sábado, 12 de novembro de 2011

De cabeça erguida, Orlando Silva: "Vivi um tsunami político"


Em carta dirigida ao jornalista Jorge Bastos Moreno, do jornal O Globo, o ex-ministro do Esporte, Orlando Silva, fala dos ataques e das calúnias que sofreu recentemente e que culminaram com a sua saída do Ministério do Esporte.


Em sua mensagem, Orlando diz que nas "últimas semanas viveu um pesadelo" e critica o posicionamento da mídia conservadora que tratou as calúnias dirigidas contra ele como verdades, sem se preocupar, em momento algum, em buscar provas que confirmassem ou desmentissem a farsa.

"Diariamente, dezenas de perguntas chegavam das redações da imprensa e nossa assessoria tinha prazos mínimos para responder. E o que é pior, pouco interessavam as nossas respostas, elas eram ignoradas. As matérias já estavam prontas", ressalta.

Mais uma vez, Orlando afirma com convicção sua inocência. "A realidade é que saí do governo de cabeça erguida. Pela porta da frente, apesar do massacre vivido. Em minha última manifestação, no Palácio do Planalto, disse, olhando nos olhos da Presidenta da República: sou inocente!", encerra.

Leia abaixo a íntegra da carta de Orlando Silva:
Caro Jorge Bastos Moreno,

Vivi um tsunami político, mas continuei observando o comportamento de instituições e personalidades. Alguns se distinguiram com a coragem de não aderir pura e simplesmente a uma onda. Encontrar solidariedade em quem me conhece seria natural, o que surpreendeu foram posições de alguns intelectuais, artistas, atletas, gente simples do povo e até de parlamentares de oposição.

Entre jornalistas não foi diferente. Houve quem sugerisse apurar fatos, valorizar o contraditório e não tratar denuncia como prova. A maneira isenta como você se posicionou nesse processo, com as responsabilidades que você possui, me faz lhe dirigir essa carta. E vou tentar fazê-la chegar a outras pessoas e profissionais. Ela é dirigida a você e a muitos outros.

Como disse, nas últimas semanas, vivi um pesadelo. Tudo começou com a reportagem numa revista semanal que eu imaginava ser apenas mais um ataque político, o que, infelizmente, é rotina em nosso País. Eu estava a caminho de Guadalajara, México, para representar o governo na abertura dos Jogos Panamericanos, onde o Brasil tinha a maior delegação da história numa competição internacional e que contou com grande o apoio do Ministério do Esporte.

Fiquei perplexo com a informação de que a tal revista iria publicar uma acusação de que eu teria recebido dinheiro indevidamente. Era sexta-feira à noite e a publicação sairia no sábado.

Estou acostumado com luta política, com crítica, divergência ideológica, ataques à gestão, antipatia pessoal, insatisfação com estilo... tudo isso eu sempre compreendi. Mas, mentir!? Inventar uma história para atacar a honra de uma pessoa e de um Partido!? Imaginava que luta política tivesse limites, afinal, até na guerra há limites. Estava enganado. A partir de uma farsa, foi organizada uma verdadeira campanha para me derrubar.

Observem: uma revista fez uma reportagem, com direito a chamada na capa, com base em fatos que simplesmente não existiram. Ultrapassamos o limite do absurdo!

E quem eram os porta-vozes das mentiras? Dois personagens da crônica policial de Brasília. Gente que está sendo processada por iniciativas do Ministério que eu dirigia, e de quem exigimos a devolução de dinheiro publico desviado.

Insisto, veja o absurdo: um sujeito foi flagrado desviando dinheiro público... eu determino que seja feita uma investigação... ao final determino que o dinheiro público seja devolvido... o ladrão inventa uma história... uma revista publica a farsa, sem existir nenhuma prova... os meios de comunicação reproduzem a história sem provas e pronto! A mentira ganha ares de "verdade". E começa a campanha "derruba-ministro".

