Salinização constatada no Açu
Um estudo feito pela Uenf apontou que a construção do porto provocou um aumento do teor de sal na água da região, incluindo lençóis freáticos e lagoas, sendo causado pe-la dragagem de areia do fundo do mar. Minc informou que os detalhes da punição serão apre-sentados na próxima semana pela secretaria e pelo Instituto do Ambiente (Inea). “Verificamos problemas de aumento de salinização no Açu com base em um estudo da universidade (Uenf) e na semana que vem vamos anunciar as medidas corretivas”, afirmou Minc.
De acordo com produtores rurais, a situação em Água Preta, no 5º Distrito, é critica. As lavouras de quiabo e abacaxi, segundo eles, estão perdidas, as folhagens secas e o produto não se desenvolve. O produtor Roberto de Almeida, 50 anos de idade e 43 de manejo com a terra, disse nunca ter visto uma situação igual.
— Hoje, estamos perdendo nossa lavoura. Amanhã, estaremos perdendo nossas vidas, porque a salinização já está atingindo o solo. Antes, um pé de quiabo durava dois anos. O abacaxi está seco e as folhas, que sempre foram verdinhas, estão queimadas. Não somos contra o progresso, somos contra o desrespeito — disse.
A LLX informou, por meio de nota, que é feito um monitoramento dos níveis de salinidade em mais de 40 pontos si-tuados na área de influência do Superporto do Açu, de acordo com as exigências do licenciamento. A empresa também possui convênio, desde 2010, com universidades locais, co-mo a UFRRJ, para monitoramento dos canais utilizados pa-ra irrigação, sem qualquer indicação de alteração da atividade agrícola. A empresa informa, ainda, que firmou parceria com universidades e especialistas em meio ambiente para ampliar o monitoramento na área.
Protesto de produtores fechou RJ 040
Com medo de o problema se intensificar, os produtores rurais do 5º Distrito fecharam, em dezembro do ano passado, a RJ 040, que dá acesso ao Complexo Portuário do Açu. O protesto foi contra o que chamam de “desertificação” do Açu, em decorrência do processo de salinização da região, com as obras do porto.
Cerca de 70 pessoas, entre produtores e familiares, com o apoio do Movimento dos Sem Terra, interromperam a passagem dos veículos munidos de tratores, faixas e plantações perdidas.
Na época do manifesto, a pesquisadora da UFF Ana Costa informou que existe uma ação civil pública impetrada pelo Ministério Público, pedindo ao Inea informações sobre o problema. “O Inea terá que se explicar, porque não se pode dar uma autorização, sem um estudo prévio. Precisamos de uma resposta”, disse ela, no dia do protesto.
Jane Ribeiro
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