sábado, 28 de setembro de 2013

Indíos são agredidos e ameaçados pela PM no Amazonas


"Eles disseram: vocês têm arco e flecha; a gente tem é bala". De acordo com uma Kokama, essas foram as palavras de um policial durante a operação com intenção "pacífica", iniciada na segunda-feira (23), para impedir o acesso a uma área ocupada por indígenas e não-indígenas, desde o mês de julho deste ano, no km 05, da rodovia Manoel Urbano (AM-070), no município de Iranduba, na região metropolitana de Manaus.




Foto: Glademir Sales dos Santos

Entre os indígenas, havia quem se autodesignasse Miranha, Kokama, Apurinã e Baré, Sateré-Mawé, Tuyuka, Tikuna, inclusive famílias que se autodefinem Mura, que se deslocaram do rio Urubu, Itacoatiara (AM); e, entre os não-indígenas, agricultores e ribeirinhos.

Na manhã de quarta-feira (25), uma equipe de pesquisadores do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA), que vem realizando trabalho de campo nesta região e acompanhou o ato de mobilização coletiva, em torno da reivindicação da posse de terra, designado pelos participantes como "ocupação", esteve no local.

De modo recorrente, a abordagem jornalística classifica essas pessoas como "invasores" ou "supostos índios", o que coloca em dúvida o caráter étnico deles e enfraquece o movimento indígena como um todo. Ao conversar com os representantes da Polícia Militar, da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), que integravam a operação, constatou-se que as representações sobre os indígenas feitas pela imprensa local reproduzem o discurso das agências oficiais.

Isso contribui para que o público tenha uma visão equivocada sobre os indígenas. Camufla o problema da distribuição de terra na região metropolitana de Manaus. Na verdade, essas manifestações surgem como resultado de um modo de apropriação desigual da terra que vem definindo a configuração da cidade.

Casos de violência física cometidos pela Polícia Militar foram relatados à equipe de pesquisadores. Muitos deles ligados à estratégia de isolamento da área, uma vez que quem estivesse fora não poderia mais entrar. Um Tuyuka, de 16 anos, mostrou as marcas no corpo da agressão sofrida ao tentar retornar para o local na manhã de segunda-feira (23).

"Me algemaram, me jogaram dentro do camburão e me levaram. Quando chegou lá dentro, o policial me trancou com ele sozinho dentro da sala, e disse: 'agora nós vamos conversar'. Puxou o cassetete dele. O delegado [de Iranduba] chegou. [Eles] me seguraram e me deram um murro", disse o menor.

O rapaz também contou que foi ameaçado. "Eu me senti ameaçado por [ele] dizer que vai descarregar uma pistola na minha cara". Em seguida, segundo ele, uma equipe do Conselho Tutelar apareceu e impediu que a violência continuasse. "Começaram a me dar guaraná, café, bolacha pra comer. Aí queriam me dar um monte de recurso, bolsa escola; bolsa família; minha casa, minha vida; e eu falei que não queria nenhuma dessas coisas. Falei que eu queria o meu direito. Que eles não podiam ter me batido. Não estava fazendo nada".

Casas foram destruídas por tratores. Sem poder entrar, as pessoas se aglomeravam do lado de fora, dizendo não saber o que fazer. E mais casos de uso de força bruta da polícia eram relatados. "A polícia está batendo no pessoal. Uma jovem, aqui, foi apoiar a mãe dela, e um policial do Iranduba bateu nela. Todo mundo viu, agora ninguém pode falar nada, porque, se falar, ele volta de tarde e bate na pessoa", afirmou Sr. J., cuja casa e objetos pessoais foram destruídos. "Estão quebrando tudo. Minhas coisas lá dentro estão quebradas. Dá até vontade de chorar. Já pensou um homem de 51 anos chorando? Mas é triste. A gente não tem onde morar", continuou.

