sábado, 27 de julho de 2013

Ilhas Curilas: vulcões, cachoeiras e águas termais


As ilhas de Kunachir e Iturup, no Extremo Oriente russo, oferecem uma incrível variedade de atividades de lazer. As ilhas Curilas do Sul ficam tão distantes de Moscou – a cerca de 7 mil km ou sete fusos horários – que a maioria dos moradores da região central da Rússia sequer pensariam em fazer uma viagem a esse tesouro natural no “fim do mundo”.

Por Ajai Kamalakaran, especial para Gazeta Russa


No entanto, as ilhas de difícil acesso de Kunachir e Iturup, que estão sob disputa territorial com o Japão, oferecem aos viajantes um dos trechos de natureza mais selvagem de toda a Rússia.

A maravilha natural mais famosa da ilha Kunachir é o vulcão Tiatia, que fica a 1.819 metros acima do nível do mar. Trata-se de um vulcão somma clássico, isto é, apresenta uma caldeira cúpula cercada por um cone. Localizado na porção nordeste da ilha, o Tiatia é um dos destinos menos visitados até mesmo pelos moradores da ilha quase deserta.

De mais fácil acesso é o vulcão Mendeleev, que fica próximo a uma aldeia. Porém, até os viajantes mais preparados fisicamente precisam de treinamento especial para lidar com a dificuldade da viagem, já que adentrar as matas selvagens da ilha pode ser uma tarefa arriscada.

Ilha Kunachir, na costa Pacífico Foto: Andrêi Cnapran

A ilha tem um lago primitivo e preservado que se chama Kipiachee, e fica bem na cratera do vulcão Golovnin. Os vulcões do arquipélago fazem parte do mundialmente famoso Círculo de Fogo do Pacífico, que se estende até a Indonésia e inclui uma parte do monte Merapi, em Java.

Quando criança, Vladímir Larionov, hoje com 34 anos, fez trilhas para muitos dos vulcões nas ilhas de Kunachir e Iturup, mas o atual morador de Iujno-Sakhalinsk diz que o lugar mais pitoresco no arquipélago é o Cabo Stolbtchati.

“As formações de basalto em forma de coluna são impressionantes e as vistas panorâmicas sobre as enseadas são de outro mundo”, conta Larionov. O funcionário de uma petrolífera em Sacalina deixou as Curilas, pois acreditava que a única maneira de ter uma renda decente nas ilhas seria como guia turístico. “É um ótimo lugar para a vida de aposentado em meio à natureza, mas não há muito lazer para o dia a dia dos jovens”, explica Larionov.

Um dos diversos vulcões da ilha Kuríli Foto: Andrêi Chapran

As autoridades federais russas também falam da necessidade de aumentar as oportunidades econômicas nas ilhas. O primeiro-ministro Dmítri Medvedev chegou a sugerir a criação de zonas econômicas especiais para aproveitar sua proximidade com as potências asiáticas, como China, Japão e Coreia do Sul.

Os governantes regionais de Sacalina, contudo, acreditam que as ilhas poderiam atrair turistas com alto poder aquisitivo se fossem construídos resorts nos moldes das Maldivas. As estâncias termais são um dos projetos que as autoridades estão elaborando para alavancar o turismo no futuro, mas, no momento, a natureza bruta e tranquila é único argumento de venda da ilha Kunachir.

Ilha de Iturup


A ilha de Iturup é geralmente citada como a “joia das Curilas”. Os japoneses, que ocupavam a ilha antes da Segunda Guerra Mundial, construíram um aeródromo para camicases ali, tornando-a a mais acessível ilha de toda a cadeia. A localização do aeródromo foi escolhida com a intenção de manter os aviões inimigos à distância. Os voos para a ilha ficam muitas vezes à mercê do tempo, mas há serviços regulares de balsa partindo de Sakhalin.

A região é rica em recursos naturais, com grandes reservas de titânio. Os japoneses tinham interesse em extrair os minérios da ilha e, por isso, há ainda uma linha ferroviária abandonada com elevação de 30 graus rumo ao topo do vulcão Kudriavi. Havia planos de transportar os depósitos de minerais especiais pelo vulcão de volta para o Japão.

Reserva natural de Kronótski, situada na remota península de Kamtchatka Foto: Ígor Chpilionok

As estradas de Iturup estão em condições precárias, mas como a ilha é relativamente pequena, é possível percorrê-la a pé ou de bicicleta. A ilha continua a ser um dos pontos menos explorados de todo o arquipélago, de modo que uma série de surpresas aguardam os viajantes. Entre elas, estão o vulcão de Ivan, o Terrível, um dos mais ativos da Ásia. Em um dia de verão, há pouquíssimos pontos turísticos tão belos quanto o reflexo do vulcão sobre as águas do lago Lopatsnoie, que fica aos seus pés. Outra grande atração é o vulcão Baranski, famoso por sua cachoeira de ácido sulfúrico.

Uma dos motivos para visitar Iturup no verão é seu litoral virgem com águas mornas. A partir da segunda semana de julho até a terceira semana de setembro, as baías profundas da ilha são suficientemente quentes para um bom mergulho. Essas são, de longe, as águas mais limpas e puras de todo o arquipélago das Curilas.

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