quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Mais de 200 anos de Tradição que une mouros e cristãos

O cuidado do Capitão dos mouros na calçada de sua casa, arrumando a cela do cavalo Gigante, revela a destreza de quem há mais de 30 anos se dedica à Cavalhada, sendo os últimos 18 anos à frente do grupo vermelho. Essa era a atividade desempenhada por Joel Rita da Silva, de 47 anos, na tarde de ontem pouco antes da Cavalhada de Santo Amaro, que ocorreu no campo de futebol do distrito. Tendo visto seu pai capitão na Cavalhada, Joel agora tem um filho cavaleiro. E é assim que a Cavalhada de Santo Amaro se mantém por séculos.

O adolescente Luan Souza Oliveira, 12 anos, é um dos tantos exemplos semelhantes ao do atual Capitão dos Mouros. Ele participa da Cavalhada desde os 9 anos, tendo na lembrança da infância a vivência do avô João Pelegrino, que participou durante anos da Cavalhada, chegando a Capitão dos Cristãos, e dos tios José e Rosenei. Atualmente, treinado por Joel, Luan conseguiu superar sua dificuldade com o salto durante a apresentação.

A mãe do adolescente, Conceição de Maria Souza Oliveira, 45 anos, disse que as famílias do distrito de Santo Amaro se mantêm bastante ligadas à tradição da Cavalhada. “Vejo que todas as pessoas estão muito ligadas à Cavalhada de Santo Amaro. Uma dificuldade que noto é em relação aos cavalos, já que hoje em dia é preciso estar com todos os exames veterinários em dia”, explicitou.

Segundo informações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), há a possibilidade de a Cavalhada ser registrada pelo órgão como patrimônio imaterial através do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), porém sem previsão de que isso ocorra ainda esse ano.

A Cavalhada de Santo Amaro deste ano, haja vista seu reconhecimento cultural fora das fronteiras do município de Campos, contou com a presença de uma equipe de historiadores contratada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) para atualizar um Guia do Folclore Fluminense, escrito pela pesquisadora Cáscia Frade, em 1985. Dentro do guia há várias vertentes sobre diversas manifestações culturais, entre elas Carnaval, Folia de Reis e Cavalhada de Santo Amaro.

Mestre em Políticas Sociais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), Gisele Marques Gonçalves, escreveu sua dissertação de mestrado sobre a Cavalhada e políticas públicas. Entretanto, no livro “A Cavalhada de Santo Amaro: Uma Tradição da Baixada Campista” que será lançado no final do ano pela editora Essentia, ela escreve basicamente sobre a história da Cavalhada. Por ter acompanhado por dois anos as atividades dos cavaleiros de Santo Amaro, Gisele conhece as adequações culturais pelas quais essa manifestação popular passou ao longo dos últimos anos em função da necessidade ou pelo surgimento de facilitações.

— Por exemplo, as flores que ornamentam os cavalos não são feitas mais com papel, porque em uma Cavalhada choveu e as flores se desmancharam. Então, passou-se a utilizar plástico. As roupas dos cavaleiros tinham os paetês costurados um a um sobre o tecido. Hoje em dia, um pano bordado com paetês é comprado para enfeitar as roupas, o que acaba por facilitar o trabalho das costureiras — disse, acrescentando que durante a apresentação, em determinado momento, era costume ter um animal dentro de uma peça, mas por determinação do IBAMA não é mais usado animal. Tudo isso, entretanto, não significa a perda da identidade, haja vista que a festa revela traços culturais importantes para a comunidade de Santo Amaro.
Sertanejos participam da festa de Santo Amaro

Depois de romaria, missa, Cavalhada e show com padre Fábio de Melo, ontem, no dia do Padroeiro da Baixada Campista, hoje, a Festa de Santo Amaro recebe a dupla César Menotti e Fabiano, a partir das 21h. A programação da festa que une fé, cultura e entretenimento foi elaborada pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL).

A dupla César Menotti e Fabiano coleciona recordes de público e de vendas. Em 2005, após fechar contrato com a gravadora Universal Music, lançaram o CD e DVD Palavras de Amor (ao vivo), gravado em Belo Horizonte, no Café Cancun. Essa obra inaugurou uma nova fase na carreira da dupla. A mistura de moda de viola, música sertaneja e pop emplacou hits como “Leilão”, “Caso marcado”, “Mensagem pra ela” e “Bão Tamém”.

O CD vendeu 300 mil cópias e o DVD mais de 160 mil cópias, conferindo à dupla o título de CD e DVD sertanejos mais vendidos de 2006. Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Disco (ABPD), César Menotti e Fabiano ficaram em terceiro no ranking da lista de CD e DVD mais vendidos de 2007. Os números expressivos de vendagem chamaram atenção da imprensa e a dupla participou de diversos programas televisivos naquele ano e nos anos seguintes.


Talita Barros www.fmanha.com.br

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