domingo, 20 de novembro de 2011

Dilma: "pobreza no Brasil tem face negra e feminina"


A presidente Dilma Rousseff disse neste sábado (19) que "a pobreza no Brasil tem face negra e feminina". Daí a necessidade de reforçar as políticas públicas de inclusão e as ações de saúde da mulher, destacou, ao encerrar, em Salvador, o Encontro Ibero-Americano de Alto Nível, em comemoração ao Ano Internacional dos Afrodescendentes.


Em discurso, ela explicou por que as políticas de transferência de renda têm foco nas mulheres, e não nos homens: elas "são incapazes de receber os rendimentos e gastar no bar da esquina". Dilma destacou que, nos últimos anos, inverteu-se uma situação que perdurava no país, quando negros, índios e pobres corriam atrás do Estado em busca de assistência. Agora, o Estado é que vai em busca dessas populações, declarou.

Ao defender a necessidade de ações de combate à pobreza, a presidente citou o Programa Brasil sem Miséria, cujo objetivo é retirar 16 milhões de pessoas da pobreza extrema. No discurso, ela destacou ainda a criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em 2003, e a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, no ano passado, além da obrigatoriedade do ensino da história afrobrasileira nas escolas.

Dilma apontou também o fato de a data do evento coincidir com a da morte do líder negro Zumbi dos Palmares, com o Dia Nacional da Consciência Negra, a ser comemorado amanhã (20), e com os 123 anos do fim institucional da escravidão no país.

Nestes 123 anos, disse a presidente, "sofremos as consequências dramáticas da escravidão" e foi preciso combater uma delas, a sistemática desvalorização do trabalho escravo, que resultou na desvalorização de qualquer tipo de trabalho no país. A característica mais marcante da herança da escravidão foi a invisibilidade dos mais pobres, enfrentada nos últimos anos a partir da certeza de que o crescimento do país só seria possível com distribuição de renda e inclusão social, acrescentou Dilma.

Para a presidente, existe, no entanto, uma "boa herança" da escravidão, que é o fato de milhões e milhões de negros terem construído ao longo dos anos a nacionalidade brasileira, junto com as populações indígenas, europeias e asiáticas. Segundo Dilma, essa "biodiversidade" cultural é uma das maiores riquezas do país, uma grande contribuição para o mundo, especialmente quando ressurgem em várias países preconceitos contra imigrantes.

Ela ressaltou que, embora o Brasil tenha a segunda maior população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria, a discriminação persiste: os afrodescendentes são os que mais sofrem com a pobreza e o desemprego.

No discurso, além de lembrar o papel central do Continente Africano na política externa brasileira, Dilma enfatizou o fato de a América do Sul ser um dos continentes que mais crescem, apesar da crise financeira que começou em 2008. De acordo com a presidente, a adoção de políticas desenvolvimento do mercado interno pelos países sul-americanos tem sido uma barreira contra os efeitos da crise.

Com agências



Irlan Simões: Os corvos da primavera árabe e a bola

Para buscar prestígio e lavar dinheiro, governantes de países sem tradição futebolística estão entre os maiores investidores globais no esporte.

Por Irlan Simões, no Outras Palavras


A Primavera Árabe, que chacoalhou o Oriente Médio e o norte da África em 2011, tornou-se acontecimentos do ano e provocou intenso debate. O Ocidente observou incrédulo um grande número de governantes autoritários sendo contestados, em países que durante longo tempo o mundo “civilizado” ignorou. Apesar de suas particularidades, as revoltas populares surgiram de razões comuns: as precárias condições de vida e a ilegitimidade dos poderes estabelecidos.

Curiosamente, 2011 também trouxe uma novidade com sotaque árabe: os xeques nunca investiram tanto no futebol como nos últimos anos. O problema maior talvez não seja a origem do dinheiro: há muito, os petrodólares têm invadido o futebol mundial de todas as formas. O que preocupa é a procedência dos investidores.

