quarta-feira, 16 de novembro de 2011

PCdoB e PV em conversa adiantada

Ambos na Frente Democrática de Oposição, PV e PCdoB continuam as conversas que podem levar a uma possível coligação para as eleições de 2012. A intenção dos partidos, assim como de toda a oposição, é que a união aconteça para forçar o segundo turno e conseguir mais chances de impedir a prefeita Rosinha Garotinho (PR) de conseguir a reeleição, já que, até o momento, o nome dela aparece como favorita.

Segundo a presidente do PCdoB de Campos, Odete Rocha, as conversas foram intensificadas nas últimas semanas. “O Andral (Tavares, presidente do PV) é uma pessoa muito correta e temos o mesmo pensamento. As conversas foram intensificadas e temos o mesmo posicionamento na Frente. As conversas são sempre para que as forças sejam somadas”, disse Odete, lembrando que a meta em comum é chegar ao segundo turno, independente de quem for o candidato escolhido pela aliança.

— O que importa hoje é aglutinar partidos na oposição. Sou pré-candidata, mas o PV também tem. Se somarmos nossa força, poderá ser ainda melhor para a meta da oposição, que é chegar ao segundo turno — revelou.
Fonte : fmanha.com.br

Goyta estréia na Segundona contra a Cabofriense


Por Luiz, em 16-11-2011 - 16h36 www.fmanha.com.br
Em arbitral realizado, na tarde de hoje (16), no auditório da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, foi sorteada a tabela do Campeonato Estadual da Série B, que começará no dia 4 de fevereiro. O arbitral também divulgou oficialmente a mudança de nome de duas equipes: o Sendas, que agora passa a se chamar Audax, e o Estácio de Sá, que passa a se chamar Imperial. O CFZ confirmou o pedido de licença e não disputará o campeonato. No dia 10 de janeiro, a Ferj realizará o Simpósio de abertura da competição. Os times de Campos vão jogar em casa na primeira rodada. O Rio Branco recebe o Quissamã, enquanto o Goytacaz pega a Cabofriense.
Os cinco primeiros colocados de cada chave e mais os dois de melhor índice técnico classificados em sexto lugar se classificam para a fase final, com 12 times definindo, em pontos corridos em turno e returno, as duas vagas para a Série A de 2013.
1ª rodada:
Grupo A
Barra Mansa x Artsul
São Cristóvão x Serra Macaense
Carapebus x Mesquita
Ceres x Tigres do Brasil
Rio Branco x Quissamã
Folga: Teresópolis
Grupo B
Audax Rio x Sampaio Corrêa
Goytacaz x Cabofriense
Imperial x Portuguesa
Angra dos Reis x São João da Barra
America x Juventus

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Dilma define: Divisão dos royalties só será votada em 2012


A presidente Dilma Rousseff entrou em campo para deixar para 2012 a votação, na Câmara dos Deputados, do projeto que cria uma nova divisão para os royalties do petróleo. A estratégia do governo é protelar uma definição sobre o tema para não contaminar outras propostas de interesse do Executivo que têm de ser analisadas até o fim deste ano e deixar esfriar a temperatura entre os lados envolvidos na disputa. O adiamento favorece os Estados e municípios produtores, que são beneficiados pelo modelo atual no qual a maior parte da receita é concentrada em suas mãos.

Em conversa com a cúpula do PMDB na semana passada, a presidente usou o exemplo do que ocorreu no governo Luiz Inácio Lula da Silva para demonstrar o que não quer repetir. Lula patrocinou um acordo com governadores sobre o tema, mas o Congresso derrubou a proposta e aprovou então a polêmica emenda Ibsen Pinheiro redistribuindo todos os recursos da extração de petróleo no mar entre todos os Estados e municípios, de acordo com os fundos de participação. O presidente acabou tendo de vetar o texto aprovado pelo Congresso.

Para Dilma, se o projeto do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) for referendado pela Câmara, ela terá de vetar para evitar danos ao Rio de Janeiro e Espírito Santo e a polêmica será prolongada.

Dados

Dilma pediu dados sobre os impactos do projeto aprovado pelo Senado. Os números entregues à presidente são diferentes dos anunciados por Vital. Com isso, ela tem argumentos para adiar uma definição e tentar construir um acordo para evitar uma fragmentação na base aliada.

