sexta-feira, 6 de abril de 2012

O slogan do governo Rosinha: Minha cidade meu amor! Será?

Superlotação do HFM agrava com poucas vagas


Ulli Marques

Arquivo/ Folha da Manha

Sempre alvo de muitas críticas no que diz respeito à superlotação, o Hospital Ferreira Machado (HFM) agora entra na mira dos usuários das redes sociais. Nas últimas semanas, fotos dos corredores do hospital repletos de macas foram divulgadas na internet. O problema, segundo os responsáveis pelo hospital, acontece devido à má distribuição de vagas para pacientes nos hospitais credenciados e a situação foi parar no Ministério Público Estadual (MP) no ano passado, que confirma em caso de de não implantação do núcleo pelos hospitais, os responsáveis serão presos. Os internautas têm feito comparativo com o Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop), que recebeu um investimento de R$ 68 milhões da Prefeitura e a saúde, no entanto, ainda parece carecer de verba.

Os pacientes e acompanhantes internados no HFM confirmam a superlotação. A mãe de um jovem que sofreu acidente na última terça-feira, que preferiu não se identificar, informou que seu filho, com escoriações graves por todo o corpo, permanecia no corredor do hospital 24h, após o acidente.

— O caso dele é grave e os médicos não tiveram um local adequado para colocar o meu filho. Ele está exposto no corredor e não temos como transferí-lo para outro hospital — explicou.

O diretor clínico do HFM, Leonardo Ferraz, disse que a superlotação acontece devido aos problemas decorrentes da Central de Regulação de Pacientes. Segundo ele, os hospitais conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS) — Santa Casa de Misericórdia, Beneficência Portuguesa, Hospital Escola Álvaro Alvim e Plantadores de Cana — deveriam disponibilizar, através da Central, pouco mais de 3 mil internações, 60 mil consultas especializadas e 40 mil exames de média e alta complexidade por mês. No entanto, na prática isso não acontece.

— O HFM tem o objetivo de atender a Emergência Vermelha. Quando um acidentado chega ao HFM, realizamos os primeiros socorros e  cirurgias  de emergência. Qualquer outro procedimento, como cirurgias ortopédicas e reparadoras, deve ser feito nos hospitais conveniados. O problema é que, após o nosso atendimento inicial, os outros hospitais não cumprem com o acordo — explicou, lembrando que o HFM possui 180 leitos, mas por conta da demanda diária, outras cerca de 50 pessoas acabam nos corredores.

Hospitais aguardam instalação do serviço

O atual secretário municipal de Saúde, Geraldo Venâncio, disse que a Central de Regulação de Pacientes funciona para evitar a superlotação nas unidades.

 — A Central funciona em âmbito estadual e cuida da parte de procedimentos de Terapia Intensiva e em nível municipal, responsável pelo número de leitos. Na admissão dos pacientes, ela que irá dizer para onde a pessoa será enca-minhada —  explicou.

Venâncio acrescentou que, apesar de estar em funcionamento, o  município ainda carece de leitos nas unidades de saúde.

Dos quatro hospitais conveniados com o SUS,  apenas dois se posicionaram em relação ao problema. Os seus diretores afirmam que o acordo está sendo cumprido.

De acordo com o diretor do Hospital Escola Álvaro Alvim, Jair Araújo Júnior, existem 32 leitos no hospital disponi-bilizados para os pacientes do SUS, através da regulação de pacientes.

— O núcleo de regulação da Prefeitura ainda não foi implantado na instituição — disse Jair Araújo.

Já o diretor da Sociedade Portuguesa de Beneficência,  Jorge Miranda, explicou que 150 leitos estão disponíveis para o SUS. A respeito do núcleo, Jorge informou que há três anos existe um setor que informa à Central de Regulação a respeito das vagas, mas não foi implantado pela Prefeitura.

A Folha da Manhã tentou  contato por telefone com o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Campos e presidente da Federação dos Hospitais Filantrópicos do Estado do Rio, Benedito Marques, e a direção do Hospital Plantadores de Cana na manhã da última quinta-feira, mas não teve sucesso. A reportagem contactou por telefone e e-mail a secretaria municipal de Saúde, mas não recebeu resposta até o fechamento da matéria.


Cada instituição implantaria o seu núcleo

Uma ação foi movida pelo promotor de justiça Marcelo Lessa, da 2ª Promotoria de Tutela Coletiva, do Ministério Público Estadual.

De acordo com Lessa, em novembro do ano passado, aconteceu uma reunião com a prefeita, Rosinha Garotinho, o então secretário municipal de Saúde, Paulo Hirano, representantes do Complexo Regulador em Saúde e diretores dos hospitais credenciados com o objetivo de solucionar o problema e acabar com a superlotação no HFM. Na ocasião ficou acertado que, cada um dos quatro hospitais credenciados iria implantar um núcleo para garantir que os leitos disponíveis sejam usados pelos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

— Os representantes da Prefeitura e dos hospitais garantiram que a medida resolveria o problema, no entanto, ainda não obtive uma resposta positiva ou negativa a respeito desse núcleo de regulação. Enviei um ofício para esses hospitais cobrando uma resposta. É importante lembrar que, caso eu tenha conhecimento do não cumprimento do acordo, vou mover uma ação civil pública, com o apoio da Polícia Militar, e prender os responsáveis — destacou o promotor de justiça, Marcelo Lessa.

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