terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Delegado se pronuncia sobre o assassinato de Cícero Guedes


A Polícia Civil continua as investigações da morte do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) de Campos, Cícero Guedes dos Santos, de 47 anos, executado a tiros. Ele foi encontrado morto na manhã do último sábado, em uma estrada vicinal, próximo à usina Cambaíba. De acordo com o delegado titular da 134ª Delegacia de Polícia, do Centro, Geraldo Assed, o crime pode ter sido motivado por disputa de terras.

— A gente já tem uma linha de investigação com alguns suspeitos e temos o prazo máximo de 30 dias para concluir o inquérito com autoria definida. Estamos em uma fase preliminar, mas acreditamos que provavelmente tenha algumas coisa relacionada a terra — explicou ao ressaltar que foi feito um pedido de quebra de sigilo telefônico da vítima devido ao depoimento de seu filho, que disse que o pai teria saído de casa após receber uma ligação.

Ainda segundo o delegado Geraldo Assed, outra linha de investigação a ser seguida é a questão das ameaças aos assentados. “Tiveram registros de ameaças, só que não configurava o Cícero como vítima, outras pessoas do acampamento que teriam sido vítimas. Mas, de qualquer forma, é uma linha a ser seguida. Estamos nos aprofundando nesse sentido para concluirmos o inquérito”, concluiu.
 
No início desta tarde, aconteceu uma coletiva na sede do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindpetro-NF) que contou com a presença do delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), José Otávio Câmara; a coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio de Janeiro, Marina Santos; a advogada da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap), Mariana Trotta, que está dando suporte jurídico ao caso; além de três dos cinco filhos de Cícero e um dos diretores do Sindpetro-NF, Luiz Carlos Mendonça.
 
— A gente já tem uma linha de investigação com alguns suspeitos e temos o prazo máximo de 30 dias para concluir o inquérito com autoria definida. Estamos em uma fase preliminar, mas acreditamos que provavelmente tenha algumas coisa relacionada a terra — explicou ao ressaltar que foi feito um pedido de quebra de sigilo telefônico da vítima devido ao depoimento de seu filho, que disse que o pai teria saído de casa após receber uma ligação.

Ainda segundo o delegado Geraldo Assed, outra linha de investigação a ser seguida é a questão das ameaças aos assentados. “Tiveram registros de ameaças, só que não configurava o Cícero como vítima, outras pessoas do acampamento que teriam sido vítimas. Mas, de qualquer forma, é uma linha a ser seguida. Estamos nos aprofundando nesse sentido para concluirmos o inquérito”, acrescentou. Geraldo pontuou a dificuldade de colher o depoimento de algumas testemunhas pelo fato do medo. “Ouvimos algumas testemunhar e mais outras serão ouvidas. Porém, muitas delas ficam com medo de relatar alguns fatos. Estamos analisando a melhor forma de colher esses depoimentos”, concluiu.

Delegado Federal diz que vai acompanhar o caso até o fim:

Durante a coletiva, além da lembrança de Cícero, foi tratado o assunto da desapropriação de terras improdutivas. O delegado federal José Otávio Câmara disse que continuará acompanhando o caso até que haja um resultado. “Vamos cobrar das autoridades encarregadas da investigação para que se cheguem aos autores e mandantes do crime. Quero reafirmar o compromisso do governo federal para com a segurança dos acampados e que se conclua o mais rápido possível o processo de desapropriação da Usina Cambahyba”, disse.
A coordenadora Marina Santos ressaltou que Campos configura o maior número de terras improdutivas. “Infelizmente, o Cícero veio lutar pelo seu ideal em Campos, onde está a concentração do maior número de terras improdutivas e onde há uma rivalidade muito grande. É uma dor infindável pela perda dele”, afirmou.
A advogada Mariana Trotta ressaltou que está trabalhando com os acampados para diminuir o medo e eles possam colaborar nas investigações. “Estamos dando todo suporte para que os acampados não se sintam amedrontados. Iremos conversar com o delegado Geraldo Assed para ver a melhor forma de contribuir com as investigações”, disse.

Cícero era colaborador de projetos da UENF:

Em nota, a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) informou que Cícero Guedes era um importante colaborador de vários projetos de pesquisa e de extensão da universidade Ultimamente, Cícero participava do projeto de extensão “Agroeecologia e segurança alimentar — produção de alimentos com qualidade nos assentamentos de reforma agrária do Norte Fluminense”, coordenado pelo professor Luciano Canellas, do Núcleo de Desenvolvimento de Insumos Biológicos para Agricultura (Nudiba).
Em seu sítio, no assentamento Zumbi I, em Campos dos Goytacazes (RJ), Cícero sempre fez questão de resistir à tendência da monocultura da cana ou da criação de gado, diversificando sua produção com o cultivo de coco, abóbora e banana, por exemplo. Os últimos três projetos do professor Canellas financiados pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) tiveram a participação de Cícero.
O reitor Silvério de Paiva Freitas se uniu ao coro de vozes que pedem a rigorosa apuração do caso e a punição dos responsáveis pela morte do agricultor, cuja ligação com a Uenf remonta a sua participação na construção dos primeiros prédios do atual campus Leonel Brizola.

Mário Sérgio Júnior www.fmanha.com.br

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