A divisão entre os governistas ficou evidente na reunião do Conselho Político com a presidente Dilma na segunda-feira da semana passada. Os senadores Magno Malta (PR-ES) e Marcelo Crivella (PRB-RJ) manifestaram a ela preocupação com a votação desse projeto. A presidente afirmou que o tema ainda seria debatido pelo conselho dando um sinal claro aos presentes de que o Palácio do Planalto participará ativamente da discussão e que o seu desfecho está distante. "A presidente vai colocar isso em debate só no ano que vem", resumiu o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG).

Além do temor provocado pela polêmica do tema, um extenso calendário de votações para as últimas semanas de trabalho legislativo em 2011 contribui para adiar o embate sobre royalties. Hoje, mais três medidas provisórias começaram a trancar a pauta da Câmara, elevando para cinco o número de matérias obstruindo as votações. Na próxima sexta-feira o projeto de lei que cria o fundo de previdência complementar do funcionalismo também passa a trancar a pauta, criando um novo obstáculo. O governo já anunciou que esta proposta é prioritária para votação até o fim do ano.

Com informações do Estado de São Paulo

Denúncia da ONU: marcas famosas utilizam mão-de-obra infantil


A relatora especial das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão, Gulnara Shahinian, denunciou nesta segunda-feira (14) que existem crianças que começam a trabalhar aos 3 anos de idade, sendo que aos 9 muitas delas já estão vulneráveis à exploração sexual.


Com um firme discurso, Gulnara fechou o último dia de um congresso organizado pela ONG Proyecto Solidario em Toledo, na Espanha. O ator e escritor Fernando Guillén Cuervo também esteve no evento para apresentar o documentário "Vilaj", que aborda a vida das crianças haitianas.

Segundo Gulnara, que passou os três últimos anos estudando minuciosamente o trabalho infantil, o número de meninos e meninas que são forçados ao trabalho supera os 215 milhões, segundo dados da Organização Mundial do Trabalho (OIT). "Muitos deles começam com apenas 3 anos", afirmou a relatora.

O caso do jovem haitiano Vladimir exemplifica a situação: durante sua participação no congresso, ele confessou que começou a trabalhar em uma oficina mecânica aos três anos de idade para ajudar sua família. Agora, graças a uma bolsa de estudos da Proyecto Solidario, está se formando na Espanha.

Gulnara foi testemunha do trabalho de meninos e meninas em minas e pedreiras, nas quais eram obrigados a manusear dinamite "com água até o pescoço" ou ficar em meio a uma lama "tóxica e contaminada com mercúrio e cianureto". "Vi crianças sem pele nas mãos", relembrou.

A relatora especial também foi categórica ao denunciar a exploração sexual infantil. Ao redor dessas minas, por exemplo, meninas de apenas 9 anos começam a trabalhar como prostitutas, correndo o risco de contrair Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis.

Além disso, também destacou a importância de estabelecer novos programas educacionais e de formação, já que, segundo ela, existem países cujos governantes consideram o trabalho infantil como uma tradição e um costume necessário para garantir o sustento das famílias.

Segundo o terceiro relatório da OIT, divulgado em 2010, na Ásia e no Pacífico há 113,6 milhões de crianças que trabalham, enquanto na África Subsaariana há 65,1 milhões, e na América Latina, 14,1 milhões, além de 22,4 milhões em outras regiões do mundo.

Muitas empresas multinacionais, como a Benetton (na Turquia) e a Primark (na Índia), utilizam a mão de obra infantil para baratear seus custos, segundo Gulnara.

Fonte: Terra



Questão Racial: Movimento pede a Dilma maior participação de negros no governo


Nesta segunda (14), véspera do aniversário da Proclamação da República, a União de Negros pela Igualdade (Unegro) vai protocolar no Palácio do Planalto carta a Dilma Rousseff defendendo a maior participação de negros no governo. A informação é de Edson França, presidente da entidade que encerrou hoje seu Quarto congresso nacional, em Brasília, com a participação de 700 delegados (de 23 estados).


