sábado, 5 de julho de 2014

Comunista, mãe de menina diz a Luciano Huck: “Não faça uma ‘M’ dessas”

Olá Luciano Huck. Recentemente vimos as redes sociais tomadas por uma avalanche de críticas ao novo quadro do seu programa. A primeira coisa que pensei foi “lá vem, meu Deus, o que será que aconteceu agora?”. Isto me fez lembrar de três fatos polêmicos em que você se envolveu.

Por Michelle Fraga*



Reprodução
Luciano Huck (à esquerda) e Michelle Fraga (à direita).Luciano Huck (à esquerda) e Michelle Fraga (à direita).
          
O primeiro foi o “grande drama” que você passou ao ter o seu Rolex roubado no dia 27 de dezembro de 2010, lembro bem que você montou um verdadeiro circo – bem a cara do seu programa – quando isso aconteceu. A única diferença nisso tudo é que no seu programa o circo de política assistencialista é muito bem patrocinado por grandes empresas para que você faça todo aquele papel de bom moço.

Temos que concordar. O “Lar Doce Lar” e o “Lata Velha” deixam você cada dia mais rico na mesma proporção que emociona a maioria dos brasileiros. Esse episódio lhe rendeu a situação de vermos sua mulher, Angélica, tendo que dar declarações de que você havia falado aquilo no calor da emoção.

O segundo foi no dia três de dezembro de 2012, quando você foi flagrado dirigindo alcoolizado. O episódio poderia ter ficado por ali, você dando uma declaração de que estava errado, que assumia a culpa, que iria se conscientizar e nunca mais fazer isso, ou até mesmo – do jeito que você tira proveito de tudo – vê-lo em futuras campanhas de prevenção a acidentes no trânsito. Mas, para sua infelicidade, Rafinha Bastos, ele mesmo, um dos comediantes mais polêmicos por tantas vezes ultrapassar o limite da piada, resolveu escrever uma “cartinha” e publicá-la em sua página no Facebook (ver aqui), te dando alguns conselhos. Mais uma vez, Angélica precisou amenizar a situação: “Ele já está consciente do erro que cometeu”. Que papelão, hein?

O terceiro, deu-se em 27 de abril deste ano, quando Daniel Alves resolveu ridicularizar o racismo e você lucrar com isso. Lembro que até entrei na onda e publiquei no Face “somos todos macacos”, fazendo alusão à tese darwinista da criação. Você foi além, em apenas três dias lucrou R$ 20 mil com a venda de camisetas.

Nos três episódios acima, você dentro do seu mundo midiático, não ligou para as besteiras que aprontou, nem tampouco se retratou. Mas agora você se superou e aí precisou sair do seu mundinho e enfrentar a realidade aqui de fora após publicar no seu Instagram uma “convocação” a todas aquelas cariocas, solteiras que queiram um gringo sob medida. Ainda criou um e-mail “namorada para gringo”.

Que problema há nisso? Todos, Luciano, exatamente todos!

Segundo a Unoc (United Nations Office on Drugs and Crime), as mulheres representam 60% das vítimas de tráfico humano, 27% são crianças – na maioria, meninas.

O Brasil vive numa intensa campanha diariamente contra o turismo sexual, contra o abuso sexual de crianças e adolescentes e contra o tráfico de pessoas. Caso seja exigir demais que você domine essas informações, vamos para o dia a dia.

Cada vez mais as mulheres se tornam chefes de família, as nossas meninas estão “invadindo” o mercado de trabalho tido como masculino, as mulheres estão dentro dos campos de futebol, dentro dos tatames e 5.09% dos operários que construíram as nossos estádios para a Copa, são mulheres.

Não sei se você percebeu, mas os contos de fadas sumiram das telas. Parece que houve algo do tipo “a revolta das princesas”. E só pra te atualizar mais um pouquinho, o filme Malévola está levando o público adulto ao cinema para conhecer a verdadeira história de uma mulher que foi usada por um homem e se vingou dele – já que a história que contavam até hoje falava de uma bruxa que ficou magoadinha por não ter sido convidada para o batizado da princesa do castelo.

Mas não se assuste com essa nossa conversa, as nossas meninas continuam querendo namorar, se divertir, conhecer brasileiros, estrangeiros, casar, ter filhos... Então vamos continuar conscientizando-as para que cresçam, estudem, trabalhem, se casem – ou não – entrem no mercado de trabalho, ocupem espaços de poder, mas que elas vivam tudo isso sem risco algum e no curso natural de suas vidas.

E se ainda assim, tudo isso não adiantar, da próxima vez, consulta Angélica antes de fazer uma merda dessa.

Michelle Fraga.
Cidadã brasileira consciente e mãe de menina.

*É secretária de Comunicação do PCdoB em Lauro de Freitas, município da Região Metropolitana de Salvador


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