domingo, 5 de janeiro de 2014

Tudo bem na Campos da propaganda do governo! Falta remédio a transplantados

Um absurdo a falta de responsabilidade e de planejamento na saúde pública de Campos, como podemos ficar a mercê de pessoas que não dão a mínima para o povo campista.

Reportagem fmanha.com.br


A falta de medicamentos especiais na Farmácia Municipal do Centro de Saúde de Campos coloca em risco a vida de pacientes que passaram por transplante de rins. Segundo denúncia feita à Folha da Manhã, dois remédios usados contra a rejeição do órgão transplantado não foram distribuídos no último mês de dezembro. A secretaria municipal de Saúde teria alegado que a secretaria de Estado de Saúde não entregou os medicamentos. Os remédios em falta, de alto custo e complexidade, são de extrema importância para a saúde dos pacientes e a interrupção do tratamento pode causar uma rejeição crônica, trazendo complicações graves. Além de terem preços elevados, os remédios não são facilmente encontrados na rede particular.
Enquanto isso, o Programa Estadual de Transplantes (PET) comemora o recorde histórico com 27 doações de órgãos realizadas no mês de novembro.
O aposentado Ubirajara Kelly, de 61 anos, denunciou que não encontrou os remédios Ciclosporina (100mg) e Azatioprina (50mg) na unidade de saúde no último mês. Segundo o aposentado, a dosagem do primeiro medicamento é de duas vezes ao dia, totalizando 60 doses por mês, e a do segundo é de três vezes diárias, um total de 90 doses mensais. “Quem manda esses dois remédios é a secretaria de Estado de Saúde e eu pego todo mês no Centro de Saúde de Campos. É medicação especial fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), uma obrigação do Governo”, disse. De acordo com ele, no Centro de Saúde, funcionários teriam informado que os remédios não haviam sido repassados pelo Estado.
Ubirajara realizou um transplante de rim em novembro de 2007 e desde então precisa de medicamentos diários para evitar a rejeição do órgão. “Estou usando uma pequena reserva que ainda tenho, não posso ficar sem o medicamento de jeito nenhum. O risco é de rejeição do órgão, se isso acontecer eu posso ter que passar por outra cirurgia para a retirada do rim e retorno à hemodiálise. O risco é grave, inclusive de morte”, disse. O aposentado informou que em dezembro de 2012 os medicamentos também não foram fornecidos. Ele disse que registrou reclamações sobre a falta do remédio na ouvidoria do SUS e também da Prefeitura, mas até agora não teve nenhuma resposta.
Setores da cidade e estado argumentam
mentos, a secretaria de Estado de Saúde informou que o Programa Estadual de Transplantes (PET) bateu recorde em novembro do ano passado, com 27 doadores em um único mês. Em todo o mês, foram captados 68 órgãos, sendo 48 rins, 17 fígados e três corações. Também houve captação de córneas e tecidos músculos esqueléticos. O PET foi criado em 2010.
Em nota, a Prefeitura de Campos informou que “a oferta dos medicamentos citados é de competência do Governo do Estado, que enviou quantitativo insuficiente dos mesmos em dezembro, para atender a todos os pacientes. E que a secretaria estadual de Saúde teria se comprometido a encaminhar quantitativo extra no dia 23 de dezembro, mas ainda não cumpriu o prazo estabelecido. A secretaria Municipal de Saúde informou também que continuou cobrando a reposição dos medicamentos e não foi informada previamente de que haveria esse atraso. Ainda de acordo com a assessoria, a Prefeitura distribuiu cerca de 120 milhões de itens de medicamentos, de graça, no ano de 2013, beneficiando mais de 2 milhões de pessoas”.
A Superintendência de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos da secretaria de Estado de Saúde informa que já foi normalizado o estoque dos medicamentos Ciclosporina (100mg) e Azatioprina (50mg). No entanto, na mesma nota o órgão informa que “a entrega em Campos dos Goytacazes está agendada para o dia 14 de janeiro. Porém, o Centro de Saúde do município já está informado que poderá fazer a retirada antes da data prevista, com o objetivo de suprir de imediato a demanda pelos medicamentos. A Superintendência de Assistência Farmacêutica explica ainda que não há relação entre os dois casos. Em 2013, o desabastecimento ocorreu por conta de problemas no processo de empenho. Em 2012, foi motivado pela inadimplência da empresa fornecedora”, conclui a nota.
Pacientes precisam de medicação
O especialista em nefrologia João Carlos Borromeu confirmou que a falta dos medicamentos em questão pode colocar a saúde do paciente em risco. “São remédios imunossupressores, para evitar que o organismo rejeite órgão transplantado. Se faltar o medicamento por alguns dias ou o paciente usar doses mais baixas que o determinado pelo médico, ele pode não sentir, mas o organismo vai ter reações que podem prejudicar o órgão”, explicou, ressaltando que o uso deve ser contínuo e regular. “Se houver aderência irregular, pode haver uma rejeição crônica. Esses são medicamentos de alto custo e complexidade, não podem faltar”, disse.
O médico disse ainda que os medicamentos não são encontrados com facilidade. “Até podem encontrar, mas não em Campos, são remédios caros, por isso são fornecidos pelo SUS. O paciente pode até fazer um sacrifício em um momento de emergência, mas não terá condições de manter”, explicou.
Transplante O presidente da Associação Amigos do Rim, Ricardo Moreira, afirmou que Campos continua sem equipe credenciada para a realização de transplante de rins. “Os pacientes vão para o Rio de Janeiro e entram na fila nacional de espera do órgão. Em hemodiálise em Campos, hoje, são cerca de 300 a 400 pessoas”, disse.
Lohaynne Gregório

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