quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Stalingrado salvou a humanidade da sanha nazi-fascista

Por volta de setembro de 1942, a soma das conquistas de Hitler era estarrecedora. O Mediterrâneo havia se tornado praticamente um lago do Eixo, a Alemanha nazista e a Itália fascista dominando a maior parte da costa setentrional, desde a Espanha até a Turquia e a costa meridional da Tunísia até cerca de 100 quilômetros distante do rio Nilo.

Por Max Altman


As tropas da Wehrmacht mantinham guarda desde o cabo setentrional da Noruega, no Oceano Ártico, até o Egito; da ocidental Brest no Atlântico até a parte sul do rio Volga, às bordas da Ásia Central. Regimes fascistas pré-existentes e governos fantoches faziam o jogo do Reich nazista. França, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Áustria, Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, os Bálcãs, a Grécia e outras mais já haviam sido engolidas pelas Panzer Divisionen.

Em fins do verão de 1942, Adolf Hitler parecia estar em esplêndida situação. Os submarinos alemães estavam afundando 700.000 toneladas por mês de barcos britânicos e americanos no Atlântico, mais do que se poderia substituir nos estaleiros navais dos Estados Unidos, Canadá e Escócia, então em franco progresso.

As tropas nazistas do 6º Exército do marechal Friedrich von Paulus haviam alcançado o Volga, exatamente ao norte de Stalingrado em 23 de agosto. Dois dias antes, a suástica tinha sido hasteada no monte Elbruz, o ponto mais alto das montanhas do Cáucaso (5.642 metros). Os campos petrolíferos de Maikop, que produziam anualmente 2,5 milhões de toneladas de petróleo, haviam sido conquistados em 8 de agosto.

No dia 25, os blindados do general Kleist chegaram a Mozdok, distante apenas 80 quilômetros do principal centro petrolífero soviético, nas imediações de Grozny e a cerca de 150 quilômetros do mar Cáspio. No dia 31 de agosto, Hitler ordenou que o marechal-de-campo List, comandante dos exércitos do Cáucaso, reunisse todas as forças existentes para o assalto final a Grozny, a fim de se apoderar de todos os ricos campos petrolíferos da região.

Determinou que o 6º Exército e o 4º Exército Panzer se lançassem para o Norte, ao longo do Volga, cercando e sufocando Stalingrado, num vasto movimento envolvente que lhe permitisse avançar de leste e de oeste contra o centro da Rússia, tomando, finalmente, Moscou. Ao almirante Raeder, no final de agosto, Hitler dizia que a União Soviética "era um 'lebensraum' (espaço vital), à prova de bloqueio" o que lhe ensejava voltar-se para os ingleses e americanos que "seriam obrigados a discutir os termos da paz".

Com essas conquistas vitais o "Reich de mil anos" estaria garantindo sua subsistência e permanência: as vastas estepes da Ucrânia, ubérrimas, a fazer brotar um infindável celeiro dourado de trigais; os abundantes campos de ouro negro a besuntar de energia a máquina bélica e industrial alemã.

As imagens mais longínquas de minha meninice datam dessa época. Registram meu pai, cercado de amigos, debruçados sobre um mapa da Europa estendido sobre a mesa, lupa em punho, rádio em ondas curtas. Esta mesma cena provavelmente estaria se repetindo em milhões de outros lares pelo mundo afora. Anos mais tarde, meu pai, um jovem revolucionário imbuído de ideais socialistas, que no começo dos anos 1930 tinha abandonado a Polônia de governo pró-nazi e anti-semita para vir ao Brasil, relatava a agonia e o horror com que acompanhavam a expansão irrefreável do império nazista.

Quando os cabogramas anunciaram que a infantaria alemã havia atravessado o Don silencioso em direção a Stalingrado, o assombro se instalou. E se a Alemanha nazista derrotasse a União Soviética?

A ideologia da supremacia racial ariana de Hitler se abateria sobre grande parte do mundo. Negros, eslavos, indígenas, árabes, mestiços, mulatos, amarelos, sub-raças e escória social, trabalhariam sob o tacão de ferro do nazismo, como semi-escravos, para a glória da raça superior. Povos inteiros, judeus, ciganos, seriam aniquilados em nome da limpeza étnica. Comunistas, socialistas e liberais seriam confinados em campos de concentração e de lá não sairiam vivos. O colonialismo na África e Ásia ganharia alento. As liberdades seriam espezinhadas e governos lacaios em todos os quadrantes se encarregariam de organizar gestapos em cujos porões um elenco monstruoso de torturas ao som da Deutschland Über Alles seria levado a cabo contra os inimigos do regime. As conquistas sociais dos trabalhadores estariam esmagadas. O progresso, as artes, as ciências sofreriam abalo.

Além do que, Werner von Braun e seus assistentes em Penemunde estariam aperfeiçoando as mortíferas bombas voadoras de longo alcance com ogivas nucleares e outras máquinas bélicas de alta tecnologia a pender como espada de Dâmocles sobre qualquer país que ousasse desafiar o Reich alemão. E se alguma nação pretendesse enfrentar os interesses do Grande Império Germânico novas ondas de panzers ou de bombas V1 e V2 desencadeariam ‘blitzkriegs’ preventivas para aniquilar pelo terror qualquer tentativa.

Quando o jovem general Konstantin Rokossovsky, levando a cabo as instruções táticas da Operação Uranus ordenadas diretamente de Moscou e arquitetadas pelos generais Alexander Vasilievsky e Vasily Volsky, conseguiu romper, em 19 de novembro, o anel de aço que cercava Stalingrado, a esperança reacendeu. No entanto, a cidade estava sitiada, os seguidos bombardeios da Luftwaffe haviam-na reduzido a escombros. Dia após dia o cerco se apertava e em fins de novembro a zona urbana era invadida. Veio a ordem terminante: defender a todo custo as fábricas Outubro Vermelho e Barricadas que produziam os carros de assalto, a Fábrica de Tratores que construía os blindados T-34 e a estação ferroviária central onde as matérias primas eram desembarcadas.

Iniciou-se então a mais feroz, a mais encarniçada, a mais renhida e sangrenta, a mais dramática das batalhas militares que a História da humanidade conheceu. O terreno coberto de destroços impedia qualquer ação de blindados, a proximidade dos contendores tornava impraticável a cobertura aérea. Só restava calar baionetas e passar a travar a luta casa a casa, corpo a corpo, em cada centímetro de chão. Para ilustrar a tenacidade com que se combatia, basta lembrar que a plataforma semidestruída da estação de trens mudou de mãos sete vezes num único dia. Os operários da Outubro Vermelho empunharam armas e estabeleceram uma muralha de fogo em torno da fábrica. Jamais se havia visto tantas cenas de heroísmo, bravura e coragem, de lado a lado, naquele cenário lúgubre das ruínas da cidade. Nunca antes soldados haviam lutado com tanto denodo para conquistar e defender.

Em 30 de janeiro de 1943, décimo aniversário da subida de Hitler ao poder, o führer fazia uma solene proclamação pelo rádio: "Daqui a mil anos os alemães falarão sobre a Batalha de Stalingrado com reverência e respeito, e se lembrarão que a despeito de tudo, a vitória final da Alemanha foi ali decidida". Três dias depois, em 2 de fevereiro, o marechal-de-campo Von Paulus assinava diante do general Vassili Chuikov, comandante das tropas do Exército Vermelho em Stalingrado, a rendição do 6º Exército alemão. A transmissão da capitulação foi feita em Berlim, através da rádio alemã, pelo general Zeitzler, chefe do Alto Comando da Wehrmacht (OKW) precedida do rufar abafado de tambores e da execução do segundo movimento da Quinta Sinfonia de Beethoven.

A maior e a mais épica das batalhas da 2ª Guerra Mundial que tivera início em 26 de junho havia chegado ao fim. Foram feitos prisioneiros pelos soviéticos 94.500 soldados alemães dos quais 2.500 oficiais, 24 generais e o próprio marechal Von Paulus. Mortos cerca de 140.000 soldados da Wehrmacht e 200.000 homens do Exército Vermelho. Os soviéticos tomaram do exército inimigo 60.000 veículos, 1.500 blindados e 6.000 canhões. A espinha dorsal do exército nazista e do Terceiro Reich estava irremediavelmente quebrada.

Os mesmos milhões de lares que tinham vivido momentos de apreensão e pavor explodiram de emoção. Hitler havia mordido o pó da derrota. Corações e mentes voltaram-se para glorificar os heróis combatentes do Exército Vermelho e honrar os que tombaram no campo de batalha pela liberdade. A admiração pela extraordinária façanha impunha a pergunta: o que levou aquele contingente de centenas de milhares de jovens a lutar com tal fúria e obstinação?

Certamente o apelo da Grande Guerra Patriótica, livrar o solo pátrio do invasor. Havia mais. A leitura das lancinantes cartas aos familiares escritas no front deixava evidente a determinação de defender as conquistas da Revolução de Outubro por cuja consolidação seus pais, 25 anos antes, haviam derramado sangue enfrentando e derrotando o exército branco e tropas invasoras de catorze países mobilizados para sufocar no nascedouro a revolução bolchevique.

A partir daí o Exército Vermelho arrancou impetuoso rumo a capital do Reich nazista, abrindo em sua passagem os portões macabros de Auschwitz-Birkenau. As tropas anglo-americanas desembarcam na Normandia em 6 de junho de 1944. No dia 2 de maio de 1945, soldados do destacamento avançado do general Ivan Koniev hasteiam a bandeira soviética no mastro principal do Reichstag.

Cinco dias depois, numa pequena escola de tijolos vermelhos em Reims, França, na madrugada de 8 de maio de 1945, o almirante Friedeburg e o general Jodl assinam, em nome do que restou da máquina de guerra nazista, diante do general Ivan Susloparov pela União Soviética, e do general Walter Bedell Smith pelos aliados, a rendição incondicional.

Os canhões cessaram de troar e as bombas deixaram de cair. Um estranho silêncio pairou sobre o continente europeu pela primeira vez desde 1º de setembro de 1939. O mundo estava livre da sanha nazi-fascista.

Começa na Guatemala 1º julgamento contra ex-militares

30 de Janeiro de 2013 - 15h41

Na Guatemala, começa nesta quarta-feira (30) o primeiro julgamento por genocídio e delitos de lesa humanidade contra os ex-militares Efraín Ríos Montt e Mauricio Rodríguez, acusados pelo Ministério Público de assassar quase dois mil indígenas. 


Guatemala
"A sociedade guatemalteca hoje é testemunha de um fato histórico, pela primeira vez em nosso país, é aberto a julgamento o genocídio e os crimes contra a humanidade", indica um comunicado da Associação para a Justiça e Reconciliação (AJR) e o Centro para a Ação Legal em Direitos Humanos (Caldh).

Leia também:
Ríos Montt será primeiro ditador centro-americano a ser julgado

"Este passo da justiça é  importante para as milhares de pessoas que sobreviveram aos massacres na Guatemala", consideram as organizações de acusação do caso. Nesta quarta-feira, o juiz Miguel Ángel Gálvez convocou ao debate oral e público com o intuito de conhecer as provas.

Segundo a AJR e o Caldh, a resolução apresentada na última segunda-feira (28) envia uma mensagem de esperança na justiça àqueles que ainda padecem das consequências da guerra civil guatemalteca e aos autores materiais e intelectuais dos graves delitos de lesa humanidade e genocídio cometidos entre 1960 e 1996.

"Esperamos que o caso continue conforme estabelecido pela lei e que logo possamos ter o julgamento contra aqueles que ordenaram o genocídio na Guatemala", conclui o comunicado.

Por sua vez, Francisco Palomo, um dos advogados defensores do ex-governante disse à imprensa que espera um julgamento justo e não um linchamento. Na semana passada, o promotor Orlando López reafirmou as provas e acusações contra ambos ex-militares.

López explicou que ainda que Ríos Montt e Rodríguez não tenham sido os autores materiais da matança de mil 771 indígenas da etnia maya ixil, tinham conhecimento dos fatos perpetrados em 1982 e 1983 durante o regime militar.

Fonte: Prensa Latina 

A. C. Fon: o relato da visita a um passado de torturas


Brasil

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30 de Janeiro de 2013 - 15h36
Fon e Darcy em frente ao prédio onde funcionoun Doi Codi Ox ex-presos políticos Darci Miyaki e Antonio Carlos Fon em frente ao prédio onde funcionou o DOI-CODI em São Paulo

O jornalista Antonio Carlos Fon, juntamente com outros lutadores contra a ditadura, visitou nesta terça-feira (29) as instalações onde funcionou o centro de torturas do Doi-Codi na rua Tutóia, em São Paulo, que a Comissão da Verdade reivindica transformas no Museu da Tortura. Juntamente com os demais, Fon foi torturado naquele local e registrou, no texto a seguir seus sentimentos durante a visita.


Camaradas,

convidados pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, fizemos hoje (29/01/2013) uma visita de inspeção às instalações onde funcionou, principalmente, nas décadas de 60 e 70 – depois, já sem tanto poder, nos anos 80 – o Doi-Codi de São Paulo, inicialmente batizado de Operação Bandeirantes. A visita foi programada pela OAB-SP diante das informações que o prédio onde funcionou o mais sinistro aparelho de repressão já montado neste país e onde dezenas de pessoas foram assassinadas, estava sendo descaracterizado como parte de uma estratégia para subtrair da memória deste país os crimes ali perpetrados e seus autores, funcionários públicos das três forças armadas e da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

Fiquei encarregado de fazer o relatório da visita, coisa que pretendo fazer nos próximos dias com a colaboração dos demais companheiros que fizeram a visita, especialmente da Darci (Miyaki), Clóvis (de Castro) e Rose (Nogueira). Esse, porém, é um relato pessoal e impressionista dessa visita. Desde o dia 16 de outubro de 1969, quando deixamos a Operação Bandeirantes, algemados uns aos outros, eu, o Manoel Cyrillo e o Paulo de Tarso, nunca mais eu havia colocado os pés sequer no pátio do 36º Distrito Policial, em cujos fundos funcionava a Oban. Eu até já participei de manifestações ali em frente, mas nunca tive a coragem de passar da calçada.

Dizem que, como num filme, a vida inteira passa por nossos olhos na hora de morrer. Se for verdade, eu morri um pouco hoje. Apesar de todas as obras e mudanças feitas, quando cheguei na porta da edícula onde funcionava a Oban, todas as imagens daqueles 17 dias no inferno desfilaram pela minha cabeça, a começar pelas palavras do delegado Raul Nogueira – membro do CCC, assassino do comandante Marquito e, mais tarde, condenado pelo assassinato de um soldado do exército – ao me entregar a uma dupla de psicopatas, o capitão do exército Benone de Arruda Albernaz e o sargento PM Paulo Bordini – que ficou conhecido como “Risadinha”, devido ao riso histérico enquanto torturava.

“Esse é daqueles que não sabem nada. Tratem bem dele”, recomendou o Raul Careca ao Albernaz. Eu logo descobriria o que era o bom tratamento do lugar.

O filme continuou se desenrolando enquanto subia as escadas. No primeiro andar ficava a sala do major Waldir Coelho, primeiro comandante da Oban, que uma noite me tirou da cela para fazer café e conversar a minha e a sua situação.

No segundo andar, na parte dos fundos da edícula, uma sala maior, na época separada por divisórias de Eucatex em três salas de interrogatório: duas menores, onde era armado o pau-de-arara; a terceira, mais espaçosa, com uma escrivaninha e a cadeira-do-dragão. Foi nesta terceira sala que eu fui jogado, as pernas paralisadas devido a algo entre três e quatro horas de pau-de-arara, para que a câmara de torturas pudesse ser usada para assassinar o Virgílio Gomes da Silva, nosso Comandante Jonas.

As lembranças de 43 anos atrás devem ter feito minha pressão arterial chegar a 18 ou 19. Tive de sentar nas escadas para recuperar o fôlego.