Um Kokama, de 20 anos, conseguiu fugir depois de ter sido agredido e algemado, quando tentava retirar seus pertences de sua casa. "Saí fora daqui, aí deu um tapa na minha cara. No descuido deles, eu puxei meu braço e sai correndo. Pulei a cerca e eles correndo atrás de mim. Só não me pegaram por causa do resto dos guerreiros que fecharam a rua para eles não passar", explicou o jovem.

Fonte: Nova Cartografia Social da Amazônia


Brasil se posiciona sobre espionagem ianque e EUA faz ofensiva


Depois do discurso firme da presidenta Dilma Rousseff, na abertura da 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, onde repudiou a espionagem estadunidense, o governo dos Estados Unidos faz ofensiva ao questionar os programas sociais e de ajuda alimentar a famílias pobres no Brasil. De acordo com os EUA, seria uma estratégia para subsidiar de forma indireta a agricultura e produtores rurais, o que violaria regras internacionais.


Na quinta-feira (26), dois dias depois do discurso da presidenta brasileira, a Casa Branca foi à Organização Mundial do Comércio (OMC) cobrar transparência do Brasil sobre quanto o governo tem de fato usado na distribuição de alimentos que foram expandidos nos últimos anos. O governo americano questiona até mesmo o Programa Nacional de Alimentação Escolar, que estabelece fundos para a merenda.

Tanto o governo dos EUA quanto o do Canadá levantaram o debate durante reuniões regulares do Comitê de Agricultura da OMC. Ottawa e Washington já haviam questionado outros aspectos dos incentivos fiscais que o Brasil dá a seus produtores.

Washington se referiu é direcionada ao programa expandido no Brasil em 2009, quando a merenda escolar passa a utilizar um volume maior da agricultura familiar, instituindo que governos municipais e estaduais são obrigados a usar no mínimo 30% dos recursos repassados pelo governo federal para alimentação escolar para comprar produtos da agricultura familiar.

Na época, o Ministério do Desenvolvimento Agrário disse que a lei da merenda escolar abriu mercado a produtos com dificuldades de comercialização. Cerca de R$ 3 bilhões já foram usados para atender a 44 milhões de crianças na rede pública. Para os EUA, essa seria uma forma indireta de apoio ao produtor agrícola.

Na quinta-feira (26), o governo americano pediu que o Brasil forneça dados completos sobre quanto foi usado para comprar a produção local e o detalhamento dos setores beneficiados. Os EUA pediram explicações do Brasil sobre o fato de que o volume de dinheiro público no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) tenha crescido de forma substancial em 2010 e pediu que o País reapresente seus cálculos de quanto gasta à OMC.

O Itamaraty justificou que não havia por que reapresentar os dados e disse que o aumento era apenas resultado de uma contabilidade que passou a incluir os gastos do Ministério do Desenvolvimento Social. Comunicados do governo indicam que, em dez anos, o PAA recebeu R$ 5 bilhões em investimentos. A presidente Dilma já indicou que seu governo comprou 830 mil toneladas de alimentos, com investimentos de R$ 1,75 bilhão. Para 2013, a previsão de investimento é de R$ 1,4 bilhão.

O governo do Canadá, fazendo coro com o país vizinho, também insistiu em obter detalhes de como funciona o Plano Brasil Maior e o fato de que produtores estariam sendo beneficiados por isenções fiscais. Ottawa pediu uma explicação do Brasil sobre o impacto financeiro dessa ajuda governamental.

Com Agência Estado


Reunião ampliada discutirá ações pelo Marco Civil da Internet


Dando continuidade às ações em defesa do Marco Civil da Internet, acontece na segunda-feira (30), às 19h, uma reunião ampliada para organizar novas ações de rua e de redes. Todos estão convocados. O encontro acontecerá em São Paulo, no Auditório do Conselho Regional de Psicologia da 6ª Região. Recentemente, grupos e coletivos têm criado páginas na web e nas redes sociais para defender a liberdade de expressão na nternet como "Marco Civil Já" e "Internet Sem Catracas".





A Internet livre como conhecemos hoje está sob ataque dos interesses comerciais de empresas de telecomunicações, da indústria do copyright, das agências de inteligência e de políticos conservadores que defendem a vigilância na rede.


