Ulli Marques
A falta de medicamentos na Farmácia
Municipal, da secretaria de Saúde não é um problema recente. Denunciado
pela Folha da Manhã no mês de janeiro, a equipe de reportagem retornou
ao local ontem e a situação parece não ter sido solucionada. Pacientes
do Sistema Único de Saúde (SUS) que vão até o local à procura dos
medicamentos estão voltando para suas casas de mãos vazias.
A dona de casa Ivone Pereira Velasco, disse que está à procura de remédios para pressão alta, arritmia cardíaca, além de medicamentos tranquilizantes há cerca de quatro meses e a resposta é sempre a mesma.
A dona de casa Ivone Pereira Velasco, disse que está à procura de remédios para pressão alta, arritmia cardíaca, além de medicamentos tranquilizantes há cerca de quatro meses e a resposta é sempre a mesma.
— Confesso que estou cansada de ouvir as palavras “procedimento” e “licitação”, porque são sempre essas respostas que nos dão quando a gente chega aqui procurando algum remédio. Até mesmo aqueles de baixo custo, como AAS não estão disponíveis, no entanto, para uma mulher com dois filhos, desempregada e vivendo com os R$ 70 do programa Bolsa Família, qualquer valor é alto, principalmente quando sabemos que receber esse medicamento gratuitamente é nosso direito — reivindicou Ivone. Segundo ela, os medicamentos que ela procura e que estão em falta são Losatana, Omeprazol, Rivotril e Hidroclorotiazida.
O mesmo problema acontece com a doméstica Juremir Leal Ferreira. Todo mês ela vai até a Farmácia Municipal com o intuito de conseguir os medicamentos para sua mãe, Izaltina Leal, 92 anos, que está bastante debilitada por conta da idade avançada e do infarto que sofreu no ano passado. No entanto, a carência no local a obriga a gastar toda a aposentadoria da mãe e metade de seu salário com medicamentos.
— Minha mãe tem 92 anos, portanto ela deveria ter prioridade, mas não é isso que acontece. A impressão que dá é que depois que começaram essas obras por toda a cidade, a verba para a saúde diminuiu e a falta de medicamentos na farmácia cresceu. Preciso de um medicamento para hipertensão chamado Diovan que custa mais de R$ 100 e desde novembro eu não encontro na farmácia, o que fazer em uma situação como essa? — indagou Juremir.
Outros remédios também estão em falta na Farmácia Municipal, como o Leite Modulen, utilizado por pacientes com câncer, Dipirona Sódica, Amoxilina Suspensão, para infecções bacterianas, Atenolol de 25 e 50mg, para doenças cardiovasculares, metildopa, para combater hipertensão, metformina de 500 e 850mg e glibenclamida, para diabetes, entre outros.
De acordo com a assessoria de imprensa
da secretaria de Saúde, a Farmácia Municipal atende cerca de mil
pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) por dia, disponibilizando
ainda 331 itens da farmácia básica e de saúde mental, além de injetáveis
para todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) espalhadas pelo município
de Campos.
O
vice- prefeito de São Francisco de Itabapoana, Frederico Brabosa
Lemos, assumiu o governo após a prisão do prefeito Beto Azevedo (PMDB),
ele pediu a ajuda da população. Na manhã desta quinta-feira a Polícia
Federal de Campos deflagrou a “Operação Renascer”, que prendeu o
prefeito de São Francisco de Itabapoana, Beto Azevedo (PMDB), o atual e o
ex-secretário de Saúde, respectivamente, Cristiano Sales e Fabiano
Córdova, além do casal de empresários Fabel Silva e Juliana Meireles,
donos da Clínica Fênix. Todos os envolvidos são acusados de desviar
cerca de R$ 2,5 milhões, entre 2009 e 2011, de verbas federais do
Sistema Único de Saúde (SUS).
Ainda
de acordo com o delegado, os acusados podem responder por quatro
crimes: corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha e concussão,
que é quando alguém, podendo ser um funcionário público, exige para si
algum tipo de vantagem em cima de outra pessoa.
—
A Clínica Fênix recebe dinheiro do SUS pela prestação de exames que não
são realizados. Existe uma demanda artificial, que é inserida de forma
fraudulenta no sistema do SUS e gera pagamento por parte do Ministério
da Saúde, de recursos públicos federais, sendo que esses exames não são
realizados, isso é o que aponta a investigação até o momento. O
acréscimo é em torno de 500% acima do número normal de exames que, se
fossem mesmo realizados, nós poderíamos chegar a conclusão de que toda a
população está terrivelmente doente, a ponto de fazer muitos exames, ou
toda a população está tão bem de saúde que faz dois check ups anuais,
por exemplo — disse.
O prefeito já é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Saúde.
O
presidente da Câmara de São Francisco de Itabapoana vai aguardar um
comunicado da Justiça antes de dar posse ao vice-prefeito da cidade,
Frederico Barbosa Lemos (PR).