Há diferentes tipos de relação entre os poderosos do mundo árabe e o futebol. Nos países não-monárquicos, como Líbia, Egito e Tunísia, havia uma lógica muito próxima à dos regimes ditatoriais. Primeiro, o esporte serviu como instrumento de controle e apaziguamento das tensões sociais. À medida que a indústria do futebol foi crescendo, o jogo virou, também, caminho para enriquecer. Na Líbia, que passou 40 anos sob o mando de Muamar Kadafi, o ministro dos Esportes era seu filho, Al-Saadi Kadafi — que ao mesmo tempo era jogador profissional pelo Perugia, da Itália, e acionista da Juventus, maior clube da Bota.

Al-Saadi foi o pivô de um caso de tráfico de influência dentro da FIFA, que envolveu ninguém menos que Ricardo Teixeira e sua CBF. Kadafi convidou a seleção brasileira para um amistoso em Trípoli, sob um contrato que garantia 500 mil reais para a confederação brasileira. O jogo não aconteceu, mas sabe-se que parte do pagamento foi parar numa conta nas Bahamas, no nome do então técnico da seleção, Mario Jorge Zagallo. Em 2003, a Líbia candidatou-se a sede da Copa de 2010, perdendo para a África do Sul, que tinha ao seu lado o imbatível Sepp Blatter, com dívidas a serem pagas com Nelson Mandela.

No Norte da África, a Tunísia de Zine Ben Ali e o Egito de Hosni Mubarak também figuram entre os países que buscaram no futebol uma forma de manutenção de suas ditaduras. Nos preparativos para a Copa de 2010, ambos foram elogiados por Sepp Blatter, que os considerou concorrentes capacitados para sediar a competição. Nem um pio sobre os direitos humanos dos seus povos.

No Egito também estão dois poderosos empresários do futebol: Mohamed Al Fayed e Assem Allan. Fayed é conhecido mundialmente como o pai de Dodi Al Fayed, cineasta que morreu num acidente automobilístico ao lado da sua namorada, a princesa Diana. É dono do clube inglês Fulham. Assume publicamente que cresceu nos negócios ao lado do comerciante de armas Adnan Khashoggi, seu cunhado saudita. Já Allan, dono do Hull City, é conhecido por negociar potentes hardwares para Forças Armadas de todo o mundo.

Estados-família do petróleo

Outros exemplos curiosos vêm das sete monarquias da Península Arábica (Emirados Árabes Unidos, Qatar, Bahrein, Kwait, Arábia Saudita e Omã). Ricas em petróleo, são governadas por famílias que se cultivam há décadas no poder. Mantêm fundos soberanos que reúnem alguns trilhões de dólares. E entre seus negócios está… o futebol.

A família Al Maktoum, de Dubai, que controla a gigante Emirates Group, é proprietária do clube Getafe, da Espanha. É também proprietária da Fly Emirates, empresa de linhas aéreas, maior patrocinadora do francês Paris Saint-German, do italiano Milan (o 9º maior da história do futebol somando 11,5 milhões de euros anuais), e do inglês Arsenal, tendo adquirido o name rightings de seu estádio, que agora se chama Emirates Stadium.

Nada comparado à família Al-Nahyan, que controla o emirado de Abu Dhabi, responsável pela produção de 90% do petróleo dos Emirados Arabes Unidos. Um dos integrantes da família real, Mansour Al-Nayhan, é o proprietário da nova “surpresa” do futebol inglês, o Manchester City. O Abu Dhabi United Group, ligado ao fundo soberano do país, já investiu o equivalente a 1,2 bilhões de reais apenas em jogadores. Seu irmão Hamed Bin Zayed Al-Nahyan, dono da Etihad Airways, é o principal patrocinador do clube, comprando o naming rights do estádio City of Manchester.

Mansour só não consegue explicar como convenceu a FIFA a levar o Mundial de Clubes para um país que mal assiste futebol e comentar sobre os 26 casos de tortura e assassinato que envolvem o seu irmão Issa Bin Zayed Al-Nahyan em 2009.

Ainda nesse grupo seleto de famílias poderosas que controlam a maior parte da produção de petróleo do mundo encontram-se os Al-Thani, do Catar. O país é uma monarquia absoluta que possui um conselho eleito por poucos e sem muito poder de decisão. Entre os 35 notáveis que compõem esse seleto grupo, está o ex-presidente da Confederação Asiática de Futebol, Bin Hamman, que caiu após ousar disputar a presidência da FIFA com o todo poderoso Blatter.

