quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Renato Rabelo: EUA espionam quem na geopolítica acham relevante

O caso de espionagens dos Estados Unidos ao Brasil é uma questão respeitável do ponto de vista político e das relações exteriores, fato este que teve destaque nos últimos dias no cenário nacional. Esta semana, desdobramentos sobre o tema repercutiram nas relações destes dois países. O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, faz uma reflexão sobre o caso no Programa Palavra do Presidente.

Eliz Brandão para a Rádio Vermelho


Para Renato Rabelo o assunto é muito importante porque tem implicações na soberania nacional. “Não é um problema qualquer. O Brasil foi um país escolhido para ser espionado. O imperialismo não vai 'bisbilhotar' países que não tenham importância no contexto da geopolítica mundial. Por exemplo: eles não vão espionar o Haiti, não quer dizer que não tenha sua importância, mas eles não vão espionar esse país. Para o dirigente, isso mostra que o Brasil é um país que vai tendo relevo na geopolítica mundial. "Esta espionagem geralmente é feita porque ou o Brasil é concorrente deles nesta região estratégica que é a América do Sul ou é adversário deles”.

Segundo o presidente comunista, o PCdoB vem adotando postura no sentido de apurar e apresentar formas de defesa da soberania nacional. “Não é por acaso que no âmbito do Congresso Nacional, especificamente no Senado, já existe instaurada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que iniciou seus trabalhos agora. Essa CPI tem um papel muito importante, primeiro para desvendar qual o nível desta espionagem dos Estados Unidos sobre o nosso país e é necessário a gente destrincharmos isso, porque, sucessivamente, vem surgindo novos dados, não só de espionagem à presidenta e seus assessores, mas também à Petrobras. E devem surgir mais dados, não só no terreno geoestratégico, mas no plano comercial, econômico”, ressalta Renato. 


Meios de defesa

Outro ponto de destaque na reflexão do presidente do PCdoB é o papel da CPI no campo da guerra cibernética e para isso, é necessário desvendar o nível de espionagem para que se possam encontrar pontos de defesa. “Essa CPI não pode somente constatar, mas tem que tirar ensinamentos e conclusões como que tipo de defesa o Brasil terá que ter. Estamos numa batalha, a chamada guerra cibernética, ora, a gente tem que levar em conta exatamente de como vamos nos defender. É necessária que essa CPI aponte meios de defesa. A comissão teria esse duplo papel, tentar penetrar neste tipo de espionagem, como também dar respostas ao povo brasileiro. E foi exatamente a senadora do PCdoB, Vanessa Grazziotin, que teve uma iniciativa maior no sentido do que estas espionagens representam para a defesa de nosso país, e por isso mesmo, foi indicada para a presidência da CPI”.

Relações do Brasil com os Estados Unidos

Para Renato Rabelo, este assunto transbordou para o campo político-diplomático. “Como todos sabem, a presidenta Dilma teria uma viagem aos EUA, onde teria um contato bilateral com o presidente dos Estados Unidos. E, diante destas denúncias, veio procurando de forma serena, mas firme, saber que tipo de espionagem é essa que vinha sendo realizada, e exigiu uma retratação por parte dos EUA e uma explicação mais nítida para o nosso povo e até agora o Departamento de Estado norte-americano não deu nenhuma explicação plausível. Aliás, não há explicação plausível para isso. E evidentemente não há convencimento que possa se manter naquele tipo de relação que os dois países tinham”, esclarece.

Atitude independente

Segundo Renato, o cancelamento da viagem que a presidenta Dilma faria aos Estados Unidos foi um passo importante no sentido de mostrar o repúdio do povo brasileiro com as espionagens ao país. “Por isso mesmo ela suspende a viagem que estava marcada e essa decisão politica foi muito importante. O país tem que demonstrar que estas espionagens são um desrespeito ao nosso povo e um atentado à nossa soberania. O Brasil repudia essa atitude perpetrada pelos Estados Unidos. Não tem nada de terrorismo aí. E isso é só fumaça”.

Para o presidente do PCdoB, a atitude dos EUA é um desrespeito à relação entre os dois países e, sobretudo é um atentado à soberania do Brasil. “Por isso, o PCdoB defende a atitude da presidência em cancelar a viagem àquele país. A decisão da presidenta é justa, correta e merece o nosso apoio”.

Ouça a íntegra da ponderação na Rádio Vermelho.

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