quarta-feira, 14 de maio de 2014

A banana, o macaco e o futebol!

Jairo Junior *

Há cerca de duas semanas atrás, correu o mundo virtual e real, midia pequena, grande e média, um fato que infelizmente é corriqueiro na Europa, em especial na Espanha. Em uma partida de futebol do milionário time do Barcelona, o ala e lateral Daniel Alves é agredido, mais uma vez, por uma banana atirada por um "culto", "educado" de "1º mundo", espanhol. Provavelmente tal atitude se perderia nos roda-pés dos jornais, revistas e sites especializados.


Mas não. Desta feita o veterano lateral, antes de cobrar o escanteio, comeu a danada da banana. Ali mesmo. Ao vivo e a cores. A imagem logo ganhou as redes e impactou o mundo. Uma atitude aparentemente infantil. Uma reação lúdica e bem criativa equivaleu a várias passeatas de protesto contra o racismo no mundo e no universo. Entretanto a fantástica e grandiosa atitude, que teve o apoio de quase todo o mundo e colocou na defensiva os racistas, foi apoiada pelo Neymar. Que com, o devido apoio de uma agência de publicidade divulgou uma foto na net, com uma banana ao lado filho sobre o #somostodosmacacos.

Pronto. O que era unanimidade se tornou polêmica. Várias lideranças do movimento negro e outras que nem sequer sabe o que é isso começaram a teorizar. Outros raivosos bradaram com o #somostodoshumanos. E em pouco tempo o que originou a genial atitude do Daniel, que foi mais um ato de vil racismo, passou a ser secundarizado. Entrou em pauta se tal # era justo ou melhor do que o outro. E quase, digo quase, pois mais uma vez o tempo, infelizmente, se encarregou de pautar outras noticias, a "banana" comeu o "macaco".

O Fato é que tal atitude racista deve ser condenada na Espanha, na Europa, no Brasil e onde quer que seja. Afinal, disse aqui já e repito que racismo é uma mazela que ataca toda a humanidade. Impede o desenvolvimento humano, social, politico e econômico. E para quem acha que estou exagerando convido a ler o relatório da ONU sobre o tema.

A atitude de jogar banana é corriqueira. Ela fez, por exemplo, o ex-jogador e hoje treinador, Ricon, a voltar para o Brasil mais cedo do que pensava. Fez o Viola também ex-jogador passar apenas seis meses por lá. E outros vários que por conta dos euros, jamais sequer vieram a público informar os ocorridos.

A atitude do Daniel, portanto, transcendeu e muito uma reação simples e juvenil. Um ato de rebeldia.
Estava e esta carregado de simbologia e emblema.

Alguns teóricos que gritaram quanto a reação de Neymar e sua agência de publicidade, vociferavam com arroubos intelectuais que, em minha opinião, não querem dizer absolutamente nada!

Ou será quem alguém acha que alcunhar o # somos todos macacos o idealizador da frase queis dizer que sim. Somos macacos e, portanto podem jogar bananas? Não, é obvio que não.
A "campanha" pode ser de gosto duvidoso e é. Mas eu prefiro entendê-la dentro do contexto de resistência a onda racista e de reação às atitudes racistas que são frequentes no futebol europeu e infelizmente mundial.

Ficar sem punição e sem reação de indignação é que estimula certos atos. Portanto em vez de gastar-se tintas e teclados, agredindo-se uns aos outros, os anti racistas deveriam aplaudir e procurar entender que a reação se dá de acordo com o nível de consciência quis e tem do que o racismo e que se deve combatê-lo com amplitude, rigor na punição e com educação.

Quando dizem, penso que somos todos macacos querem dizer que somos todos iguais, somos todos humanos, somos todos da mesma raça.

A raça humana!

#FUI

* Presidente Associação Brasil Angola (AABA); Diretor do Centro Cultural Africano (CCA); Coordenador do Congresso Nacional de Capoeira (CNC)

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