No Brasil, as operadoras de telefonia fazem um lobby ferrenho para aprovarem a regulamentação do uso da Internet sem a neutralidade (igualdade) da rede. Querem, por determinação de lei, que nossos direitos estejam diretamente submetidos à sua indústria de pacotes de serviços e controle. 

Além disso, a Rede Globo tentamd e todas as formas interferir no texto original do Marco Civil, que foi construído em uma plataforma colaborativa, que chegou a ter mais de duas mil contribuições.

Espionagem. Invasão de privacidade. Insegurança na rede. Todos os fatos que estão vindo à tona, como a bisbilhotagem do governo dos EUA no Brasil demonstram o quanto é fundamental uma legislação para impedir essas violações e manter a liberdade no espaço cibernético.

Para pressionar a aprovação do Marco Civil da Internet e chamar a atenção de todos para os riscos que estamos correndo, ações diretas vêm ocupando espaços públicos com faixas, pichações, projeções, painéis, lambe-lambes, entre outras. E isso é só o começo. Muitas páginas na web e nas redes sociais estão surgindo como Marco Civil Já e Internet Sem Catracas.

Recentemente, a presidenta Dilma Rousseff adotou a bandeira da neutralidade da rede e vem defendendo, inclusive recentemente na Organização das Nações Unidas (ONU), o Marco Civil.

Em entrevista recente ao Blog do Planalto, membros do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGIB) demonstraram otimismo com as posições da presidenta Dilma Rousseff, expostas em reunião ocorrida na noite de segunda-feira (16), no Palácio do Planalto, para discutir segurança na internet e o andamento do projeto de lei que institui o Marco Civil da Internet. O representante da sociedade civil no CGIB, Sergio Amadeu, falou que a presidenta pediu que o Comitê tomasse providências para manter o texto original.

“Nós também colocamos a nossa preocupação de não desvirtuar o Marco Civil como, por exemplo, permitindo a remoção de conteúdos sem ordem judicial. Ela[a presidenta Dilma] disse que também não concordava com isso[a alteração] e pediu para que se tomássemos providências. Então , achamos que a reunião foi excelente e espero que a gente consiga aprovar rapidamente o Marco Civil”, declarou o ativista representante do 3º Setor no CGIB, se referindo a inclusão do parágrafo 2º, artigo 15, que estabelece a retirada de conteúdos da internet com base na lei de direitos autorais (copyright), sem a necessidade de uma ação judicial. O texto original do PL impede a censura garantindo a permanência de conteúdos, que só poderão ser retirados com ordem judicial.


Imagem: Página do Marco Civil Já no Facebook

“A presidenta chamou o Comitê Gestor reconhecendo a importância desse órgão na gestão e nas políticas da internet no Brasil e começou a colocar as questões de relevância, como a aprovação do Marco Civil e também pediu para que nós falássemos sobre como que podemos melhorar a situação no país da segurança da informação, tanto da privacidade dos cidadãos, quanto das informações do governo”, destacou Sérgio Amadeu. Para ele, a presidenta “se sensibilizou muito em relação aos temas centrais do Marco Civil e ela tinha nitidamente a posição de defesa da neutralidade, isso para nós foi muito bom.”

Apoio internacional

Diversos países já se posicionaram favoravelmente a uma governança global da rede. O Brasil é referência mundial em governança na internet, que adota um modelo multissetorial que envolve governo, representantes do 3º setor, empresas e universidades. O próprio Tim Berners-
Lee, o criador da internet, é um dos defensores da legislação brasileira.

Tramitação

O Marco Civil é um projeto de lei (PL 2126/11), que institui direitos e deveres civis na internet e foi construído com a sociedade civil, em uma plataforma colaborativa, chegando a receber mais de duas mil contribuições. O governo acatou o projeto e encaminhou ao Congresso Nacional.

