, esposa, filhos, cunhados e agregados vivendo as custas do poder público, culpa deles? Não. Culpa nossa que não damos um basta.
ReportagemJornal do BrasilLucas Altino *
Tradição desde as Capitanias Hereditárias
A distribuição de províncias a poucos grupos, durante as Capitanias Hereditárias, era prática muito comum. Somente a família Alencar, por exemplo, esteve à frente de três províncias, com Tristão Gonçalves no Ceará, sendo sucedido por José Martiniano e Tristão Araripe no Rio Grande do Sul e Pará. O domínio se estendeu até o período da ditadura militar, quando Humberto de Alencar Castello Branco assumiu a presidência do Brasil, após o golpe de estado em 1964.
A família que, durante a história do Brasil, se perpetuou no poder por mais tempo, passando por seis gerações, foi a Andrada. A partir de José Bonifácio, patriarca da independência, outros 22 Andradas figuraram no cenário político do país, com nomes atuantes até hoje. Como José Bonifácio Tamm, deputado federal de Minas Gerais, que mantém um mandato parlamentar há 56 anos ininterruptos, tornando-se em um dos parlamentares mais experimentados do mundo.
Nordeste e Rio, currais eleitorais
Tradicionalmente o Nordeste, talvez por uma cultura coronelista, constitui-se como um polo de dominação patriarcal político. José Sarney e Antônio Magalhães são duas figuras que simbolizam esta prática, com seus sobrenomes presentes em cargos públicos até hoje. Sarney, que presidiu o Senado Federal até 2012, mantém um amplo curral eleitoral no Maranhão, eclodindo inclusive em casos de nepotismo, com a contratação de parentes para cargos de gabinete. Atualmente, seus filhos, José Sarney Filho e Roseana Sarney, ocupam a pasta do Ministério do Meio Ambiente e o governo do estado do Maranhão, respectivamente.
Já Antônio Carlos Magalhães, falecido em 2007, foi senador, ministro das Telecomunicações e Governador da Bahia. Seus dois filhos e mais um neto prosseguiram na política. Luís Eduardo Magalhães foi deputado federal e estadual pela Bahia, mas faleceu 1998. Atualmente, ACM Júnior é senador pela Bahia e ACM Neto é prefeito de Salvador. Outras três famílias também possuem muita força, hoje em dia, no Nordeste. O alagoano Renan Calheiros é o presidente do Senado Federal. Seu irmão, Olavo, foi deputado federal de Alagoas até 2011. Já Renildo, é prefeito de Olinda, em Pernambuco.
Da família Arraes, vieram dois governadores de Pernambuco, Miguel Arraes, até 1999, e Eduardo Campos, o atual mandatário. Já a famíla Alves é uma das mais influentes do Rio Grande do Norte. Agnelo Alves foi senador e prefeito por dois mandatos do município de Parnamirim ,até 2008. Seu filho, Carlos Eduardo, é o atual prefeito de Natal e seu sobrinho, Henrique Alves, é deputado federal e presidente da Câmara.
No Rio de Janeiro, muitas famílias políticas se perpetuam no poder até hoje. Além dos Cabral e Garotinho, os Bolssonaro, Picciani, Maia, Alencar e Brizola representam uma força eleitoral carioca. Jair Bolssonaro é uma das figuras mais polêmicas entre os políticos brasileiros. Deputado federal, ele ficou famoso por defender interesses militares e conservadores. Seus filhos, Flávio e Carlos, são, respectivamente, deputado estadual e vereador.
Jorge Picciani, ex deputado estadual e atual presidente do PMDB, abriu espaço para que seus filhos, Leonardo e Rafael, seguissem na política. Enquanto o primeiro está no seu terceiro mandato como deputado federal, o segundo ocupa o cargo de secretário de Estado de Habitação. Do lado da oposição, o deputado federal Rodrigo Maia segue os passos do pai, o ex prefeito e atual vereador Cesar Maia. Outro sucessor atuando na oposição é o deputado federal Brizola Neto, quem mantém a linhagem de seu avô, Leonel Brizola, ex-governador do Rio de Janeiro.
*Do Projeto de Estágio do Jornal do Brasil
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