Segundo o ativista, o movimento quer que haja mais ministros negros no governo Dilma e se opõe a eventual mudança na Esplanada dos Ministérios que concentre pastas ligadas às minorias (negros, mulheres, jovens, indígenas e direitos humanos) em um único ministério. “Para nós é um rebaixamento”.

“Achamos isso um atraso e vai tirar o nosso protagonismo na articulação das políticas”, ponderou ao defender o papel da Secretaria Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) na “transversalidade das políticas” voltadas para os negros em várias áreas como saúde, educação e desenvolvimento social.

Edson França queixa-se dos efeitos do contingenciamento (reprogramação orçamentária de R$ 50 bilhões para todas as pastas) na Seppir e do valor previsto para a pasta no Orçamento de 2012. “O valor que apresentam é irrisório”.

Conforme proposta do governo encaminhada ao Congresso Nacional, serão alocados para Seppir R$ 31,31 bilhões (incluindo despesas fiscais e encargos com seguridade social). O Programa de Enfrentamento ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial terá R$ 75 milhões.

Além do Executivo, o movimento tem queixa contra o Poder Legislativo, em especial, a proposta de reforma política e eleitoral em discussão no Congresso, que segundo o presidente da Unegro não assegura mecanismos para aumentar a participação de negros no parlamento.

Levantamento feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) contabiliza 43 deputados federais autodeclarados negros (8,5% na atual legislatura) e apenas dois senadores - Paulo Paim (PT-RS) e Magno Malta (PR-ES). Para Edson França, a subrepresentação se repete nas assembleias legislativas estaduais e nas câmaras de vereadores das capitais.

Fonte: Agência Brasil






segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Amorim: Na Comunicação, o Brasil é a ditadura perfeita


"A Globo quer impedir uma segunda opinião sobre a audiência em tevê. Ela só quer o Ibope. O que isso significa para a democracia brasileira?", dispara o jornalista Paulo Henrique Amorim, que também cita notícia dada pelo Instituto de Mídia Alternativa Barão de Itararé, sobre blogueiros perseguidos na Justiça por prefeitos, vereadores e empresários suspeitos de corrupção.



E ainda pensam que o copo determina a qualidade do vinho.

Este ansioso blogueiro participou de seminário promovido pela Ajuris, a Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul e o blog Carta Maior, na quinta-feira da semana passada (dia 3 de nov 11). Entre os expositores, o desembargador Claudio Baldino Maciel, Pascual Serrano (do site Rebelión, da Espanha), Juremir Machado, Breno Altman (Altercom), prof. Venicio Lima, Bia Barbosa (Intervozes), deputada Luiza Erundina (líder da Frente Parlamentar pela Democratização da Comunicação, e membro da Comissão de Ciência e Tecnologia, que não consegue discutir a renovação das concessões das redes de televisão), e o ex-ministro Franklin Martins.

A seguir, trechos – não literais – da exposição deste ansioso blogueiro:

A Globo tem um pouco menos que 50% da audiência da televisão brasileira. E mais do 70% de toda a verba da publicidade da televisão brasileira. A televisão detém 50% de toda a publicidade brasileira.

Do tijolinho para vender uma moto usada em Joboatão ao break do Jornal Nacional. Tudo somado, a TV fica com 50%.

Logo, a Globo, a família Marinho, com 50% da audiência e 70% da verba, põe no bolso R$ 0,35 de cada R$ 1 investido na publicidade da sexta (ou quinta) economia do mundo. A Globo é uma empresa fechada, que explora uma concessão de serviço público, o espaço eletromagnético, que pertence ao povo brasileiro. Póóóde ?

Agora, a Globo quer impedir uma segunda opinião sobre a audiência em tevê. Ela só quer o Ibope.
O que isso significa para a democracia brasileira? Em 1998, na eleição para governador de São Paulo, o Ibope, aqui também chamado de Globope, fechou para o cliente Paulo Maluf, uma pesquisa que o colocava à frente da Marta Suplicy. Essa mesma pesquisa o Jornal Nacional divulgou na sexta-feira, na antevéspera da eleição no primeiro turno. Com Maluf na frente da Marta. Só que, na sexta-feira, a Marta já tinha ultrapassado o Maluf e ela é que ia para o segundo turno com Mario Covas. Com o Globope do Jornal Nacional, muitos eleitores da Marta preferiram o "voto útil” e votaram no Covas, para derrotar o Maluf. Maluf foi para o segundo turno com Covas e assim Covas se elegeu governador de São Paulo.

