domingo, 13 de janeiro de 2013

O povo é pobre, mas o setor imobiliário em expansão


O excelente momento do mercado imobiliário se estende às cidades com potencial de crescimento por conta dos investimentos em petróleo e principalmente pela chegada dos grandes empreendimentos — Superporto do Açu e Complexo Farol-Barra do Furado.
Campos é uma dessas cidades que vêm registrando um crescimento vertical, principalmente na área nobre. O aumento da oferta de emprego gera uma demanda maior por imóveis, puxando uma onda de valorização imobiliária e futuramente um crescimento desordenado, devido à falta de infraestrutura do município.

Bairros tradicionais próximos ao centro da cidade estão mudando de perfil com o surgimento de edifícios de luxo, como ocorre na Pelinca e parques Tamandaré e Dom Bosco. Neles, no local de antigas casas em terrenos de 400m², estão sendo construídos prédios residenciais, comerciais e de hotelaria. De acordo com informações de especialistas do setor imobiliário, nos endereços onde moravam de três a sete pessoas, as tradicionais casas espaçosas em centro de terreno dão lugar a prédios com dezenas de famílias.

Em prática, todos os bairros da área central da cidade estão com frentes de obras em pleno andamento. A expansão se constata pelos inúmeros lançamentos imobiliários realizados no ano passado e que foram impulsionados pelo crescimento da economia e pela maior oferta de crédito habitacional. De acordo com o diretor da Terreplan, Marco Esposel, o preço de alguns imóveis na cidade chegou a dobrar nos últimos meses. Ele informou que o primeiro trimestre de 2013 será satisfatório, com lançamentos de novos empreendimentos.

—  O setor está crescendo e a clientela vinda de outras cidades e cada vez mais exigente tem feito com que o mercado tenha uma boa rentabilidade. Hoje, são inúmeros os imóveis sendo construídos e, para os próximos meses, estão previstos mais lançamentos em diversas áreas da cidade  — disse o diretor.

O Sindicato da Construção Civil de Campos informou que só na área da Pelinca estão sendo construídos 14 novos prédios e, em função disso, tem aumentado o número de empregos. Para o presidente do sindicato, José Eulálio, a mão de obra de operários tem sido valorizada. “Pelos dados que temos aqui no sindicato, estão, hoje, empregados cerca de três mil pessoas na área de construção civil, o que para a nossa classe é muito importante. Sabemos que 2013 será um ano promissor, com vários lançamentos previstos para a cidade”, informou.

Financiamento acelera compra de imóveis

O ano de 2012 foi marcado pela forte desaceleração do crédito imobiliário. Pesquisas mostram que o setor de imóveis encerrou o período com quedas no número de vendas e lançamentos, na comparação com o ano anterior.

Para o presidente da Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Octávio de Lazari Junior, porém, a chegada do ano novo pode ser vista com otimismo para interessados no setor. De acordo com ele, o crédito imobiliário no Brasil ainda deve crescer, e muito, durante os próximos anos.

Com níveis de inadimplência estáveis e baixos, em torno de 1,5%, Lazari afirma que os bancos brasileiros continuam propensos à liberação do crédito imobiliário.

Segundo ele, a fase de reduções no setor é, na verdade, uma espécie de amadurecimento para o empresariado. Isso porque a desaceleração serviu como um freio de arrumação necessário para que as empresas se reorganizem após problemas operacionais.

Sendo assim, a expectativa para o mercado de imóveis é que haja um crescimento mais sustentável a partir de 2013, sem grandes e bruscas variações. Os bancos estão otimistas à espera dos clientes.

Crescimento somente com sustentabilidade

O crescimento do município tem sido visto com bons olhos pela maioria dos empresários do ramo imobiliário, mas, em contrapartida, alguns pontos estão sendo esquecidos pelos responsáveis pela gestão do município. Segundo o economista e professor da Universo Fernando Batista, o crescimento é bom, mas deve ser feito com sustentabilidade. Ele acredita que se não houver infraestrutura necessária nos bairros em que os empreendimentos estão sendo construídos, daqui a alguns anos a ci-dade ficará insustentável.

— Hoje, esse crescimento imobiliário pode até parecer bom, com alta valorização dos imóveis, mas se não houver um Plano Diretor eficaz que possa proporcionar dignidade para a população, temo pelo crescimento desordenado de Campos. Além disso, a infraestrutura da cidade tem que, desde já, ser repensada. Hoje, o trânsito é caótico, a questão de saneamento também não é nada favorável em muitos bairros. Espero que esse desenvolvimento venha com responsabilidade — declarou. 

Segundo a secretaria de Comunicação de Campos, qualquer tipo de projeto que chega à secretaria de Obras apresenta anuência das concessionárias informando que há estrutura para atender aqueles empreendimentos. “São bairros preparados para receber este crescimento e isso está acontecendo de forma ordenada”, disse o coordenador de Infraestrutura, César Romero.

Jane Ribeiro www.fmanha.com.br

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