segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Amorim: Na Comunicação, o Brasil é a ditadura perfeita


"A Globo quer impedir uma segunda opinião sobre a audiência em tevê. Ela só quer o Ibope. O que isso significa para a democracia brasileira?", dispara o jornalista Paulo Henrique Amorim, que também cita notícia dada pelo Instituto de Mídia Alternativa Barão de Itararé, sobre blogueiros perseguidos na Justiça por prefeitos, vereadores e empresários suspeitos de corrupção.



E ainda pensam que o copo determina a qualidade do vinho.

Este ansioso blogueiro participou de seminário promovido pela Ajuris, a Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul e o blog Carta Maior, na quinta-feira da semana passada (dia 3 de nov 11). Entre os expositores, o desembargador Claudio Baldino Maciel, Pascual Serrano (do site Rebelión, da Espanha), Juremir Machado, Breno Altman (Altercom), prof. Venicio Lima, Bia Barbosa (Intervozes), deputada Luiza Erundina (líder da Frente Parlamentar pela Democratização da Comunicação, e membro da Comissão de Ciência e Tecnologia, que não consegue discutir a renovação das concessões das redes de televisão), e o ex-ministro Franklin Martins.

A seguir, trechos – não literais – da exposição deste ansioso blogueiro:

A Globo tem um pouco menos que 50% da audiência da televisão brasileira. E mais do 70% de toda a verba da publicidade da televisão brasileira. A televisão detém 50% de toda a publicidade brasileira.

Do tijolinho para vender uma moto usada em Joboatão ao break do Jornal Nacional. Tudo somado, a TV fica com 50%.

Logo, a Globo, a família Marinho, com 50% da audiência e 70% da verba, põe no bolso R$ 0,35 de cada R$ 1 investido na publicidade da sexta (ou quinta) economia do mundo. A Globo é uma empresa fechada, que explora uma concessão de serviço público, o espaço eletromagnético, que pertence ao povo brasileiro. Póóóde ?

Agora, a Globo quer impedir uma segunda opinião sobre a audiência em tevê. Ela só quer o Ibope.
O que isso significa para a democracia brasileira? Em 1998, na eleição para governador de São Paulo, o Ibope, aqui também chamado de Globope, fechou para o cliente Paulo Maluf, uma pesquisa que o colocava à frente da Marta Suplicy. Essa mesma pesquisa o Jornal Nacional divulgou na sexta-feira, na antevéspera da eleição no primeiro turno. Com Maluf na frente da Marta. Só que, na sexta-feira, a Marta já tinha ultrapassado o Maluf e ela é que ia para o segundo turno com Mario Covas. Com o Globope do Jornal Nacional, muitos eleitores da Marta preferiram o "voto útil” e votaram no Covas, para derrotar o Maluf. Maluf foi para o segundo turno com Covas e assim Covas se elegeu governador de São Paulo.

Na segunda-feira, este ansioso blogueiro, apresentador do Jornal da Band, entrevistou o deputado federal mais votado, José Genoino, do PT. E nos bastidores avisou que ia perguntar sobre a patranha do Globope contra a Marta. Genoino reagiu enfaticamente: não, sobre isso eu não falo!

Na Argentina – ah!, que inveja da Argentina! – a Cristina Kirchner comprou o "Brasileirão” da Globo (Clarin) e exibiu no horário nobre da TV Educativa. E distribuiu o sinal para que outras emissoras exibissem quando lhes desse na telha. Aí, a Cristina descobriu que o Ibope argentino dava para o "Brasileirão” da TV Educativa uma audiência muito menor do que quando era da Globo (Clarin).
O que fez a Cristina? (Ah!, que inveja da Cristina!) Rompeu o contrato com o Ibope e pôs uma empresa independente, supervisionada por acadêmicos de diversas universidades, para medir a audiência. O Ibope da TV Educativa ficou parecido com o que o "Brasileirão” dava na Globo (Clarin).
Sabe quem era o Ibope da Argentina? O Ibope do Brasil! O mesmo! Só que lá era conhecido como Ibopín…

O nobre deputado gaúcho Henrique Fontana (PT), relator do projeto da Reforma Política, informa que, com menos de R$ 500 mil, não se elege um deputado estadual no Rio Grande do Sul. E com menos de R$ 1 milhão ninguém se elege deputado federal (Por isso ele defende o financiamento publico exclusivo, mas o PSDB e o PMDB são contra por que preferem o Caixa Dois, que é a alternativa ao financiamento público?). E o que tem o Globope com isso? Porque se um partido sai mal nas pesquisas do inicio da campanha, babau. Não tem grana.

Globope e Datafalha, que dão invariavelmente o "Cerra" na frente nas pesquisas iniciais, são uma chave para abrir o cofre dos financiadores: empreiteiros, industria farmacêutica, educação privada, tabaco … O que isso tem a ver com a democracia? Tudo!

Daqui a pouco, os parlamentares vão se vestir como piloto de Fórmula Um: cobertos de patrocinadores. O que isso tem a ver com uma Ley de Medios? Tudo! A Globo é o elefante na sala da Democracia.

Nos últimos três anos, caiu a audiência da Globo. Mas, ela não perde espectador nem um centavo de publicidade para os concorrentes. Perde para si própria. Perde audiência para os que vão para a internet e seus diferentes portais; para o cabo e o satélite e assistem à programação nacional controlada pela Globo; ou compram o "Brasileirinho” no pay-per-view.

Três famílias controlam a mídia de um país de 200 milhões de almas. Os Marinho (e seus donatários, como a RBS), os Frias, e os Mesquita, que sublocaram o Estadão aos bancos estrangeiros credores. Essas três famílias e seus donatários controlam tevê, rádio, jornal, revistas, agencias de notícias e portais na internet. E num mesmo mercado – e tome propriedade cruzada!

Nenhuma nova democracia no mundo toleraria essa concentração de poder. "Novas democracias” são Portugal, Espanha, Argentina, México, Chile, Uruguai. Essa é uma jabuticaba brasileira. Antonio Carlos Magalhães dizia: se não saiu no Jornal Nacional não aconteceu. Caetano, antes de trabalhar na Globo, dizia que assistia ao Jornal Nacional para saber o que o Jornal Nacional queria que ele pensasse que aconteceu.

O Ricardo Teixeira diz que enquanto a Globo não falar mal dele, nada lhe acontecerá. Hoje, fica assim: se não saiu no Jornal Nacional, NÃO aconteceu. E isso tende a se perpetuar, até que a televisão morra para dentro de sua própria obsolescência tecnológica. O presidente Lula não fez e a presidente Dilma não fará uma Ley de Medios. O ministro Bernardo adiou a discussão sobre o assunto para 2012.

Para que o PiG (*) não diga que a discussão ficou prejudicada pelas festas do Natal. Em 2012, pondera-se, tem o Carnaval, a Semana Santa e as eleições para prefeito. 2013 fica muito perto da eleição de 2014 e o PiG vai dizer que é manobra para censurar o PiG. 2014, nem pensar.
Quem ousará tocar na Globo num ano de eleição!

Aparentemente, o governo Dilma tem uma visão temotecnicista da liberdade de expressão. "Temo”, porque teme a Globo. "Tecnicista”, porque acredita que a banda larga vai promover a democracia.
É como acreditar que o copo determina a qualidade do vinho. Outro ingrediente dessa "democracia” brasileira no campo da liberdade de expressão, é a reprodução, aqui, de manobra que não deu certo nos Estados Unidos. Calar os independentes com processos judiciais. Censurar pelo bolso.
Tentar manipular a Justiça. É o caso da perseguição aos blogs que o Padim Pade Cerra chamou de "sujos”.

No Instituto de Mídia Alternativa Barão de Itararé, temos notícia de dezenas de blogueiros perseguidos na Justiça do interior do Brasil por prefeitos, vereadores e empresários suspeitos de corrupção. Juca Kfouri é o campeão nessa prova. Ricardo Teixeira move contra ele 50 ações judiciais. Nassif, Azenha e Rodrigo Vianna são vítimas da mesma estratégia. Devo ser o vice-campeão. Costumo afirmar no Conversa Afiada, "diz-me quem te processa e dir-te-ei quem és”. Ou como dizia o ínclito presidente Itamar Franco, fundador do Plano Real e do programa de genéricos, "quem melhor me define são meus inimigos e, não, meus amigos”.

Sofro, provisoriamente, 40 ações, com a recente entrada de Paulo Preto no elenco. Treze das ações são de autoria do banqueiro condenado Daniel Dantas. Também sou homenageado por Gilmar Mendes (autor de dois HCs em 48 horas para tirar Daniel Dantas da cadeia), Heráclito Fortes, Eduardo Cunha, Naji Nahas e outros da mesma estirpe. É uma galeria que me honra. Mas, acima de tudo, é uma agressão à liberdade de expressão. É a tentativa de manipular a Justiça para censurar jornalistas pelo bolso. (No caso deste ansioso blogueiro, a tentativa é inútil.)

Acabo de voltar do México, onde se acredita que o Partido Revolucionário Institucional, o PRI, vai voltar ao poder na eleição presidencial do ano que vem. Segundo o Premio Nobel Mario Vargas Llosa, em entrevista ao jornal Excelsior, da cidade do México, o PRI vai voltar ao poder, para fazer um acordo com o narcotráfico. Foi Vargas Llosa quem disse que, nos 70 anos em que esteve no poder, o PRI construiu uma "ditadura perfeita”. Por fora, uma democracia. Por dentro, uma ditadura.
"Ditadura perfeita” – é o Brasil no campo da liberdade de expressão.

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Fonte: Blog Conversa Afiada

José Graziano: Justiça social para regular a saída da crise


A crise mundial exige respostas rápidas para recuperar a demanda e linhas de ação para substituir a desordem financeira por um ciclo de expansão, regulado pela justiça social.

Por José Graziano da Silva*, na agência IPS


Coordenar a transição de um ciclo de desenvolvimento para outro é uma das equações políticas mais difíceis da vida de uma sociedade. Lançada em janeiro de 2003 com o programa Fome Zero, a política de segurança alimentar do Brasil cumpriu esse papel ao unir sob um amplo guarda-chuva de ações (com ênfase na atenção urgente à fome) a recuperação do poder de compra do salário mínimo e a criação de empregos.

Ampliar o poder aquisitivo das famílias mais pobres, especialmente de seu gasto alimentar, mediante a transferência condicionada de renda e, de forma simultânea, promover reformas favoráveis à sua inserção produtiva foi o amálgama geral do programa. Essa combinação contribuiu para desarmar resistências, que não devem ser descuidadas ao se inaugurar um novo ciclo, obteve os resultados rápidos que a emergência social exigia, e alcançou legitimidade política em diferentes camadas da população.

O governo pôde, então, tomar iniciativas de caráter mais estrutural, dando autonomia progressiva às políticas setoriais, como o fomento à agricultura familiar, que fortaleceram as linhas de passagem para uma nova dinâmica de crescimento inclusivo. A coerência desta trajetória é exemplificada em alguns números: entre 2003 e 2010, a desnutrição infantil caiu 61%, o crédito para a agricultura familiar cresceu oito vezes e a renda das famílias do campo aumentou três vezes mais do que a média nacional, enquanto a pobreza rural diminuiu em 15%.

O que faz da experiência brasileira um marco inspirador não é apenas a abrangência e a rapidez dos resultados, mas é, sobretudo, a revelação de interações virtuosas entre o combate à fome e as novas dinâmicas de crescimento. Um exemplo é a demanda cativa anual de R$ 1 bilhão criada para a agricultura familiar pela obrigatoriedade de compra de produtores locais de um terço dos alimentos para a merenda escolar. Políticas como esta podem ser adaptadas à realidade de outros países, reproduzindo seu impulso emancipador nas comunidades locais, com importantes consequências para a segurança alimentar de toda a sociedade.

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e o governo brasileiro já compartilham com outros países da América Latina e do Caribe a experiência de compra de produtos da pequena agricultura para abastecer a merenda escolar. O Brasil não reinventou a roda na luta contra a fome. Contudo, ampliou sua capacidade de flexibilização ao articular programas de sucesso dentro e fora do país. Bebeu principalmente da fonte do New Deal, que ajudou os Estados Unidos e o mundo a superarem a grande depressão da década de 1930 ao priorizar a recuperação da demanda.

O êxito brasileiro comprova que a ação do Estado continua sendo uma força importante para redefinir a matriz do crescimento na transição de um ciclo econômico para outro. A recriação em 2003 do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) constituiu um fórum de renegociação dessa nova hegemonia democrática. Ao longo do processo foram executadas mudanças estruturais de dimensões históricas.

Esse conjunto de ações devolveu ao mercado interno de massa um papel central que permitiu ao país sustentar seu crescimento, em meio à contração do comércio e do emprego mundial. Hoje podemos dizer aquilo que na década de 1990 era um anátema: a sociedade só controla seu desenvolvimento quando é capaz de regulá-lo com políticas públicas articuladas de forma democrática por um Estado indutor, em parceria com uma sociedade civil organizada e a participação ativa da iniciativa privada.

É isto que o Brasil continua fazendo, como demonstra a 4ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que acontecerá entre 7 e 10 deste mês, em Salvador, capital do estado da Bahia, com uma participação prevista de mais de dois mil delegados de todo o país e mais de cem internacionais. Entre eles estão a Frente Parlamentar Contra a Fome para a América Latina e o Caribe, que trabalha a favor de orçamentos indispensáveis para a segurança alimentar.

Incorporar um leque ecumênico de forças à luta contra a fome é o que também faz a FAO com a reforma e ampliação do Comitê de Segurança Alimentar Mundial, congênere global do Consea. Construir segurança alimentar no âmbito mundial pode ajudar a superar uma crise econômica para a qual não existe, precisamente, uma agenda capaz de pôr fim ao círculo vicioso e paralisante de consumidores que não compram, fábricas que não produzem e bancos que não emprestam.

Quase 80% da humanidade vivem hoje com menos de US$ 10 por dia e destinam a maior parte dessa renda à alimentação. Cerca de 70% das pessoas do mundo que sofrem desnutrição vivem junto à terra, sem dela poderem extrair produtos e renda suficientes para garantir nem mesmo sua sobrevivência. Para a porção majoritária do planeta, portanto, a manifestação mais palpável da crise é o impacto da turbulência financeira nas flutuações abruptas que ela impõe na produção, na oferta e nos preços dos alimentos.

A crise mundial exige respostas rápidas que propiciem a recuperação da demanda e agendas de consenso que estabeleçam linhas de ação para substituir a desordem financeira por um ciclo de expansão, regulado pela justiça social. A luta contra a fome pode ser um dos pilares dessa travessia.

*Diretor-geral eleito da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), cargo que assumirá em janeiro de 2012.

sábado, 12 de novembro de 2011

De cabeça erguida, Orlando Silva: "Vivi um tsunami político"


Em carta dirigida ao jornalista Jorge Bastos Moreno, do jornal O Globo, o ex-ministro do Esporte, Orlando Silva, fala dos ataques e das calúnias que sofreu recentemente e que culminaram com a sua saída do Ministério do Esporte.


Em sua mensagem, Orlando diz que nas "últimas semanas viveu um pesadelo" e critica o posicionamento da mídia conservadora que tratou as calúnias dirigidas contra ele como verdades, sem se preocupar, em momento algum, em buscar provas que confirmassem ou desmentissem a farsa.

"Diariamente, dezenas de perguntas chegavam das redações da imprensa e nossa assessoria tinha prazos mínimos para responder. E o que é pior, pouco interessavam as nossas respostas, elas eram ignoradas. As matérias já estavam prontas", ressalta.

Mais uma vez, Orlando afirma com convicção sua inocência. "A realidade é que saí do governo de cabeça erguida. Pela porta da frente, apesar do massacre vivido. Em minha última manifestação, no Palácio do Planalto, disse, olhando nos olhos da Presidenta da República: sou inocente!", encerra.

Leia abaixo a íntegra da carta de Orlando Silva:
Caro Jorge Bastos Moreno,

Vivi um tsunami político, mas continuei observando o comportamento de instituições e personalidades. Alguns se distinguiram com a coragem de não aderir pura e simplesmente a uma onda. Encontrar solidariedade em quem me conhece seria natural, o que surpreendeu foram posições de alguns intelectuais, artistas, atletas, gente simples do povo e até de parlamentares de oposição.

Entre jornalistas não foi diferente. Houve quem sugerisse apurar fatos, valorizar o contraditório e não tratar denuncia como prova. A maneira isenta como você se posicionou nesse processo, com as responsabilidades que você possui, me faz lhe dirigir essa carta. E vou tentar fazê-la chegar a outras pessoas e profissionais. Ela é dirigida a você e a muitos outros.

Como disse, nas últimas semanas, vivi um pesadelo. Tudo começou com a reportagem numa revista semanal que eu imaginava ser apenas mais um ataque político, o que, infelizmente, é rotina em nosso País. Eu estava a caminho de Guadalajara, México, para representar o governo na abertura dos Jogos Panamericanos, onde o Brasil tinha a maior delegação da história numa competição internacional e que contou com grande o apoio do Ministério do Esporte.

Fiquei perplexo com a informação de que a tal revista iria publicar uma acusação de que eu teria recebido dinheiro indevidamente. Era sexta-feira à noite e a publicação sairia no sábado.

Estou acostumado com luta política, com crítica, divergência ideológica, ataques à gestão, antipatia pessoal, insatisfação com estilo... tudo isso eu sempre compreendi. Mas, mentir!? Inventar uma história para atacar a honra de uma pessoa e de um Partido!? Imaginava que luta política tivesse limites, afinal, até na guerra há limites. Estava enganado. A partir de uma farsa, foi organizada uma verdadeira campanha para me derrubar.

Observem: uma revista fez uma reportagem, com direito a chamada na capa, com base em fatos que simplesmente não existiram. Ultrapassamos o limite do absurdo!

E quem eram os porta-vozes das mentiras? Dois personagens da crônica policial de Brasília. Gente que está sendo processada por iniciativas do Ministério que eu dirigia, e de quem exigimos a devolução de dinheiro publico desviado.

Insisto, veja o absurdo: um sujeito foi flagrado desviando dinheiro público... eu determino que seja feita uma investigação... ao final determino que o dinheiro público seja devolvido... o ladrão inventa uma história... uma revista publica a farsa, sem existir nenhuma prova... os meios de comunicação reproduzem a história sem provas e pronto! A mentira ganha ares de "verdade". E começa a campanha "derruba-ministro".

Neguei a acusação, com veemência. Desde o primeiro momento, afirmei não haver provas, porque simplesmente se tratava de uma mentira. Nunca ocorreu o fato relatado pelos bandidos. Os dias passavam, eu reafirmava que se tratava de uma farsa, e, pasmo, acompanhava a maioria dos meios de comunicação endossando a versão dos bandidos, como se fosse dispensável provar o absurdo que diziam. Bastava acusar.

Passado praticamente um mês eu reafirmo minha primeira manifestação: não houve, não há e não haverá provas, porque a denuncia contra mim não passa de fantasia.

A trama montada serviu para atrair o interesse da população, que olha a política com desconfiança. Mas seria necessário outro passo. Seria necessária "uma prova" para desestabilizar minha liderança no Ministério do Esporte. Uma cruzada foi estabelecida por jornalistas que estavam em busca da tal "prova" ou, como alguns gostam de dizer, da "bala de prata" para derrubar o Ministro.

Eu poderia comentar cada uma das centenas de matérias publicadas nas últimas semanas. Todos os contratos e convênios do Ministério foram revirados. Tudo foi investigado. Diariamente, dezenas de perguntas chegavam das redações da imprensa e nossa assessoria tinha prazos mínimos para responder. E o que é pior, pouco interessavam as nossas respostas, elas eram ignoradas. As matérias já estavam prontas.

Na gestão pública, assim como na gestão de qualquer instituição ou mesmo na vida privada, erros podem ser cometidos. Ninguém está imune a eles. O desafio é identificá-los e corrigí-los. Se observarmos minha trajetória e a de minha equipe à frente do Ministério do Esporte, por cinco anos, veremos muitas conquistas. Mas houve erros e atuamos para saná-los. Cumprimos sempre nossa obrigação.

O foco da trama se voltou para convênios com Organizações Não-Governamentais, as chamadas ONG's. Vale dizer que existem ONG's e ONG's, assim como existem governos e governos. Alguns são mais competentes, outros trabalham de forma mais correta. Quem tem má intenção, nunca chega anunciando: "olha...estou mal intencionado...meus objetivos são sórdidos!" Daí a necessidade de acompanhar, fiscalizar o cumprimento do que foi estabelecido. É o que fazíamos.

Quem se baseou apenas no noticiário, deve imaginar, por exemplo, que o programa Segundo Tempo ocorre apenas em parceria com ONG's. Mas, pasmem, no dia que sai do governo, mais de 90% do Segundo Tempo era fruto de parceria com entes públicos. E quem puder ler os relatórios das auditorias feitas, constatará a evolução ano a ano deste Programa.

Outra coisa inacreditável. As reportagens omitiam algo fundamental: o Ministério do Esporte aumentou a fiscalização, o que permitiu identificar erros e tomar as devidas providências administrativas. Deram ares de escândalo ao trabalho de acompanhamento e fiscalização que realizávamos. Isso serviu para criar instabilidade política e atacar meu trabalho na Pasta.

Nenhuma prova demonstra benefício ao PCdoB por meio dessas entidades. Mas a acusação tem objetivo político, atacar um Partido que tem 90 anos de história e é limpo. Insisto: divergências políticas e ideológicas fazem parte do jogo, mas acusações falsas... ameaçam a democracia.

Na ausência de provas, o que fazer? A saída foi inventar algo que parecesse razoável: a filiação partidária de alguns gestores públicos. De repente, ser filiado a um partido, no caso ao PCdoB, virou "prova de crime". Se o Ministro é do PCdoB, não se pode admitir que um secretário da área seja também. O mesmo vale para entidades. Não se admite que qualquer filiado ao Partido participe de entidade. Isso não é democrático. Os partidos políticos são livres e as pessoas têm direito de se organizar como lhes convier. Quem nomeia secretário é prefeito e governador legitimamente eleito.

Os principais meios de comunicação e muitos jornalistas se comportaram como uma manada. É como ataque especulativo na bolsa de valores. O objetivo: desestabilizar e derrubar o Ministro. E isso foi conseguido. A receita é assim. Primeiro, cria-se um ambiente de escândalo, para comover a opinião pública. Segundo, ataca-se a gestão – de que forma? Ignorando tudo de positivo feito, apontando qualquer erro e superdimensionando-o para desmoralizar o trabalho realizado. Terceiro, pressiona-se o governo, utilizando todas as ferramentas da política, inclusive contradições internas, para alcançar o objetivo.

E se ainda não for o bastante para atingir o que se pretende, lança-se mão de uma reserva no arsenal de guerra contra a honra alheia: ataques à família.

Aqui tivemos um capítulo à parte. Comprar um terreno de R$370 mil, único bem que possuo, com cheque registrado em escritura e construir uma casa de 110 metros quadrados, virou escândalo. Não interessa que numa família as pessoas tenham suas atividades profissionais e suas relações. No afã de alcançar seus objetivos, para alguns vale tudo, até golpes baixos. Poderia dar outros exemplos, mas fico por aqui. O que eles queriam era me desestabilizar emocionalmente e me fazer jogar a toalha.

Durante todo o processo procurei manter a serenidade, não perder a razão, apesar de ataques tão baixos.

Ofereci a abertura de minha vida: sigilos fiscal, bancário, telefônico e de correspondência. Desmontei a farsa contra mim na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Propus a apuração dos fatos publicados pela Comissão de Ética Publica, pelo Ministério Publico e pela Polícia Federal. Foi minha a iniciativa e tentaram inverter a ordem, como se eu tentasse encobrir algo.

Hoje, inauguramos no Brasil uma Inquisição moderna, não interessa a análise racional de processos. O editorial de um jornalão paulista foi ao âmago da questão: "não importam as provas, não importa o processo, a acusação basta". É uma versão atual da famosa frase "às favas com os escrúpulos". O mau jornalismo pode instituir verdadeiros tribunais de exceção, que realizam julgamentos sumários.