Atualmente, tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados, após a publicação, na quarta-feira (11), no Diário Oficial da União, o pedido de urgência constitucional. Dessa forma, o projeto deverá ser votado em até 45 dias pelos deputados, a partir do momento que a mensagem da Presidência da República for publicada no Diário Oficial da Câmara, o que ocorreu na quinta-feira (12). Após ser votado na Câmara, o projeto seguirá para o Senado, que terá também 45 dias para discutir e votar o texto.

Serviço
Reunião Ampliada para Organizar Ações de Rua e de Rede
Local:Rua Arruda Alvim, 89, Jardim América, Auditório do Conselho Regional de Psicologia 6º Região
Horário: 19 horas
Levar: Criatividade e animação
Quem está convocado: tod@s!

Deborah Moreira
Da redação do Vermelho



TEORIA REVOLUCIONÁRIA PARA UMA PRATICA REVOLUCIONÁRIA: Leninismo contemporâneo e processos revolucionários

Sergio Barroso *

Parte 2
“Se a atitude de Mao diante do Partido era pelo menos heterodoxa, sua análise da revolução chinesa era simples, genial e marcada por um espírito rigorosamente leninista” [1].
Por A.Sérgio Barroso*


Não é à toa que teóricos chineses consideram o pensamento de Mao Zedong uma etapa nacional do marxismo-leninismo. E Ho Chi Min escreveu indelevelmente em “O caminho revolucionário”: “Existem muitas doutrinas e teorias contemporâneas, mas a mais autêntica, segura e revolucionária é o leninismo”. [2]

Metaforicamente, Lênin seria Prometeu desacorrentado dos escarpados rochedos de Cítia – mas doutrinariamente preso eternamente a Marx-Engels.

Intérpretes destacados e modernos do leninismo sublinham o brilho de sua luz própria relativamente a Marx. Por suposto, o marxismo-leninismo é um ideário sistêmico historicamente fundado em diferenças na unidade; contiguidades e rupturas. De outra parte, os princípios ali contidos são modificados pelo próprio caráter dialético de ciência social materialista: regras, princípios e leis são móveis – carimbe-se em letras garrafais.

Seus elementos centrais são convergentes a quatro dimensões teóricas estruturais: a) contribuições ao desenvolvimento do materialismo dialético de Marx-Engels; b) sistematização de novas leis de movimento do regime do capital (e teoria do imperialismo); c) aportes a novas sínteses da teoria de partido, notadamente a desafios organizativos, da tática e da estratégia revolucionárias; d) uma nova teoria da transição ao socialismo.

Sigamos sinuosamente tal roteiro, focando as preocupações sistemáticas de Lênin em: 1) desvencilhar-se do escolasticismo de todo o tipo, limpando “estrebarias” teóricas confusionistas ao movimento revolucionário; 2) demolir os entraves da singular “via nacional” da revolução na Rússia, vista com elo da cadeia global capitalista.

Os célebres estudos de Lênin sobre “A Ciência da Lógica”, de Hegel, entre setembro e dezembro de 1914, foram ressaltados (1935) por H. Lefebvre e N. Gutterman. Afirmam: não sendo um filósofo habitual, Lênin nos “Cadernos a da Dialética de Hegel” prolonga “vigorosamente” o pensamento dos fundadores do socialismo científico. Note-se: a teoria dialética hegeliana da contradição e da superação penetrando a convulsão da Primeira Guerra Mundial. [3] Certamente Marx e Engels não vivenciaram nada parecido com a catástrofe belicista iniciada em 1914.

O filósofo G. Lukácks, num Posfácio de 1967 acerca da unidade do pensamento do revolucionário russo, [4] retoma uma ideia crucial para o marxista Lênin: a análise concreta da situação concreta não constitui nenhuma oposição “à teoria pura”, mas ao contrário, o ponto culminante da autêntica teoria, o ponto em que a teoria “é verdadeiramente realizada”, transformando-se por esta razão “em práxis”.

