sábado, 15 de junho de 2013

Policia da ditadura!!!!! Democracia em risco!

Principalmente em São Paulo, mas em todo país, não é mais possível tolerar repressões violentas aos movimentos populares, resquícios da ditadura ou falta de uma postura ética dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), a verdade, é que esta mesma policia não foi espancar os latifundiários que fecharam estradas em diversos estados, nem quero isso, mas pau que dá em Chico, não dá em Francisco. Não estou aqui defendendo a violência das manifestações, mas hoje, existe condições de investigações que podem identificar aqueles que usam direito legítimo de discordar para praticar crimes. Os governos e a grande imprensa estão querendo criminalizar os movimentos sociais. DIZER NÃO A VIOLÊNCIA POLICIAL! DIZER NÃO A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS! É DIZER SIM A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE POSICIONAMENTO! É DIZER SIM A DEMOCRACIA!



ABAIXO REPORTAGEM:


Repressão policial e a democracia que não queremos em São Paulo


As manifestações desta quinta-feira (13) em São Paulo revelaram para a sociedade brasileira a faceta da Polícia Militar que a periferia conhece bem: violência, truculência e repressão. Qualquer um dos 10 mil manifestantes que estiveram presentes no ato são testemunhas de partiram da polícia os atos que iniciaram a confusão. Os demais atos foram reação a uma ação orquestrada e treinada desde os tenebrosos tempos da ditadura militar.

Por Vanessa Silva


Parecia que estávamos revivendo aqueles tempos sombrios. A polícia agiu como em um Estado de Exceção. Éramos estudantes, trabalhadores, jovens, desempregados e indiscriminadamente, alvos de balas de borracha, gás lacrimogêneo e de pimenta, do medo. Bombas espalhavam o pânico pelas ruas do centro. A todo o momento, por qualquer rua em que se tentava andar, encontrávamos grupos correndo da polícia, que fecharam várias ruas de acesso à Paulista para evitar que os manifestantes chegassem até lá. 

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Estava na Rua da Consolação quando a polícia iniciou a ofensiva. Até aquele momento o que se via era uma multidão pacífica, diversa, exercendo o pleno direito de sua liberdade de manifestação. Gritos de não à violência eram os mais comuns. Mas a resposta foi outra. 

Hoje estamos todos indignados com a ação policial. Acontece que este comportamento não é novidade. É o padrão contra jovens, negros e pobres que vivem nas periferias bem longe do centro. Quantas e quantas vezes denunciam que a polícia atira primeiro e pergunta depois? Nossa indignação não pode ser só contra a ação no centro contra jovens de classe média, jornalistas… A PM é uma instituição falida. Criada no contexto da ditadura para reprimir e é isso que faz. 

O grito eclodiu

São Paulo é uma cidade hostil: as pessoas demoram uma, duas, três horas por dia para ir e igual tempo para retornar para suas casas. Para chegar no centro, pego diariamente ônibus, trem e metrô e por isso engrosso o coro dos descontentes. A questão não é somente os R$ 0,20 do aumento. Olhando assim parece pouco. Mas não é. 


Tropa de choque da policia militar dispara contra manifestantes mesmo sob gritos de não violência na Avenida Consolação. Foto: Ninja)

Todos os meios de transporte públicos na cidade são precários e de baixa qualidade. Os trabalhadores, que historicamente foram expulsos do centro, se deslocam por vários quilômetros, diariamente, enfrentando diversas violências cotidianas, pequenas, mas não por isso menos agressivas. São Paulo não é pensada para pessoas. O movimento Existe Amor em São Paulo reivindicava justamente isso no final do ano passado, durante a campanha eleitoral para a prefeitura. O movimento ampliou e segue na rua reivindicando legitimamente direitos, melhores condições. A maior cidade do país reage com bombas e tiros.

Este despertar, esta reivindicação pela redução do valor da tarifa, visto por muitos dentro da própria esquerda com desconfiança, é o estopim de demandas históricas do paulistano. O metrô tem poucas linhas em uma cidade que é gigantesca. Os vagões são superlotados, sem o mínimo de conforto. O trem, mantido pela CPTM, é lento, lotado e semanalmente tem panes deixando as pessoas que vivem na grande São Paulo muitas vezes sem alternativa para retornarem para suas casas. Os corredores de ônibus são insuficientes, os veículos superlotados e quem depende deste transporte passa horas e horas parado no trânsito caótico da maior cidade do país. Estas questões, somadas, resultam no que vemos hoje: inconformidade, revolta e desejo de mudar. 


Policia Militar joga spray de pimenta em manifestantes e jornalistas afim de evitar a documentação da primeira prisão do dia. Esse é o quarto ato contra o aumento da tarifa do transporte em São Paulo. Foto: Ninja

Ao ver o movimento nas ruas, nós, que sofremos todo este tempo calados, tendo que engolir a revolta, sem ter por onde extravasar, que vimos, aumento após aumento o descaso das autoridades com a real situação da população: reagimos. 

Não moro em São Paulo e na minha cidade, o valor do ônibus acompanha a capital. Em São Paulo, ainda tem o Bilhete Único que permite pegar vários veículos com uma só passagem. Em Franco da Rocha não. Pagamos R$ 3,20 para andar poucos quilômetros. 

Com os protestos na capital, passamos a sentir a força e a possibilidade que temos de mudar. Assim se faz democracia. Assim se faz um país e um mundo melhor. Os governos devem ouvir a voz que vem das ruas. Quanto maior for a repressão, mais força teremos para lutar. Perguntaram-me se é o início de uma “Primavera Brasileira”. A verdade é que estamos no outono. Mas uma coisa é certa. Em meus 27 anos nunca vi nada semelhante em São Paulo. E não será fácil reprimir este povo. Não ficaremos mais passivos.


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