Após série de confusões, Prefeitura decide suspender concurso público
Ulli Marques
Tumulto, desorganização, revolta e
denúncias marcaram o dia de realização das provas da Prefeitura
Municipal de Campos. Na última sexta-feira, o juiz Marco Antônio de
Moura Britto, da 3ª Vara Civil de Campos, concedeu uma liminar pedindo a
suspensão do concurso, tendo como base problemas no edital, em relação
aos locais onde as provas seriam realizadas. Na ocasião, a prefeitura
recorreu à decisão judicial e o concurso foi mantido. No entanto, as
falhas no processo seletivo organizado pelo Centro de Produção da Uerj
(Cepuerj) e a confusão gerada em algumas unidades de ensino onde
deveriam ter sido realizadas as provas, levou à decisão da prefeitura de
suspender, por tempo indeterminado, o concurso de nível médio, técnico e
superior.
Pela manhã, a confusão aconteceu na
Universo e da Faculdade de Direito de Campos (FDC). Nos locais, os
candidatos reclamavam de atraso, falta de provas, vazamento de
informações, inscritos sem o Cartão de Confirmação de Inscrição,
remanejamento de salas e a violação das provas. Na parte da tarde, a
Faculdade de Filosofia de Campos (Fafic) também serviu de cenário para o
tumulto e revolta.
Por volta de 16h30, os 53 mil candidatos
de todos os 26 pontos de aplicação da prova receberam a informação de
que o concurso teria sido suspenso. Mais tarde, a secretária de
Planejamento, Ana Lúcia Boynard e o procurador da Universidade Estadual
do Rio de Janeiro (Uerj), Leonardo Rocha, deram um pronunciamento na
sede da Prefeitura Municipal de Campos confirmando a suspensão. De
acordo com a secretária, a suspensão foi determinada em função da
identificação de falhas na organização e aplicação das provas pela
instituição contratada. O procurador da Uerj disse que acatou a decisão
da prefeitura de suspensão nas cidades de Campos e Rio de Janeiro. Ele
disse ainda que a prefeitura não foi a responsável pelas falhas no
processo seletivo e que a medida foi tomada para garantir a integridade
do concurso. Segundo ele, as causas estão sendo investigadas em
procedimento interno. De acordo com o secretário de Comunicação Social,
Sérgio Cunha, uma nova data deve ser divulgada dentro de uma semana, sem
prejuízos aos candidatos inscritos.
Candidatos de todos os cantos do Brasil
Candidatos de Belém do Pará, Piauí,
Cuiabá, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Minas Gerais que vieram até
Campos para fazer o concurso da prefeitura estavam indignados com a
falta de organização nos locais de prova. Muitos foram até a 134ª
Delegacia de Polícia do Centro para registrar ocorrência e,
posteriormente, pedir o ressarcimento do dinheiro através de processo
judicial.
A fisioterapeuta Marjorie Grazioli, 22 anos, tomou conhecimento do concurso através da internet e veio do Rio Grande do Sul para realizar a prova. Segundo ela, os gastos com passagem de ônibus e hotel somam mais de R$ 400. “Isso é uma falta de respeito com as pessoas que vieram de outros estados para realizar essa prova. Eu quero o dinheiro que eu gastei para vir até aqui e também o dinheiro da inscrição, porque não pretendo retornar à Campos para fazer outra prova”, disse Marjorie.
No entanto, os candidatos não puderam registrar a ocorrência na delegacia. De acordo com o delegado de plantão, a confusão no concurso público não é considerado crime pela Polícia Civil.
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