Na segunda-feira, este ansioso blogueiro, apresentador do Jornal da Band, entrevistou o deputado federal mais votado, José Genoino, do PT. E nos bastidores avisou que ia perguntar sobre a patranha do Globope contra a Marta. Genoino reagiu enfaticamente: não, sobre isso eu não falo!

Na Argentina – ah!, que inveja da Argentina! – a Cristina Kirchner comprou o "Brasileirão” da Globo (Clarin) e exibiu no horário nobre da TV Educativa. E distribuiu o sinal para que outras emissoras exibissem quando lhes desse na telha. Aí, a Cristina descobriu que o Ibope argentino dava para o "Brasileirão” da TV Educativa uma audiência muito menor do que quando era da Globo (Clarin).
O que fez a Cristina? (Ah!, que inveja da Cristina!) Rompeu o contrato com o Ibope e pôs uma empresa independente, supervisionada por acadêmicos de diversas universidades, para medir a audiência. O Ibope da TV Educativa ficou parecido com o que o "Brasileirão” dava na Globo (Clarin).
Sabe quem era o Ibope da Argentina? O Ibope do Brasil! O mesmo! Só que lá era conhecido como Ibopín…

O nobre deputado gaúcho Henrique Fontana (PT), relator do projeto da Reforma Política, informa que, com menos de R$ 500 mil, não se elege um deputado estadual no Rio Grande do Sul. E com menos de R$ 1 milhão ninguém se elege deputado federal (Por isso ele defende o financiamento publico exclusivo, mas o PSDB e o PMDB são contra por que preferem o Caixa Dois, que é a alternativa ao financiamento público?). E o que tem o Globope com isso? Porque se um partido sai mal nas pesquisas do inicio da campanha, babau. Não tem grana.

Globope e Datafalha, que dão invariavelmente o "Cerra" na frente nas pesquisas iniciais, são uma chave para abrir o cofre dos financiadores: empreiteiros, industria farmacêutica, educação privada, tabaco … O que isso tem a ver com a democracia? Tudo!

Daqui a pouco, os parlamentares vão se vestir como piloto de Fórmula Um: cobertos de patrocinadores. O que isso tem a ver com uma Ley de Medios? Tudo! A Globo é o elefante na sala da Democracia.

Nos últimos três anos, caiu a audiência da Globo. Mas, ela não perde espectador nem um centavo de publicidade para os concorrentes. Perde para si própria. Perde audiência para os que vão para a internet e seus diferentes portais; para o cabo e o satélite e assistem à programação nacional controlada pela Globo; ou compram o "Brasileirinho” no pay-per-view.

Três famílias controlam a mídia de um país de 200 milhões de almas. Os Marinho (e seus donatários, como a RBS), os Frias, e os Mesquita, que sublocaram o Estadão aos bancos estrangeiros credores. Essas três famílias e seus donatários controlam tevê, rádio, jornal, revistas, agencias de notícias e portais na internet. E num mesmo mercado – e tome propriedade cruzada!

Nenhuma nova democracia no mundo toleraria essa concentração de poder. "Novas democracias” são Portugal, Espanha, Argentina, México, Chile, Uruguai. Essa é uma jabuticaba brasileira. Antonio Carlos Magalhães dizia: se não saiu no Jornal Nacional não aconteceu. Caetano, antes de trabalhar na Globo, dizia que assistia ao Jornal Nacional para saber o que o Jornal Nacional queria que ele pensasse que aconteceu.

O Ricardo Teixeira diz que enquanto a Globo não falar mal dele, nada lhe acontecerá. Hoje, fica assim: se não saiu no Jornal Nacional, NÃO aconteceu. E isso tende a se perpetuar, até que a televisão morra para dentro de sua própria obsolescência tecnológica. O presidente Lula não fez e a presidente Dilma não fará uma Ley de Medios. O ministro Bernardo adiou a discussão sobre o assunto para 2012.

