segunda-feira, 15 de abril de 2013

Batista: Desafios do PCdoB-RJ são o 13°Congresso e as eleições


O novo presidente estadual do PCdoB no Rio de Janeiro, Joao Batista Lemos, concedeu uma entrevista para o Vermelho estadual e Alerta Rio. Ele foi conduzido ao cargo de presidente da legenda, em resolução aprovada na reunião do Comitê Estadual, ocorrida no dia 06 de abril de 2013 - depois do licenciamento da então presidenta, Ana Rocha - que atualmente exerce a função de secretária da Mulher na Prefeitura da capital carioca. 


 Batista
Batista falou das lutas e aprendizados trazidos de sua vasta militância sindical e da trajetória de dirigente nacional do PCdoB, quando compartilhou experiências com Joao Amazonas e Renato Rabelo. “João Amazonas sempre desenvolveu dois temas que se entrelaçam o Partido de Ação Política, que deve atuar no curso dos acontecimentos, e não se colocar a margem, a partir da análise real da correlação de forças, e o Partido de Classe, de convicção revolucionária”, ressaltou.

O dirigente estadual abordou diversos assuntos e expectativas para o PCdoB no estado do Rio de Janeiro nas frentes de massas, institucional e de estruturação do Partido: “a construção da unidade partidária, vai se desenvolver no debate franco e aberto em torno do projeto político. Neste momento está colocado o desafio de construção de uma plataforma política que responda os interesses do povo”.

Elencou a realização do 13º Congresso do PCdoB no estado e a preparação do projeto eleitoral de 2014 como os maiores desafios deste ano. “Penso, que a plataforma política é que deve ser a base das conversações na construção de nossa política de alianças e defender os nossos interesses, isto é, onde o partido pode acumular mais forças. Queremos eleger no mínimo dois federais e três estaduais e termos autoridade política para pleitear uma posição no majoritário”.

Leia abaixo a integra da entrevista:

Vermelho-RJ/Alerta Rio: Você que já cumpriu inúmeras tarefas no PCdoB, qual a expectativa do militante e dirigente Batista com a nova tarefa de presidir o Partido no Estado?
Batista: Como militante, como mais uma das grandes tarefas que já realizei, desde 1974 quando entrei no partido me dediquei ao movimento operário e sindical. Agora o desafio é a condução do conjunto do partido na luta política de classes neste estado, que tem na luta institucional e parlamentar a forma mais viva, da luta com perspectiva de poder, onde se pode alterar de forma concreta a correlação de forças, na luta por uma nova hegemonia. Vai ser um grande desafio, vou precisar mobilizar a inteligência coletiva desta valorosa direção e militância do Rio, para encarar mais esta empreitada.

Como pessoa, está sendo muito gratificante atuar neste estado com esta cidade maravilhosa, com esse povo criativo com sua riqueza cultural, que historicamente, guarda muitas lutas, pela republica, pela democracia, e pelo socialismo, por isso o meu primeiro desafio é compreender as idiossincrasias do Estado do Rio de Janeiro. Vou entrar na fila para querer ser o paulista mais carioca deste estado.

Sua vida partidária se iniciou junto a Renato Rabelo e Joao Amazonas: que ensinamentos você traz para o exercício da liderança no partido aqui no estado?
Em síntese João Amazonas sempre desenvolveu dois temas que se entrelaçam o Partido de Ação Política, que deve atuar no curso dos acontecimentos, e não se colocar a margem, a partir da análise real da correlação de forças, e o Partido de Classe, de convicção revolucionária. Em uma conversa ele indagou: se você me perguntar qual é o determinante vou lhe responder que é o segundo, porque se erramos na política, podemos corrigir na frente, mas se perder a natureza de classe acabou o partido comunista. Renato Rabelo desenvolveu esta síntese em três vetores de acumulação estratégica de forças, a luta institucional e parlamentar, a luta de ideias e no movimento popular de massas e, que devem atuar reciprocamente. Aprendi com os dois, que é preciso escutar muito e muito.

Como sua experiência de enfrentamento nas condições da ditadura militar pode contribuir na missão partidária?

Na ditadura era mais fácil identificar o inimigo comum do povo, aqueles que entravam para o Partido estavam dispostos até doar a vida pela causa.