Neguei a acusação, com veemência. Desde o primeiro momento, afirmei não haver provas, porque simplesmente se tratava de uma mentira. Nunca ocorreu o fato relatado pelos bandidos. Os dias passavam, eu reafirmava que se tratava de uma farsa, e, pasmo, acompanhava a maioria dos meios de comunicação endossando a versão dos bandidos, como se fosse dispensável provar o absurdo que diziam. Bastava acusar.

Passado praticamente um mês eu reafirmo minha primeira manifestação: não houve, não há e não haverá provas, porque a denuncia contra mim não passa de fantasia.

A trama montada serviu para atrair o interesse da população, que olha a política com desconfiança. Mas seria necessário outro passo. Seria necessária "uma prova" para desestabilizar minha liderança no Ministério do Esporte. Uma cruzada foi estabelecida por jornalistas que estavam em busca da tal "prova" ou, como alguns gostam de dizer, da "bala de prata" para derrubar o Ministro.

Eu poderia comentar cada uma das centenas de matérias publicadas nas últimas semanas. Todos os contratos e convênios do Ministério foram revirados. Tudo foi investigado. Diariamente, dezenas de perguntas chegavam das redações da imprensa e nossa assessoria tinha prazos mínimos para responder. E o que é pior, pouco interessavam as nossas respostas, elas eram ignoradas. As matérias já estavam prontas.

Na gestão pública, assim como na gestão de qualquer instituição ou mesmo na vida privada, erros podem ser cometidos. Ninguém está imune a eles. O desafio é identificá-los e corrigí-los. Se observarmos minha trajetória e a de minha equipe à frente do Ministério do Esporte, por cinco anos, veremos muitas conquistas. Mas houve erros e atuamos para saná-los. Cumprimos sempre nossa obrigação.

O foco da trama se voltou para convênios com Organizações Não-Governamentais, as chamadas ONG's. Vale dizer que existem ONG's e ONG's, assim como existem governos e governos. Alguns são mais competentes, outros trabalham de forma mais correta. Quem tem má intenção, nunca chega anunciando: "olha...estou mal intencionado...meus objetivos são sórdidos!" Daí a necessidade de acompanhar, fiscalizar o cumprimento do que foi estabelecido. É o que fazíamos.

Quem se baseou apenas no noticiário, deve imaginar, por exemplo, que o programa Segundo Tempo ocorre apenas em parceria com ONG's. Mas, pasmem, no dia que sai do governo, mais de 90% do Segundo Tempo era fruto de parceria com entes públicos. E quem puder ler os relatórios das auditorias feitas, constatará a evolução ano a ano deste Programa.

Outra coisa inacreditável. As reportagens omitiam algo fundamental: o Ministério do Esporte aumentou a fiscalização, o que permitiu identificar erros e tomar as devidas providências administrativas. Deram ares de escândalo ao trabalho de acompanhamento e fiscalização que realizávamos. Isso serviu para criar instabilidade política e atacar meu trabalho na Pasta.

Nenhuma prova demonstra benefício ao PCdoB por meio dessas entidades. Mas a acusação tem objetivo político, atacar um Partido que tem 90 anos de história e é limpo. Insisto: divergências políticas e ideológicas fazem parte do jogo, mas acusações falsas... ameaçam a democracia.

Na ausência de provas, o que fazer? A saída foi inventar algo que parecesse razoável: a filiação partidária de alguns gestores públicos. De repente, ser filiado a um partido, no caso ao PCdoB, virou "prova de crime". Se o Ministro é do PCdoB, não se pode admitir que um secretário da área seja também. O mesmo vale para entidades. Não se admite que qualquer filiado ao Partido participe de entidade. Isso não é democrático. Os partidos políticos são livres e as pessoas têm direito de se organizar como lhes convier. Quem nomeia secretário é prefeito e governador legitimamente eleito.

Os principais meios de comunicação e muitos jornalistas se comportaram como uma manada. É como ataque especulativo na bolsa de valores. O objetivo: desestabilizar e derrubar o Ministro. E isso foi conseguido. A receita é assim. Primeiro, cria-se um ambiente de escândalo, para comover a opinião pública. Segundo, ataca-se a gestão – de que forma? Ignorando tudo de positivo feito, apontando qualquer erro e superdimensionando-o para desmoralizar o trabalho realizado. Terceiro, pressiona-se o governo, utilizando todas as ferramentas da política, inclusive contradições internas, para alcançar o objetivo.