O Catar já era notável por pagar os maiores salários já vistos no futebol do terceiro mundo para estrelas em fim de carreira. Além disso, um dos membros da família, Abdallah Ben Nasser Al-Thani, comprou o Málaga, pequeno clube espanhol no qual já investiu 36 milhões de euros. Ainda com a Qatar Sports Investment, Abdallah adquiriu 70% do Paris Saint-German.

O feito mais surpreendente ainda está por vir. Através da Qatar Foundation, a família Al-Thani tornou-se a primeira patrocinadora da história do FC Barcelona, investindo valor próximo a 170 milhões de euros, um recorde em negociações deste tipo. O acordo gerou sério desconforto entre os conselheiros e torcedores do clube, mas foi aprovado em dezembro de 2010.

Os Al-Thani terão mais uma oportunidade de mostrar ao mundo a sua imensa riqueza. A Copa do Mundo de 2022, pese a quase inexistência do futebol no país, será disputada no Catar. A concorrente maior era ninguém menos que a Inglaterra, que ao se recusar a pagar gordos “incentivos” aos votantes do conselho executivo da FIFA, ficou apenas com o choro dos derrotados.

A Arábia Saudita dos Al-Saud, que reprimiu os ecos da Primavera Árabe, antes mesmo que tomassem corpo, também tem notáveis relações com o mundo do futebol. O príncipe Al-Saud já declarou que deseja comprar o Panathinaikos, um dos maiores clubes gregos.

O xeque Saleh Kamel, bilionário entre os mais ricos e amigo da família real saudita, chegou a emprestar o seu jatinho particular para Sepp Blatter passear pelo mundo árabe, em sua campanha de 2002. Há fortes indícios que o membro saudita no Conselho Executivo da FIFA, Abdullah Al-Dabal, vendeu o seu voto na escolha da sede da Copa do Mundo de 2006 para a Alemanha. Nove dias antes do pleito, a pedido do magnata das comunicações alemão, Leo Kirch, o chanceler e quatro ministros aprovaram a venda de 1,2 mil mísseis anti-tanques para a Arábia Saudita.

Fora do clube de produtores de petróleo, a Jordânia, tem um representante da família real na condição de vice-presidente asiático da FIFA. O principe Ali Bin Al-Hussein venceu de forma surpreendente o sul-coreano Chung Mong-Joon, herdeiro da dinastia Hyundai.

Sim, o futebol explica o mundo

O que fica de lição, sobre as relações entre política, negócios e futebol nos países árabes, é que o esporte precisa ser levado mais a sério.

Um negócio que hoje movimenta mais de 300 bilhões de dólares e representa 0,2% do PIB de uma economia como a espanhola atrai interesses obscuros. Não pode ser discutido de forma tão superficial como a adotada pela maior parte da mídia. Mas também, pudera: praticamente inexistem meios privados de comunicação que não tenham interesse no grande montante de dinheiro que entra e sai do futebol. Seja de forma legitima ou ilegítima.

Para os ditadores árabes, o futebol torna-se uma janela de entrada nos negócios de todo mundo. Pese o preconceito e o receio de transacionar com famílias envolvidas em negócios suspeitos, o dinheiro sempre vence.

A liga inglesa, que optou por ser a mais aberta do mundo, transplantando para o futebol o receituário neoliberal para o futebol, sente hoje os efeitos da total desregulamentação das transações ligadas ao jogo. Dos grandes clubes ingleses que já estão na mão de investidores privados cinco pertencem a magnatas norte-americanos, um russo, dois indianos e um grupo chinês.

No caso dos tiranos, o futebol serve muito mais como instrumento de status e “limpeza de imagem”que necessariamente como um produto capaz de render retorno financeiro. Isso pode explicar porque Mansour Al-Nayhan permitiu que o Manchester City fechasse os dois primeiros anos em seu poder com uma dívida de R$570 milhões de reais. Ou revela por que o xeque só compareceu a um jogo nesses três anos – mesmo sendo proprietário de um dos clubes mais tradicionais da Inglaterra, fundado em 1880 por ferreiros de Manchester, então um dos motores da Revolução Industrial.


sábado, 19 de novembro de 2011

Onde está a democracia? EUA reprimem os indignados anti-Wall Street porque os temem


Nosso vizinho do Norte converteu-se em um Estado cada vez mais antidemocrático e repressivo também dentro de seu território. Assim o confirma o desmantelamento brutal, promovido pela polícia nos últimos dias, de muitos dos acampamentos surgidos em importantes cidades por causa da faísca acesa pelo Ocupar Wall Street.