Hoje as condições históricas são outras, mudanças na materialidade e subjetividade da classe trabalhadora, que se processa na terceira revolução técnico e cientifica, é mais complexa a luta de ideias, por que são mais fáceis as cooptações e ilusão de classes e não são tão somente os canhões, mas sim o poder midiático, das poucas multinacionais de comunicação e o capital financeiro, que desestabilizam e provocam derrubadas de governos.

No entanto, penso que caminha tendencialmente a nosso favor. A geopolítica no mundo se altera, no sentido da multipolaridade. Por exemplo, a conformação dos BRICS e as mudanças políticas e sociais que estão ocorrendo na A.L. emitem luzes para o mundo todo.

Por isto se faz necessário ao mesmo tempo de romper com o dogmatismo como também com o pragmatismo, enfrentar o grande desafio histórico de construir um verdadeiro partido comunista de massas, moderno, do nosso tempo, estruturado sustentado pelos quadros e por milhares de militantes. Temos a convicção que somente um partido com estas características junto ao povo, é que pode se tornar força dirigente na luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento em transição para o socialismo.

Você que é uma liderança sindical, como vice-presidente da FSM e membro da Executiva da CTB, e no PCdoB como Secretário Nacional Sindical; o que tudo isto pode influenciar na sua condução à frente do PCdoB no Rio?
Sem duvida nenhuma, fortalecer o Partido entre os trabalhadores e trabalhadoras, com a centralidade do local de trabalho, mas trazer gente também das comunidades, dos morros, e periferias como também das regiões e de “classe média”, assim teremos mais contato com realidade do Rio e com a heterogeneidade da classe trabalhadora. Por isto se faz necessário também reforçar os trabalhadores e trabalhadoras no Partido e na luta política. Isto vai demandar deslocar mais os nossos quadros e militantes sindicais organizados em comitês de categorias a reforçar os distritais, municipais a atuar politicamente em sua região de moradia. Por isto, devemos manter o papel das frações, para unificar a nossa atuação no sindicato, ter e como centralidade o fortalecimento do partido no interior das empresas. Sem ferir a autonomia das entidades sindicais, e a justa combinação com o papel dos núcleos de bases da CTB, de massas, para a disputa da hegemonia sindical. Vamos abrir este debate no processo da realização do 5° Encontro Sindical Nacional, que vai acontecer aqui no Rio de Janeiro nos dias 13 e 14 de maio próximo.

Você assume a presidência do PCdoB, função exercida pela camarada Ana Rocha desde 1995. Desde 2011, você foi eleito vice-presidente sinalizando esta transição. Qual a sua leitura deste processo?
A camarada Ana Rocha, por assumir uma tarefa no Executivo como secretária da Mulher se licencia da direção. A camarada Ana Rocha, coerente com sua concepção de Partido, trabalhou de forma muito consciente e com muito desprendimento e tranquilidade a transição na direção no Partido. Isto criou as condições para que assumisse a nova tarefa, aprovado com unanimidade pelo pleno do estadual. Esse processo de transição e renovação na direção está ocorrendo nos principais estados da Federação.

Quais os principais desafios para o PCdoB no Rio de Janeiro em 2013?
Dois grandes desafios este ano que deve envolver as direções e toda militância, que é a convocação do 13°Congresso Nacional do Partido, e se preparar para o projeto eleitoral de 2014. Com certeza vão ser momentos de grande mobilização política do Partido e devemos inter-relacionar estas duas tarefas.

O PCdoB no Rio hoje dirige três prefeituras, quais desafios você vê nesta perspectiva?
Uma grande conquista sob a direção de Ana Rocha, porém a consolidação da administração nestas prefeituras é tarefa mais complexa desafiadora, o Partido no Rio nunca teve estas experiências, e conta com lideranças novas nas prefeituras e que são carismáticas com grandes habilidades políticas. Transformar estas cidades em cidades mais humanas, serem exemplos de gestões publicas, com planejamento, voltadas exclusivamente para os interesses da população, vai valer mais do que muitos discursos, jornais, sites, blogs, para o partido ganhar a confiabilidade do povo carioca.