E se ainda não for o bastante para atingir o que se pretende, lança-se mão de uma reserva no arsenal de guerra contra a honra alheia: ataques à família.

Aqui tivemos um capítulo à parte. Comprar um terreno de R$370 mil, único bem que possuo, com cheque registrado em escritura e construir uma casa de 110 metros quadrados, virou escândalo. Não interessa que numa família as pessoas tenham suas atividades profissionais e suas relações. No afã de alcançar seus objetivos, para alguns vale tudo, até golpes baixos. Poderia dar outros exemplos, mas fico por aqui. O que eles queriam era me desestabilizar emocionalmente e me fazer jogar a toalha.

Durante todo o processo procurei manter a serenidade, não perder a razão, apesar de ataques tão baixos.

Ofereci a abertura de minha vida: sigilos fiscal, bancário, telefônico e de correspondência. Desmontei a farsa contra mim na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Propus a apuração dos fatos publicados pela Comissão de Ética Publica, pelo Ministério Publico e pela Polícia Federal. Foi minha a iniciativa e tentaram inverter a ordem, como se eu tentasse encobrir algo.

Hoje, inauguramos no Brasil uma Inquisição moderna, não interessa a análise racional de processos. O editorial de um jornalão paulista foi ao âmago da questão: "não importam as provas, não importa o processo, a acusação basta". É uma versão atual da famosa frase "às favas com os escrúpulos". O mau jornalismo pode instituir verdadeiros tribunais de exceção, que realizam julgamentos sumários.

Houve tempo em que nossos companheiros eram perseguidos, presos, torturados e até assassinados. Hoje, o método utilizado é a execração pública, o linchamento político, o apedrejamento moral sem que se dê direito de defesa. E, depois, a mídia age como se nada tivesse acontecido, e passa a buscar uma nova presa. Nesses dias, não saiu do meu pensamento episódios como o de Ibsen Pinheiro e da Escola Base.

Ao fim do processo, depois de uma conversa com a Presidenta da Republica, saí do governo.

Percebi interesses contrariados operando nas sombras. Triste, percebi gente de comunicação ser instrumentalizada e dar pouca relevância a fatos e informações. Não se pretendia esclarecer nada, apenas disputar como numa gincana, quem chega ao objetivo primeiro. A quem seria atribuída a queda de um ministro. Como na canção “Faroeste Caboclo”, a “via-crucis virou circo e eu estava ali”.

Talvez eu tenha incomodado interesses políticos e econômicos. Fui pedra no sapato de alguns. Fui vítima da luta política.

A realidade é que saí do governo de cabeça erguida. Pela porta da frente, apesar do massacre vivido. Em minha última manifestação, no Palácio do Planalto, disse, olhando nos olhos da Presidenta da República: sou inocente!

Num tempo de inversão de valores, tenho eu que provar minha inocência. E assim o farei.

Serei sempre grato ao carinho e a confiança que recebi de milhares de pessoas, algumas bem próximas, outras que sequer conhecia. É incrível a quantidade de pessoas que se aproximam de mim e diz: acredito em você! A todos, reafirmo: não traí e nunca trairei a confiança de cada um de vocês.

Serei sempre grato ao carinho e dedicação de minha equipe no Ministério do Esporte e de meus companheiros de governo.

Sigo lutando pelos meus ideais. Acredito no Brasil. Volto para São Paulo, para a mesma casa que meus amigos conhecem. Volto para a militância política por um País cada dia mais justo e democrático. Isso é o que me dá felicidade. E é muito bom estar mais perto dos amigos e dos companheiros. E de lá retomo minha trajetória política. A verdade vencerá!

Orlando Silva
Brasília, novembro de 2011

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Royaltes: Questão Federativa!!!!


A presidenta Dilma tem que assumir as negociações sobre os royaltes, o problema está se arrastando por muito tempo e está deixando de ser uma disputa de partilha para virar uma questão federativa. 

