sábado, 31 de agosto de 2013

Centrais comemoram Dia de Mobilização com pauta unificada


Unidas, as centrais sindicais CTB, CUT, Força Sindical, CGTB e Conlutas realizaram com êxito vários atos nesta sexta-feira (30) – Dia Nacional de Paralisações e Mobilizações. Na Praça da República, na capital paulista, o ato público ganhou ainda o apoio de movimentos sociais, estudantes e professores, que abraçaram simbolicamente o edifício sede da Secretaria da Educação.

Por Théa Rodrigues, da redação do Vermelho


Théa Rodrigues
 Centrais comemoram Dia de mobilização com pauta unificada
Unidas, as centrais sindicais realizam vários atos nesta sexta-feira (30)
Os sindicalistas levantaram novamente suas bandeiras de luta, exigindo o fim do fator previdenciário, a regulamentação da terceirização e a redução da jornada de trabalho para 40h semanais. Além disso, pedem uma reforma agrária, da comunicação, um reajuste digno para os aposentados, a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, transporte público de qualidade e mais investimentos públicos na saúde e na educação.

O conjunto das centrais sindicais – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e pela Central Sindical e Popular (Conlutas) – busca construir e impulsionar as exigências que vieram das ruas nos protestos das últimas semanas.

 

Em entrevista ao Vermelho durante a manifestação em São Paulo, Adilson Araújo, presidente da CTB, afirmou que “o intuito é somar-se às outras centrais para colocar como ação prioritária a pauta trabalhista”. Segundo ele, o ato complementa um conjunto de iniciativas que busca “garantir as reivindicações da classe trabalhadora”.

Araújo considera que a “manifestação é emblemática” por corresponder à necessidade de “pressionar o governo por uma mudança real em questões como a redução da jornada de trabalho, a ratificação da Convenção 151 e 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a derrubada do Projeto de Lei 4330”.

Sobre a terceirização (representada pelo PL 4330), o líder sindical afirmou que “o texto construído não corresponde às expectativas da classe trabalhadora, porque escancara de vez a terceirização e abre caminho para a regulamentação da quarteirização”. Ele lembrou ainda que “na prática, isso significa a redução dos postos de trabalho, salários mais baixos e representa também um golpe na previdência social”.

No mesmo sentido, Vagner Freitas, presidente da CUT disse que o “objetivo é chamar a sociedade para a pauta dos trabalhadores, e estamos conseguindo isso”.

Para Nivaldo Santos, vice-presidente da CTB, que também esteve presente na jornada de lutas desta sexta-feira, os atos nacionais são “uma continuidade de uma agenda que o fórum das centrais vem levando para lutar por uma pauta que está parada no Congresso”, disse ele ao Vermelho.

Também presente no ato, Carina Vitral, presidenta da União dos Estudantes do Estado (UEE), falou da importância da união das centrais sindicais e disse que “a unidade dos movimentos sociais também é fundamental para que se possa avançar nas pautas e lutas dos estudantes”. Por sua vez, Nicole Mendes, diretora da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), ressaltou a necessidade dos estudantes se juntarem às centrais sindicais por uma melhora nas condições de trabalho dos professores e, consequentemente, uma melhoria na qualidade da educação.



De acordo com Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), “não podemos falar em melhoria da educação sem falar na diminuição da jornada de trabalho do professor”. Ela disse ainda que é preciso pensar também na “escola pública de qualidade e na implantação do piso salarial para os professores” e lembrou que o fator previdenciário afeta todos os trabalhadores. 

Para Raimunda Gomes (Doquinha), secretária de comunicação da CTB, “o ato de hoje é simbólico” e “extremamente positivo” porque “cumpre mais uma etapa na tentativa derrubar o fator previdenciário e a lei da terceirização”. Ela disse ainda “essa manifestação fortalece os trabalhadores em luta”.

Após o ato no centro de São Paulo, o grupo seguiu em passeata para a Avenida Paulista, onde se junta a outros manifestantes, para pressionar os governos federal e estadual e o Legislativo para atendimento de uma série de demandas de uma agenda que o conjunto das centrais e os movimentos sociais têm em comum.

Outros estados

As centrais informaram os atos de mobilização organizados em praticamente todas as unidades federativas. 

No Rio, os trabalhadores se reúnem na Central do Brasil tendo como ponto central da mobilização a pressão contra o PL 4330. 

Em Brasília, manifestantes acampam em frente ao Senado, em Brasília, em cobrança pela votação do Plano Nacional de Educação (PNE) e pela aplicação, por estados e municípios, da Lei do Piso, que inclui plano de carreira e jornada de trabalho para a categoria.

Além das pautas trabalhistas, os movimentos sociais também realizam nesta sexta-feira no país o segundo Ato Contra o Monopólio da Mídia e pela democratização dos meios de comunicação.

IMPRENSA ANTI-DEMOCRÁTICA! Farsa: a médica da Folha e a semana de 128 horas


É difícil saber se essa polêmica do Mais Médicos está fazendo mais estragos na reputação dos médicos ou na dos jornalões brasileiros. Nesta sexta (30), dois jornalões (Folha e O Globo) dão destaque à triste história da Dra. Junice Maria Moreira, médica do programa Saúde da Família, que teria sido demitida para "dar lugar a um cubano" em Murici, interior da Bahia. Para azar dos jornalões, uma repórter seguiu o princípio básico de dar voz ao outro lado. 

Por André Borges Lopes*, na Carta Maior


Nesta sexta-feira (30) – não por coincidência – dois jornalões (Folha e O Globo) dão destaque à triste história da Dra. Junice Maria Moreira, médica do programa Saúde da Família, que estaria sendo sumariamente demitida para "dar lugar a um cubano" em Murici, povoado da cidade de Sapeaçu, BA. A denúncia foi plantada na imprensa pelo CRM da Bahia.

As manchetes:

Folha: "Disseram que eu tinha que dar lugar a um cubano"

O Globo: Prefeituras substituem médicos por profissionais do programa do governo.

Muito bem. Aí a gente acessa o serviço CNESNet da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde e pede uma busca pelo nome da doutora Junice Maria Moreira.

Descobre-se que a essa médica tem quatro vínculos empregatícios ativos, dois deles de 40 horas no Programa de Saúde da Família e mais dois de 24 horas cada como médico clínico. Total de 128 horas semanais (improváveis 18 horas e meia por dia, de segunda a segunda). Com um detalhe: os vínculos públicos são com prefeituras de três cidades diferentes (Murici, Queimadas e Jiquiriçá no interior baiano) distantes 357 km entre si, 4h40 de viagem segundo o Google Maps.

Com essa carga de trabalho insana e atendendo em três municípios distantes é de se supor que a Dra. Junice encontrasse dificuldades para cumprir seus horários contatados. Pois foi exatamente isso que constatou a repórter Louise Lobato do jornal Correio ao seguir o princípio básico de dar voz ao outro lado (relegado ao mero registro de um desmentido formal nas matérias da Folha e d'O Globo).

Da matéria da Louise:

"O secretário de Saúde da cidade, Raul Molina, desmentiu as alegações. 'Ela disse que está sendo substituída por um médico estrangeiro, mas isso não é verdade. A demissão aconteceu não para economizar recursos da prefeitura, e sim porque esta médica não está cumprindo o contrato. Ela se recusa a cumprir a carga horária determinada, de 40 horas, e ao invés disto, trabalha somente durante um turno, duas vezes na semana. Ou seja, apenas 12 horas', afirmou. 'Há três meses, nós comunicamos para a cooperativa que ela não estava cumprindo a carga horária, e pedindo a substituição. Contudo, a cooperativa disse que não tinha nenhum outro médico disponível para substituí-la. Por causa disso, demos entrada no pedido para participar do Mais Médicos', relata o secretário Molina."

Bem, se a Dra. Junice é uma amostra do tipo de profissional da saúde pública que está sendo trocado pelos médicos cubanos, continuo achando que o Brasil está fazendo um excelente negócio em trazer los hermanos.

*André Borges Lopes é professor universitário e produtor gráfico. 
Texto publicado originalmente na página do Facebook do autor.


DIREITOS HUMANOS: "Atraso em julgar Chacina de Unaí já é impunidade", diz ministra


Para a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, a demora de nove anos para que os acusados de participar da Chacina de Unaí – quando foram assassinados três auditores fiscais do Trabalho e um motorista do Ministério do Trabalho - começassem a ser julgados “já é, em si, impunidade”.


 
 O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2004, na cidade mineira de Unaí.
O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2004, na cidade mineira de Unaí. Somente agora, três dos oito réus da chamada Chacina de Unaí começaram a ser julgados. A expectativa é que o tribunal do júri, iniciado terça-feira (27), seja concluído e tenha a sentença anunciada até a madrugada de sábado (31).

“Estamos falando de pessoas que estavam a serviço do Estado brasileiro, do governo federal, protegendo brasileiros explorados em um regime de escravidão. Houve uma emboscada e o assassinato desses funcionários federais. Nove anos para o Poder Judiciário dar conta desse julgamento já é, em si, impunidade”, disse a ministra à Agência Brasil. Ela fez o comentário ao abrir a exposição Ausências, nesta quinta (29), no Museu da República.

Os oito acusados foram divididos em dois grupos, o dos que já estão presos em caráter preventivo – e que, por isso, estão sendo julgados esta semana - e o dos que respondem ao processo em liberdade.

Do primeiro grupo fazem parte Rogério Allan Rocha Rios, Erinaldo de Vasconcelos Silva e William Gomes de Miranda. Acusados de executar o crime, os três estão detidos desde 2004 em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a acusação, os três foram contratados por Francisco Elder Pinheiro, que morreu em janeiro deste ano, aos 77 anos de idade.

Já o fazendeiro Norberto Mânica; o empresário Hugo Alves Pimenta; o empregado de Pimenta, José Alberto de Castro; e Humberto Ribeiro dos Santos devem ir a júri no próximo dia 17 de setembro. A expectativa é que o fazendeiro Antério Mânica, irmão de Norberto, também vá a julgamento no mesmo dia. Acusados de encomendar e planejar a morte dos quatro servidores públicos, eles respondem ao processo em liberdade.

“Chamamos a atenção da população para que ela fique atenta aos resultados [do júri], a fim de que não se configure, além da morosidade [no julgamento], uma condição de impunidade”, declarou a ministra.

Fonte: Agência Brasil


OIT: AL e Caribe possuem 127 milhões de trabalhadores informais


Na América Latina e Caribe existem 127 milhões de pessoas trabalhando em condições de informalidade, em sua maioria pertencentes aos grupos de população mais vulneráveis, disse nesta terça-feira (27) a Organização Internacional do Trabalho (OIT) durante o lançamento de uma nova estratégia regional para apoiar os países na aplicação de medidas de formalização das empresas e dos empregos.


No ritmo atual, região demoraria 50 anos para reduzir à metade a taxa de emprego informal

Ainda que os países conseguissem manter um crescimento econômico robusto, o que em alguns casos não está acontecendo, seriam necessários mais de 50 anos para reduzir à metade a taxa de informalidade de 47,7% dos trabalhadores ocupados urbanos, acrescentou a OIT durante a apresentação do Programa Forlac, uma nova estratégia regional da agência da ONU que busca apoiar os países na implementação de medidas de formalização de empresas e empregos.

“A informalidade é persistente e não será reduzida sozinha”, explicou a diretora regional da OIT para a América Latina e o Caribe, Elizabeth Tinoco, ao anunciar o Forlac. “Estamos falando de um obstáculo importante para o desenvolvimento, pois impede o avanço na luta contra a pobreza e a desigualdade.”

“A formalização da informalidade representa um desafio político a nossos países, pois ao apresentar-se como um obstáculo para o progresso de nossas sociedades gera situações de frustração e desalento que têm o potencial de comprometer a confiança nas instituições e na governabilidade democrática”, acrescentou Tinoco.

Os dados da OIT revelam que entre os 20% com maior renda na região as situações de informalidade afetam a 30% das pessoas. Por outro lado, entre os 20% da população com menos renda, 73,4% estão em situação de informalidade.

A OIT destacou que na informalidade são frequentes o empreendimento, a iniciativa, o talento, o sacrifício e o esforço. No entanto, ao mesmo tempo a informalidade é sinônimo de empregos com baixos salários, sem proteção social nem direitos, sem estabilidade e com escassas perspectivas de futuro.

“A maioria das pessoas não se incorpora à informalidade por escolha, mas pela necessidade de sobreviver, de fazer algo que lhes permita levar uma renda, ainda que mínima, para suas casas”, disse a diretora regional da OIT.

Fonte: ONU


Contra obesidade, México inicia guerra à Coca-Cola

A batalha contra os refrigerantes açucarados, salientada na tentativa fracassada do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, de proibir refrigerantes grandes, se espalhou agora para o México, há muito um dos principais mercados da Coca-Cola Co.



Durante essa temporada de verão no hemisfério norte, uma campanha de conscientização pública espalhou anúncios por ônibus e outdoors pela Cidade do México, mostrando uma pilha com 12 colheres cheias de açúcar ao lado de uma garrafa de 600 mililitros de refrigerante. Os anúncios perguntam: "Você comeria 12 colheres de açúcar? Por que você bebe refrigerante?".

A campanha publicitária tem incentivado um novo movimento para conter o consumo excessivo de refrigerantes no México.

Como os Estados Unidos, o México está batalhando para combater uma epidemia de diabetes, doença que está intimamente ligada à obesidade.

O México ultrapassou recentemente o país vizinho, famoso pela obesidade de sua população, assumindo o primeiro lugar em um ranking de países mais gordos do mundo com população de 100 milhões ou mais, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas.

De repente, em um país onde a Coca-Cola exerce enorme influência financeira e cultural, alguns ativistas, políticos e autoridades de saúde pública estão pintando os refrigerantes, e em particular a Coca-Cola, como vilões.

O Ministério da Educação solicitou aos operadores de concessões para não venderem refrigerantes em escolas públicas, onde eles são populares em parte porque estudantes em muitas comunidades não têm acesso a água potável.

As agências de defesa do consumidor, enquanto isso, estão avaliando multas contra a Coca- Cola devido a uma recente onda de anúncios que mostram pessoas supostamente queimando 149 calorias de refrigerante ao fazer atividades cotidianas como levar um cachorro para passear ou rir.

Ativistas reclamam que os consumidores poderiam confundir a garrafa mostrada no anúncio com uma maior, mais conhecida, de dose individual. Os reguladores também querem saber se as atividades apresentadas nos anúncios realmente queimam as calorias.

Uma porta-voz da Coca-Cola no México disse que os produtos da companhia são todos "saudáveis e podem ser integrados a uma dieta correta, combinada a um estilo de vida ativo". Ela também diz que produtos com baixas calorias ou sem calorias, como garrafas de água, respondem por cerca de 40% do portfólio das marcas da Coca-Cola no México.

Seu chefe, Franciso Crespo, presidente da subsidiária da Coca- Cola no México, também defendeu o anúncio da companhia.

"Somos transparentes com os consumidores e oferecemos informações claras e completas sobre as nossas bebidas, então eles podem tomar decisões conscientes", disse ele em julho. 
Mas o confronto poderia ter maiores implicações para a Coca-Cola e outros fabricantes de refrigerantes, já que o México só fica atrás dos EUA no consumo per capita de refrigerante, segundo a empresa de pesquisa Euromonitor International.

No ano passado, a América Latina, ancorada pelo México, país que conta com a maior engarrafadora independente da Coca-Cola, foi a segunda região mais rentável da empresa, atrás da Europa. O refrigerante é uma bebida familiar básica no México, com algumas famílias consumindo o produto em todas as refeições.

"No interior do México, se você vai à casa de alguém e eles não têm Coca para oferecer, eles pedem desculpa. A Coca-Cola simboliza prestígio", diz Alejandro Calvillo, diretor do "El Poder del Consumidor", grupo de interesse público que financiou a campanha com colheres cheias de açúcar. Seus financiadores incluem a organização que reúne as atividades filantrópicas de Michael Bloomberg.

Ultimamente, defensores dos consumidores como Calvillo encontraram na senadora Marcela Torres uma aliada. Ela apoiou um projeto de lei que pode impor um imposto de 20% sobre refrigerantes açucarados.

Os defensores alegam que a medida reduziria o consumo de refrigerante em 26% e geraria uma receita anual próxima de US$ 2 bilhões. A maior parte dos recursos seria destinada para instalar bebedouros públicos e melhorar o acesso a água potável.

A associação de engarrafadores de refrigerante do México, cujos membros incluem os engarrafadores locais da Coca e da PepsiCo Inc, está fazendo um forte lobby contra o imposto e contra a demonização do refrigerante. "Você não pode apontar um único produto como causa desse problema", diz Emilio Herrera, diretor da associação. Já existe um imposto sobre as vendas de refrigerantes, que gera uma receita de US$ 1,5 bilhão por ano, diz.

Os riscos para a saúde pública nessa briga são elevados. De cada 10 mexicanos com mais de 20 anos de idade, 7 estão com sobrepeso ou obesos, de acordo com uma pesquisa recente.

Estima-se que 9% da população tenha diabetes, o maior percentual em qualquer país com mais de 100 milhões de habitantes, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes e da ONU. A diabetes é hoje a segunda maior causa de mortes no país, depois de doenças do coração. Em 1980, era a nona.

Fonte: The Wall Street Journal
Tradução: Jornal Valor Econômico

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Precisamos eleger políticos comprometidos com os trabalhadores: UNE e OAB lançam campanha "Eleições Limpas" em ato no Rio


“Todas as vezes que essas entidades aqui se juntaram, o Brasil mudou”. A frase, dita pelo ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cézar Britto, nessa quinta-feira (29), na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, expressou o otimismo que marcou o encontro da entidade com a UNE, a CNBB, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), sindicatos, grupos religiosos e outras organizações estudantis e de juventude na campanha Eleições Limpas.


 

O ato de lançamento da campanha, no Rio de Janeiro, mostrou que os principais movimentos populares do Brasil estão comprometidos em garantir a reforma política popular, convocando milhões por todo o Brasil, como nas maiores mobilizações cívicas já realizadas no país.

“Desde a realização das Diretas Já! nunca houve um momento tão propício para mudarmos o nosso sistema político”, disse a presidenta da UNE, Vic Barros. Segundo ela, o projeto é a “maior resposta aos protestos dos últimos meses, que têm evidenciado a insatisfação da juventude e de grande parte da sociedade com a política”. Além da UNE e das outras entidades, participaram do ato parlamentares, juristas, representantes de sindicatos e de outras organizações.

O encontro foi realizado no prédio histórico da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, contando com o apoio do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira. O local foi sede, por quase 100 anos, do Senado Federal Brasileiro e pólo de resistência estudantil contra a ditadura militar.

Entre todos, foi consenso que o ponto principal do projeto, que precisa reunir 1,6 milhões de assinaturas para ir à votação no Congresso, é a alteração das regras de financiamento das campanhas eleitorais, impedindo a participação de empresas.

“Atualmente, o poder econômico tem uma incidência maior na política do que nós, cidadãos”, afirmou o juiz Marlon Reis, um dos idealizadores da lei da Ficha Limpa. Ele ressaltou que o modelo atual das eleições, além de permitir a corrupção e a troca de favores entre políticos e empresas, torna o sistema injusto.

“Para termos uma ideia de como o dinheiro massacra outras candidaturas, nas últimas eleições, apenas 10 empresas financiaram um total de um bilhão de reais para poucos candidatos. Não há como competir”, argumentou. “A democracia não se resume ao fato de poder votar, é preciso aperfeiçoá-la”, disse.

O ex-presidente da OAB convocou os movimentos a sairem às ruas, ressaltando o amplo apoio popular da proposta: “Oito em cada dez brasileiros querem o fim do financiamento de empresas nas campanhas políticas”, afirmou, citando pesquisa do IBOPE realizada a pedido da Ordem. A mobilização já começou na própria UFRJ, onde centenas de alunos já assinaram o projeto.

Também é possível participar pela internet. Basta acessar o site www.eleicoeslimpas.org.br, conhecer o projeto e assinar virtualmente.

Financiamento democrático das campanhas
A corrupção tem suas raízes nas relações poucos claras que são estabelecidas nas eleições. 98% do dinheiro das campanhas vem de empresas, sua maioria empreiteiras. Ao financiar os políticos as empresas impõe seus interesses privados, gerando poderosos lobbies e bancadas corporativistas nos parlamentos brasileiros. Além disso, embora todos sejam livres para ser candidatos, o peso do dinheiro nas campanhas faz com que muitos não possam se apresentar aos eleitores, enquanto outros se apoiam em robustas campanhas de marketing com pouco foco na discussões mais importantes do nosso País.

Participação popular 
A UNE defende uma reforma que amplie os espaços e canais de democracia direta e participativa, como conferências, conselhos consultivos e deliberativos, da sociedade civil, fóruns, seminários, plebiscitos, referendos, projetos de lei populares, mais mecanismos de transparência, e acompanhamento das atividades políticas do Brasil. É importante ainda garantir mais participação da mulher, maioria da sociedade, e minoria absoluta em prefeituras, governos estaduais e de Congresso Nacional.

Combate à corrupção
Para enfrentar a corrupção é necessária uma reforma que privilegie projetos, ideias, e não interesses individuais. O projeto que a UNE defende limita o personalismo, levando as pessoas a escolherem programas e ideologias, ao invés de permitir que alguns poucos tenham poder e influência para tirar proveito próprio. É necessário um sistema que não apenas condene as práticas de corrupção, mas que previna e impeça que políticos corruptos cheguem ao poder.

Fonte: Portal da UNE



Queremos um Rio e um Brasil de Paz: Vigília lembra os 20 anos da Chacina de Vigário Geral


Os 20 anos da Chacina de Vigário Geral estão sendo lembrados nesta quinta-feira (29) com uma vigília, a partir das 19h, na própria comunidade. Na praia do Leme, zona sul do Rio, em mais uma iniciativa do movimento Rio de Paz, um “cemitério simbólico” foi montado na areia, com 21 cruzes simbolizando cada uma das vítimas da chacina, além de um caixão.


Mensagens afixadas nas cruzes mencionam a profissão de cada uma das vítimas e chamam a atenção para a continuidade da violência policial no Rio, com a frase “A cidade continua partida. Cadê o Amarildo?”. A pergunta é uma referência ao caso do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde o dia 14 de julho, na comunidade da Rocinha, após ter sido levado por policiais à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade.

A chacina foi na madrugada de 29 de agosto de 1993, quando cerca de 50 homens encapuzados, armados com metralhadoras, escopetas, pistolas e granadas invadiram a favela de Vigário Geral, na zona norte do Rio, arrombaram casas e atiraram de forma indiscriminada nos moradores. Vinte e uma pessoas foram executadas – todas com endereço fixo, profissão definida e sem antecedentes criminais.

A matança foi motivada por vingança. No dia anterior, quatro soldados do 9º Batalhão da Polícia Militar tinham sido assassinados na Praça Catolé do Rocha, vizinha à favela, em um crime atribuído a traficantes de drogas que atuavam em Vigário Geral. Os autores da chacina eram policiais militares de um grupo conhecido como “Cavalos Corredores”, por causa de sua maneira de agir. Eles entravam nos locais correndo, atirando e aterrorizando os moradores.

A Chacina de Vigário Geral somou-se a outros massacres ocorridos no Rio de Janeiro. No dia 23 de julho daquele ano, cerca de 50 crianças e adolescentes que dormiam nas proximidades da Igreja da Candelária, no centro da cidade, foram alvejados por policiais. Oito morreram. Nos anos seguintes, três sobreviventes dessa chacina morreram em confrontos com a polícia.

Ocorridas no segundo mandato do governador Leonel Brizola (1991-1994), as duas chacinas tiveram repercussão em todo o mundo e mobilizaram organismos internacionais de defesa dos direitos humanos. Dos 52 policiais militares acusados formalmente da matança em Vigário Geral, apenas sete foram condenados e só um continua preso. 

Três foram absolvidos no segundo julgamento, um morreu e dois foram beneficiados com a liberdade condicional. Cinco acusados morreram antes do julgamento e dois estão foragidos. Os demais foram absolvidos ou nem chegaram a ser responsabilizados.

Hoje a organização Anistia Internacional divulgou nota cobrando responsabilização criminal de todos os envolvidos no massacre de Vigário Geral. A entidade pede que o Estado brasileiro acabe com a impunidade, “conduzindo investigações imediatas, completas, independentes e imparciais sobre todos os casos de violações de direitos humanos nos quais policiais e forças de segurança estejam envolvidos”.

Com o título Vigário Geral: vinte anos de impunidade, a nota da Afaz um retrospecto do episódio e lembra que quatro dos absolvidos são também réus no assassinato de Ediméia da Silva Euzébio, uma das mães de Acari, morta em 1993, cujo processo continua em andamento.

A Anistia Internacional chama a atenção também para o fato de o Poder Judiciário ter negado provimento a ações civis de indenização promovidas por algumas famílias de vítimas da chacina. “O sentimento de injustiça e impunidade permanece entre os familiares, sendo que a viúva de uma das vítimas faleceu nesse período”.

Por iniciativa da Associação de Familiares de Vítimas da Chacina de Vigário Geral, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro sedia nesta sexta-feira (30) um debate sobre os 20 anos da chacina. Segundo os organizadores, o evento será um ato cívico em defesa da Justiça e contra a impunidade.

O debate será das 10 às 13 horas, no Tribunal do Júri do antigo Palácio da Justiça, e terá participarão do desembargador José Muiños Piñeiro Filho, que atuou no caso como promotor até 1997, o jornalista e escritor Zuenir Ventura, autor do livro Cidade Partida, sobre a chacina, o sociólogo Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, Otávio Leite (PSDB-RJ); Iracilda Toledo Siqueira, cujo marido foi morto na chacina, e um representante das favelas cariocas. A mediação será do jornalista Jorge Antonio Barros.

Fonte: Agência Brasil


PIB no Brasil cresce acima da mais otimista das previsões



O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,5% no segundo trimestre do ano, em comparação ao primeiro trimestre de 2013, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na manhã desta sexta-feira (30).


O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, totalizou R$ 1,2 trilhão no período de abril a junho.

No primeiro trimestre, o PIB havia crescido 0,6% em relação ao trimestre anterior. Pelo lado da produção, o principal destaque foi a agropecuária, que teve alta de 3,9% no trimestre em relação ao trimestre anterior. Também registraram crescimento os setores da indústria (2%) e serviços (0,8%)

Pelo lado da demanda, houve crescimento na formação bruta de capital fixo - que representa os investimentos, de 3,6%, no consumo do governo (0,5%) e no consumo das famílias (0,3%). As exportações tiveram alta de 6,9%, enquanto as importações subiram apenas 0,6% no período.

No acumulado nos quatro trimestres terminados no segundo trimestre de 2013 (12 meses), o crescimento foi de 1,9% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. O destaque foi para agropecuária (crescimento de 3,9% no volume do valor adicionado), seguida por indústria (2,0%) e serviços (0,8%). Na comparação com o segundo trimestre de 2012, o PIB cresceu 3,3%, com destaque para agropecuária (13,0%) seguida por indústria (2,8%) e serviços (2,4%).

A agropecuária se destacou, com crescimento de 3,9% no volume do valor adicionado. Na indústria houve aumento de 2,0%, enquanto que os serviços registraram expansão de 0,8%. A construção civil teve alta de 3,8%, enquanto a indústria de transformação apresentou aumento do volume do valor adicionado de 1,7% em relação ao trimestre imediatamente anterior, seguida pela extrativa mineral (1,0%) e pela eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (0,8%).


Com agências

Espionagem: EUA rejeitam acordo com o Brasil e com o mundo



Os Estados Unidos se negaram a fazer um acordo de reciprocidade com o Brasil para regrar a atuação na coleta de dados telefônicos e da internet nos dois países. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, após uma série de reuniões com autoridades estadunidenses, esta semana, em Washington, declarou que o Brasil continua insatisfeito com os Estados Unidos, que foram acusados de espionar, para fins políticos e econômicos, dados eletrônicos e de telefonia no Brasil. 


Espionagem: EUA rejeitam acordo com o Brasil e com o mundo 
O ministro anunciou que o Brasil prosseguirá na linha de colocar o problema para discussão nos fóruns internacionais.  




















“O Brasil continua insatisfeito com os EUA, a menos que tivemos acordo que pudesse disciplinar e regrar essa questão que consideramos tão importante”, disse o ministro, anunciando que o acordo proposto pelo governo brasileiro e rejeitado pelos Estados Unidos, estabelecia que a coleta de dados só poderia ocorrer quando houvesse indícios de dados ilícitos e autorizado sempre pelo Poder Judiciário.

O governo dos Estados Unidos disse que não faria acordo nesses termos nem com o Brasil e nenhum outro país do mundo. E que agem de acordo com a legislação deles, que é bastante aberta, explicou o ministro brasileiro. Mas que estariam dispostos a discutir alguns pontos do acordo.

“Nessa reunião houve uma tônica da nossa parte manifestando o inconformismo, não só do governo, mas de todas a sociedade e de todos os espectros políticos, de que haveria interceptações de dados ao arrepio de qualquer decisão de autoridade brasileira para fins de uso da inteligência estadunidense. Na nossa compreensão, esses fatos amplamente noticiados no mundo, implica em violação a soberania, direitos humanos e direitos consagrados na nossa constituição, direito a privacidade e ao sigilo nas comunicações”, afirmou José Eduardo Cardoso.

Outras medidas

O ministro disse que o Brasil não se furtaria ao diálogo, mas que esse não fosse apenas retórico, mas que tivesse resultados práticos. E anunciou que prosseguiríamos na linha de colocar problema para discussão nos fóruns internacionais. 

E que o governo brasileiro está empenhado em aperfeiçoar sua legislação na área, a partir do Marco Civil da Internet, que está em tramitação no Congresso, e enviaria projeto de lei para definir limites e responsabilidades das empresas que atuam no Brasil. Além de empreender ações de fortalecimento da empresa brasileira nessa área.

Segundo o ministro, “um país não pode abrir mão de sua soberania e da defesa daquilo que entende como legítimo que são os direitos dos seus cidadãos”, declarando que disse as autoridades estadunidenses que “embora a Constituição brasileira seja mais recente, de 1988, do que a americana, do século 18, os brasileiros amam tanto a sua Constituição quanto os americanos amam a dele, que foi o que nos motivou a tentar entrar em um acordo com os Estados Unidos”.

Proposta brasileira

A proposta do Brasil é que fosse celebrado um acordo para estabelecer regras de comum acordo, que versaria sobre procedimentos para eventual interceptação de dados. No Brasil, isso só pode ocorrer com autorização judicial de tribunais brasileiros. Numa situação de reciprocidade, se caso um órgão dos Estados Unidos quisesse obter dados via telefone e internet, deveria solicitar aos tribunais brasileiros; e o mesmo deveria ocorrer com o Brasil.

O ministro explicou que as diferenças do regime jurídico poderiam ser superadas com adequações legislativas lado-a-lado para que o acordo fosse viabilizado. 

“Propusemos que nesse acordo ficasse claro um princípio jurídico, uma conquista dos povos, que é a presunção da inocência. Ou seja, não se pode julgar alguém culpado sem que haja indícios de que havia praticado ilicitudes, para que justificasse a coleta de dados”, explicou o ministro brasileiro.

Também disse que deveria constar desse acordo de que dados genéricos não serão coletados, mesmo que sejam meta-dados, porque se qualificam na violação do nível de privacidade. Com relação ao objeto das informações, o Brasil só concorda que houvesse admissibilidade desses pedidos de coleta de dados, em casos de comportamento ilícitos, para limitar o uso político, econômico e das relações internacionais. “No caso de narcotráfico, organizações criminosas e, embora no Brasil não tenhamos núcleos de terrorismo, nesses casos, essas coletas podem ser solicitadas”. 

Segundo avaliação de Cardoso, o “acordo é respeitador da soberania dos dois países, da ordem jurídica e que estabeleceria a necessidade das empresas americanas se adequarem a legislação brasileira na sua atuação da área de dados. Quem age no território brasileiro tem que se adequar a lei brasileira”, destacou.

Arrogância estadunidense

O Governo dos Estados Unidos disse que agem de acordo com a legislação americana, que é bastante aberta, que prevê inclusive um tribunal com características bastante próprias, e que a coleta de dados é feita sem ordem judicial. Para o ministro brasileiro, “isso evidentemente cria o problema”.

O problema, segundo o Ministro da Justiça do Brasil, é que a intercepção dos Estados Unidos no Brasil não se restringiram as ações contra terrorismo, outras situação geraram interceptações, como as conversas diplomáticas, principalmente naquelas em que o Brasil mediava acordo com o Irã. 

O ministro se encontrou na Casa Branca com o vice-presidente, Joe Biden, com a assessora para Assuntos de Contraterrorismo, Lisa Mônaco, e com o chefe de Departamento de Justiça, Eric Holder, e concedeu entrevista coletiva sobre o diálogo após essas reuniões. 

Segundo ele, o governo brasileiro já teve duas reuniões nos estados Unidos sobre o assunto, uma exclusivamente técnica, para esclarecimentos sobre o assunto; e outra política – essa que ele participou – para busca de alternativa para a questão. 

De Brasília
Márcia Xavier 

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Em Campos os professores municipais vão parar!

 Em Campos os professores municipais vão aliar a luta das centrais sindicais que estarão nas ruas de todo o Brasil nesta sexta-feira (30), Dia Nacional de Luta e Paralisações, para reafirmar sua pauta de melhoria salarial e de condições de trabalho. Em Campos dos Goytacazes estaremos concentrados na Praça São Salvador.



Ato das Centrais no dia 11 de julho / Foto: Deborah Moreira

A concentração será às 9h, na Praça São Salvador. Um pouco mais tarde, uma passeata partirá em direção ao CESEC sede da Prefeitura de Campos, toda a população possa participar da manifestação e se juntar na luta por mais direitos e por uma educação de qualidade.


A unidade é a chave para obtermos mais conquistas. Devemos estar ao lado dos movimentos sociais e populares nessa luta, é importante que todas as escolas se organizarem. 

Bandeiras

A decisão de paralisar é em decorrência da posição intransigente do governo municipal, que não tem negociado as reivindicações, que mantém uma postura de rolo compressor, que não é transparente com as contas públicas.

Mais uma vez, os professores, os sindicalistas e os dirigentes de Centrais levantam suas bandeiras, exigindo no município democratização da educação, melhores salários, eleições diretas para diretor, fim das terceirizações, a redução da jornada de trabalho para atender a legislação que determina que 1/3 da carga horaria seja para planejamento e maiores investimentos públicos na educação.



Assista e participe do bate-papo virtual sobre as teses do PCdoB



Para estimular a militância comunista a entrar no clima do 13º Congresso Nacional do PCdoB, o Comitê Municipal do Recife promove neste momento um bate-papo virtual com quatro dirigentes da legenda sobre as teses do Congresso que acontece em São Paulo, em novembro próximo. Assista abaixo a transmissão ao vivo e participe!




A participação é aberta aos filiados, militantes, amigos e simpatizantes do partido. Os internautas poderão fazer perguntas e comentários pela Fanpage (https://www.facebook.com/pages/PCdoB-Recife/) e pelo Twitter (twitter/pcdobrecife), usando a hashtag #tesesdopcdob. 

Luciano Siqueira, vice-prefeito do Recife e presidente do Comitê Municipal do PCdoB do Recife; Luciana Santos, deputada federal e vice-presidente nacional do partido; Marcelino Granja, secretário estadual de Ciência e Tecnologia e membro do Comitê Central; e Nilson Vellazquez, secretário de Formação do UJS e ex-presidente da UJS-Pernambuco, vão trocar ideias e responder a perguntas sobre os dez anos dos governos Lula e Dilma; a atualização da perspectiva para o Brasil, bem como a construção do Partido nesta realidade inédita e as diretrizes para seu fortalecimento. 

Também na pauta da conversa, o balanço e as tendências da crise estrutural e sistêmica do capitalismo, do mundo em transição, e da nova luta pelo socialismo. 

Da redação


Queremos justiça! Caso Cícero Guedes: nova audiência marcada













Aconteceu na tarde desta quinta-feira (29), 1ª Vara Criminal do Fórum Maria Tereza Gusmão, em Campos, a audiência de instrução e julgamento do caso do Líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Cícero Guedes dos Santos.
Uma nova Audiência foi marcada para o dia 3 de outubro, às 13h, quando uma carta precatória de uma testemunha sigilosa de acusação do Rio de Janeiro vai chegar. Após esta audiência, os quatro réus serão ouvidos e o caso poderá ser definido. Durante a audiência desta quinta, uma testemunha de acusação e nove tetstemunhas e nove de defesa foram ouvidas.

Na próxima audiência, caso a Juíza Elizabeth Franco Longobardi, ache que as provas são insuficientes, pode haver o chamado impronunciar, que corresponde a paralisação do processo por um determinado tempo para que mais provas sejam buscadas e acumuladas e anexadas ao processo.
O líder do MST foi assassinado a tiros em uma estrada vicinal, que fica localizada nas proximidades no acampamento de Cambaíba, no dia 26 de janeiro desse ano.
Com informações de Carolina Barbosa
Foto: Helen Souza

terça-feira, 27 de agosto de 2013

CARTA AOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES


Quem luta pela democracia, pela justiça e pela igualdade social, pensa em educação. Vivemos numa cidade com imensa desigualdade social, uma cidade rica e um povo empobrecido e sem oportunidade. Portanto a escola pública e a educação pública é a única oportunidade para imensa maioria da população de nossa cidade para se alfabetizar, para alcançar o conhecimento, as competências e as habilidades que farão ter condições de atender as demandas do mundo do trabalho, e ao mesmo tempo, construir uma sociedade mais justa.
Nos últimos anos, governos Mocaibe/Rosinha, nos deparamos com uma política de arrocho salarial e de desmonte da educação, com terceirizações, falta de transparência e falta de uma política educacional, tanto no aspecto pedagógico como no aspecto administrativo. Vivemos um paradoxo, em que as receitas para educação aumentam e o IDEB cai, o salário achata e as condições de trabalham pioram.
Está muito claro, que a atual administração municipal deseja manter a realidade social como está, para se manterem no poder, este setor político tem claro que a desigualdade na educação remete à desigualdade social e econômica. E, por isso, que não interessa uma educação pública de qualidade. Controlando a ascensão dos grupos populares, também, através da educação. Por isto, a escola pública não tem bibliotecária, laboratórios e tecnologia. Os conservadores, não querem que os setores populares aprendam a pensar, principalmente, sobre a complexidade dos processos de dominação e a perversidade da política neoliberal.
O problema fundamental da educação pública é político. Enquanto valorizarem a lógica do mercado, teremos a terceirização, o arrocho salarial e os expoentes da vida. Sexta Feira ao pararmos colocaremos um tijolo na luta por um novo modelo de sociedade em que o social, a população e os profissionais de educação estejam acima do mercado, e daqueles, que estão a serviço da destruição da escola pública.

UM FORTE ABRAÇO

PROFESSOR MARCELO SOARES
PROFESSOR DO 1° ao 5°
DIRETOR DA CTB/RJ





ASSEMBLÉIA NO SEPE
DIA 28/08 – QUARTA-FEIRA
18H
EDIFICIO NINHO DAS ÁGUIAS – 5° ANDAR


VAMOS LÁ! VAMOS COBRAR UM POSICIONAMENTO FIRME DA DIRETORIA DO SINDICATO

Precarização no trabalho: Uma realidade perversa da Educação


O aumento da jornada extraclasse e a falta de regulamentação e remuneração dessa atividade têm se mostrado uma realidade perversa para os professores que atuam no setor privado de ensino. Partindo de pesquisa da psicóloga e professora Liliana Aparecida de Lima e de depoimento de professores, a TV Contee mostra como a saúde dos docentes é afetada pela intensa carga horária dentro e fora da sala de aula.



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Flutuação cambial depende do Fed, diz Mantega

Segundo o ministro, o mercado deve se acalmar quando os EUA começarem a retirar de fato os estímulos
por Agência Brasil — publicado 26/08/2013 18:52


ão Paulo – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira 26 que a flutuação da cotação do dólar deverá continuar a reboque, principalmente, das decisões do Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano. “Depende do Fed. Cabe a ele fazer os movimentos que vão acalmar o mercado, desde que foi ele que causou a turbulência. Acredito que, quando começarem a retirar de fato os estímulos, e eles estiverem quantificados, aí o mercado se acalma”, disse Mantega após encontro com líderes empresariais.
O ministro se referiu a intenção do Fed de reduzir estímulos monetários na economia. O Fed poderá aumentar os juros e diminuir a injeção de dólares na economia global, caso o emprego e a produção nos Estados Unidos mantenham o ritmo de crescimento, e afastem os sinais da crise econômica iniciada há cinco anos. Se a ajuda diminuir, o volume de dólares em circulação cai, aumentando o preço da moeda em todo o mundo. De acordo com pesquisa do Banco Central brasileiro com instituições financeiras, o dólar deve encerrar o ano cotado a R$ 2,32.
Mantega ressaltou que o Brasil está preparado para enfrentar a instabilidade da moeda americana na atual conjuntura internacional, que o ministro chamou de minicrise. “O Brasil, diante desta minicrise, está em uma situação relativamente segura porque nós temos mais reservas; porque não está faltando dólar, e o câmbio está caindo talvez por uma virtude nossa”, disse. Segundo o ministro, o real se desvaloriza mais em relação às moedas de outros países porque o Brasil tem um mercado mais líquido, mais internacionalizado, e mais aberto.
Na avaliação do ministro, a economia internacional passa por um momento de melhora. “Eu não sei se vai sustentar, mas se sustentar vai ser muito bom. Os Estados Unidos estão se recuperando, a China parou de desacelerar e voltou a acelerar, está se recuperando, e a terceira locomotiva, a União Europeia, deu sinal de que saiu da recessão”, disse. “A economia mundial está saindo do buraco e vai começar a irradiar crescimento para os emergentes”, acrescentou.

O padre e o comunista

Morto em 25 de março, o padre Renzo Rossi deixou marcas eternas por onde passou. Por Emiliano José
por Emiliano José — publicado 27/08/2013 08:57
Renzo Rossi
Sigo nesse texto o esforço de continuar revelando o trabalho do padre Renzo Rossi, morto em 25 de março deste ano. Renzo deixou marcas eternas por onde passou. Nunca fez alarde disso, e talvez tenha sido essa característica, de servir sem esperar retorno, que o fez tão querido por todos que tenham compartilhado de sua convivência, inclusive pelos que tinham convicções materialistas, como as dezenas e dezenas de prisioneiros e prisioneiras políticas que visitou país afora. Há mais de dez anos, escrevi o livro As asas invisíveis do padre Renzo. Recentemente, junto com Jorge Fellipi, dirigi o filme do mesmo nome, que brevemente irá às telas da TV Brasil.
Aqui, vou esboçar uma convivência específica entre ele e Haroldo Lima. Nascido em Caetité, na Bahia, em 7 de outubro de 1939, Lima intensifica sua militância política com o ingresso no curso de Engenharia da Universidade Federal da Bahia, em 1959, pelo qual se forma em 1963. Foi o orador de sua turma. Destacou-se como liderança política vinculada à Juventude Universitária Católica (JUC), recrutado por Jorge Leal Gonçalves Ferreira, mais tarde morto pela ditadura, um dos desaparecidos do período. Tanto Ferreira quanto Lima foram fundadores da organização revolucionária Ação Popular.
Ação Popular (AP) nasce em 1963, a partir de um encontro em Salvador, na Bahia, do qual participam Herbert José de Souza, (Betinho), Duarte Pereira, Aldo Arantes, José Serra, ele mesmo, Vinicius Caldeira Brandt, Jorge Leal Ferreira, Péricles de Souza, Severo Sales, Fernando Schmidt, Manoel Joaquim Barros, e o próprio Haroldo Lima, para lembrar alguns nomes. Nasce a partir do cristianismo progressista, tendo a Juventude Universitária Católica como berço, passa ao marxismo, enamora-se do maoísmo, chega à compreensão radicalizada da luta revolucionária socialista, e desaparece no final dos anos 70, início dos anos 80.
Uma boa parte de seus dirigentes e militantes é incorporada pelo PCdoB no início dos anos 70, que recebe a herança da presença sólida dela no movimento estudantil. Vários dos atuais dirigentes do PCdoB de hoje são remanescentes da AP. A partir de outubro de 1973, uma ofensiva brutal da repressão mata a maior parte dos dirigentes da AP socialista, aquela que não se incorporou ao PCdoB: José Carlos Novais da Mata Machado, Gildo Macedo Lacerda, Paulo Wright, Fernando Santa Cruz, entre outros.
Lima está entre os que lideraram a movimentação da AP em direção ao PCdoB, em oposição, por exemplo, a Paulo Wright e Jair Ferreira de Sá, que defendiam a manutenção da organização. A AP havia, então, se orientado numa nova perspectiva – a da revolução socialista –, ultrapassando a noção de revolução por etapas, como era defendida pelo PCdoB, que a herdara do PCB.
A radicalização do PCdoB, ao decidir-se pela deflagração da Guerrilha do Araguaia, início dos anos 70, não o livrara da idéia  da revolução em etapas: primeiro, a democrático-popular; depois a socialista. Desde 1973, quando deu-se a incorporação de um amplo contingente de AP ao PCdoB, Lima integra o Comitê Central do partido. Cedo, destacou-se como liderança estudantil.
Em 1963, no texto escrito por ele para ser lido na solenidade de formatura dos Engenheiros da UFBA, eleito orador da turma, firma sua convicção socialista, anticapitalista, humanista, sem se desvincular do cristianismo. Daí em diante, caminhará aceleradamente em direção ao marxismo, naturalmente um marxismo contingenciado pelas circunstâncias históricas de então.
Foi dirigente da AP durante anos. Era o Zé Antonio, seu nome frio dentro da organização, não tão desconhecido como se pretendia. Suas relações com o padre Renzo se iniciam logo depois da chegada do sacerdote ao Brasil, quando este estava ainda na igrejinha do Alto dos Perus junto com o padre Paulo Tonnucci, que viera com ele da Itália na missão religiosa, em meados dos anos 60.
Provavelmente final de 1965 ou início de 1966, Lima, já um dos dirigentes centrais da AP, conversa com seu companheiro de organização, Ronald Freitas. Este também saiu de AP, foi para o PCdoB e é até hoje um dos dirigentes nacionais do partido. Na conversa, Freitas informa a Lima da chegada dos padres italianos. Define-os como “muito interessantes”. Estivera com um deles, Renzo, e propõe a Lima conhecê-lo. É apresentado por Freitas a Renzo na pequena igreja do Alto dos Perus, janta com ele, toma um bom vinho, já que italiano, riem muito, e Lima sai de lá com uma ótima impressão.
Uma pessoa descontraída, leve, sem malícia, disposta a servir, a ajudar o próximo. Foi assim que Lima o percebeu. Os olhos alumiaram: aquela disposição para ajudar podia ser muito útil à organização, a se debater continuamente para encontrar um lugar para se reunir. A conjuntura, sob a ditadura, era de dificuldades.
Até a morte do sacerdote, em março de 2013, nunca deixarão de ser amigos, e Renzo se tornará uma anjo providencial para Lima em diversas ocasiões. O anjo invisível surgia como que do nada, e o socorria. Possibilidade só reservada a anjos, provavelmente.
Lima, logo na primeira conversa, em meio à comida e ao vinho, se adiantou: precisava de local para uma reunião com umas 20 pessoas. Para a AP, naquelas circunstâncias, era um encontro grande. Não era fácil, sob a ditadura, encontrar lugar para reunir 20 pessoas. Renzo não relutou. Houve a reunião, com direito a almoço para todos, e o sacerdote fez questão de se apresentar a todos. Lima se impressionou com a forma descontraída como ele se relacionava com as pessoas e as situações.
Para todos os participantes da reunião, tratava-se de uma situação tensa e perigosa, como de fato era. E Renzo brincando, sorrindo, dando tapas em todo mundo, alegre, feliz, pronto a servir. Depois desse primeiro encontro, a cada solicitação, dava um jeito de encontrar locais para que a AP se reunisse. Os laços foram se consolidando.
Renzo não fortalecia apenas a amizade com Lima. Conheceu também Jorge Leal, já havia estabelecido relação com Ronald Freitas. Jorge Leal, de modo especial, encontrou grandes afinidades com Renzo, especialmente pelo fato de ser, ainda, coordenador da Juventude Universitária Católica. Era um ano mais velho que Lima, um católico mais convicto até ali, com uma sólida base teológica, e tudo isso o aproximou muito do sacerdote.
Entre 1966 e 1967, chega à Bahia o padre Alípio de Freitas, que tivera intensa participação política no período anterior a 1964, muito visado pela repressão, portanto. O sacerdote tivera forte vinculação com as Ligas Camponesas do Nordeste, cuja principal liderança era Francisco Julião. No período anterior a 64, tão explosiva era sua atuação, que o cardeal dom Jaime de Barros Câmara, quando o soube no Rio de Janeiro, determinou: em sua diocese, não podia celebrar missa. Antes de chegar à Bahia, estivera em Cuba. E agora queria passar o que aprendera de luta armada para a AP.
Padre Alípio atendia por outro nome, mas Lima sabia de sua real identidade. Todos da AP queriam assistir aos cursos dele, mas não havia onde colocá-lo. “Ele era uma espécie de elefante, muito grande, conhecidíssimo no Brasil, perseguidíssimo, totalmente clandestino, quase um Prestes quanto à situação de segurança”, explica Lima.
Este, ainda na legalidade, engenheiro da Coelba, leva-o para seu apartamento, à avenida D. João VI, em Brotas, Salvador. O sacerdote só saía à noite. Depois de algum tempo, a situação de segurança se agravou. Era necessário tirá-lo de lá. Tanto por ele próprio, quanto por Lima, que podia ser preso também como decorrência de uma eventual prisão de padre Alípio.
Lima recorreu a Renzo, sem dizer tudo a ele. Limitou-se a informar tratar-se de pessoa muito perseguida. Não disse sequer que era padre. Renzo não titubeou: problemas, para ele, deviam ser resolvidos, e ponto. Padre Alípio foi para o novo abrigo. Quando, poucos dias depois, Haroldo voltou para vê-lo no Alto dos Perus, surpreende-se com a intimidade entre os dois, Renzo já sabia de tudo, e não estava assustado, nada. Haroldo se impressionava a cada passo com a disponibilidade de Renzo, com sua entrega, com seu desassombro diante das dificuldades, com sua capacidade de convivência com as mais variadas situações.
A figura de Luís Medeiros foi outra a impulsionar a humanidade de Renzo, o amor dele pelos perseguidos. Este, militando na AP, depois de participar como dirigente da greve dos canaviais do Cabo, em Pernambuco, 1968, é preso, e se joga do segundo andar do prédio do DOPS em São Paulo, depois de ser violentamente torturado. Era dezembro de 1968.
Medeiros ficou tetraplégico. Lima estava em Recife, como dirigente da AP naquele final de 1968, e por variados caminhos, fez chegar a dom Hélder Câmara a informação. Tem uma convicção: foi a visão daquele corpo destroçado, todo queimado por cigarros e sem poder se mexer, que levou dom Hélder a iniciar as denúncias sobre as atrocidades da ditadura.
Anos depois, Renzo, após iniciar sua odisséia de visitas e solidariedade aos prisioneiros políticos de todo o País em 1975, vai se cruzar com Medeiros, e dará a ele uma assistência superior àquela que pai ou mãe dá a um filho, como define Lima. Ia de Salvador para Brasília seguidamente, onde Medeiros estava então, levanta recursos pra ele, dá-lhe uma mesada, mexe com Recife para que os companheiros ingressem com ações penais visando indenizações, paga advogados. Conversa com Miguel Arraes, então governador de Pernambuco, e consegue com que a Assembléia Legislativa aprove uma pequena pensão para Medeiros.
Foram anos nessa empreitada de amor. Medeiros só mexia os olhos e a cabeça, e criou com Renzo uma relação profunda de amor – não temia pedir ajuda ao sacerdote, qualquer dificuldade acorria a ele, até morrer. Essa relação impressionou Lima profundamente.
Lima será preso às 9 horas do dia 16 de dezembro de 1976, na esteira do que é conhecido como Massacre da Lapa, em São Paulo, quando são assassinados Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Baptista Drumond. Será levado imediatamente para o quartel da Barão de Mesquita, no Rio de Janeiro, e torturado barbaramente durante 11 dias. Depois dessa fase, volta para São Paulo, para o DOPS, onde permanece por coisa de quase 40 dias, e depois é levado para o Presídio do Hipódromo e em seguida para o Barro Branco. E é aqui que Renzo reencontra Haroldo Lima.
Renzo dava uma assistência sistemática aos presos políticos do presídio do Barro Branco. Envolvia-se profundamente com as questões pessoais de cada um dos prisioneiros, inclusive aquelas envolvendo os familiares deles – mulher, filhos, pais, parentes. E a cada visita seguinte, prestava conta de tudo. E não era uma assistência religiosa clássica. Tornou-se amigo de todos, sem qualquer pretensão de converter ninguém.
A segunda linha de assistência era política, em sentido amplo. Passou a ser, desde 1975, quando começa a sua peregrinação pelos presídios políticos brasileiros, um pombo-correio, ponto de articulação entre os presos políticos de todo o Brasil. Não havia quem pudesse realizá-la. O surgimento de Renzo foi absolutamente providencial. Passou a ser a fonte de informações entre os prisioneiros para combinar datas e formas de luta.
Portava-se como um autêntico militante clandestino: não tomava nota de nada, tinha consciência dos riscos, dava um jeito de memorizar tudo, anotava apenas uma ou outra palavra-chave para conseguir ser rigoroso no cumprimento das tarefas. Na visita seguinte, prestava contas de tudo, um militante absolutamente responsável, embora nunca tenha sido vinculado especificamente a nenhuma das organizações revolucionárias. Tratava-se de uma militância cristã muito singular, um homem a quem o cristianismo fez muito bem. Renzo conseguiu reunir na vida o melhor do Evangelho: amar o outro sem esperar nada em troca.
Fosse um irresponsável, e representaria um risco muito grande. Sabia a história política de cada um e, para além disso, a vida pessoal de todos, seus dramas familiares, angústias, dificuldades financeiras, tudo. As informações dominadas por ele ultrapassavam o conhecimento de qualquer um dos prisioneiros. Com o cumprimento das tarefas, sempre um cumprimento muito rigoroso, a confiança nele foi aumentando – esta a impressão de Lima desde que o reencontrou no Barro Branco.
Renzo contribuiu para a articulação de greves de fome nacionais, esteve solidário em outras parciais, país afora. Lima recorda-se de modo particular da deflagrada em julho de 1979 a favor da anistia, decretada no final de agosto. Nesta, o dirigente comunista viveu uma situação singular. A greve já havia sido deflagrada, e ele não podia ainda parar de se alimentar. É que Theodomiro Romeiro dos Santos iria fugir, como fugiu, no dia 17 de agosto. Lima havia preparado uma carta aberta para anunciar a fuga e a sua entrada na greve, e isso só pôde ser feito uns três dias após a fuga, quando foi descoberta.
Theodomiro fugiu porque temia ser assassinado logo depois que os demais companheiros encarcerados na Galeria F da Penitenciária Lemos de Brito, em Salvador, fossem soltos – Paulino Vieira e o próprio Haroldo Lima. Sabia-se que a anistia a ser aprovada não contemplava os acusados pelos chamados “crimes de sangue”, como era o caso de Theodomiro. A anistia terminará por perdoar torturadores. E não anistiará os revolucionários que tenham resistido à prisão.
Lima saiu alguns dias depois de 28 de agosto de 1979, data da decretação da anistia pelo ditador João Baptista de Figueiredo, depois de aprovada pelo Congresso Nacional. Ainda o retiveram na prisão umas 48 horas para tentar esclarecer circunstâncias da fuga de Theodomiro, infrutiferamente. A repressão ficou estupefata com o fato, e mal sabiam que aquela fuga tivera a participação decisiva do padre Renzo.
Theodomiro pôde se locomover com mais facilidade em direção aos esconderijos em que ficou até se asilar na Nunciatura Apostólica em Brasília, e depois seguir para o exílio, devido aos dez mil dólares entregues por Renzo no Centro de Treinamento de Líderes, em Itapoan, organização da Igreja Católica, alguns dias antes.
Quando Lima foi solto, à noite, ao chegar em casa depara-se novamente com Renzo, que o esperava com toda a alegria do mundo. Alegria por ele, Haroldo Lima. Alegria por saber que Theodomiro estava são e salvo em algum lugar do Brasil ou do mundo. Alegria pela anistia pela qual lutara tanto. Mesmo insuficiente, trouxera felicidade a tanta gente. Pergunta a Lima: como vai sobreviver? “Recebo uma ajudazinha do partido”. Renzo passa a lhe dar uma mesada como ajuda.
E aí veio o Movimento contra a Carestia, início dos anos 80. E a explosão popular: centenas de ônibus depredados durante uma semana. Lima estava em casa quando recebe a visita de Renzo, por acaso, em plena efervescência daquela quase-insurreição urbana da capital baiana. De repente, batem à porta. Era a polícia. Não houve chance de escapar, foi arrastado, ele grita: “estou sendo preso”.
A polícia não se incomodou ao vislumbrar aquele pacato cidadão na sala. Enganara-se. Renzo, mal os policiais saíram, tomou do telefone, e deu o alarme. Quando Lima chega à Secretaria de Segurança Pública, na Piedade, vê advogados, amigos, militantes. Decorrência direta da ação do anjo invisível. Antonio Carlos Magalhães queria responsabilizar Lima pelo quebra-quebra. Poucos dias depois, é solto. Quando chega em casa, Renzo o espera. Ia levá-lo a uma audiência com o cardeal dom Avelar Brandão Vilela. O anjo invisível nunca descansa.