segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Petrobras também foi alvo da espionagem estadunidense


Nos próximos dias, o governo dos Estados Unidos deverá prestar esclarecimentos ao Brasil sobre as denúncias de espionagem à presidenta Dilma Rousseff, a assessores e cidadãos brasileiros. A previsão, segundo Dilma, é que o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, converse até o dia 12 com a conselheira de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice.





















A conversa entre os dois pode ocorrer pessoalmente, Figueiredo estará em Nova York a partir desta terça-feira (10) e deverá ficar no país até sexta-feira (13). As violações estadunidenses ganharam um novo elemento agravante neste domingo (8). Reportagem exibida pelo semanal Fantástico, da Rede Globo, aponta que a NSA — a agência de segurança dos Estados Unidos — espionou, além da presidente Dilma, a Petrobras, o setor de infraestrutura do Google e a diplomacia francesa. Líder mundial na exploração de petróleo em águas profundas, a Petrobras teria sido alvo da ingerência estadunidense por interesses comerciais e econômicos. 

Na semana passada, em São Petersburgo (Rússia), durante a cúpula do G20, Dilma e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, conversaram sobre o mal-estar causado pelas denúncias de espionagem. Segundo ela, Obama prometeu responder às perguntas encaminhadas pelo governo do Brasil. De acordo com a presidenta, se for necessário, voltará a conversar com Obama.

“O presidente Obama declarou para mim que assumia a responsabilidade direta e pessoal pelo integral esclarecimento dos fatos e que proporia, para exame do Brasil, medidas para sanar o problema”, disse a presidenta, em entrevista coletiva logo após o encontro com Obama.

“O que pedi foi o seguinte: 'acho muito complicado ficar sabendo dessas coisas pelo jornal. Eu quero saber: tem ou não tem? Além do que foi publicado pela imprensa, eu quero saber tudo o que há em relação ao Brasil. Tudo, tudinho, em inglês: 'Everything'”.

Na conversa, Dilma disse a Obama que vai propor à Organização das Nações Unidas (ONU) e a entidades internacionais iniciativas na tentativa de impedir a espionagem e violação de direitos individuais e humanos. Há mais de um mês, o governo brasileiro pediu explicações aos Estados Unidos sobre as denúncias, desencadeadas pelas informações de Edward Snowden, que trabalha para uma prestadora de serviços da Agência Nacional de Segurança (NSA).

Nas duas últimas semanas, os pedidos de informações aos Estados Unidos foram reforçados pelos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e Figueiredo. Em meio à expectativa pelas informações, a presidenta deixou em aberto a possibilidade de viajar, em 23 de outubro, para Washington, nos Estados Unidos, com honras de chefes de Estado.

“Se não houver condições políticas, obviamente não se vai. Eu não pretendo transformar a quarta-feira [12] no 'Dia D'. Eu pretendo transformar a quarta-feira [12] em um dia de avaliação. Não esperem que quarta-feira seja um 'Dia D'”, disse Dilma.

Petrobras

Os documentos revelados na reportagem deste domingo (8) são de uma apresentação da NSA para novos agentes, realizada em junho de 2012. Nela, a agência explica como é feita a espionagem a determinadas empresas e órgãos.

A Petrobras aparece logo no início da apresentação, junto com a infraestrutura do Google, a diplomacia francesa e a rede da Swift, cooperativa que reúne alguns dos principais bancos de dezenas de países. Os nomes de outras instituições espionadas foram apagados na mesma apresentação da NSA.

A apresentação mostra ainda que foi criada uma pasta com o nome da Petrobras, em função da grande quantidade de informações que a NSA dispõe, o que indica que a estatal está sendo espionada há algum tempo. Os documentos não mostram o conteúdo que teria sido espionado.

A espionagem foi feita na rede privada de computadores da Petrobras, que contém informações sigilosas sobre a estatal, a maior empresa do país, com faturamento anual superior a R$ 281 bilhões.

A invasão da rede da estatal pode beneficiar, por exemplo, empresas americanas interessadas no leilão do pré-sal, maior leilão de petróleo da história do país, que deve ocorrer nos próximos meses. As interceptações ilegais podem colocar os detentores das informações em situação de vantagem nos leilões.

Em outro documento a NSA indica que a espionagem tem motivação econômica, política e diplomática, contrariando o que a agência dizia até então, que a motivação era combater o terrorismo.

O conteúdo das interceptações seria repassado à Casa Branca, à diplomacia dos EUA e ao serviço secreto estadunidense.

De acordo com a reportagem, os documentos da NSA que indicam ter havido espionagem da Petrobras são ultrassecretos, e as informações só podem ser compartilhadas com os líderes de quatr países aliados dos Estados Unidos: Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

Os documentos obtidos pela reportagem mostram ainda que a agência inglesa de segurança, a GCHQ, também teria praticado espionagem ilegal.


Informações da Agência Brasil e do UOL



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