Sem unidade o país não avança, isso só interessa aos setores da elite brasileira que apostam na paralisia do Brasil para especular.


PCdoB do RJ se soma à manifestação pelos royalties para o estado

Uma festa da cidadania do Rio de Janeiro. Foi nesse clima que cerca de 150 mil pessoas participaram do ato público na última quinta-feira (10), em defesa da manutenção das regras de divisão dos royalties.


Depois da caminhada da Candelária até a Cinelândia, a atriz Fernanda Montenegro leu um manifesto que afirma que “quando um direito assegurado pela justiça é ameaçado, não são apenas os fluminenses que se encontram ameaçados, amanhã outros estados podem se ver na mesma situação”.

A manifestação cobriu toda a Avenida Rio Branco. As centrais sindicais – CTB, CUT, UGT, NCST e Força Sindical – participaram do ato. Diversos partidos e sindicatos também participaram da manifestação, que contou com caravanas de todo o estado do Rio. Na Cinelândia, artistas se apresentaram e defenderam o Rio de Janeiro.

O manifesto, lido pela atriz Fernanda Montenegro, afirma que “o debate a respeito dos royalties, um direito assegurado pela constituição brasileira, não é uma mera questão, por essa razão o Rio de Janeiro está nas ruas. Quando um direito assegurado pela justiça é ameaçado, não são apenas os fluminenses que se encontram ameaçados, amanhã outros estados podem se ver na mesma situação. O direito aos royalties nunca foi um ato de generosidade para os estados produtores, significa um reconhecimento pela justiça dos impactos econômicos, mas agora, por conta de uma cobiça, tudo isso é desprezado. No caso do Rio de Janeiro isso significará apenas para o ano que vem a perda de R$ 3 bilhões para a economia fluminense, dinheiro que representa o pagamento de aposentados, pensionistas, investimentos sociais, obras de infra-estrutura e saneamento, entre outros”.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, disse ter certeza de que a presidenta Dilma Rousseff vetará o projeto que redistribui os royalties do petróleo, aprovado no Senado e que tramita na Câmara dos Deputados.

O PCdoB marcou grande presença no ato, com bandeiras e faixas. Para a presidente do PCdoB-RJ, Ana Rocha, “mais uma vez o Rio de Janeiro foi às ruas em defesa do estado, do seu futuro, do seu desenvolvimento, da geração de emprego e renda. Estamos conscientes que o Rio não pode dar um passo atrás e hoje juntamos as mãos em todo o estado”.

Estados não-produtores prometem manifestação por royalties

Autor do substitutivo que redistribui os royalties do petróleo entre todos os estados da federação - e não apenas entre os estados produtores - o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) disse que os estados não produtores, como a Paraíba, também estão se organizando para realizar manifestações favoráveis aos royalties do petróleo, a exemplo do que fizeram os estados produtores – Rio e Espírito Santo – nesta quinta-feira (10).


“Estamos convocando os estados não-produtores para manifestações para reclamar aquilo que devem receber, que é patrimônio da União, e para que vão as ruas se manifestar a favor de meu substitutivo", afirmou o parlamentar, lembrando que “as manifestações dos Estados produtores são legítimas, mas não são de direito".

O senador Wellington Dias (PT-PI), um dos responsáveis pelo texto do projeto aprovado no Senado, diz que respeita as manifestações dos estados produtores contra a divisão dos royalties, mas promete responder na mesma moeda.

"Se tem mobilização de quem quer ficar com 80% do que pertence a todos, maior ainda será a mobilização de 90% do povo brasileiro que não aceita mais essa injustiça. Chega! O petróleo em mar é nosso e seus royalties também", alertou o senador.

Vital Rêgo disse ainda que não haverá nenhuma perda para os produtores, e não vê porque eles (Rio e Espírito Santo) reclamam. O senador garantiu que os números que ele apresentou em seu relatório, prova e comprova que, tendo em base o ano de 2010, nenhum estado produtor vai perder recurso.