Nessa vertente, é exemplar a observação de L. Gruppi acerca da excepcional virada estratégica “tão rapidamente realizada por Lênin”, imediatamente após a Revolução de Fevereiro: ela foi motivada não por um raciocínio sobre o desenvolvimento da economia, que não sofrera desde 1905 alteração substancial, apesar da expansão do capitalismo, e sim por avaliação sobre a situação da correlação de forças políticas. [5] É, aliás, de Lênin, no famoso “Discurso em favor da resolução sobre a guerra”, a frase: “Uma revolução não se faz por encomenda, ela se desenvolve”. [6]
Nesse curso – o processo revolucionário russo -, o pensamento sofisticado de Lênin é minunciosamente analisado por Lucien Sève [7], destacado filósofo francês e ex-dirigente do PCF. Ao demolir os argumentos da anticomunista Hélène Carrère (Lénine, Fayard, 1998), Sève demonstra - para “decepção” de muitos - que a possibilidade de uma “revolução pacífica tem um lugar central na visão estratégica de Lênin pelo menos desde Abril de 1917”. Sim: é verdadeiro que, no “Projeto de resolução sobra a guerra”, Lênin Propõe que a Conferencia de Petrogrado (27 de Abril a 5 de Maio) reconheça que:

“(...) em nenhum lugar do mundo se pode efetuar tão fácil e tão pacificamente a passagem de todo o poder de Estado à verdadeira maioria do povo, quer dizer, dos operários e dos camponeses pobres”. [8] Lênin se referia a experiência “única” da conformação dos Sovietes como força e expressão do poder da ditadura democrática revolucionária dos operários, soldados e camponeses, na Rússia, ao lado do governo da burguesia.
Voltando a Sève, igualmente este recorda o ápice da contrarrevolução de Kornílov, em Julho, a fome e a guerra no governo Kerenski. Para Lênin, antes de julho era possível a transferência pacífica do poder para os sovietes: “Mas já não é esse o caso, o período pacífico da revolução terminou. Chegou o período da ruptura e da explosão” (cf. Séve, idem, p.7).

Sabemos que Lênin, então às portas da insurreição, elabora a primeira grande reorientação da teoria marxista sobre “O Estado e a revolução” (agosto/setembro 1917). Mais uma vez utiliza o método dele – e de Marx – da vasta investigação da pesquisa, para só depois expor, buscando responder a exata medida que a situação politica reclamava.

NOTAS;

[1] Ver: “Mao e a revolução chinesa”, de Martin Bernal, in: “História do Marxismo - O marxismo na época da Terceira Internacional: o novo capitalismo, o imperialismo, o terceiro mundo”, Hobsbawm, E. (org.), v. 8, Paz e Terra, 2007, p.393, 2ª edição.

[2] Em: “Ho Chi Min - vida y obra”, Vietnam, Editorial The Gioi, 2007, p. 50.

[3] Ver: “Cadernos sobre a dialética de Hegel”, V. Lenin. Introdução de Henri Lefebvre e Norbert Gutterman, Editora UFRJ, 2011, p. 8.

[4] Ver: “Lenin: um estudo sobre a unidade de seu pensamento”, György Luckács. Posfácio, Boitempo, 2012, p. 106.

[5] Ver: “O pensamento de Lênin”, L. Gruppi, Graal, 1979, p.157.

[6] Ver: “Septima Conferencia *De Abril) de toda a Russia del POSDR (b) (7-12 de Mayo 1917)” de V. Lenin, Obras Completas,, Tomo XXV, p. 221.

[7] Ver: “Regresso crítico a Lénine ou antileninismo primário?”, de L. Sève, in: Vértice, Lisboa, Abril-Maio de 2000, pp. 5-21. Atenção: todas as passagens de Lênin citadas neste artigo pelo autor foram por mim conferidas nas Obras Ecolhidas em 6 Tomos (1985), e Obras Escolhidas em 3 Tomos, Lisboa, Avante! (1978); Obras Completas Edições Akal, Madrid (1974, 1977, 1978)

[8] Em: “Conferencia del POSDR(b) da la ciudad de Petrogrado”, V. Lenin, Obras Completas, Tomo XXV, Akal, p. 93.