Por Angel Guerra Cabrera, em La Jornada


O movimento parecia débil e solitário quando começou com cerca de 200 pessoas no Parque Zucotti (rebatizado de Parque da Liberdade), mas logo ganhou o apoio da maioria dos nova-iorquinos, sindicatos, intelectuais heterogêneos, artistas e pequenos e médios empresários.

Em menos de dois meses, espalhou-se para mais de uma centena de cidades, dobrou sua popularidade em relação ao Tea Party e mudou a agenda do debate político nacional. Temas tabu, como a desigualdade de renda, a dominação da sociedade por corporações, a ganância capitalista e os crimes do império agora são discutidos na sala de muitas casas e nas páginas editoriais.

Por que este movimento surgiu, tão temido pelo poder, que não parou de reprimí-lo até desalojá-lo de seu acampamento principal perto de Wall Street? Como resposta, vou tentar resumir os questionamentos do movimento Ocupar ao sistema dominante nos Estados Unidos.

Os Estados Unidos estão passando por uma enorme crise econômica, da qual não se avista o final, em consequência da ganância capitalista, do governo do dinheiro e das guerras constantes. O desemprego atinge 25 milhões, incluindo muitos jovens. O país que mais acumulou riquezas tem 50 milhões na pobreza, um número maior sem seguro de saúde e as escolas públicas estão em ruínas. Milhões perderam suas casas, os patrimônios de toda a vida. Entretanto, de acordo com dados oficiais, a riqueza dos mais ricos cresceu 275%.

Mas também há uma crise de valores que faz com que as pessoas acreditem cada vez menos nos políticos e nas instituições. Não sentem que estes as representem, já que servem às grandes corporações e aos bancos, que pagam as suas campanhas políticas e os enchem de privilégios, sejam eles o presidente Barack Obama e a rama executiva do governo ou membros das duas casas do Congresso.

Estes últimos nunca tinham tido um nível tão baixo de aceitação na opinião pública. Estão em crise os desígnios de hegemonizar e o ciclo das guerras imperialistas no qual a potência está atolada e já não pode mais sustentar. Isto só tem exacerbado e estendido os conflitos que supostamente resolveria.

A isso está ligada a ameaça de incendiar a humanidade em um holocausto nuclear, caso os líderes medíocres e oportunistas da Casa Branca e seus aliados capitais insistirem em seu plano de atacar o Irã (Aqui uma afirmação muito pessoal: se se quer encontrar hoje exemplares desta espécie em extinção conhecida alguma vez como homens e mulheres de Estado, deve-se buscar primeiro em países latino-americanos, que tomaram um rumo independente).

A crise norte-americana se estende desde a forma implacável e já intolerável de exploração e pilhagem de uma grande maioria (99%do seu próprio povo) e de enormes contingentes de pessoas no mundo, por uma pequena minoria (1%), até o paradigma de produção e de consumo consolidado nos anos 1950 e 1960 com o pleno desenvolvimento do consumismo.

Uma medida da tragédia que tem impulsionado este fenômeno é o fato de que se os 7 bilhões de seres humanos que chegamos a ser na Terra alcançarmos o consumo per capita dos EUA, só poderíamos sobreviver se contássemos com os recursos naturais de não menos que cinco planetas como o nosso.

Esta é a causa do aquecimento global que causa já fome, distúrbios climáticos mais intensos e mais frequentes e está eliminando em alta velocidade muitos ecossistemas essenciais para a sobrevivência humana. Também do envenenamento dos rios e mares, onde em poucas décadas não haverá vida. Nada disso pode permanecer igual e precisa mudar radicalmente. A primeira coisa a mudar é que todas as decisões que os afetam devem ser tomadas pelos cidadãos e não pelo capital e pelos políticos que atuam como funcionários dele. Tudo isso e mais dizem os integrantes do Ocupar.

