quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Em nome do desenvolvimento e do lucro fácil é destruida a subsistência e a identidade do povo do Açuo

Salinização constatada no Açu

O grupo EBX será punido com medidas corretivas pela secretaria de Estado do Ambiente por conta do aumento da salinização da água na região do 5º Distrito, em São João da Barra, onde é construído o Superporto do Açu, segundo informou ontem o secretário Carlos Minc. No final de 2012, produtores rurais fecharam a RJ 040, que dá acesso ao complexo portuário, para protestar contra o que chamam de “desertificação”. A situação foi denunciada pelo blog Esdras, hospedado na Folha Online.

Um estudo feito pela Uenf apontou que a construção do porto provocou um aumento do teor de sal na água da região, incluindo lençóis freáticos e lagoas, sendo causado pe-la dragagem de areia do fundo do mar. Minc informou que os detalhes da punição serão apre-sentados na próxima semana pela secretaria e pelo Instituto do Ambiente (Inea). “Verificamos problemas de aumento de salinização no Açu com base em um estudo da universidade (Uenf) e na semana que vem vamos anunciar as medidas corretivas”, afirmou Minc.

De acordo com produtores rurais, a situação em Água Preta, no 5º Distrito, é critica. As lavouras de quiabo e abacaxi, segundo eles, estão perdidas, as folhagens secas e o produto não se desenvolve. O produtor Roberto de Almeida, 50 anos de idade e 43 de manejo com a terra, disse nunca ter visto uma situação igual.

— Hoje, estamos perdendo nossa lavoura. Amanhã, estaremos perdendo nossas vidas, porque a salinização já está atingindo o solo. Antes, um pé de quiabo durava dois anos. O abacaxi está seco e as folhas, que sempre foram verdinhas, estão queimadas. Não somos contra o progresso, somos contra o desrespeito — disse.

A LLX informou, por meio de nota, que é feito um monitoramento dos níveis de salinidade em mais de 40 pontos si-tuados na área de influência do Superporto do Açu, de acordo com as exigências do licenciamento. A empresa também possui convênio, desde 2010, com universidades locais, co-mo a UFRRJ, para monitoramento dos canais utilizados pa-ra irrigação, sem qualquer indicação de alteração da atividade agrícola. A empresa informa, ainda, que firmou parceria com universidades e especialistas em meio ambiente para ampliar o monitoramento na área.

Protesto de produtores fechou RJ 040

Com medo de o problema se intensificar, os produtores rurais do 5º Distrito fecharam, em dezembro do ano passado, a RJ 040, que dá acesso ao Complexo Portuário do Açu. O protesto foi contra o que chamam de “desertificação” do Açu, em decorrência do processo de salinização da região, com as obras do porto.

Cerca de 70 pessoas, entre produtores e familiares, com o apoio do Movimento dos Sem Terra, interromperam a passagem dos veículos munidos de tratores, faixas e plantações perdidas.

Na época do manifesto, a pesquisadora da UFF Ana Costa informou que existe uma ação civil pública impetrada pelo Ministério Público, pedindo ao Inea informações sobre o problema. “O Inea terá que se explicar, porque não se pode dar uma autorização, sem um estudo prévio. Precisamos de uma resposta”, disse ela, no dia do protesto.
Jane Ribeiro

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