domingo, 15 de junho de 2014

O desenvolvimento econômico e o Investimento Externo Direto

Por Vermelho online

Um dos grandes desafios para o Brasil crescer e desenvolver-se é aumentar a sua produtividade. Isto é feito, basicamente, pela incorporação de máquinas modernas, qualificação da mão de obra e adoção de formas mais eficientes de produzir. A riqueza produzida precisa ser melhor distribuída por meio de investimentos sociais e em infraestrutura, e da elevação da renda para quem vive de salários. A ideia básica para a consecução desse projeto é alavancar o investimento, quesito no qual os governos Lula e Dilma têm feito enormes esforços.

Tomemos como exemplo, o Investimento Externo Direto (IED). Mesmo com o cenário derrotista apresentado diuturnamente pelo noticiário econômico, em 2012 o Brasil ficou com 5% do IED global, percentual que teve pequena queda em 2013, caindo para 4,3%. O IED é fonte de financiamento voltado à produção, portanto de maior qualidade e pouco sujeito a fugas rápidas em casos de crise. 

Um dos fatores que segue impulsionando esses fluxos para o Brasil é o ambiente de liquidez internacional bastante elevado. Como os investidores veem o Brasil com um potencial de crescimento econômico duradouro e superior aos dos países ricos, o resultado é a manutenção do elevado fluxo de investimento estrangeiro.

Além da pilha de dinheiro que precisa ser investido, o Brasil é tido como uma economia de grande potencial, especialmente pelo seu grande mercado consumidor. O desafio é qualificar a aplicação desse recurso. "O Investimento Estrangeiro Direto deve contribuir para uma mudança estrutural para a igualdade", disse a secretária executiva da Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Bárcena, ao apresentar um relatório regional sobre o IED no período 2003-2013. De acordo com ela, esse “instrumento” deve ajudar a superar o grande desafio da região, que é a diversificação de sua matriz produtiva, com inovação, conhecimento e tecnologia. Vale ressaltar este alerta da Cepal, posto que ao lado de seu impulso positivo, o IED pode, também, implicar fenômenos negativos, como é caso da desnacionalização de setores estratégicos da economia, porque é frequente o seu ingresso no país por meio da aquisição de empresas. Por outro lado, é sempre grande o risco de aumento das remessas de lucro para o exterior, debilitando o balanço de pagamentos, com efeitos negativos para a economia nacional. 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz que, mesmo no período de maior turbulência da crise econômica internacional, o Brasil não deixou de receber IED. "De janeiro a março (de 2014) nós já temos, anualizado em 12 meses, US$ 65 bilhões (em IED)", declarou, pontuando que o país é um mercado "privilegiado" para esse tipo de aporte, por ter uma economia "sólida". "Nossa solidez pode ser vista pelo volume de reservas (internacionais)", avaliou. 

O ministro destacou ainda que a dívida externa brasileira de curto prazo está entre as menores do mundo. "A participação dos estrangeiros na nossa dívida pública é pequena, em torno de 17%", informou. De acordo com Mantega, mesmo na crise não houve redução na participação de estrangeiros na dívida brasileira, o que mostra que os estrangeiros "confiam e têm lucro na compra de títulos brasileiros". 

Uma das características mais marcantes do cenário de crise do capitalismo em plano global, que entrou em fase aguda em 2008, era a nova fase da economia dos países “emergentes”, bem distinta da histeria inaugurada nos anos 1980 pelos governos neoliberais de Margareth Thatcher (Reino Unido) e Ronald Reagan (Estados Unidos). Ali começou a pregação fundamentalista de que as “forças de mercado” substituiriam com sucesso a “vontade dos governos”. A justificativa para isso era a suposição arbitrária de que os defeitos dos governos seriam mais perversos à sociedade do que as falhas do mercado. 

A essa ideia somou-se outra: a de que os países menos desenvolvidos deveriam afrouxar os controles para a circulação de capitais especulativos em suas fronteiras, tese que serviu a ideologias que veem o mundo numa fase final da história, na qual só resta o caminho da conformação do eterno conflito entre ricos e pobres, entre centro e periferia. De acordo com esse raciocínio, a causa da pobreza de muitos não seria mais os instrumentos que garantem a riqueza de poucos. 

Passados seis anos desde que a crise ganhou proporções planetárias, este é, no fundo, o debate que realmente interessa ser travado para se contrapor o Brasil daqueles tempos neoliberais com o de hoje. A questão, evidentemente, comporta análises multifacetadas, mas o essencial é que o Brasil deve ter um crescimento contínuo, conceito que alguns chamam de “sustentável”. Para reduzir a pobreza, elevando a renda per capita, estudos mostram que o PIB precisa crescer entre 5% e 6% ao ano apenas para incorporar a mão de obra que está entrando anualmente no mercado de trabalho — além de absorver parte dos desempregados. Atrair investimentos é, assim, importante para desenvolver a economia no sentido apontado. 

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