Frente à repressão, que certamente continuará, o Ocupar Wall Street respondeu com sabedoria: "não se pode desalojar uma ideia cujo momento chegou".

Polícia e justiça, onde estão?


Cacique guarani é executado no Mato Grosso do Sul

Um grupo de homens armados e encapuzados invadiu uma aldeia de indígenas Kaiowá Guarani, no estado do Mato Grosso do Sul (centro-oeste) e matou o líder da comunidade, informou a Fundação Nacional do Índio (Funai).


"A comunidade Kaiowá Guarani, do acampamento Tekoha Guaviry, no município de Amambaí (próximo à fronteira com o Paraguai), sofreu o ataque de 42 pistoleiros encapuzados e fortemente armados. Seu alvo principal foi o cacique Nísio Gomes, de 59 anos, executado com tiros de armas calibre 12", informou a Funai.

Não se descarta que haja outras vítimas, uma vez que os atacantes levaram dois jovens e uma criança junto com o corpo do cacique assassinado, acrescentou a fonte. Valmir, filho de Nisio Gomes, foi ferido com uma bala de borracha no peito quando tentava socorrer seu pai, segundo o Conselho Indígena Missionário (Cimi), que tinha integrantes na hora do assassinato.

Desde o começo do mês, os índios - cerca de 60 - ocupavam um território situado entre várias grandes fazendas de produção agrícola, que é parte de sua terra ancestral e que está sendo oficialmente delimitada pelas autoridades. No Mato Grosso do Sul os conflitos por terras são muito frequentes, principalmente os confrontos entre indígenas e fazendeiros.

"Todos chegaram com capuzes, jaquetas escuras e pediram que deitássemos no chão. Tinham armas calibre 12", relatou um integrante do Conselho Indígena Missionário.

“O povo continua no acampamento, nós vamos morrer tudo aqui mesmo. Não vamos sair do nosso tekoha”, afirmou um indígena. Ele disse ainda que a comunidade deseja enterrar o cacique na terra pela qual a liderança lutou a vida inteira. “Ele está morto. Não é possível que tenha sobrevivido com tiros na cabeça e por todo o corpo”, lamentou.

Cerca de 250 assassinatos de guaranis foram contabilizados pelo Cimi nos últimos anos, metade do total de homicídios sofridos por indígenas em todo Brasil. Os guaranis representam a maioria indígena do país e são um dos grupos com maiores problemas, pela escassez de terras, a superpopulação de suas aldeias e a falta de trabalho.

Com agências

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Fórum e Manifesto lançados em Brasília combatem terceirização


Nesta quinta-feira (17), as centrais sindicais CTB e CUT se uniram a outras entidades no lançamento, na Câmara dos Deputados, em Brasília, do Fórum Nacional de Combate à Terceirização. Na ocasião, foi divulgado o Manifesto em defesa dos direitos dos trabalhadores (as) ameaçados pela precarização das relações e condições de trabalho.


O Fórum pretende reunir diversos setores da sociedade visando inverter o processo e compor um espaço de articulação de ações que impeçam a institucionalização da precarização do trabalho no país.

Segundo os organizadores do Fórum, a terceirização tem causado impactos perversos no mercado de trabalho brasileiro e a eminência de aprovação na Câmara dos Deputados de projetos de Lei que aprofundam este cenário, resultará na regulamentação da precarização das relações e condições de trabalho.

Pesquisas desenvolvidas por diversas instituições, nas últimas três décadas em todos os setores econômicos e regiões do País, evidenciam o crescimento sem controle da terceirização e a tendência, já verificada em alguns setores, de redução do quadro de empregados efetivos invertendo o número de efetivos em relação aos terceirizados.

Cuidado com as leis

E alertam para a aprovação dos projetos de lei que tramitam no Congresso brasileiro, como é o caso da proposta do deputado Roberto Santiago (PSD-SP) que, se aprovados agravarão a situação. Também denunciam que “esses projetos de lei, além de liberarem a terceirização para todas as atividades, inclusive quando essenciais à tomadora, fazendo da exceção a regra, não definem como solidária a responsabilidade das empresas envolvidas na terceirização e não garantem efetiva isonomia das condições de trabalho e de direitos, contribuindo para a fragilização da organização sindical”.