* Médico, doutorando em Economia Social e do Trabalho (Unicamp), membro do Comitê Central do PCdoB

POLÊMICA: O aquecimento climático é pura invenção

27 de Setembro de 2013 - 14h27
Aquecimento global


Um outro ponto de vista: nesta sexta-feira (27), o GIEC (Grupo de especialistas intergovernamentais sobre a evolução do clima), que reune cientistas da ONU e da Organização Mundial de Meteorologia, vai divulgar, em Genebra, a primeira parte do relatório sobre o clima, previsto para o fim do ano ou começo de 2014, onde constata que não há nenhum aquecimento climático visível que seja capaz de mudar a vida humana na Terra.

Por Rui Martins (*)


Al Gore, Marina da Silva e tantos outros profetas ambientalistas do apocalipse climático são desmentidos – não há aquecimento climático na Terra.

Al Gore chegou a ganhar o Prêmio Nobel como pregador do fundamentalismo ecologista, prevendo o fim do mundo com o aquecimento da temperatura na Terra, aumento do nível dos oceanos, catástrofes em cadeia e o provável desaparecimento do ser humano.

Com base em suas profecias, foi feito um filme One Inconvenient Truth (Uma Verdade que Incomoda) destinado à sensibilização das populações ao problema do aquecimento climático e para alertar contra as causas dessa catástrofe programada para o nosso planeta.

Na série dos filmes de catástrofes, houve o filme The Day after Tomorrow, contando as terríveis catástrofes consequentes do aquecimento climático. E até os estúdios Walt Disney se inspiraram no apocalipse humano, com o desenho animado A Idade do Gelo.

Não foi invenção do Al Gore. No fim do século passado, alguns cientistas meteorologistas como Nicola Scafetta, alarmados com o aumento do lançamento do gás carbonico, CO2, na atmosfera, lançaram o alerta de que esse gás iria cobrir a Terra como num invólucro e provocar um efeito de estufa.

As primeiras previsões, divulgadas em Paris, davam conta de um aumento provável de 6 graus na temperatura terrestre, o que poderia provocar o fim da espécie humana. Imediatamente, os defensores da natureza se organizaram e deram origem aos movimentos e partidos ecologistas e o mundo todo, inclusive o mundo político, passou a dar prioridade ao risco do homem tornar o planeta inabitável em decorrência da poluição atmosférica.

E todos nós nos sentimos culpados por lançar na atmosfera o CO2 do cano de escapamento de nossos carros. De repente, terminado o marxismo, surgiu a nova ideologia da ecologia, nem de esquerda e nem de direita, transformada praticamente num evangelho destinado não à salvação das almas mas à salvação do mundo.

Que eu me lembre, só o cientista francês Claude Allègre, ex-ministro da Cultura, na época do presidente François Mitterrand, contestou a crença geral, com um livro controvertido, publicado em 2010, A Impostura Climática ou a falsa ideologia.

Nele, Claude Allègre, já falecido, constestava todos os dados divulgados pelo GIEC (Grupo de especialistas intergovernamentais sobre a evolução do clima), reunindo cientistas da ONU e da Organização Mundial de Meteorologia, afirmando que, na história do nosso planeta, tinha havido fase de glaciação, diminuição e aumento da temperatura terrestre, sem qualquer participação humana. Imaginar, dizia ele, que o homem seja capaz de mudar o clima do planeta é uma espécie de megalomania humana.

Em termos políticos mundiais, o fato dos EUA torpedearem todos os esforços para se diminuir a poluição atmosférica provocou uma esquerdização da política ecológica. E isso fez com que a questão do aquecimento terrestre se dividisse em campos políticos – a direita de Bush e a direita em geral com suas indústrias poluidoras não acreditavam; a esquerda, na sua posição de protetora das populações e do planeta acreditava na necessidade premente de se abandonar o combutível vindo do petróleo, gerador de CO2, em favor de energias alternativas.

Nessa ideologia do aquecimento global, e pouca gente sabia, entrou o lobby da energia nuclear e, ainda nos anos 80, a ex-primeira-ministra Margareth Tatcher. Em guerra contra os mineiros do carvão, Tatcher preconizou a reconversão do sistema britânico de energia para o nuclear, considerado, naquela época, a energia limpa.

