sábado, 20 de julho de 2013

CTB nacional realiza reunião da direção executiva em São Paulo


Executiva da CTB debate sobre conjuntura e aprova resolução política (No fundo, fala do presidente Wagner Gomes)

 


A 13ª Reunião da Direção Executiva da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) foi realizada nesta quinta-feira (18), em São Paulo, a última deste mandato, comandado por Wagner Gomes.


A reunião, que fez uma profunda análise de conjuntura e dos últimos acontecimentos - apresentada pelo assessor Umberto Martins - teve como objetivo deliberar sobre os encaminhamentos finais para a organização do 3º Congresso Nacional, que ocorrerá entre os dias 22 e 24 de agosto deste ano, no Anhembi, em São Paulo.

Umberto Martins (foto abaixo) fez uma retrospectiva dos protestos promovidos Brasil afora e de sua importância dentro da sociedade, quando mais de um milhão de pessoas, jovens em sua maioria, ocuparam as ruas do país ao longo dos últimos dias em atos de protesto cujo objetivo inicial era conquistar a redução das passagens ou transporte público de qualidade e gratuito.

Na opinião do assessor, as manifestações, em sua maioria espontâneas serviram para mostrar para o governo que o povo brasileiro quer avançar em reformas estruturais como saúde, educação, transporte, moradia, entre outras.

No entanto, ele alertou para a tentativa de manipulação dos grandes meios de comunicação, conhecidos como Partido da Imprensa Golpista (PIG), que não perdem a oportunidade de desvirtuar os protestos para desestabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff. "Eles tentam dar um sentido político reacionário com o objetivo de isolar e desmoralizar os partidos e organizações progressistas e desestabilizar o governo Dilma, abrindo caminho para o retrocesso neoliberal", destacou.

Martins também lembrou que a mídia também tentou desqualificar o Dia Nacional de Lutas, promovido no último dia 11 de julho pelas Centrais, com apoio dos movimentos sociais. "Como era de se esperar, a mídia, burguesa e golpista, procurou desqualificar o protesto sindical, que foi corretamente avaliado como um grande êxito pelas lideranças".

Após a exposição, os dirigentes contribuiram com opiniões sobre o tema e foram unânimes ao avaliar como justas e válidas as manifestações, com destaque para o Dia Nacional de Lutas, que tomou as ruas de todos os estados brasileiros. Os cetebistas também renovaram sua disposição de luta e mobilização para o próximo dia 06 de agosto, quando serão realizados novos protestos e o encaminhamento de uma possível greve geral para setembro.

Foro São Paulo

Durante o reunião, os dirigentes receberam a visita do coordenador do Foro São Paulo (FSP), Ronaldo Carmona, que passou para convidar os sindicalistas a participarem da 19º Encontro do FSP, que acontece entre os 31 de julho e 04 de agosto, em São Paulo. O FSP é um encontro de representantes de partidos políticos e de organizações não governamentais de esquerda da América Latina e Caribe.

De acordo com Carmona, o evento deve contar com as presenças do presidente Nicolás Maduro, responsável em dar prosseguimento às mudanças iniciadas por Hugo Chávez; e do presidente colobiano Evo Morales, que receberá a bandeira do encontro.

3º Congresso Nacional

Ao final, os dirigentes da CTB aprovaram uma Moção de Saudação a Nelson Mandela e os encaminhamentos para o 3º Congresso, que mobilizou todas as estaduais. Durante os últimos meses foram realizados encontros em todos os 25 estados brasileiros, que contaram com a participação de cerca de 4.000 delegados e delegadas, que escolheram seus representantes para a etapa nacional, que prevê em torno de 1.500 inscrições.

Para Wagner Gomes (acima), presidente da CTB, os encontros foram considerados vitoriosos e serviram para fortalecer e consolidar a Central, demonstrando a capacidade de organização e unidade entre central e sindicatos. “Foram encontros totalmente satisfatórios, que demonstraram o crescimento e respeito alcançado pela CTB em tão pouco tempo de vida”, afirmou.
 

O presidente da CTB aproveitou para agradecer ao apoio que recebeu nos últimos anos à frente da Central e desejar ao próximo presidente muitas vitórias para o conjunto da classe trabalhadora, e dos trabalhadores cetebistas.


Resolução política da Direção Executiva da CTB

O cenário político brasileiro mudou após as manifestações que sacudiram o país em junho, reunindo em seu auge, no dia 20, mais de um milhão de pessoas em dezenas de cidades, em sua maioria jovens trabalhadores e estudantes, que afluíram às ruas espontaneamente, à margem dos sindicatos, entidades estudantis e partidos políticos.