O Manifesto afirma ainda que “rejeitá-los coloca-se como essencial à defesa da sociedade como um todo e da ordem jurídica do nosso país”, porque “está em jogo o reequilíbrio de uma ordem jurídica maculada pela terceirização do trabalho na contramão dos princípios constitucionais da dignidade humana e do valor social do trabalho”.

E sugere que “toda e qualquer regulamentação que venha a ser aprovada esteja necessariamente alicerçada nos seguintes pilares: que vede a locação de trabalhadores e trabalhadoras; que proíba a terceirização nas atividades permanentemente necessárias à tomadora e que assegure a responsabilidade solidária das empresas envolvidas na terceirização, tanto no setor privado quanto no público.

O Manifesto defende ainda que a lei aprovada regulamentando a terceirização garanta plena igualdade de direitos e condições de trabalho entre empregados diretamente contratados e trabalhadores terceirizados, com inclusão de mecanismos que impossibilitem a fraude a direitos e que assegure a representação sindical pelo sindicato preponderante.

Para conhecer e assinar o Manifesto em defesa dos direitos dos trabalhadores (as) ameaçados pela precarização das relações e condições de trabalho.


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Lula na luta!!!!!!!!!!!


Foi divulgada a foto que mostra o nosso querido ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a barba e o cabelo cortados pela sua esposa, Marisa. Ele antecipou-se à queda de cabelos em consequência dos medicamentos no tratamento contra o câncer. Com esta sensível imagem feita pelo fotógrafo Ricardo Stuckert, o líder Lula, admirado no Brasil e no exterior, mostra mais uma vez sua força. Estou ao lado de milhões de brasileiros torcendo pela recuperação da sua saúde. Um abraço, Lula!

IBGE analisa renda, diversidade étnica e analfabetismo no Brasil


Metade da população recebeu mensalmente, durante o ano de 2010, até R$ 375 – valor inferior ao salário mínimo, de R$ 510, pago na época. Dados que se referem ao rendimento médio mensal domiciliar apontam o abismo entre os que têm os maiores e menores rendimentos no país. Os 10% com os rendimentos mais elevados ganhavam R$ 9.501, enquanto as famílias mais pobres viviam com apenas R$ 225 por mês.


Os dados fazem parte dos resultados definitivos do universo do Censo 2010 divulgado nesta quarta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O levantamento faz uma análise do Censo 2010, focando temas como aspectos demográficos, educacionais, de saneamento e do perfil de distribuição dos rendimentos nos municípios brasileiros.

Distribuição dos rendimentos totais

O levantamento mostra que 44,5% do total de rendimentos do país se concentraram nas mãos dos 10% mais ricos. Do outro lado da análise, ficaram os 10% mais pobres, que dividiram apenas 1,1% dos rendimentos anuais. Nas regiões Norte e Nordeste, os 10% mais pobres detêm 1% do total de rendimentos.

O contraste também é evidente nas zonas urbanas e rurais dos municípios brasileiros. A parcela que ganhava mais de R$ 2.550 por mês representava 1% na área rural e 6% na área urbana. As regiões Norte e a Nordeste são as que registram menor número de trabalhadores com renda acima desse valor, com 2,6% e 3,1% respectivamente, bem abaixo das percentagens do Sudeste (6,7%), do Sul (6,1%) e Centro-Oeste (7,3%).

No Distrito Federal, o rendimento nominal médio mensal dos domicílios particulares era R$ 4.635 – o maior do país. No outro extremo, o Maranhão era a unidade da federação com menor rendimento domiciliar: R$ 1.274.

Gênero

Nos municípios brasileiros menos populosos, com até 20 mil habitantes, o número de homens ultrapassa o de mulheres. Em 20 dessas cidades, localizadas principalmente no estado de São Paulo, a população masculina supera em pelo menos 30% a feminina.