"Eles continuarão ganhando, porém com menor velocidade comparado ao que ganhavam, em respeito a um patrimônio nacional que é de todos. Tomamos como base o Plano Decenal de Energia, e tendo como referência todas as anotações do Ministério de Minas e Energia. Os dados estão computados nas previsões e cálculos de nosso substitutivo. A projeção de valores foi elaborada com todo cuidado. Agora, vamos trabalhar para que não haja postergação da tramitação do relatório”.

De Brasília
Com agências

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Questão Racial: História da população negra será contada em agenda interativa

A reunião dos principais acontecimentos da história dos povos africanos e das populações negras no Brasil e na diáspora. Essa é a síntese da Agenda Afrobrasileira 2012, que será lançada na segunda quinzena de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra – 20 de Novembro. O objetivo do projeto - resultado do trabalho de professores e pesquisadores - é sistematizar a pesquisa, a organização e a divulgação de datas e fatos importantes do calendário africano e afrobrasileiro.


História da população negra será contada em agenda interativa
Desenho de um dos condenados a enforcamento pela participação na Revolta dos Alfaiates, conhecida também como Conjuração Baiana.
A Agenda vai além da funcionalidade e contribui efetivamente para a aplicação da Lei que institui a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura das populações afrobrasileiras e das sociedades africanas nas escolas brasileiras. O conteúdo atende à necessidade do ensino de crianças e jovens e oferece ferramentas para a formação de educadores.

"Acredito que lembrar personagens, acontecimentos e datas que fazem parte da história do Brasil, da África e da diáspora é também uma das maneiras de combater o racismo", declara Acácio Almeida, professor do Departamento de Antropologia da PUC/SP e idealizador do projeto, citando os nomes conhecidos que serão apresentados na Agenda como Zumbi, Luiza Mahin e Abdias do Nascimento.

Página a página, a publicação traz registros fundamentais sobre a influência das civilizações africanas na formação cultural, social e política no Brasil e no mundo. Além da Agenda impressa, o site www.agendaafrobrasileira.com.br e as redes sociais (Facebook e Twitter) funcionam como uma fonte de pesquisa com atualização permanente. No site, o leitor encontrará ainda sugestões de atividades e jogos que poderão ser desenvolvidas com os estudantes em sala de aula.

Segundo Almeida, a interatividade é o grande diferencial da Agenda, pois é uma ferramenta importante para que o leitor consiga se aprofundar no assunto. "Diante da carência de material subsidiário à matéria, essa publicação será uma contribuição significativa e que poderá facilitar o trabalho de pesquisa dos educadores", afirma.

A Agenda é ilustrada com imagens de obras de artistas africanos contemporâneos que compõem a exposição itinerante Transit_BR, mostra que em breve irá percorrer o Brasil. As imagens também serão reproduzidas em um calendário, que será publicado com a Agenda. "Nossa intenção é despertar o olhar do leitor para uma África moderna, viva e atual", afirma Almeida.

A primeira edição da Agenda Afrobrasileira foi lançada em 1994. A publicação se tornou referência para pesquisadores e interessados no tema. Após cinco edições o projeto foi interrompido e agora está sendo retomado com incentivo e apoio do Instituto Casa das Áfricas, da Galeria Soso e da fundação angolana Sindika Dokolo.



Pêsames a família e amigos: Morre o ex-prefeito Zezé Barbosa!

O ex-prefeito de Campos José Carlos Vieira Barbosa, o Zezé Barbosa, que estava internado na UTI Hospital ProntoCárdio, faleceu nesta tarde aos 81 anos por conta de insuficiência respiratória.  Zezé foi prefeito nos períodos 1967/1970, 1972/1976 e 1983/1988. O velório vai acontecer na Câmara de Campos.

Da USP para as ruas: estudantes contra a repressão


“Ah, mas que vergonha, achar que a passeata é por causa da maconha”. Assim cantavam cerca de 2,5 mil estudantes da Universidade de São Paulo (USP), na tarde desta quinta-feira (10), em uma marcha que percorreu a região central da capital paulista. O ato político contra a Polícia Militar (PM) na Cidade Universitária, marcado para ocorrer concentrado, em frente à Faculdade de Direito do Largo São Francisco, ganhou as ruas com suas bandeiras contra a repressão da atual gestão da universidade.