Para que o PiG (*) não diga que a discussão ficou prejudicada pelas festas do Natal. Em 2012, pondera-se, tem o Carnaval, a Semana Santa e as eleições para prefeito. 2013 fica muito perto da eleição de 2014 e o PiG vai dizer que é manobra para censurar o PiG. 2014, nem pensar.
Quem ousará tocar na Globo num ano de eleição!

Aparentemente, o governo Dilma tem uma visão temotecnicista da liberdade de expressão. "Temo”, porque teme a Globo. "Tecnicista”, porque acredita que a banda larga vai promover a democracia.
É como acreditar que o copo determina a qualidade do vinho. Outro ingrediente dessa "democracia” brasileira no campo da liberdade de expressão, é a reprodução, aqui, de manobra que não deu certo nos Estados Unidos. Calar os independentes com processos judiciais. Censurar pelo bolso.
Tentar manipular a Justiça. É o caso da perseguição aos blogs que o Padim Pade Cerra chamou de "sujos”.

No Instituto de Mídia Alternativa Barão de Itararé, temos notícia de dezenas de blogueiros perseguidos na Justiça do interior do Brasil por prefeitos, vereadores e empresários suspeitos de corrupção. Juca Kfouri é o campeão nessa prova. Ricardo Teixeira move contra ele 50 ações judiciais. Nassif, Azenha e Rodrigo Vianna são vítimas da mesma estratégia. Devo ser o vice-campeão. Costumo afirmar no Conversa Afiada, "diz-me quem te processa e dir-te-ei quem és”. Ou como dizia o ínclito presidente Itamar Franco, fundador do Plano Real e do programa de genéricos, "quem melhor me define são meus inimigos e, não, meus amigos”.

Sofro, provisoriamente, 40 ações, com a recente entrada de Paulo Preto no elenco. Treze das ações são de autoria do banqueiro condenado Daniel Dantas. Também sou homenageado por Gilmar Mendes (autor de dois HCs em 48 horas para tirar Daniel Dantas da cadeia), Heráclito Fortes, Eduardo Cunha, Naji Nahas e outros da mesma estirpe. É uma galeria que me honra. Mas, acima de tudo, é uma agressão à liberdade de expressão. É a tentativa de manipular a Justiça para censurar jornalistas pelo bolso. (No caso deste ansioso blogueiro, a tentativa é inútil.)

Acabo de voltar do México, onde se acredita que o Partido Revolucionário Institucional, o PRI, vai voltar ao poder na eleição presidencial do ano que vem. Segundo o Premio Nobel Mario Vargas Llosa, em entrevista ao jornal Excelsior, da cidade do México, o PRI vai voltar ao poder, para fazer um acordo com o narcotráfico. Foi Vargas Llosa quem disse que, nos 70 anos em que esteve no poder, o PRI construiu uma "ditadura perfeita”. Por fora, uma democracia. Por dentro, uma ditadura.
"Ditadura perfeita” – é o Brasil no campo da liberdade de expressão.

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Fonte: Blog Conversa Afiada

José Graziano: Justiça social para regular a saída da crise


A crise mundial exige respostas rápidas para recuperar a demanda e linhas de ação para substituir a desordem financeira por um ciclo de expansão, regulado pela justiça social.

Por José Graziano da Silva*, na agência IPS


Coordenar a transição de um ciclo de desenvolvimento para outro é uma das equações políticas mais difíceis da vida de uma sociedade. Lançada em janeiro de 2003 com o programa Fome Zero, a política de segurança alimentar do Brasil cumpriu esse papel ao unir sob um amplo guarda-chuva de ações (com ênfase na atenção urgente à fome) a recuperação do poder de compra do salário mínimo e a criação de empregos.

Ampliar o poder aquisitivo das famílias mais pobres, especialmente de seu gasto alimentar, mediante a transferência condicionada de renda e, de forma simultânea, promover reformas favoráveis à sua inserção produtiva foi o amálgama geral do programa. Essa combinação contribuiu para desarmar resistências, que não devem ser descuidadas ao se inaugurar um novo ciclo, obteve os resultados rápidos que a emergência social exigia, e alcançou legitimidade política em diferentes camadas da população.