No outro extremo, entre as 20 cidades com maior concentração de mulheres, 12 são capitais. Oito delas localizadas na Região Nordeste, três na Sudeste e uma na Sul. O município onde há menor diferença entre a população masculina e feminina é Santos (SP), com 84,4 homens em cada grupo de 100 mulheres.

Quando a análise considera os grupos etários, o levantamento mostra que na faixa de idosos (com 60 anos ou mais) há, geralmente, maior predominância de mulheres. “No grupo de idosos, fica mais evidente o efeito da maior mortalidade masculina, uma vez que um quantitativo menor de homens atinge essa idade”, destaca o documento.

O documento do IBGE destaca ainda que também na faixa de 20 a 34 anos há predominância feminina, especialmente no Distrito Federal – onde há 91,5 homens para 100 mulheres – e nos estados de Alagoas (92,8), Sergipe (94,6), Pernambuco (94,8) e Rio de Janeiro (95,5). No outro extremo, Mato Grosso (107,0), Santa Catarina (102,0), Rondônia (101,2) e Pará (100,3) são os estados com maioria masculina nesta faixa de idade.

Idosos

A proporção de idosos nos municípios brasileiros teve um crescimento generalizado nos últimos dez anos. O percentual de pessoas com mais de 60 anos aumentou de 8,6%, em 2000, para 10,8% em 2010 – o que indica a necessidade do desenvolvimento de políticas públicas específicas para essa população.

Em 78 municípios brasileiros, essa parcela de cidadãos já representa 20% da população total da cidade, ou seja, uma em cada cinco pessoas tem 60 anos ou mais de idade.

Já a proporção de crianças e adolescentes com até 14 anos de idade vem diminuindo no país. A participação desse grupo na população total caiu de 29,6% em 2000 para 24,1% em 2010.

Diversidade étnica

O estado da Bahia possui oito dos 10 municípios que concentram o maior número de pessoas negras no país. Em Antônio Cardoso, por exemplo, a população negra representa mais da metade (50,7%) do total de 11.554 moradores. Por outro lado, há municípios onde quase a totalidade dos habitantes se diz branca. É o caso de Montauri e de Três Arroios, no Rio Grande do Sul, onde 99,2% da população se classificam dessa forma. São João da Ponta, no Pará, é a cidade do país com a maior proporção de pardos (90,1% dos habitantes).

O levantamento também evidencia as desigualdades de rendimentos entre negros, brancos e pardos. Os valores médios recebidos pelos brancos chegam a R$ 1.574, próximo ao dobro do que ganham os grupos de negros (R$ 834), pardos (R$ 845) ou indígenas (R$ 735).

Na capital baiana o primeiro grupo ganha 3,2 vezes mais do que o segundo. Em seguida, aparecem Recife (3 vezes) e Belo Horizonte (2,9 vezes).

Quando a comparação se dá entre brancos e pardos, São Paulo aparece no topo da lista das desigualdades (2,7 vezes). Em seguida vêm Salvador, o Rio de Janeiro e Porto Alegre, onde brancos têm rendimentos 2,3 vezes maiores do que os pardos.

Analfabetismo


Outro fator de desigualdade evidenciado pelo levantamento diz respeito às taxas de analfabetismo de acordo com o tamanho dos municípios. Para o conjunto da população, nas cidades com menos de 100 mil habitantes, a situação é mais grave e as taxas superam a média nacional de 9,6%.

Em todo o país, a taxa de analfabetismo da população com idade igual ou superior a 15 anos caiu de 13,63% em 2000 para 9,6% em 2010. Ainda assim, o índice atinge os 28% nos municípios do Nordeste e é maior entre negros (14,4%) e pardos (13%). Esse contingente representava, em 2010, quase o triplo dos analfabetos entre a população branca, com taxas de 5,9%.

A situação apontada pelo Censo é considerada preocupante no Nordeste também entre os jovens: pouco mais de 502 mil deles, na faixa dos 15 aos 24 anos, declararam não saber ler e escrever. Na região do semiárido, a taxa de analfabetismo também foi bem mais elevada do que a média nacional, ainda que, desde 2000, tenha caído de 32,6% para 24,3% em 2010. Entre os analfabetos do semiárido, segundo o Censo, a maioria (65%) é de pessoas com mais de 60 anos.


Fonte: Agência Brasil