Portanto, não foi só o fundamentalismo ingênuo dos talibãs defensores da natureza, o motor da mobilização mundial contra o aquecimento terrestre – foram os capitais interessados na expansão da energia limpa, a nuclear. Até acontecer Tchernobyl e se descobrir que as centrais nucleares eram muito mais perigosas que as centrais térmicas. A variante passou a ser a energia solar, a energia eólica, de maré, mas todas ainda insuficientes par abastecer o mundo consumista moderno.

Nesta sexta-feira (27), o mesmo GIEC vai divulgar, em Genebra, a primeira parte do relatório sobre o clima, previsto para o fim do ano ou começo de 2014. E nele, uma outra constatação se precisa – não há nenhum aquecimento climático visível que seja capaz de mudar a vida humana na face da Terra. Houve catastrofismo e exagero nos primeiros relatórios, feitos com base em dados incorretos e aumentados por cientistas que transformaram a ecologia numa espécie de nova religião.

E como costumam fazer as religiões, lançadoras de culpas e pecados dos quais é preciso se redimir, os profetas ecologistas lançaram a culpa do desastre do planeta em todos nós, habitantes do mundo consumidor de CO2. Porém, o quinto relatório do GIEC reconhece que o aquecimento, quando se registra, não é causado pelas formiguinhas humanas, mas pelas explosões das atividades solares e também pelas correntes marítimas.

Outro mito também desfeito é o do fim do petróleo. Com a descoberta do xisto betuminoso e da maneira pela qual pode ser explorado, pela técnica (poluidora) do fracking, toda a reconversão da produção de energia por meios alternativos foi abandonada, porque nos EUA, por exemplo, existe tanto petróleo como na Arábia Saudita.

Portanto, com a exploração do xisto, o mundo continuará lançando CO2 na atmosfera, mas como diz o físico francês François Gervais, numa entrevista para a revista suíça L´Hebdo, “o CO2 é benéfico para o planeta, não é um poluente, ao contrário é um nutriente para a vegetação”.

Na imprensa brasileira, ao que eu saiba, só um jornalista remava contra a maré do aquecimento climático – Carlos Brickman, ex-Estadão e hoje no Diário do Grande ABC, declaradamente de direita. Mas Claude Allègre, voz divergente na França, era socialista.


(*) Jornalista, escritor, correspondente em Genebra.
Fonte: portal Direto da Redação

Onde foi parar a democracia? Correspondente do Estadão é presa nos EUA


A jornalista Cláudia Trevisan, correspondente em Washington do jornal O Estado de S. Paulo, foi detida na Universidade de Yale, uma das mais respeitadas dos Estados Unidos, enquanto tentava cobrir evento que contava com a participação do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal. Após ser detida, durante a tarde de quinta-feira (26/9), a jornalista permaneceu sob custódia policial por cinco horas. 




Cláudia Trevisan recebeu apoio nas redes sociais e desaba: "Passei cinco anos na China, viajei pela Coreia do Norte e por Mianmar e não me aconteceu nada remotamente parecido com o que passei na Universidade de Yale" / imagem: Meme no Facebook


Antes de ser detida, Cláudia conseguiu telefonar para um diplomata e informar sobre o que ocorria. O caso foi acompanhado pelo Ministério das Relações Exteriores, pela embaixada do Brasil em Washington e pelo consulado em Hartford (Connecticut). O ministro Luiz Alberto Figueiredo, que estava em Nova York, recebeu informações de assessores sobre o ocorrido. A jornalista afirmou que “não invadi nenhum lugar" e afirmou que, durante os cinco anos que passou na China, as viagens pela Coreia do Norte ou Mianmar, “não me aconteceu nada remotamente parecido com o que passei na Universidade de Yale".

