quarta-feira, 17 de abril de 2013

Dia Internacional de Luta Camponesa mobiliza campo e cidades


O assassinato de 19 trabalhadores sem-terra em um conflito pelo acesso à terra no Pará, Norte do Brasil, em 1996, ficou conhecido como ‘massacre de Eldorado dos Carajás’ e marcou o início da luta global dos camponeses em busca de respeito e reconhecimento de seus direitos.


  Manifestantes do Movimento Via Campesina se organizam em protestos ao redor do mundo
Para celebrar essa luta e relembrar a memória das vítimas do massacre brasileiro, organizações camponesas celebraram, nesta quarta-feira (17), o Dia Internacional de Luta Camponesa. Neste ano o lema é Resistência contra a mercantilização da natureza, paremos os acúmulos de terras!.
Estimuladas pela defesa da agroecologia, soberania alimentar e de sementes crioulas, e na luta contra os transgênicos e agrotóxicos, organizações camponesas realizaram uma série de ações e manifestações em vários países, respaldadas pela organização internacional Via Campesina, que comemora em 2013, 20 anos de luta contra o comércio da natureza e dos bens comuns, contra a expropriação de terras e também contra o despejo massivo de populações camponesas, em virtude de ações de grandes multinacionais aliadas aos governos.

De acordo com a Via Campesina, entre as ações realizadas ao longo do dia estiveram a ocupação do Ministério de Agricultura, na República Dominicana, em protesto contra a indústria mineira; marchas e ocupação de terras no Brasil; a realização da V Assembleia das organizações, povos e nacionalidades da Costa, no Equador; debate coletivo da CLOC-Via Campesina, no Chile, sobre Proposta Política para a Soberania Alimentar e Agricultura Campesina; e a Mesa Redonda sobre Produção ecológica e soberania alimentar contra a crise, na Espanha.

Seguiram-se, ainda, uma Manifestação nacional de agricultores, em Portugal; uma marcha de camponeses e conferência sobre terra e sementes, em Moçambique; e a partir desta quinta-feira (17), começam as Jornadas sobre Educação em valores para um novo modelo alimentar, social e econômico, na Espanha.

Desde o início da semana está acontecendo, no Paraguai, um acampamento em frente à Corte Suprema de Justiça, em protesto contra o Massacre de Curuguaty. Mas as ações não se resumem a esta data. No marco da celebração do Dia Internacional de Luta Camponesa, e em resposta à convocatória de mobilizações da Via Campesina, organizações do setor já vêm realizando atos como a Marcha Indígena, camponesa e popular do Comitê de Unidade Campesina (CUC) que ocorreu no dia 10, na Guatemala; a Marcha Nacional Popular da Coordenadora Nacional de Trabalhadores da Educação do México, no dia 10; Conversatório e debate sobre sementes “patrimônio dos povos” também no dia 10, na Argentina.

No dia 13 de abril, a Central Independente de trabalhadores agrícolas e campesinos (CIOAC) do México impulsionou o Encontro da Juventude e, na véspera, o Movimento dos trabalhadores sem-terra (MST) reuniu cerca de 500 pessoas em um Ato Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, no Brasil.

A Via Campesina explica que o acúmulo de terra, o principal ponto de conflito pelo acesso à terra, traz como consequência o despejo e deslocamento de famílias camponesas, violações de direitos humanos, contaminação ambiental e aumento da pobreza.

O problema, segundo a organização, é bastante acentuado na região da América Central, a exemplo de Honduras onde nos últimos dois anos um conflito entre agricultores e latifundiários em Bajo Aguán já tirou a vida de cerca de 55 pessoas. Na Guatemala, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), quase 80% das terras que são produtivas estão em propriedade de 5% do total de habitantes do país.

“O acúmulo de terra, combinado com o impacto da mudança climática, é um dos maiores riscos que enfrenta o mundo durante os próximos vinte anos”, alerta o movimento.

Fonte: Correio do Brasil

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