Daniella afirmou ainda que o Tamar foi implantado na região em 1992 e libera, por temporada reprodutiva, 70 mil filhotes. “A cada mil filhotes, no máximo dois chegam à fase adulta. Por isso, tentamos minimizar os impactos causados pelo homem, que é ainda o maior predador da tartaruga”, afirmou ela, destacando que a temporada vai de setembro a março de cada ano e o ovo demora, em média, 60 dias para eclodir.
As ameaças às tartarugas marinhas começam antes mesmo de elas nascerem. Muitos ninhos ficam em praias movimentadas e podem ser pisoteados ou atacados por animais domésticos. A iluminação artificial é outro problema, pois desorienta os filhotes, que podem morrer por desidratação, e ainda pode espantar as mães que estão prestes a desovar.
Daniella disse que durante o verão haverá soltura de filhotes toda quinta-feira, às 17h, em frente ao estande da secretaria de Meio Ambiente. “Nesse período, na parte da manhã, também haverá soltura diária no cercado de incubação no Farol”. Em cada base, segundo Daniella, há equipes trabalhando o ano inteiro, formadas por biólogos, trainees, agentes e tartarugueiros.
De setembro a março, o litoral brasileiro é visitado por quatro das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no país (a tartaruga-verde se reproduz em ilhas oceânicas de dezembro a julho). As mães voltam às praias onde nasceram para cavar um buraco e deixar seus ovos. Assim que os filhotes nascem, começa sua jornada em direção ao oceano e à maturidade, mas apenas uma pequena parcela conseguirá chegar à idade adulta.
Evitar a extinção da espécie é principal meta
O objetivo principal do projeto Tamar é evitar a extinção das tartarugas-marinhas e promover a conservação ambiental. Anualmente, o projeto monitora cerca de 18 mil desovas em mais de mil quilômetros de praia. As 23 bases instaladas em nove estados brasileiros trabalham na proteção de aproximadamente um milhão de filhotes a cada nova temporada. O Tamar se tornou o mais antigo projeto ambiental patrocinado pela Petrobras. Os filhotes soltos pelo Tamar na década de 1980 já estão voltando hoje para desovar. A ideia do projeto surgiu nos anos 70 através de um grupo de estudantes de oceanografia que viajavam para praias desertas para realizar pesquisas. Naquela época, no Atol das Rocas, os pesquisadores documentaram pescadores matando tartarugas-marinhas. Fotos e alguns relatórios foram enviados às autoridades, que estavam querendo iniciar um programa de conservação marinha, dando início ao programa que se desdobrou no Projeto Tamar, fundado em 1980.
Fernanda Moraes www.fmanha.com.br
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