Na frente de todos, formando uma espécie de escudo, os 73 presos acusados de ocuparem a reitoria da USP, por cerca de uma semana, abriam caminho para a passeata. Além de pedir o fim do convênio assinado entre a reitoria e a PM, os manifestantes pediam a saída do reitor, João Grandino Rodas, e abertura de diálogo entre reitoria, trabalhadores e estudantes para traçar um plano alternativo de segurança para o campus.

Na terça-feira (8), a desocupação do prédio da administração (cumprindo uma reintegração de posse) ocorreu de forma obscura, durante a madrugada. Segundo relatos de alguns alunos detidos na operação, 400 integrantes da Tropa de Choque, com apoio de 30 homens da cavalaria, viaturas e helicópteros, entraram no prédio quebrando tudo que viam pela frente para intimidar e incriminar os ocupantes do local.

Naquele mesmo dia, uma assembleia que reuniu 3 mil estudantes, decidiu decretar greve para pressionar a saída da PM. Aderiram a greve até agora alunos dos cursos de Arquitetura e urbanismo (FAU), Ciências Sociais, Letras, Filosofia, História e Geografia (FFLCH), Artes Cênicas (ECA).

Concentração


Debaixo do sol forte, os primeiros manifestantes começaram a chegar por volta das 14h. Uma dificuldade do acesso ao largo São Francisco de quatro ônibus que saíram do campus Butantã com alunos dos cursos que aderiram à greve, gerou um atraso. A greve do corpo discente foi decretada em uma assembleia ocorrida na noite de terça-feira (8), que contou com cerca de 3 mil pessoas.

Os ocupantes dos ônibus chegaram, em grupos, por volta das 16h, na concentração. Entre eles, cerca de 40 alunos do curso de Artes Cênicas caracterizados como zumbis, vestidos e com rostos pintados de branco, numa alusão à paz e também a uma das características marcantes do movimento estudantil na USP, os rostos cobertos para evitar serem reconhecidos e sofrerem punições da reitoria.

“Se a gente cobre o rosto com panos ou máscara, a grande mídia diz que somos bandidos. Mas, se um policial militar cumpre uma ação de reintegração de posse sem identificação, ele se torna herói”, questionou a estudante Luisa, 20 anos, que preferiu não dar o nome completo. Segundo organizadores do ato, cerca de 20 estudantes e trabalhadores envolvidos em ocupações anteriores sofrem processos administrativos internos.

O estudante do primeiro ano de Ciências Sociais Erick Nascimento, 18 , deu seu nome e apoio integral ao movimento. “Vim sozinho acompanhar de perto o que está acontecendo. Não podemos nos omitir”, disse Erick que é de Campinas e mora em uma república de estudantes próxima do campus.

A universidade é pública


O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, também presente, destacou que por trás da polêmica sobre a segurança está uma questão maior, que é a democratização da universidade pública, mais acessível e mais aberta à comunidade. A entidade defende o fim do vestibular e a adoção de outros mecanismos para seleção. Com relação à segurança, Iliescu destacou a importância de se pensar em uma reurbanização do espaço, com maior circulação de pessoas.

“Não é só uma questão de segurança, mas de democratização do espaço, que é público. Esse fato expõe a concepção liberal que vem sendo introduzida na universidade na atual gestão da reitoria. Por isso, a presença da PM, dentro ou fora da universidade, não é sinônimo de segurança”, afirmou Iliescu.

Para o presidente da UEE, Alexandre Cherno, “tudo isso que está ocorrendo dentro da USP vai na contramão da atual política nacional para a juventude. É um momento em que o país avança na questão com políticas e com a aprovação do Estatuto da Juventude”.

Já o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP, que representa todos os estudantes da instituição, destacou que a manifestação de hoje é a expressão da falta de diálogo da reitoria.