Na capital viveremos um momento difícil com a derrota na eleição para vereador e com a saída de Roberto Monteiro do partido. Quais perspectivas você vê para o PCdoB na cidade do Rio de Janeiro?
Na capital sofremos um revés com a saída do ex-vereador Roberto, foi uma grande perda para o Partido. Isto tem mais relevância, quando somente a capital gera 62% do PIB e tem 53,4% da população da Região Metropolitana. Mas, importantes passos estão sendo tomados pela direção municipal, no sentido da unidade, estruturação e reforçar sua inserção social nas massas. Vejo que o partido na capital é chave para o protagonismo do PCdoB e nosso projeto politico no estado.

O PCdoB tem importantíssimos vereadores, vereadoras, deputados, deputadas, onde se destacam Jandira Feghali e a Enfermeira Rejane: como os parlamentares podem contribuir para o fortalecimento do partido?
Atuarei para que as lideranças como Jandira Feghali, a deputada estadual Rejane e demais vereadores e vereadoras, testadas nas urnas, fortaleçam o vinculo de seus mandatos a serviço do projeto do partido. A construção da unidade partidária, vai se desenvolver no debate franco e aberto em torno do projeto político. Neste momento está colocado o desafio de construção de uma plataforma política que responda os interesses do povo, para combater as grandes desigualdades sociais. Devemos tomar como base a luta pelo Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, que o nosso Partido propõe, fundamentado no progresso social, na soberania nacional, aprofundamento da democracia, sustentabilidade ambiental e valorização do trabalho. Devemos traduzir o Novo Projeto para a atual situação do Rio, segundo suas particularidades e potencialidades, de retomada do desenvolvimento, após as grandes perdas com o deslocamento da capital federal para Brasília e agravadas pelo período de ditadura e o neoliberalismo. Podemos elaborar uns 10 pontos e debater com as bases, lideranças políticas, nos municípios polos, com a sociedade, e buscar maior protagonismo na luta política e social.

Aqui no Rio temos uma presença forte nos movimentos sociais, de trabalhadores, mulheres, da luta contra o racismo, de juventude: como o PCdoB pode ser mais ativo nestas lutas?
O quadro político eleitoral em nosso estado para 2014 ainda não está definido, muita água ainda vai rolar embaixo da ponte. Vamos ter como ponto de partida, a reeleição de Dilma, pois vai ser vital para avançar a luta por um novo projeto de Nação, o ciclo histórico de mudanças iniciado por Lula, que foi fator determinante para a defesa dos interesses nacionais, do nosso povo, e da AL. Tendo isto claro, penso, que a plataforma política é que deve ser a base das conversações na construção de nossa política de alianças e defender os nossos interesses, isto é, onde o partido pode acumular mais forças. Queremos eleger no mínimo dois federais e três estaduais e termos autoridade política para pleitear uma posição no majoritário.

Esta plataforma também deve ser a conexão da nossa luta parlamentar no âmbito federal e estadual, como também nos espaços institucionais de governos, com as lutas travadas nas organizações sociais onde temos maior influencia, CTB, UEE, UMES, FAMERJ, UNEGRO, UBM, entre outras, assegurando o papel distinto de cada uma destas frentes. Buscar aliados também nos movimentos sociais e na esquerda em torno destes nossos objetivos será fundamental, não só para o nosso protagonismo, mas da classe trabalhadora e das forças progressistas do Rio de Janeiro.

O Partido está implantado no estado em 85 dos 92 municípios e tem seus órgãos estaduais em pleno funcionamento. Como será a dinâmica partidária?
Vai ser no fogo destas lutas é que devemos fortalecer o partido, política e ideologicamente, enfrentar os problemas de estruturação, fortalecer os municipais, e também os distritais na capital, para com o intuito, de formar redutos eleitorais. Faz-se necessário se apoiar e escutar mais as direções locais, se utilizar do método da persuasão, do convencimento político, porque esta é a forma mais correta e eficiente de mobilizar todo o Partido, para sairmos vitoriosos em torno de nosso projeto político para 2014. Neste mesmo esforço, está em incrementar nossa propaganda para dentro e fora do Partido, fortalecer a formação dos filiados, militantes e quadros e, resolver um grande gargalho que temos que é a finanças, com a contribuição militante através do sistema Sincom, das contribuições especiais de dirigentes, dos amigos do Partido e outras formas mais criativas.

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