O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, avisou na tarde desta terça-feira (13), em visita ao Brasil, que os Estados Unidos não vão parar com o sistema de "espionagem" a cidadãos no país e exterior. Para o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, se a prática for mantida, as relações entre os Estados Unidos e o Brasil podem se enfraquecer, por causa de dúvidas e desconfianças.
O tamanho da diplomacia: Secretário de Estado norte-americano, John Kerry, sem meias-palavras, disse ao ministro Patriota, que os Estados Unidos continuarão espionando o mundo, inclusive o Brasil. (Foto: Antonio Cruz/ABr).
John chegou ao Brasil num momento em que as autoridades brasileiras aguardam mais informações dos Estados Unidos sobre o monitoramento de dados de cidadãos nos meios de comunicação, conforme denunciou Edward Snowden, ex-funcionário de uma empresa terceirizada que prestava serviços à Agência de Segurança Nacional (NSA).
Segundo Kerry, a coleta de informações de outros países não é uma exclusividade dos Estados Unidos. "O que os EUA estão procurando fazer é evitar que essas coisas aconteçam, sabendo de antemão. Os EUA recolhem inteligência estrangeira como fazem todas as nações. Acho que nossa coleta de inteligência ajudou nossa nação a nos proteger de muitas ameaças, e a muitos povos do mundo, como o brasileiro", justificou.
Na entrevista, Kerry disse ainda que é preciso “enxergar adiante”, observar parceria existente e o que é possível avançar na relação entre os dois países. O secretário ressaltou ainda que o presidente Barack Obama está determinado a prestar os esclarecimentos pedidos pelos países sobre as agências norte-americanas.
Governo brasileiro
Para o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, se a prática for mantida, as relações entre os Estados Unidos e o Brasil podem se enfraquecer, por causa de dúvidas e desconfianças.
A reação do chanceler surpreendeu a Kerry, que prometeu mais informações às autoridades brasileiras, uma vez que Patriota exigiu explicações detalhadas sobre o monitoramento de dados feito no Brasil. No entanto, disse Patriota, apenas explicações não solucionam o impasse.
O chanceler brasileiro reiterou que, se o impasse decorrente das denúncias de espionagem não for resolvido, como esperam as autoridades brasileiras, haverá riscos na relação positiva mantida pelos dois países. “Caso [as questões] não sejam resolvidas de modo satisfatório, corre-se o risco de haver uma sombra de confiança no nosso trabalho.”
Ao conceder entrevista ao lado de Kerry, Patriota lembrou que o governo brasileiro pediu explicações aos Estados Unidos, assim que vieram à tona as informações sobre o monitoramento de dados a cidadãos e autoridades do Brasil.
“Não podemos minimizar o tema da espionagem, pois temos um compromisso com a democracia, o bom governo, a abertura da sociedade civil. [Vivemos em um] espaço de democracia e justiça social”, disse o chanceler. Porém, o processo de esclarecimento não é um fim em si mesmo e prestar esclarecimentos não deve ser a única reação dos Estados Unidos às denúncias, ressaltou Patriota.
A conversa entre Patriota e Kerry durou cerca de uma hora e meia. Foi o segundo encontro dos dois, depois que o norte-americano assumiu o cargo de secretário de Estado, em fevereiro. O primeiro encontro foi em maio.
Protestos
Um grupo de manifestantes protestou, em frente ao Palácio Itamaraty, contra a visita do secretário de Estado norte-americano, John Kerry. O protesto ocorreu quando o secretário deixava o local. Alguns ativistas chamaram Kerry de espião, em alusão às denúncias de monitoramento de agências norte-americanas a cidadãos brasileiros, e o mandaram voltar para os Estados Unidos. O protesto foi pacífico e policiais militares assistiram ao ato sem reagir.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, acompanhou Kerry até o carro e não comentou sobre o protesto. Durante a reunião com o chanceler, o secretário de Estado perguntou sobre as manifestações ocorridas no país e quis entender o que motivou os protestos.
Segurança
Na véspera da chegada de Kerry (12), funcionários do governo norte-americano rastrearam os locais por onde o secretário de Estado passaria ao longo do dia. Os norte-americanos queriam garantir a segurança em caso de protestos mais intensos, como o ocorrido em junho quando o Itamaraty foi alvo de vândalos que destruíram vidraças e algumas peças do prédio.
No Itamaraty, entretanto, a segurança para a visita de Kerry foi a mesma organizada para todos os chanceleres estrangeiros. O esquema é feito por seguranças internos, que trabalham rotineiramente no palácio, guarda de representação que é formada por fuzileiros navais, e do lado de fora do prédio, o responsável é a Polícia Militar (PM).
Encontro com Dilma
Segundo consta na agenda da presidenta Dilma Rousseff, o secretário norte-americano deve ser recebido pela presidenta no Palácio do Planalto. O encontro, que foi confirmado somente nesta terça (13), será a última atividade oficial da viagem que começou na segunda (12) em Bogotá e termina hoje em Brasília.
Com informações da Agência Brasil
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