“O ato de hoje fortalece o movimento. Com isso, esperamos abrir um diálogo profundo entre a comunidade acadêmica para discutir um novo projeto de universidade com mais ensino, pesquisa e extensão”, declarou João Vitor de Oliveira, um dos integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

Também estavam presentes na manifestação o Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp), a Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), e movimentos sociais.

Deborah Moreira, da redação do Vermelho


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Competência e profissionalismo, é preciso!


Ministro da Defesa fala sobre situação das Forças Armadas

O Ministério da Defesa vai promover em dezembro uma reunião com representantes das Forças Armadas para identificar as prioridades de investimento no Exército, Marinha e Aeronáutica. O anúncio foi feito pelo ministro Celso Amorim em audiência da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional na manhã desta quarta-feira (9). Ele também falou sobre a revisão nos manuais de contra inteligência.


A audiência discutiu o estágio atual do reequipamento das Forças Armadas, a situação do Centro de Lançamento de Alcântara (MA) e a licitação (que vem sendo adiada desde os governos FHC) para a aquisição de caças pela Força Aérea Brasileira.

O ministro admitiu que um dos principais problemas tem sido a descontinuidade na aplicação dos recursos, o que provoca prejuízos na execução de ações e programas. E citou, como exemplo, os projetos de construção do submarino nuclear e do lançador de foguetes da base de Alcântara.

O ministro explicou que os profissionais que atuam nesses projetos são especializados e atrasos ou descontinuidade de orçamento acabam desfazendo as equipes. Apesar dos problemas orçamentários, Celso Amorim prevê que o projeto do lançador de foguetes deve estar concluído em 2015 e o do submarino, em 2025.

Ele defendeu também uma revisão urgente dos salários nas Forças Armadas, destacando que um segundo-tenente ganha cerca de seis mil reais - valor menor do que o pago a várias carreiras de estado.

Contra inteligência

Amorim também informou, durante a audiência, que determinou a revisão dos manuais de contra inteligência do Exército e da Marinha para adequação da linguagem utilizada nos textos que deve ficar pronto em até três meses. Ele considera os serviços de contra inteligência “absolutamente necessários”.

"Ninguém pode ter dúvida sobre a necessidade da contra-inteligência. O Brasil é um país grande e tem que se defender. O que eu tenho detectado é um problema de vocabulário que não é mais adequado à época atual", comentou Amorim.

O manual de contra inteligência das Forças Armadas foi denunciado em recente reportagem da revista Carta Capital. Segundo o deputado Ivan Valente (Psol-SP), o texto de um manual secreto do Exército fere a Constituição Federal, ao permitir "bisbilhotagem e espionagem" de organizações não governamentais, sindicatos e partidos políticos.

O "Manual de Campanha Contra-Inteligência", de acordo com matéria da revista, tem 162 páginas que tratam de ações como política de infiltração de agentes de inteligência militar e refere-se à população não fardada como "forças/elementos adversos".

De Brasília
Com agências






Exemplo!

Chile: militares são condenados por sequestro na ditadura

Os líderes máximos da Direção de Inteligência Nacional (Dina), a polícia secreta do Chile na ditadura, foram condenados a 15 anos de prisão e sem benefícios por causa do sequestro qualificado em 1974 de Sergio Riverosl.


O juiz da Corte de Apelações de Santiago, Alejandro Solís, condenou em primeira instância os ex-militares Manuel Contreras, Miguel Krassnoff, Marcelo Moren, Basclay Zapata e Nelson Paz.

Riveros, militante do Partido Comunista, foi detido em 15 de agosto de 1974, em sua residência por agentes do grupo Falcão, da Dina. Ele foi levado à prisão clandestina e centro de torturas Londres 38, onde foi visto por várias testemunhas. Desde esta data, não houve mais notícias de seu paradeiro.

Os agentes estavam acompanhados de Luz Arce, ex-militante socialista que se tornou colaboradora dos aparatos repressivos após sua prisão e que informou os militares sobre a identidade e o paradeiro de Riveros.

Porém, em 1990, ela desertou da Dina e começou a fazer uma série de denúncias e prestou depoimento em diversos julgamentos sobre desaparecidos da ditadura.

Fonte: UOL