Os protestos contaram com amplo apoio do povo e da CTB e resultaram na redução dos preços das passagens em várias cidades. Mas a carência de uma direção firme e de uma pauta mais clara e definida abriu espaço para que forças de direita e extrema direita se infiltrassem no movimento com propósitos reacionários e golpistas.

Na ação orquestrada da direita neoliberal cumpre desatacar o comportamento da mídia burguesa, golpista e sempre muito hostil com os movimentos sociais, que inicialmente tomou posição contra as manifestações. Ao perceber a fragilidade das lideranças, mudou descaradamente de posição e passou a apoiar e convocar os atos, incitando o povo contra os movimentos sindicais e os partidos de esquerda.

Nas ruas, provocadores de extrema direita atuaram de forma organizada agredindo militantes de centrais sindicais e partidos políticos, provocando arruaça e vandalismo. O objetivo das forças reacionárias é desgastar e desestabilizar o governo Dilma de forma a interromper o ciclo de mudanças iniciado em 2003 e abrir caminho ao retrocesso neoliberal em 2014 ou, quem sabe, ao golpe militar. É preciso atentar para o contexto internacional de crise do capitalismo e de acirramento da luta política na América Latina, onde iniciativas golpistas foram observadas recentemente em vários países (Venezuela, Bolívia, Equador, Honduras e Paraguai), com apoio velado ou ostensivo do imperialismo estadunidense.

As centrais sindicais reagiram à conjuntura de forma unitária, em aliança com os movimentos sociais, realizando em 11 de julho uma grande manifestação nacional, com greve geral em várias cidades (como Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte e Vitória) e atos nos 26 estados e no Distrito Federal. Foi uma intervenção organizada e consciente da classe trabalhadora, que agitou nas ruas suas bandeiras históricas (redução da jornada, fim do fator previdenciário e valorização das aposentadorias, não à terceirização, Convenção 158) e as reivindicações mais sentidas do nosso povo por mais investimentos no SUS, bem como na educação, em transporte público e reforma política.

Como era de se esperar, a mídia, burguesa e golpista, procurou desqualificar o protesto sindical, que foi avaliado como um grande êxito pelas lideranças. Novas manifestações serão realizadas e as centrais estão decididas a negociar com governo e patrões as reivindicações do movimento e realizar uma greve geral em setembro se as negociações não chegarem a bom termo.

A CTB orienta os sindicatos e entidades filiadas a ampliar a mobilização e conscientização das bases, debatendo a agenda da Conclat e dando atenção especial aos jovens trabalhadores, atraindo mentes e corações para a luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, democracia e soberania. A voz das ruas clama por saúde pública, transporte público, educação pública em contraposição aos interesses e serviços privados. Em poucas palavras, o povo brasileiro quer mais Estado e menos mercado.

A nação demanda a realização urgente de reformas estruturais, o plebiscito da reforma política, que deve ser orientada para reduzir a influência do poder econômico e da corrupção nas campanhas eleitorais e nas instituições; a reforma tributária progressiva, com taxação das grandes fortunas e das remessas de lucros e redução do IRPF e dos impostos indiretos; reforma da mídia visando a democratização dos meios de comunicação e o combate ao monopólio exercido por meia dúzia de famílias capitalistas; reforma agrária; reforma urbana; reforma educacional; reforma do Judiciário.
É indispensável ampliar a unidade das forças progressistas. A CTB propõe a instalação de um fórum nacional reunindo as centrais sindicais, os movimentos sociais e os partidos de esquerda com o objetivo de debater uma plataforma comum e realizar uma grande mobilização nacional para avançar nas mudanças, combater e desmascarar a direita e barrar o retrocesso neoliberal.

Vai ficando a cada dia mais claro que para contemplar os interesses populares será preciso mudar a política econômica. A CTB reitera a crítica à política monetária comandada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que na semana passada promoveu nova alta dos juros e anuncia, na ata divulgada quinta-feira (17), novas elevações, a pretexto de combater a inflação.

Aliada ao câmbio flutuante e ao superávit fiscal primário, tal política serve apenas aos interesses da oligarquia financeira e é um imenso obstáculo ao desenvolvimento nacional e à valorização do trabalho. É nosso dever continuar lutando e mobilizando a classe trabalhadora pela redução dos juros, o fim do superávit primário, o controle do câmbio e do fluxo de capitais, a taxação das remessas de lucros; mais investimentos públicos em saúde, educação e valorização do trabalho.

São Paulo, 17 de julho de 2013

Direção Executiva Nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

Fonte: Portal CTB

Nenhum comentário: