sábado, 10 de agosto de 2013

CTB convoca sociedade para ato contra corrupção do Metrô de SP



Na próxima quarta-feira (14), a CTB e entidade sindicais vão promover um grande ato no Vale do Anhamgabaú, em SP, para cobrar a apuração do escândalo, recentemente divulgado nos meios de comunicação, que envolve o desvio de verbas e irregularidades nas obras da Companhia do Metropolitano (Metrô) e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). 


"Vamos cobrar dos órgãos responsáveis a apuração das denúncias e a punição para os verdadeiros culpados", alerta o metroviário e dirigente da CTB, Flávio Montesinos Godói.

Enquanto milhares de usuários se espremem diariamente nos vagões do metrô de São Paulo, enfrentando a superlotação e as falhas técnicas frequentes, inúmeras denúncias sobre um esquema de corrupção no sistema metro-ferroviário inundam os meios de comunicação.

Uma das gigantes de engenharia no mundo, a multinacional alemã Siemens procurou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), uma autarquia vinculada ao Ministério da Justiça que fiscaliza e apura denúncias de abuso de poder econômico, para delatar a existência de um cartel, do qual fazia parte, para as licitações de equipamentos das linhas de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal.

De acordo com a empresa, que recebeu o benefício da delação premiada, o cartel teria supervalorizado cinco contratos em até 30%, acarretando prejuízo de 577 milhões de reais aos cofres públicos.

Denúncias antigas

O escândalo, que revela a formação de um cartel durante os sucessivos governos do PSDB, traz à tona a forma de gestão denunciada por dirigentes sindicais há anos. As irregularidades, que estão sendo apuradas pelo Ministério Público e pelo Cade, se referem ao período de 1998 até 2008.

Segundo documentos da Siemens, a formação do cartel aconteceu em 2000, durante a gestão Mário Covas (1995-2001). O contrato de 404 milhões de reais (735 milhões em valores atualizados) previa o fornecimento de trens e equipamentos para a linha-5 Lílas do Metrô. Ao todo, treze empresas participaram.

Nas administrações seguintes, o cartel atuou em outros três contratos que previam a manutenção de trens e o fornecimento de equipamentos para a linha-verde do Metrô. O último dos contratos foi firmado na administração de José Serra (2007-2010).

Para Godói, as denúncias comprovam as suspeitas levantadas pelos sindicalistas há mais de uma década. Quando Godoi ainda era presidente do sindicato já era apontado o suposto superfaturamento dentro do sistema.

“Há muito tempo denunciamos esse processo de irregularidades, inclusive no processo licitatório das linhas 5 e da extensão da linha 2. E como a própria imprensa divulga agora, vários inquéritos com denúncias de irregularidades no fornecimento de peças e de reforma de trens foram arquivados pelo Ministério Público por faltas de provas”, declarou Godoi.

Na opinião do sindicalista com o benefício da delação premiada, a Siemens, uma das culpadas dentro do esquema sai livre das acusações. “Ao fazer a denúncia a Siemens é premiada na concepção da palavra, porque apesar de culpada fica livre com a delação premiada”, afirma o dirigente que espera a apuração das denuncia através da formação de uma CPI (Comissão de Inquérito Parlamentar). 

“Precisamos reforçar a luta em defesa de uma CPI para averiguar esse escândalo. As denúncias são graves, contundentes e mostram que os cofres públicos podem ter perdido milhões de reais. Dinheiro que deveria ser destinado ao transporte público, segurança, moradia, entre outras áreas deficientes no estado”, destaca o cetebista.

Falta de investimentos

A falta de investimento do governo estadual na expansão do sistema metro-ferroviários é uma das criticas feitas ao governo estadual. Especialistas e sindicalistas chamam a atenção para a precariedade do sistema, atrasado em relação a outros países. 

Em 2011, dos R$ 4,5 bilhões previstos para a expansão do metrô, o governo do estado executou somente R$ 1,2 bilhão. Já na CPTM os investimentos na compra de trens foram reduzidos praticamente à metade. Os investimentos na linha vermelha encolheram 20% e, em todo o sistema a redução foi 19,6%.

Desde 1997 o Datafolha pesquisa a avaliação do sistema de transporte público de São Paulo. No último levantamento, pela primeira vez, menos da metade da população aprovou a qualidade do metrô, que tem batido recorde histórico de superlotação.

O sistema de transporte por trilhos de São Paulo passou a atender 7,1 milhões de passageiros em média por dia. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, só o volume que aderiu ao sistema em um ano – 1,2 milhão de pessoas – é igual ao total transportado no sistema do Rio de Janeiro.

Exemplo dessa afirmação é que em São Paulo, uma viagem de metrô de 20 minutos pode se transformar num longo percurso que pode durar 50 ou 60 minutos, para trabalhadores e trabalhadoras que utilizam todos os dias o sistema.

Para Godói, a situação reflete o descaso das sucessivas gestões tucanas. “Tudo isso que acontece hoje nos dois sistemas [metrô e ferrovia], é consequência desse processo de desvio de dinheiro e falta de investimentos na manutenção preventiva que resulta em recorrentes falhas e ocorrências. Na CPTM diversos casos de depredações aconteceram devido às falhas constantes, que paralisam o sistema. E atualmente, isso acontece no metrô, como na última segunda-feira (05), com o descarrilamento de uma composição da estação Barra Funda”.

O ato da próxima quarta-feira, organizado pela CTB e entidades sindicais, deve cobrar providências para caso, apelidado de propinoduto. "A CTB está inserida nesse processo de mobilização junto à população para que todas essas denúncias não acabem engavetadas, como as anteriores, que hoje são retomadas”, disse o dirigente da CTB. 

Fonte: Portal CTB
 

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