O governo pôde, então, tomar iniciativas de caráter mais estrutural, dando autonomia progressiva às políticas setoriais, como o fomento à agricultura familiar, que fortaleceram as linhas de passagem para uma nova dinâmica de crescimento inclusivo. A coerência desta trajetória é exemplificada em alguns números: entre 2003 e 2010, a desnutrição infantil caiu 61%, o crédito para a agricultura familiar cresceu oito vezes e a renda das famílias do campo aumentou três vezes mais do que a média nacional, enquanto a pobreza rural diminuiu em 15%.

O que faz da experiência brasileira um marco inspirador não é apenas a abrangência e a rapidez dos resultados, mas é, sobretudo, a revelação de interações virtuosas entre o combate à fome e as novas dinâmicas de crescimento. Um exemplo é a demanda cativa anual de R$ 1 bilhão criada para a agricultura familiar pela obrigatoriedade de compra de produtores locais de um terço dos alimentos para a merenda escolar. Políticas como esta podem ser adaptadas à realidade de outros países, reproduzindo seu impulso emancipador nas comunidades locais, com importantes consequências para a segurança alimentar de toda a sociedade.

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e o governo brasileiro já compartilham com outros países da América Latina e do Caribe a experiência de compra de produtos da pequena agricultura para abastecer a merenda escolar. O Brasil não reinventou a roda na luta contra a fome. Contudo, ampliou sua capacidade de flexibilização ao articular programas de sucesso dentro e fora do país. Bebeu principalmente da fonte do New Deal, que ajudou os Estados Unidos e o mundo a superarem a grande depressão da década de 1930 ao priorizar a recuperação da demanda.

O êxito brasileiro comprova que a ação do Estado continua sendo uma força importante para redefinir a matriz do crescimento na transição de um ciclo econômico para outro. A recriação em 2003 do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) constituiu um fórum de renegociação dessa nova hegemonia democrática. Ao longo do processo foram executadas mudanças estruturais de dimensões históricas.

Esse conjunto de ações devolveu ao mercado interno de massa um papel central que permitiu ao país sustentar seu crescimento, em meio à contração do comércio e do emprego mundial. Hoje podemos dizer aquilo que na década de 1990 era um anátema: a sociedade só controla seu desenvolvimento quando é capaz de regulá-lo com políticas públicas articuladas de forma democrática por um Estado indutor, em parceria com uma sociedade civil organizada e a participação ativa da iniciativa privada.

É isto que o Brasil continua fazendo, como demonstra a 4ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que acontecerá entre 7 e 10 deste mês, em Salvador, capital do estado da Bahia, com uma participação prevista de mais de dois mil delegados de todo o país e mais de cem internacionais. Entre eles estão a Frente Parlamentar Contra a Fome para a América Latina e o Caribe, que trabalha a favor de orçamentos indispensáveis para a segurança alimentar.

Incorporar um leque ecumênico de forças à luta contra a fome é o que também faz a FAO com a reforma e ampliação do Comitê de Segurança Alimentar Mundial, congênere global do Consea. Construir segurança alimentar no âmbito mundial pode ajudar a superar uma crise econômica para a qual não existe, precisamente, uma agenda capaz de pôr fim ao círculo vicioso e paralisante de consumidores que não compram, fábricas que não produzem e bancos que não emprestam.

Quase 80% da humanidade vivem hoje com menos de US$ 10 por dia e destinam a maior parte dessa renda à alimentação. Cerca de 70% das pessoas do mundo que sofrem desnutrição vivem junto à terra, sem dela poderem extrair produtos e renda suficientes para garantir nem mesmo sua sobrevivência. Para a porção majoritária do planeta, portanto, a manifestação mais palpável da crise é o impacto da turbulência financeira nas flutuações abruptas que ela impõe na produção, na oferta e nos preços dos alimentos.

A crise mundial exige respostas rápidas que propiciem a recuperação da demanda e agendas de consenso que estabeleçam linhas de ação para substituir a desordem financeira por um ciclo de expansão, regulado pela justiça social. A luta contra a fome pode ser um dos pilares dessa travessia.

*Diretor-geral eleito da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), cargo que assumirá em janeiro de 2012.