Houve tempo em que nossos companheiros eram perseguidos, presos, torturados e até assassinados. Hoje, o método utilizado é a execração pública, o linchamento político, o apedrejamento moral sem que se dê direito de defesa. E, depois, a mídia age como se nada tivesse acontecido, e passa a buscar uma nova presa. Nesses dias, não saiu do meu pensamento episódios como o de Ibsen Pinheiro e da Escola Base.

Ao fim do processo, depois de uma conversa com a Presidenta da Republica, saí do governo.

Percebi interesses contrariados operando nas sombras. Triste, percebi gente de comunicação ser instrumentalizada e dar pouca relevância a fatos e informações. Não se pretendia esclarecer nada, apenas disputar como numa gincana, quem chega ao objetivo primeiro. A quem seria atribuída a queda de um ministro. Como na canção “Faroeste Caboclo”, a “via-crucis virou circo e eu estava ali”.

Talvez eu tenha incomodado interesses políticos e econômicos. Fui pedra no sapato de alguns. Fui vítima da luta política.

A realidade é que saí do governo de cabeça erguida. Pela porta da frente, apesar do massacre vivido. Em minha última manifestação, no Palácio do Planalto, disse, olhando nos olhos da Presidenta da República: sou inocente!

Num tempo de inversão de valores, tenho eu que provar minha inocência. E assim o farei.

Serei sempre grato ao carinho e a confiança que recebi de milhares de pessoas, algumas bem próximas, outras que sequer conhecia. É incrível a quantidade de pessoas que se aproximam de mim e diz: acredito em você! A todos, reafirmo: não traí e nunca trairei a confiança de cada um de vocês.

Serei sempre grato ao carinho e dedicação de minha equipe no Ministério do Esporte e de meus companheiros de governo.

Sigo lutando pelos meus ideais. Acredito no Brasil. Volto para São Paulo, para a mesma casa que meus amigos conhecem. Volto para a militância política por um País cada dia mais justo e democrático. Isso é o que me dá felicidade. E é muito bom estar mais perto dos amigos e dos companheiros. E de lá retomo minha trajetória política. A verdade vencerá!

Orlando Silva
Brasília, novembro de 2011

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Royaltes: Questão Federativa!!!!


A presidenta Dilma tem que assumir as negociações sobre os royaltes, o problema está se arrastando por muito tempo e está deixando de ser uma disputa de partilha para virar uma questão federativa. 

Sem unidade o país não avança, isso só interessa aos setores da elite brasileira que apostam na paralisia do Brasil para especular.


PCdoB do RJ se soma à manifestação pelos royalties para o estado

Uma festa da cidadania do Rio de Janeiro. Foi nesse clima que cerca de 150 mil pessoas participaram do ato público na última quinta-feira (10), em defesa da manutenção das regras de divisão dos royalties.


Depois da caminhada da Candelária até a Cinelândia, a atriz Fernanda Montenegro leu um manifesto que afirma que “quando um direito assegurado pela justiça é ameaçado, não são apenas os fluminenses que se encontram ameaçados, amanhã outros estados podem se ver na mesma situação”.

A manifestação cobriu toda a Avenida Rio Branco. As centrais sindicais – CTB, CUT, UGT, NCST e Força Sindical – participaram do ato. Diversos partidos e sindicatos também participaram da manifestação, que contou com caravanas de todo o estado do Rio. Na Cinelândia, artistas se apresentaram e defenderam o Rio de Janeiro.

O manifesto, lido pela atriz Fernanda Montenegro, afirma que “o debate a respeito dos royalties, um direito assegurado pela constituição brasileira, não é uma mera questão, por essa razão o Rio de Janeiro está nas ruas. Quando um direito assegurado pela justiça é ameaçado, não são apenas os fluminenses que se encontram ameaçados, amanhã outros estados podem se ver na mesma situação. O direito aos royalties nunca foi um ato de generosidade para os estados produtores, significa um reconhecimento pela justiça dos impactos econômicos, mas agora, por conta de uma cobiça, tudo isso é desprezado. No caso do Rio de Janeiro isso significará apenas para o ano que vem a perda de R$ 3 bilhões para a economia fluminense, dinheiro que representa o pagamento de aposentados, pensionistas, investimentos sociais, obras de infra-estrutura e saneamento, entre outros”.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, disse ter certeza de que a presidenta Dilma Rousseff vetará o projeto que redistribui os royalties do petróleo, aprovado no Senado e que tramita na Câmara dos Deputados.

O PCdoB marcou grande presença no ato, com bandeiras e faixas. Para a presidente do PCdoB-RJ, Ana Rocha, “mais uma vez o Rio de Janeiro foi às ruas em defesa do estado, do seu futuro, do seu desenvolvimento, da geração de emprego e renda. Estamos conscientes que o Rio não pode dar um passo atrás e hoje juntamos as mãos em todo o estado”.

Estados não-produtores prometem manifestação por royalties

Autor do substitutivo que redistribui os royalties do petróleo entre todos os estados da federação - e não apenas entre os estados produtores - o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) disse que os estados não produtores, como a Paraíba, também estão se organizando para realizar manifestações favoráveis aos royalties do petróleo, a exemplo do que fizeram os estados produtores – Rio e Espírito Santo – nesta quinta-feira (10).


“Estamos convocando os estados não-produtores para manifestações para reclamar aquilo que devem receber, que é patrimônio da União, e para que vão as ruas se manifestar a favor de meu substitutivo", afirmou o parlamentar, lembrando que “as manifestações dos Estados produtores são legítimas, mas não são de direito".

O senador Wellington Dias (PT-PI), um dos responsáveis pelo texto do projeto aprovado no Senado, diz que respeita as manifestações dos estados produtores contra a divisão dos royalties, mas promete responder na mesma moeda.

"Se tem mobilização de quem quer ficar com 80% do que pertence a todos, maior ainda será a mobilização de 90% do povo brasileiro que não aceita mais essa injustiça. Chega! O petróleo em mar é nosso e seus royalties também", alertou o senador.

Vital Rêgo disse ainda que não haverá nenhuma perda para os produtores, e não vê porque eles (Rio e Espírito Santo) reclamam. O senador garantiu que os números que ele apresentou em seu relatório, prova e comprova que, tendo em base o ano de 2010, nenhum estado produtor vai perder recurso.

"Eles continuarão ganhando, porém com menor velocidade comparado ao que ganhavam, em respeito a um patrimônio nacional que é de todos. Tomamos como base o Plano Decenal de Energia, e tendo como referência todas as anotações do Ministério de Minas e Energia. Os dados estão computados nas previsões e cálculos de nosso substitutivo. A projeção de valores foi elaborada com todo cuidado. Agora, vamos trabalhar para que não haja postergação da tramitação do relatório”.

De Brasília
Com agências

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Questão Racial: História da população negra será contada em agenda interativa

A reunião dos principais acontecimentos da história dos povos africanos e das populações negras no Brasil e na diáspora. Essa é a síntese da Agenda Afrobrasileira 2012, que será lançada na segunda quinzena de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra – 20 de Novembro. O objetivo do projeto - resultado do trabalho de professores e pesquisadores - é sistematizar a pesquisa, a organização e a divulgação de datas e fatos importantes do calendário africano e afrobrasileiro.


História da população negra será contada em agenda interativa
Desenho de um dos condenados a enforcamento pela participação na Revolta dos Alfaiates, conhecida também como Conjuração Baiana.
A Agenda vai além da funcionalidade e contribui efetivamente para a aplicação da Lei que institui a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura das populações afrobrasileiras e das sociedades africanas nas escolas brasileiras. O conteúdo atende à necessidade do ensino de crianças e jovens e oferece ferramentas para a formação de educadores.

"Acredito que lembrar personagens, acontecimentos e datas que fazem parte da história do Brasil, da África e da diáspora é também uma das maneiras de combater o racismo", declara Acácio Almeida, professor do Departamento de Antropologia da PUC/SP e idealizador do projeto, citando os nomes conhecidos que serão apresentados na Agenda como Zumbi, Luiza Mahin e Abdias do Nascimento.

Página a página, a publicação traz registros fundamentais sobre a influência das civilizações africanas na formação cultural, social e política no Brasil e no mundo. Além da Agenda impressa, o site www.agendaafrobrasileira.com.br e as redes sociais (Facebook e Twitter) funcionam como uma fonte de pesquisa com atualização permanente. No site, o leitor encontrará ainda sugestões de atividades e jogos que poderão ser desenvolvidas com os estudantes em sala de aula.

Segundo Almeida, a interatividade é o grande diferencial da Agenda, pois é uma ferramenta importante para que o leitor consiga se aprofundar no assunto. "Diante da carência de material subsidiário à matéria, essa publicação será uma contribuição significativa e que poderá facilitar o trabalho de pesquisa dos educadores", afirma.

A Agenda é ilustrada com imagens de obras de artistas africanos contemporâneos que compõem a exposição itinerante Transit_BR, mostra que em breve irá percorrer o Brasil. As imagens também serão reproduzidas em um calendário, que será publicado com a Agenda. "Nossa intenção é despertar o olhar do leitor para uma África moderna, viva e atual", afirma Almeida.

A primeira edição da Agenda Afrobrasileira foi lançada em 1994. A publicação se tornou referência para pesquisadores e interessados no tema. Após cinco edições o projeto foi interrompido e agora está sendo retomado com incentivo e apoio do Instituto Casa das Áfricas, da Galeria Soso e da fundação angolana Sindika Dokolo.



Pêsames a família e amigos: Morre o ex-prefeito Zezé Barbosa!

O ex-prefeito de Campos José Carlos Vieira Barbosa, o Zezé Barbosa, que estava internado na UTI Hospital ProntoCárdio, faleceu nesta tarde aos 81 anos por conta de insuficiência respiratória.  Zezé foi prefeito nos períodos 1967/1970, 1972/1976 e 1983/1988. O velório vai acontecer na Câmara de Campos.

Da USP para as ruas: estudantes contra a repressão


“Ah, mas que vergonha, achar que a passeata é por causa da maconha”. Assim cantavam cerca de 2,5 mil estudantes da Universidade de São Paulo (USP), na tarde desta quinta-feira (10), em uma marcha que percorreu a região central da capital paulista. O ato político contra a Polícia Militar (PM) na Cidade Universitária, marcado para ocorrer concentrado, em frente à Faculdade de Direito do Largo São Francisco, ganhou as ruas com suas bandeiras contra a repressão da atual gestão da universidade.


Na frente de todos, formando uma espécie de escudo, os 73 presos acusados de ocuparem a reitoria da USP, por cerca de uma semana, abriam caminho para a passeata. Além de pedir o fim do convênio assinado entre a reitoria e a PM, os manifestantes pediam a saída do reitor, João Grandino Rodas, e abertura de diálogo entre reitoria, trabalhadores e estudantes para traçar um plano alternativo de segurança para o campus.

Na terça-feira (8), a desocupação do prédio da administração (cumprindo uma reintegração de posse) ocorreu de forma obscura, durante a madrugada. Segundo relatos de alguns alunos detidos na operação, 400 integrantes da Tropa de Choque, com apoio de 30 homens da cavalaria, viaturas e helicópteros, entraram no prédio quebrando tudo que viam pela frente para intimidar e incriminar os ocupantes do local.

Naquele mesmo dia, uma assembleia que reuniu 3 mil estudantes, decidiu decretar greve para pressionar a saída da PM. Aderiram a greve até agora alunos dos cursos de Arquitetura e urbanismo (FAU), Ciências Sociais, Letras, Filosofia, História e Geografia (FFLCH), Artes Cênicas (ECA).

Concentração


Debaixo do sol forte, os primeiros manifestantes começaram a chegar por volta das 14h. Uma dificuldade do acesso ao largo São Francisco de quatro ônibus que saíram do campus Butantã com alunos dos cursos que aderiram à greve, gerou um atraso. A greve do corpo discente foi decretada em uma assembleia ocorrida na noite de terça-feira (8), que contou com cerca de 3 mil pessoas.

Os ocupantes dos ônibus chegaram, em grupos, por volta das 16h, na concentração. Entre eles, cerca de 40 alunos do curso de Artes Cênicas caracterizados como zumbis, vestidos e com rostos pintados de branco, numa alusão à paz e também a uma das características marcantes do movimento estudantil na USP, os rostos cobertos para evitar serem reconhecidos e sofrerem punições da reitoria.

“Se a gente cobre o rosto com panos ou máscara, a grande mídia diz que somos bandidos. Mas, se um policial militar cumpre uma ação de reintegração de posse sem identificação, ele se torna herói”, questionou a estudante Luisa, 20 anos, que preferiu não dar o nome completo. Segundo organizadores do ato, cerca de 20 estudantes e trabalhadores envolvidos em ocupações anteriores sofrem processos administrativos internos.

O estudante do primeiro ano de Ciências Sociais Erick Nascimento, 18 , deu seu nome e apoio integral ao movimento. “Vim sozinho acompanhar de perto o que está acontecendo. Não podemos nos omitir”, disse Erick que é de Campinas e mora em uma república de estudantes próxima do campus.

A universidade é pública


O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, também presente, destacou que por trás da polêmica sobre a segurança está uma questão maior, que é a democratização da universidade pública, mais acessível e mais aberta à comunidade. A entidade defende o fim do vestibular e a adoção de outros mecanismos para seleção. Com relação à segurança, Iliescu destacou a importância de se pensar em uma reurbanização do espaço, com maior circulação de pessoas.

“Não é só uma questão de segurança, mas de democratização do espaço, que é público. Esse fato expõe a concepção liberal que vem sendo introduzida na universidade na atual gestão da reitoria. Por isso, a presença da PM, dentro ou fora da universidade, não é sinônimo de segurança”, afirmou Iliescu.

Para o presidente da UEE, Alexandre Cherno, “tudo isso que está ocorrendo dentro da USP vai na contramão da atual política nacional para a juventude. É um momento em que o país avança na questão com políticas e com a aprovação do Estatuto da Juventude”.

Já o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP, que representa todos os estudantes da instituição, destacou que a manifestação de hoje é a expressão da falta de diálogo da reitoria.

“O ato de hoje fortalece o movimento. Com isso, esperamos abrir um diálogo profundo entre a comunidade acadêmica para discutir um novo projeto de universidade com mais ensino, pesquisa e extensão”, declarou João Vitor de Oliveira, um dos integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

Também estavam presentes na manifestação o Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp), a Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), e movimentos sociais.

Deborah Moreira, da redação do Vermelho