Durante este período, ela estava algemada e foi mantida incomunicável dentro de um carro e em uma cela do Departamento de Polícia da universidade. Autuada por “transgressão criminosa”, ele deve apresentar-se a um juiz de New Haven no próximo dia 4 de outubro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Destacada para cobrir a visita de Joaquim Barbosa a Yale para participar do Seminário Constitucionalismo Global 2013, Cláudia mandou e-mail para a assessora de imprensa da Escola de Direito da universidade, Janet Conroy. Recebeu como resposta a informação de que o evento seria fechado à imprensa e explicou que, mesmo assim, permaneceria do lado de fora do auditório Woolsey Hall, aguardando o ministro. Cláudia afirma que também se comunicou com Joaquim, solicitando uma entrevista. O presidente do STF respondeu que não estava disposto a conversar com a imprensa e a jornalista também o informou de que o aguardaria e abordaria do lado de fora do prédio.

Por volta das 14h30, Cláudia chegou ao prédio, que estava com as portas abertas, e dirigiu-se a um policial que estava de guarda no primeiro andar, para confirmar se aquele era o local do seminário. O oficial pediu à brasileira que o acompanhasse e, no térreo, solicitou o endereço em Washington, telefone e passaporte da brasileira. Já na calçada, do lado de fora do prédio, o policial recusou-se a devolver o documento da jornalista, afirmando saber que ela era repórter e garantindo que ela tinha sido avisada diversas vezes de que não poderia ir ao local.

Na sequência, ele anunciou a prisão de Cláudia Trevisan e, sem considerar seus argumentos ou ler seus direitos, algemou as mãos da jornalista às costas e a colocou dentro do carro policial. Após uma hora, um funcionário do gabinete do reitor da Escola de Direito autorizou o policial a levá-la para a delegacia da universidade, o que ocorreu em outro veículo, adequado para o transporte de presos. A brasileira foi revistada na delegacia e apenas depois de quatro horas de prisão pode exercer o direito a um telefonema. A acusação foi registrada pelo chefe de polícia, Ronnell A. Higgins.

Nesta sexta-feira, o jornal O Estado de S. Paulo manifestou à Universidade de Yale indignação com a prisão de sua correspondente. O jornal pediu respostas para cinco perguntas sobre o episódio e o acesso às imagens de câmeras de segurança do auditório, para provar que Cláudia atendeu às ordens do policial.

Fonte: Consultor Jurídico

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

NA LUTA! Carteiros encaminham nova proposta para tentar fechar acordo


Os funcionários dos Correios da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios (Fentect) decidiram encaminhar ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) uma nova proposta de acordo. O documento foi fechado na quarta-feira (25), durante reunião do comando de greve em Brasília.


As reivindicações econômicas da nova proposta inclui reajuste de 8% (sendo 1,73% de aumento real) para salários e benefícios e aumento linear de R$ 100. Os trabalhadores pedem que a assistência médica (Correios Saúde) continue sendo administrada pela própria empresa, e não por iniciativa privada, como planejam os Correios, e que seja estendida aos novos trabalhadores.

A Fentect reivindica abono dos dias parados, entrega das correspondências no período matutino em todo o país, pagamento de auxílio-creche para todos e contratação imediata de mais funcionários, por concurso público em substituição aos terceirizados. “Queremos demonstrar que não somos intransigentes e negociar um acordo”, afirma o secretário de Imprensa e Comunicação da federação, James Magalhães.

A paralisação dos trabalhadores representados pela Fentect teve início no dia 17, após a audiência de conciliação entre os trabalhadores e representantes da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), no TST, em Brasília, terminar sem acordo. Inicialmente, eles reivindicavam aumento real nos salários de 15%. A categoria tem data-base em 1º de agosto.

A última proposta da empresa, apresentada na audiência, reajustava os salários em 8% e 6,27% para os vales-refeição, alimentação, auxílio-creche/babá, além do crédito extra de 23 vales a serem pagos em dezembro (para admitidos até 31 de julho), que totaliza R$ 650,65, e vale-cultura de R$ 50.

Os trabalhadores de São Paulo, Bauru, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e Tocantins, representados pela Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios (Findect) encerraram a greve.

Fonte: Rede Brasil Atual