E consegui, finalmente, entender um detalhe que não conseguia explicar. Por que eu não ouvi os gritos do Celso Horta, torturado na outra câmara de torturas, separada da minha apenas por uma divisória de Eucatex, e ouvi os assassinos do Jonas enquanto o interrogavam? Quem matou a charada foi a Darcy, que passou por essa experiência inúmeras vezes: a gente não ouve os gritos das outras pessoas enquanto nós mesmos estamos gritando.

Não entrei na área onde ficavam as celas – a carga emocional do dia já era bastante pesada e as pessoas estavam preocupadas com minha reação. E confesso que eu também estava.

De qualquer forma, pudemos comprovar que foram e estão sendo feitas mudanças para descaracterizar o que foi o maior centro de torturas já instalado neste país.

Enfim, companheiros, saí com a impressão que nós e nossos companheiros continuamos a ser torturados. E que as forças armadas precisam decidir se vão continuar, por puro espírito de corpo, a defender e procurar encobrir os crimes desses criminosos ou vão renega-los para ajudar a construir o Brasil que todos nós queremos.

Foi um dia doloroso, mas essencial para entender muita coisa sobre nosso passado, presente e futuro.

Um abraço a todos


A. C. Fon

Portal Vermelho

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Delegado se pronuncia sobre o assassinato de Cícero Guedes


A Polícia Civil continua as investigações da morte do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) de Campos, Cícero Guedes dos Santos, de 47 anos, executado a tiros. Ele foi encontrado morto na manhã do último sábado, em uma estrada vicinal, próximo à usina Cambaíba. De acordo com o delegado titular da 134ª Delegacia de Polícia, do Centro, Geraldo Assed, o crime pode ter sido motivado por disputa de terras.

— A gente já tem uma linha de investigação com alguns suspeitos e temos o prazo máximo de 30 dias para concluir o inquérito com autoria definida. Estamos em uma fase preliminar, mas acreditamos que provavelmente tenha algumas coisa relacionada a terra — explicou ao ressaltar que foi feito um pedido de quebra de sigilo telefônico da vítima devido ao depoimento de seu filho, que disse que o pai teria saído de casa após receber uma ligação.

Ainda segundo o delegado Geraldo Assed, outra linha de investigação a ser seguida é a questão das ameaças aos assentados. “Tiveram registros de ameaças, só que não configurava o Cícero como vítima, outras pessoas do acampamento que teriam sido vítimas. Mas, de qualquer forma, é uma linha a ser seguida. Estamos nos aprofundando nesse sentido para concluirmos o inquérito”, concluiu.
 
No início desta tarde, aconteceu uma coletiva na sede do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindpetro-NF) que contou com a presença do delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), José Otávio Câmara; a coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio de Janeiro, Marina Santos; a advogada da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap), Mariana Trotta, que está dando suporte jurídico ao caso; além de três dos cinco filhos de Cícero e um dos diretores do Sindpetro-NF, Luiz Carlos Mendonça.
 
— A gente já tem uma linha de investigação com alguns suspeitos e temos o prazo máximo de 30 dias para concluir o inquérito com autoria definida. Estamos em uma fase preliminar, mas acreditamos que provavelmente tenha algumas coisa relacionada a terra — explicou ao ressaltar que foi feito um pedido de quebra de sigilo telefônico da vítima devido ao depoimento de seu filho, que disse que o pai teria saído de casa após receber uma ligação.

Ainda segundo o delegado Geraldo Assed, outra linha de investigação a ser seguida é a questão das ameaças aos assentados. “Tiveram registros de ameaças, só que não configurava o Cícero como vítima, outras pessoas do acampamento que teriam sido vítimas. Mas, de qualquer forma, é uma linha a ser seguida. Estamos nos aprofundando nesse sentido para concluirmos o inquérito”, acrescentou. Geraldo pontuou a dificuldade de colher o depoimento de algumas testemunhas pelo fato do medo. “Ouvimos algumas testemunhar e mais outras serão ouvidas. Porém, muitas delas ficam com medo de relatar alguns fatos. Estamos analisando a melhor forma de colher esses depoimentos”, concluiu.

Delegado Federal diz que vai acompanhar o caso até o fim:

Durante a coletiva, além da lembrança de Cícero, foi tratado o assunto da desapropriação de terras improdutivas. O delegado federal José Otávio Câmara disse que continuará acompanhando o caso até que haja um resultado. “Vamos cobrar das autoridades encarregadas da investigação para que se cheguem aos autores e mandantes do crime. Quero reafirmar o compromisso do governo federal para com a segurança dos acampados e que se conclua o mais rápido possível o processo de desapropriação da Usina Cambahyba”, disse.
A coordenadora Marina Santos ressaltou que Campos configura o maior número de terras improdutivas. “Infelizmente, o Cícero veio lutar pelo seu ideal em Campos, onde está a concentração do maior número de terras improdutivas e onde há uma rivalidade muito grande. É uma dor infindável pela perda dele”, afirmou.
A advogada Mariana Trotta ressaltou que está trabalhando com os acampados para diminuir o medo e eles possam colaborar nas investigações. “Estamos dando todo suporte para que os acampados não se sintam amedrontados. Iremos conversar com o delegado Geraldo Assed para ver a melhor forma de contribuir com as investigações”, disse.

Cícero era colaborador de projetos da UENF:

Em nota, a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) informou que Cícero Guedes era um importante colaborador de vários projetos de pesquisa e de extensão da universidade Ultimamente, Cícero participava do projeto de extensão “Agroeecologia e segurança alimentar — produção de alimentos com qualidade nos assentamentos de reforma agrária do Norte Fluminense”, coordenado pelo professor Luciano Canellas, do Núcleo de Desenvolvimento de Insumos Biológicos para Agricultura (Nudiba).
Em seu sítio, no assentamento Zumbi I, em Campos dos Goytacazes (RJ), Cícero sempre fez questão de resistir à tendência da monocultura da cana ou da criação de gado, diversificando sua produção com o cultivo de coco, abóbora e banana, por exemplo. Os últimos três projetos do professor Canellas financiados pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) tiveram a participação de Cícero.
O reitor Silvério de Paiva Freitas se uniu ao coro de vozes que pedem a rigorosa apuração do caso e a punição dos responsáveis pela morte do agricultor, cuja ligação com a Uenf remonta a sua participação na construção dos primeiros prédios do atual campus Leonel Brizola.

Mário Sérgio Júnior www.fmanha.com.br

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Globo elogia “apagão” de FHC e leitores da Folha pedem luz cara

CONTRA O DESENVOLVIMENTO, CONTRA O POVO BRASILEIRO E CONTRA O BRASIL!!!! DEMOCRATIZAR A MÍDIA É PRECISO!






FONTE: WWW.VERMELHO.ORG.BR

O primeiro e o segundo maiores jornais do país, entre outros, continuam enveredando por um processo kamikaze em que se recusam a aceitar a derrota da tentativa que fizeram de criar, antes para Lula e agora para Dilma, um problema energético como o que se abateu sobre o Brasil durante o governo Fernando Henrique Cardoso, de triste memória.

Por Eduardo Guimarães*, no Blog da Cidadania


Entre sexta [25] e sábado [26], esses dois veículos publicaram textos literalmente surreais sobre o tal “racionamento” que depois reduziram para “apagão” e depois para “apaguinhos”, mas que terminou em desconto maior nas contas de luz. O Globo, em editorial, e a Folha de São Paulo, na sua seção de cartas de leitores, mostram uma direita à beira da histeria.

Comecemos por O Globo. Em editorial em que diz que Dilma “erra ao explorar energia como tema político” – veja só, leitor: quem explora politicamente o tema é… “Dilma”! – o jornal não se limita a tomar partido da oposição, como faz em qualquer assunto há pelo menos uma década. O Globo, acredite quem quiser, elogiou o racionamento de energia de 2001/2002.

Segundo a Wikipedia, porém, “A crise do apagão foi uma crise nacional ocorrida no Brasil que afetou o fornecimento e distribuição de energia elétrica” e que foi causada por “falta de chuvas, que deixaram várias represas vazias, impossibilitando a geração de energia, e por falta de planejamento e investimentos em geração de energia”.

No tópico “causas” (do apagão), a Wikipedia elenca fatores que ninguém, absolutamente ninguém tem condições de negar, razão pela qual a tese explicativa sobre por que o país teve que racionar energia sobreviveu aos filtros políticos da “enciclopédia” eletrônica, que extirpam dela qualquer referência que não possa ser comprovada.

Conheça, abaixo, as causas, segundo a Wikipedia, para o Brasil ter tido que racionar energia elétrica durante cerca de oito meses.

A crise ocorreu por uma soma de fatores: as poucas chuvas e a falta de planejamento e ausência de investimentos em geração e distribuição de energia.

Com a escassez de chuva, o nível de água dos reservatórios das hidroelétricas baixou e os brasileiros foram obrigados a racionar energia.

Após toda uma década sem investimentos na geração e distribuição de energia elétrica no Brasil, um racionamento de energia foi elaborado às pressas, na passagem de 2000 para 2001.

O governo FHC foi surpreendido pela necessidade urgente de cortar em 20% o consumo de eletricidade em quase todo o País (a região sul não participou do racionamento, tendo em vista que suas represas estavam cheias e houve retomada de investimentos no setor).

[FHC] Estipulou benefícios aos consumidores que cumprissem a meta e punições para quem não conseguisse reduzir seu consumo de luz.

No dia 7 de dezembro de 2001, felizmente choveu às catadupas e o racionamento pôde ser suspenso em 19 de fevereiro de 2002.

Não obstante, segundo os cálculos do ex-ministro Delfim Netto cada brasileiro perdeu R$ 320 com o apagão ocorrido no final do governo FHC.

Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) publicada em 15 de julho de 2009 mostrou que o apagão elétrico gerou um prejuízo ao Tesouro de R$ 45,2 bilhões.


 
Qualquer pessoa minimamente sensata concluirá que o Brasil passou por um problema terrível que torturou a população por absoluta falta de capacidade administrativa do governo de turno. Contudo, para o diário carioca O Globo, o autor do apagão merece elogios.

Leia, abaixo, trecho do editorial “Dilma erra ao explorar energia como tema político”.

“Desde as eleições gerais de 2002, ocorre esse tipo de exploração, pois o PT fez do racionamento um dos seus principais cavalos de batalha [sic], atribuindo à administração Fernando Henrique Cardoso inteira responsabilidade pelo que tinha acontecido (embora a mobilização da sociedade para evitar consequências mais drásticas de uma eventual escassez de energia elétrica possa ser apontada como uma das iniciativas mais positivas do governo FH ao fim de seu mandato)”

 

Só para refrescar sua memória, leitor, lembro que o racionamento tucano de energia previa pesadas multas para quem não reduzisse em 20% o consumo de energia em casa ou nas empresas e ameaçava com desligamento do fornecimento quem reincidisse no “crime” de “gastar” mais luz do que o permitido.

A despeito disso, o jornal diz que a “mobilização da sociedade” que, em verdade, foi fruto do medo de ficar nos escuro, constituiu-se em “uma das iniciativas mais positivas do governo FHC”. Ou seja: a falta de investimentos que causou tantos prejuízos à sociedade não foi negativa, foi positiva porque o ex-presidente teria feito toda uma nação, alegre e de mãos dadas, enveredar por um esforço cívico.

Enquanto isso, o mesmo jornal critica o desempenho energético dos sucessores de FHC, que, segundo o presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), Maurício Tolmasquim, fizeram o país chegar, em fins de 2011, com o Sistema Interligado Nacional (SIN) superando 105 mil MW, instalados em hidrelétricas (77%), termelétricas e fontes alternativas.

O número acima, isolado, não quer dizer muito sem a informação de que a demanda por energia, naquele ano, foi de 56.000 MW médios. Ou seja: os investimentos dos governos Lula e Dilma nos tiraram de uma situação em que só produzíamos 80% da energia de que precisávamos para uma situação em que produzimos quase o dobro de nossas necessidades.

Registre-se que O Globo faz cortesia para FHC com o chapéu alheio, ou seja, do povo, pois a economia compulsória que este teve que fazer não se deveu a FHC, mas às ameaças de represálias do governo tucano a quem não economizasse.

Todavia, mais engraçadas são as seções de cartas de leitores dos jornais oposicionistas. Na Folha de São Paulo, por exemplo, esses leitores, na contramão do sentimento nacional de júbilo com o forte alívio nas contas de luz, praticamente pedem que elas continuem caras, demonstrando amplo desconhecimento sobre a real situação energética do país.

Vale a pena ler e rir, já que chorar não adianta.

*****

Folha de São Paulo

26 de janeiro de 2013

Painel do Leitor

Energia

Atenção, presidenta Dilma, eu não quero desconto na conta de luz. Quero é ter luz todos os dias, o que já não acontece e só vai piorar se o seu governo sucatear as hidrelétricas para obter essa redução de tarifa. Já fico sem luz com demasiada frequência. Como será agora? Não sou pessimista nem do contra, só quero pagar para ter o que eu preciso.

Fernanda Madueno (São Paulo, SP)


*

Ao garantir energia elétrica a todos e com desconto, sem mostrar claramente como efetivar essa promessa, o governo parece estar fazendo “gambiarras” financeiras e “gatos” técnicos.

Carlos Gaspar (São Paulo, SP)

*****

Não deve ter sido fácil a Folha encontrar essas duas peças raras que querem pagar mais caro pela energia elétrica. Uma delas, fica sem luz com freqüência. A tal senhora Fernanda por certo desconhece que quedas de energia que sofre devem ser cobradas do governo do Estado, que não fiscaliza o cabeamento pela cidade, que se rompe toda vez que chove.

Agora, o impressionante é que as únicas duas manifestações de leitores que a Folha publicou vêm de um microcosmo da sociedade que, ao contrário da quase totalidade dela, não deve ter onde enfiar seu rico dinheirinho e, portanto, quer doá-lo a concessionárias que cobram preços entre os mais altos do mundo justo no país com maior potencial de geração de energia.

Essa é a realidade paralela em que vive uma elitezinha minúscula, egoísta, pervertida, sonegadora, racista e, acima de tudo, golpista que infecta o Brasil. Eis por que insisto com a presidente Dilma que faculte às empresas geradoras e distribuidoras de energia elétrica poderem oferecer aos seus clientes a opção de pagarem mais caro pela energia.


* Eduardo Guimarães é blogueiro

domingo, 27 de janeiro de 2013

Tristeza e revolta no enterro de Cícero Guedes

Companheiro Cícero, Presente!


Sem terras se despedem de líder e pedem justiça durante cerimônia

Lideranças do MST nacional compareceram ao enterro no Campo da Paz
Fotos: Mauro de Souza/ Thiago Macedo

Lideranças do MST nacional compareceram ao enterro no Campo da Paz























“A cada companheiro tombado nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta”. Assim familiares, dezenas de companheiros e representantes do movimento sem terra da região e do país, prestaram suas homenagens ao companheiro e coordenador do movimento regional Cícero Guedes, de 49 anos, no velório da capela do cemitério Campo da Paz.
A cerimônia, que começou por volta das 13h, foi marcada por choro, mas também por canções que fizeram lembrar os momentos vividos pelo líder, sempre qualificado por sua insistência e perseverança em querer promover justiça social, com a reforma agrária e a partilha da terra.















Segundo um dos filhos, Jucimar Guedes, de 21 anos, que esteve ao lado de seu irmão e de sua mãe, Cícero recebeu uma ligação pela manhã do dia do crime (25/01) chamando para ir a Usina Cambaíba.
“Parecia que ele não queria ir. Depois da ligação ele ficou pensativo, ligou a televisão e depois avisou que estava indo a usina. Fez contato quando chegou à rodoviária. Ao chegar almoçou na casa de um dos companheiros e pegou a bicicleta emprestada de alguém. Essa bicicleta não foi vista junto ao corpo e por isso pensaram que ele estava a pé quando o crime aconteceu. Ele era um grande homem, só queremos justiça”, disse o filho.
Para outro coordenador regional, Emerson de Oliveira, quando o estado na figura da federação e da municipalidade não criam condições reais de sustento para essas famílias sem terra.















“Sair de um barraco de lona para um sítio não é dar condições de vida. É necessário construção de estrada, escolas, posto de saúde, assistência técnica, é por tudo isso que Cícero lutava. A reforma agrária seria melhor para a população do campo, assim como se evitaria a favelização na cidade, já que o fluxo de pessoas do campo vão buscar por melhorias nos grandes centros. Falta compromisso dos governos com o agronegócio. Se a justiça social fosse promovida, através da reforma agrária essa rixa entre sem terra e latifundiário amenizaria e não haveria tantas mortes no campo, muitas nem são apuradas. As consequências dessa morte é que serão determinantes, se a polícia deixar impune estará credenciando outras desgraças na região”, disse.
Segundo o diretor nacional do MST Marcelo Durão, aos oito anos de idade Cícero já era forçado pelos latifundiários a trabalhar no corte de cana.
“Ele passou por Mato Grosso e Rio de Janeiro e em 1997 na usina São João passou a ser referência do MST. A opressão e ameaças faz parte desse jogo político, mas o sentimento de luta é maior, ele ensinou que o movimento social move o ser humano, era admirável seu modo de tratar a terra, a organização do lote, sabia respeitar a importância da terra, esses são os seus legados”, disse.















O superintendente do Incra no Rio de Janeiro, Gustavo Noronha, esteve presente e disse que medidas estão sendo tomadas em resposta dos 14 anos em que o caso da usina esteve parado na justiça.
“Lamentamos a morte desse grande homem e o que podemos dizer é que os passos que nós demos em 2012 foram importantes para nos permitir a atuar em 2013 junto com a organização estadual. O Incra vem examinando o processo necessário para indenizar aos proprietários de terra e pra isso o órgão reservou R$13 milhões. A previsão é que até fevereiro seja ajuizada e protocolada uma ação que permitirá a emissão de posse das 111 famílias”, disse.
Também estiveram presentes presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)deputado Marcelo Freixo, o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário, José Otávio, o Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil- Seção Rio de Janeiro (OAB-RJ), Felipe Santa Cruz e o Senador Lindberg Farias, que não pode estar presente, foi representado pela ex-vereadora Odisséia Carvalho, também do Partido dos Trabalhadores (PT), que leu uma carta enviada pelo Senador. 
"A discussão sobre a minha presidência dos direitos humanos na Alerj é o que menos importa nesse momento e pra ser um militante desses direitos não preciso estar no cargo, é claro que ações facilitam. Mas existe essa possibilidade sim, e a tentativa de enfraquecer a assembleia que não só me atinge, mas como também enfraquece essa luta pelos diretos humanos, consequentemente, um dano à toda sociedade", enfatizou Marcelo Freixo.















A professora do curso de serviço social da UFF de Campos, Ana Costa, lamentou a morte do amigo.
“Depois de ver o corpo do meu amigo estirado no chão, uma morte provocada covardemente, não posso me calar. Ele era uma pessoa que tinha um projeto claro de sociedade, que não é essa que vivemos hoje. A sua luta é de generosidade e amor, porque ele já era um assentado pelo Zumbi dos Palmares, mas queria que a terra fosse partilhada para todos. Como professora, não consigo imaginar o saber acadêmico sem a lembrança desse grande homem, que dá vida a terra, como um bem natural e não mercantil”, disse.



 Fonte: ururau.com.br

NOTA DA DEPUTADA FEDERAL JANDIRA SOBRE A MORTE DE CÍCERO GUEDES

Recebemos consternados a notícia do assassinato de Cicero Guedes do MST em Campos / RJ. Imediatamente divulgamos a nota da direção do Movimento com a denúncia da morte na Usina que é marca do latifúndio improdutivo e também local onde pesa a acusação de incineração dos corpos de dez militantes no período da Ditadura militar.

Nosso mandato, fez contato com a coordenação do MST, prestando solidariedade e nos colocando à disposição para buscar justiça e o fim da impunidade. Com a assessoria de direitos humanos da OAB-RJ, buscamos respaldo politico e jurídico. Conversamos com dirigentes do INCRA-RJ, Instituto responsável pelo assentamento, prometido na área. Nos articulamos com entidades do movimento social como o Grupo Tortura Nunca Mais - RJ, sindicatos e entidades juvenis e populares. O PCdoB estará presente no sepultamento com suas bandeiras de luta.

Nosso mandato, e o PCdoB, através de suas direções municipal em Campos e a Estadual, manifestam integral solidariedade aos companheiros do MST. Exigimos rápido e integral esclarecimento de mais este assassinato de liderança popular, o assentamento já prometido na Usina e a Reforma Agrária em nosso país

Jandira Feghali - Deputada Federal - PCdoB-RJ

MST diz que morte de líder é resultado da violência do latifúndio

Corpo do sem-terra foi encontrado com vários tiros em Cambaíba
Mauro de Souza

Corpo do sem-terra foi encontrado com vários tiros em Cambaíba























O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) divulgou nota em seu site dizendo que a morte de Cícero Guedes, coordenador de uma ocupação em Campos, e que foi brutalmente assassinado na manhã deste sábado (26/01), é “resultado da violência do latifúndio”. O corpo de Cícero foi encontrado com vários tiros, numa estrada vicinal, próxima às terras ocupaddas.
“A morte do companheiro Cícero é resultado da violência do latifúndio, da impunidade das mortes dos sem-terra e da lentidão do Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] para assentar as famílias e fazer a reforma agrária. O MST exige que os culpados sejam julgados, condenados e presos”, diz a nota.
Segundo o MST, Cícero Guedes foi assassinado por pistoleiros. Ex-cortador de cana, o alagoano coordenava a ocupação do MST na Usina Cambaíba. Ainda de acordo com a nota, ele era assentado desde 2002, no assentamento Zumbi dos Palmares, primeiro a ser reconhecido pelo Incra no município onde viveu pelo menos 16 anos, e resolveu continuar na “luta pela reforma agrária”.






Fonte ururau.com.br

sábado, 26 de janeiro de 2013

Coordenador de acampamento do MST morto a tiros em Cambaíba

Há dois meses grupo fez registro de ameaça na 134ª DP
Mauro de Souza

Há dois meses grupo fez registro de ameaça na 134ª DP























 Foi encontrado na manhã deste sábado (26/01), por volta das 9h, numa estrada vicinal, próximo à Usina Cambaíba, em Campos, o corpo de um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra no município.



















Cícero Guedes, de aproximadamente 50 anos, teria saído do acampamento Luiz Maranhão, localizado na sede da antiga usina, na tarde desta sexta (25/01) e não teria sido visto novamente pelos integrantes do grupo. O corpo de Cícero foi encontrado às margens de uma estrada vicinal. No chão os policiais puderam identificar marcas de pneus de um carro e uma motocicleta.
O coordenador estaria de bicicleta no momento do crime, mas a mesma não foi encontrada. De acordo com a professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Ana Costa, apoiadora do movimento e amiga da vítima, Cícero era responsável pela comercialização da produção de alguns acampamentos e estaria com aproximadamente R$ 600 num dos bolsos, o que segundo ela, pode descartar a hipótese de assalto.















A perícia da Polícia Civil esteve no local e revelou que a vítima foi atingida por vários disparos que atingiram a cabeça e nas regiões lombar e dorsal. No local não foi encontrada nenhuma cápsula deflagrada, mas durante a remoção do corpo, pelo rabecão do Corpo de Bombeiros Militar, uma munição de pistola calibre 40 foi encontrada sob o mesmo.
De acordo com os policiais que fizeram a segurança da cena do crime, a arma pode ter travado e na hora de remuniciar a munição teria caído. Como as cápsulas de pistola são expulsas da arma após o disparo, a ausência das mesmas indicam que os bandidos as removeram do local após a execução do militante.
O corpo de Cícero Guedes foi removido para o Instituto Médico Legal (IML) e a ocorrência registrada na 134ª Delegacia de Polícia (Centro).


DENÚNCIA DE AMEAÇA
Cerca de 100 famílias que integram o Movimento Sem Terra começaram a ocupação da sede da Fazenda Cambayba na localidade de Martins Lage, em Campos, em novembro do ano passado. O objetivo da ocupação seria pressionar o governo federal a concluir o processo de desapropriação, iniciado há 17 anos.


 Três dias após a ocupação, integrantes do acampamento foram à 134ª DP (Centro), para registrar uma queixa de ameaça que um dos coordenadores do grupo, que na época não teve o nome revelado, teria sofrido no dia 25 de outubro por um homem já conhecido pelos integrantes e que saberia da possível ocupação.
De acordo com o advogado do grupo, Alexis Sardinha, na ocasião, o autor da ameaça, que supostamente aluga terras da usina para criar gados, teria usado uma pistola 9mm para intimidar a vítima.  

Fonte: Ururau

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Liège: nosso Partido nunca perdeu de vista a luta das mulheres

“Sempre foi um compromisso do PCdoB fomentar a capacitação das nossas camaradas. Pois a conquista de mais espaços, passa fundamentalmente pela formação e preparo para o embate político”, resumiu Liège Rocha, secretária nacional do PCdoB, ao falar sobre a participação do maior número de mulheres no Curso Nacional Nível III, em entrevista à Rádio Vermelho.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo


Com alegria, a dirigente agradeceu a homenagem realizada pelo presidente do PCdoB, Renato Rabelo, e pelo secretário de Formação e Propaganda, Adalberto Monteiro. Os dirigentes parabenizaram a Secretaria de Mulheres do PCdoB pela iniciativa de ofertar bolsas para a participação feminina no Curso, ação que garantiu, pela primeira vez na história do curso, a maioria feminina.

“Estamos cumprindo com o nosso dever. Mas, é bom frisar que essa já tem sido uma prática adotada pela Escola Nacional de Formação que sinaliza aos estados que seja garantindo que pelo menos 30% dos participantes seja de mulheres. Além disso, a Escola tem jogado um papel muito forte de como inserir nos assuntos ministrados no curso questões para embasar a luta emancipacionista das mulheres”, pontuou a dirigente.
Segundo ela, o fomento à formação de mulheres está vinculado a uma conquista das mulheres em 2009, com a minirreforma, que prevê destinação de 5% do fundo partidário para a formação e capacitação das mulheres. “Insistimos, não só no Partido, mas em todas as manifestações sociais, que a sub-representação das mulheres no espaço de poder e de decisão é uma questão a ser combatida. O que pra não é uma fator fundamental para fortalecer a democracia”.

Encontro de prefeitos e prefeitas eleitos

Na oportunidade, Liège Rocha falou sobre 1º Encontro Nacional de Prefeitos e Vice-Prefeitos que será realizado pelo PCdoB nos dias 26 e 27 de janeiro. Ela também falou das vitórias conquistas pelo Partido e lembrou que em 2012 o Partido elegeu em todo o Brasil 56 prefeitos e 85 vice-prefeitos. Nos 85 municípios com mais de 200 mil eleitores e que tem dois turnos, o Partido foi o que, proporcionalmente, mais cresceu, triplicando sua votação e alcançando a 6ª colocação entre os mais votados.

Segundo ela, dos cerca de mil vereadores eleitos pelo Partido, 133 foram mulheres e destacou que as companheiras estão preparadas para o embate ideológico.

E completa: “A oportunidade de ocupar cargos, seja como prefeitos e prefeitas, seja como vice, não pode prescindir de apresentar à sociedade a cara do nosso Partido. Essa é uma oportunidade única de apresentarmos e implementarmos políticas públicas baseadas em um projeto nacional de desenvolvimento, especialmente no que se refere às políticas públicas para as mulheres”, finalizou a dirigente.

Ouça a íntegra da entrevista:

Programa Partido Vivo

Racismo: política pública se faz ouvindo as pessoas, diz Netinho

Em audiência pública nesta quinta-fira (24) no bairro do Capão Redondo, na zona sul da capital paulista, moradores cobraram providências do Poder Público para as recorrentes chacinas e a atuação de grupos de extermínio na periferia da cidade. No dia 4, sete pessoas foram mortas em um crime no Capão Redondo.



Netinho de Paula fala sobre a importância da voz da população para soluções dos problemas. Foto: Fernando Pereira / SECOM

Os secretários municipais Netinho de Paula (Promoção da Igualdade Racial) Rogério Sottili (Direitos Humanos) acompanharam a reunião com entidades e a população de Capão Redondo, realizada no Parque Santo Dias, Zona Sul da cidade. Durante o encontro, as autoridades manifestaram o interesse de trazer para a Prefeitura de São Paulo o programa “Juventude Viva”, criado pelo Governo Federal para combater à violência contra jovens negros.

O secretário da Promoção da Igualdade Social, Netinho de Paula, falou sobre a importância da voz da população para soluções dos principais problemas apresentados. “Hoje nós estamos mais no papel de ouvir, pois o que falta para essa população são os órgãos institucionais ouvirem. Então, a pedido do prefeito Fernando Haddad, nós viemos aqui para ouvir as pessoas que são vítimas, acolher ideias, opiniões e tentar elaborar um programa com base no que as pessoas vão propor”, destacou.

Também esteve presente o coordenador de Juventude da Prefeitura, Gabriel Medina, que falou sobre a mortalidade de jovens no país. “É inadmissível que o Brasil, sendo a sexta economia no mundo, tenha o sexto pior índice de mortalidade de jovens em todo o mundo. É uma contradição muito grande e essa mortalidade, pois 80% dos jovens que morrem são negros e pobres, vindos das periferias dos centros urbanos e regiões metropolitanas do Brasil”, afirmou.

Relatos

Francisco José Carvalho Magalhães, pai do estudante Pedro Thiago de Souza Magalhães, executado no Campo Limpo – bairro vizinho do Capão Redondo – aos 20 anos por um grupo de extermínio em 14 de outubro de 2012, pediu apuração sobre o caso, ainda sem solução. “Ninguém sabe falar nada. Recolheram o corpo do local rapidamente e ninguém nunca me deu explicação. Cheguei na delegacia, o boletim de ocorrência já estava feito. Ele foi morto com armas exclusivas das Forças Armadas”, disse.

Reunião foi realizada no Parque Santo Dias (Capão Redondo). Foto: Fernando Pereira / SECOM

Magalhães diz que, em um domingo, seu filho, que cursava administração de empresas no Centro Universitário Anhanguera, em São Paulo, saiu de casa ao meio-dia para um fazer trabalho da faculdade. “Ele saiu de casa falando que ia pegar o pen drive. Quando deu três horas, me ligaram que ele tinha sido alvejado a bala”. Pedro foi morto com nove tiros, sete dados pelas costas. No boletim de ocorrência consta apenas que quatro pessoas desceram de um carro prata e dispararam contra o rapaz.

Depois da morte de Pedro, a região foi palco de uma chacina que deixou sete mortos no último dia 4. O crime, que ocorreu no Capão Redondo, está sendo investigada pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e pela Corregedoria da Polícia Militar, órgão que apura desvios de conduta de membros da corporação.

A Secretaria de Segurança Pública descartou que uma das vítimas da chacina seria o cinegrafista amador que fez imagens de uma ação policial no mesmo bairro, ocorrida em novembro do ano passado e que resultou na morte de um servente de pedreiro. As imagens mostram que um policial militar dispara contra um homem mesmo depois de ele estar rendido.

“O que aconteceu lá foi uma retaliação aos trabalhadores. Todo mundo sabe que dentro da polícia existe um grupo de extermínio, isso aí está na cara, não tem mais como esconder de ninguém. Aquela gravação foi para a mídia, vieram dar o troco”, disse Doraci Mariano, presidente da Associação Joacris, presente na audiência.

Com Agência Brasil e Prefeitura de SP

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Precarização do trabalho

Cada vez mais vemos no serviço público e nas empresas privadas, o contrato temporário, não para exercer serviço temporário mas para substituir servidores e suprimir direitos

Precisamos de governos que respeite os trabalhadores e priorize o trabalho.

 

Fonte: fmanha

Contratados de novo na berlinda

A vida dos terceirizados em Campos e região não parece ser fácil em qualquer esfera. Depois de grande parte dos contratados pela Prefeitura de Campos ter sido demitido por decisão judicial, agora são os que trabalhavam para empresas que prestavam serviço para o Governo do Estado que foram dispensados. De acordo com o subsecretário de Educação do Estado, Luiz Carlos Becker Junior, o Governo está seguindo orientação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e agora os contratos são com base nos serviços realizados e não mais por posto de trabalho.

Segundo o subsecretário, desde 2011, o Governo do Estado vem fazendo uma análise  dos contratos que já existiam. No caso dos auxiliares de serviços gerais (serventes, que atuam em escolas), até então a contratação era por posto de trabalho. Na falta de um, por exemplo, a escola ficava sem o serviço. Seguindo a orientação do TCE, foi preparada uma nova modalidade de contrato: O Estado não contrata mais por posto de trabalho e sim por serviço a ser executado.

— Fizemos um trabalho nas 1.350 escolas do Estado, com a medição de cada uma. Sabemos qual o mínimo necessário para que o serviço seja executado, a quantidade que a empresa colocará lá fica por conta da empresa — explicou, acrescentando que existem escolas que já tinham auxiliares contratados. Naquelas que não possuiam, receberão os serviços das empresas: “Já explicamos isso até mesmo na Assembleia Legislativa (Alerj) no ano passado”.

Deputado estadual da base do Governo, Roberto Henriques (PSD) diz que as mudanças resultarão em um “enorme benefício” para o Estado como um todo: “Deputado, vereador, superintendente não podem indicar pessoas. Somos fiscais dos contratos firmados pelo Estado. Essa é nossa função”, ressaltou o parlamentar.

Henriques disse, ainda, que em Campos “acostumou-se  a uma relação prejudicial para os terceirizados, que ficam à mercê de indicações políticas e isso não pode acontecer. O máximo são as diretoras e o corpo administrativo das escolas opinar sobre aquelas pessoas que já vinham trabalhando. Mas a contratação cabe à própria empresa fazer, de maneira transparente”, concluiu o deputado.

Vereador: caminho é Justiça do Trabalho

Presidente do PMDB em Campos, o vereador Nildo Cardoso é de responsabilidade das empresas que perderam a licitação e, portanto, não tiveram firmado novo contrato pagar os direitos trabalhistas aos seus funcionários: “Isso não é responsabilidade do Governo do Estado e sim das empresas. Os funcionários daquelas que não cumprirem suas obrigações devem procurar o Ministério do Trabalho para reclamar seus direitos trabalhistas”, afirmou.

O vereador disse, também, que levará ao conhecimento da secretaria no Rio as dificuldades de alguns contratados que não teriam recebido seus direitos: “Se houver algum recurso para essas empresas receberem, o Governo pode tentar interme-diar junto a elas”.
Outro — Ano passado em Campos terceirizados da Prefeitura sob sistema do Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) foram demitidos por determinação da Justiça. Eles também enfrentam problemas para receber direitos trabalhistas.
Suzy Monteiro

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Luciana Santos quer garantia da pluralidade na comunicação


A deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) é uma brava. Como representante da Comissão que trata da distribuição de verba publicitária de mídias alternativas no país, num setor hoje ocupado exclusivamente pelos grandes grupos de comunicação, ela luta pela criação desse incentivo para o fortalecimento das mídias alternativas. Ela avalia que esta luta pode representar o primeiro suspiro em um modelo de mídia excludente por não contemplar a diversidade da informação e das culturas regionais.


Em entrevista ao programa “Conexão Jornalismo”, ela disse que enquanto a verba oficial servir apenas aos grandes grupos de comunicação, em detrimento de novas propostas e posicionamentos nos campos sociais e políticos, o país não avançará.

“É um modelo empregado aqui que remete a períodos onde a distribuição de canais de rádio e TV não obedecia a critérios técnicos, mas meramente políticos”, disse, numa referência ao jornalista Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados. “Eram mais de 200 canais de TV e rádio sob uma mesma tutela e compromisso político e econômico.”

Este ano o processo vai transitar na subcomissão que trata do assunto e ela espera que até o final do período legislativo já haja mudanças previstas no campo da pluralidade da comunicação no país.

Reunida em dezembro com Renato Rovai, presidente da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom), Luciana disse que o encontro serviu principalmente para que as demandas do setor fossem expostas e tornadas públicas.

Da Redação em Brasília

Renda dos 100 mais ricos pode acabar quatro vezes com a pobreza



21 de Janeiro de 2013 - 13h41
Cartum concentração de renda  


Os 240 bilhões de dólares da renda líquida das 100 pessoas mais ricas do planeta bastariam para acabar quatro vezes com a pobreza extrema mundial, segundo o mais recente relatório da Oxfam.

Por Marco Antonio Moreno


A explosão da riqueza e os rendimentos extremos aprofunda a desigualdade e dificulta a capacidade mundial de combater a pobreza, adverte a organização internacional Oxfam num comunicado divulgado a poucos dias do Fórum Económico de Davos, que terá ocorrerá na próxima semana.

Os 240 bilhões de dólares de renda líquida das 100 pessoas mais ricas do planeta bastariam para acabar quatro vezes com a pobreza extrema, segundo o relatório The cost of inequality: how wealth and income extremes hurt us all (O custo da desigualdade: como a riqueza e os rendimentos extremos prejudicam a todos). O relatório faz um apelo aos líderes mundiais para conter os rendimentos extremos e se comprometerem com a redução da desigualdade, pelo menos até os níveis existentes em 1990.

O 1% das pessoas mais ricas do planeta aumentaram os seus rendimentos em 60% nos últimos 20 anos e a crise financeira só tem acelerado esta tendência, em vez de a reduzir.

O estudo adverte que a riqueza e os rendimentos extremos não só não são éticos, como além disso são economicamente ineficientes, politicamente corrosivos, dividem a sociedade e são destrutivos para o meio ambiente. José María Vera, diretor geral de Intermón Oxfam, afirma que "não podemos continuar a fingir que a geração de riqueza para uns poucos beneficiará o resto - e muitas vezes a realidade é a contrária”. "A concentração de recursos nas mãos do 1% mais rico debilita a atividade económica e torna a vida mais difícil para o resto - particularmente para os mais vulneráveis e os mais pobres".

"Num mundo no qual até os recursos mais básicos, como a terra e o água, são cada dia mais escassos, não podemos permitir-nos concentrar ativos nas mãos de uns poucos e deixar a maioria a guerrear pelo que fica." A estimativa é de que cada uma das pessoas que integram o seleto grupo do 1% mais rico do planeta utiliza 10.000 vezes mais carbono que um cidadão norte-americano médio.

Como paradigma da tendência contrária encontra-se o Brasil, que tem crescido rapidamente ao mesmo tempo em que reduzia a desigualdade - bem como o sucesso histórico dos Estados Unidos nos anos 30 quando se implantou o New Deal de Roosevelt que ajudou a reduzir a desigualdade e a atalhar os interesses espúrios. Nesta mesma linha manifesta-se Vera e assegura que "precisamos um New Deal global para reverter décadas de incremento da desigualdade. Como primeiro passo os líderes mundiais deveriam comprometer-se formalmente a reduzir a desigualdade para os níveis existentes em 1990".

"Desde paraísos fiscais até débeis leis de emprego, os mais ricos se beneficiam de um sistema económico global montado a seu favor. É hora de que os nossos líderes mudem o sistema para que funcione no interesse de toda a humanidade em lugar de o fazer para uma elite mundial". Acabar com os paraísos fiscais - que albergam cerca de 32 trilhões de dólares (ou um terço da riqueza global) poderia gerar 189 bilhões de dólares adicionais nas receitas fiscais.

Fonte: Esquerda.net

DESCASO DA EMUT/PREFEITURA: Funcionários da Tamandaré entram em greve

Continua o descaso da EMUT - PREFEITURA que não toma providências, o transporte coletivo é uma concessão pública, se a empresa de ônibus não pode honrar os compromissos com os trabalhadores e usuários, tem que dar lugar a outra empresa. O que não pode são chefes de familia sem salário e população sem transporte ou com transporte precário.


fonte: fmanha

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Os funcionários da empresa de ônibus Tamandaré, entraram em greve mais uma vez por conta de atrasos nos pagamentos de salários e direitos trabalhistas. Esta já é a terceira paralisação que os funcionários realizam desde outubro do ano passado para cobrar atitude dos patrões em relação aos pagamentos atrasados, férias e FGTS.
Na cidade existem 14 empresas de ônibus, 125 linhas, tendo um total de 360 carros em circulação para 463.535 habitantes. Por dia, 98 mil pessoas precisam do serviço na cidade.
Com informações do G1

domingo, 20 de janeiro de 2013

CPT: casos de trabalho escravo aumentam e atingem 20 estados

Balanço da Comissão Pastoral da Terra (CPT) aponta 189 casos de trabalho escravo em 2012 no país, com a libertação de 2.723 pessoas. O número de trabalhadores resgatados aumentou 11% em relação ao ano anterior. Segundo a CPT, os dados, divulgados na ultima semana, ainda podem ser alterados, mas estão “provavelmente” próximos dos resultados definitivos, a serem divulgados em fevereiro pelo Ministério do Trabalho e Emprego.


“Olhando para o conjunto, verifica-se que houve resgate de trabalhadores em 20 estados, o que demonstra que essa prática criminosa persiste de norte a sul do nosso país, mesmo diante das ações de órgãos do governo e de organizações sociais que lutam pelo seu fim”, afirma a CPT.

Ficam à frente na lista as atividades nas lavouras e canaviais: 646 libertados em 36 ocorrências.

De acordo com o relato, a região Norte se destacou por concentrar “metade do número total de trabalhadores envolvidos em situação de escravidão e 39% dos que chegaram a ser resgatados”. Esse último número aumentou de 518, em 2011, para 1.059.

A CPT também destaca o crescimento da participação da região Sul, que teve menos casos identificados (de 23 para 17), porém mais trabalhadores envolvidos: de 158 para 350. Todos foram resgatados no ano passado.

O Pará retomou a “liderança” no ranking do trabalho escravo: 50 casos, 1.244 trabalhadores envolvidos e 519 libertados. Em seguida, vem o Tocantins, com 22 casos, 360 envolvidos e 321 libertados, o triplo de 2011.

O relatório cita o aumento de casos no Paraná, de três para nove, com 246 trabalhadores resgatados, ante 19 no ano anterior. “Tal fato se deve em parte à libertação de 125 trabalhadores somente em um flagrante, em uma usina de açúcar e álcool, em Perobal, interior do estado”, diz a CPT.

Caiu o número de casos em Goiás (14, com 201 libertados), Minas Gerais (sete e 287, respectivamente, Rondônia (seis e 46) e Rio de Janeiro (dois e nove).

Ainda segundo a comissão, 19% dos trabalhadores resgatados (526) em 2012 foram encontrados na produção de carvão vegetal usado em siderurgia. Na sequência, vem a pecuária, com 500 resgatados. No desmatamento, o número mais que triplicou, de 55 para 181.

Embora não acompanhe diretamente esse tipo de caso, a CPT informa que continuam crescendo as ocorrências de trabalho escravo em atividades não agrícolas. Foram 25 casos em 2012, sendo 16 apenas na construção civil, em nove estados. “Essa atividade destaca-se em 2012 com o principal palco de trabalhadores resgatados: 627, ou seja, um em cada quatro resgatados, país afora. Entre eles também muitos trabalhadores do campo.”

Segundo os dados mais recentes do Ministério do Trabalho sobre as ações de fiscalização móvel para erradicação do trabalho escravo, houve 120 operações em 2012 em 226 fazendas, com 2.354 resgatados. De 2003 a 2012, são 1.179 operações em 2.570 fazendas. O total de trabalhadores resgatados atinge 37.849.

Fonte: Rede Brasil Atual

A dura realidade do trabalho doméstico no Brasil


 Mais de 70% dos 7,2 milhões de empregados domésticos no Brasil são informais. Além disso, 9 em cada 10 trabalhadores são mulheres e o salário médio da categoria é de apenas R$489,00 por 36,8 horas semanais. As informações fazem parte de estudo publicado na semana passada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).



Os dados refletem a preocupação da entidade, para a qual as principais discussões sobre o trabalho doméstico no mundo devem ter como eixo garantias legais de salário mínimo, tempo de trabalho e direitos das gestantes. Isso porque somente 10% dos empregados domésticos de todo o mundo estão cobertos pela mesma legislação trabalhista aplicável às outras profissões, enquanto quase um terço do total (29,9%) trabalha em países que os excluem completamente desse âmbito. Os empregados domésticos brasileiros fazem parte dos 60% restantes, de trabalhadores que possuem apenas parte dos direitos garantidos a profissionais de outros setores.

Legislação trabalhista

Segundo o estudo, “estender o alcance das leis trabalhistas é um meio de trazer os empregados domésticos à economia formal”. Em todo o mundo, existem poucas organizações efetivas, como sindicatos ou cooperativas, que possibilitem uma negociação coletiva dessa categoria, o que torna esses trabalhadores muito vulneráveis a práticas abusivas de emprego, já que individualmente eles têm pouco poder de negociação com seus empregadores. Historicamente, isso tem sido reforçado por uma relação paternalista ainda bastante presente do empregador com seu funcionário, mais do que direitos e obrigações claramente definidos.

A OIT também constatou que a região da América Latina e Caribe teve um crescimento “particularmente rápido” nesse setor, que passou de 10,4 milhões de trabalhadores domésticos em 1995 para 19,6 milhões em 2010, o que equivale a 11,9% de todo o trabalho assalariado da região. Isso, segundo o relatório, acontece devido a “extraordinários” níveis de desigualdade salarial: “os lares no topo da distribuição [salarial] têm os recursos para empregar trabalhadores domésticos, enquanto os trabalhadores na base estão dispostos a aceitar trabalhos em serviços domésticos, mesmo se os níveis de remuneração e proteção social forem baixos”, diz o estudo.

Salário mínimo

No Brasil, menos de 30% dos trabalhadores domésticos possuem carteira assinada e a remuneração média em 2008 era de R$489, o que representa apenas 41,1% da média salarial de todos os profissionais no país. Apesar disso, o relatório vê como bem sucedida para a categoria a política de aumentos de salário acima da inflação promovida desde pelo governo desde 2003, quando a remuneração média era de R$333 (em valores corrigidos). A diferença corresponde a um aumento real de 47% do poder de compra desse setor, mais do que os 20% da média das outras profissões. Isso, segundo o estudo, aconteceu porque quase metade (46,4%) de todos os empregados domésticos recebiam em 2008 um salário mínimo. Em comparação, 15,5% dos trabalhadores de outras categorias recebiam o mesmo valor.

O estudo também esclarece a importância do salário mínimo como nível de negociação nas relações do mercado informal de trabalho, ao constatar que 15,3% dos trabalhadores domésticos no Brasil não registrados recebiam em 2008 exatamente um salário mínimo.

Convenção 189

O relatório conclui reforçando a necessidade, em todo o mundo, da ratificação da convenção 189 da OIT, que busca a equiparação dos direitos dos empregados domésticos aos dos demais trabalhadores. Apesar dos representantes brasileiros na OIT terem assinado pela adoção da convenção na Conferência Internacional do Trabalho em 2011, o Congresso Nacional ainda precisa discuti-la antes que possa ser ratificada.

PEC das Domésticas

Outro projeto com propósitos similares é a Proposta de Emenda à Constituição 478/10, conhecida por “PEC das Domésticas”. A proposta busca alterar o artigo 7º da Constituição Federal e incluir diversos direitos já garantidos aos demais profissionais para os empregados domésticos, como a jornada de trabalho de 44 horas, o seguro-desemprego e o FGTS. Ela já foi aprovada em dois turnos pela Câmara dos Deputados e agora segue para o Senado, onde também deve ser aprovada em dois turnos. Se não houver modificações, será enviada para a presidenta Dilma sancionar.

Críticos da medida, questionam sua viabilidade e têm defendido que, para evitar demissões e aumento da informalidade, a PEC deveria ser acompanhada de outras medidas, como subsídios do governo no pagamento do INSS dos empregados e a possibilidade aos patrões de não pagarem a multa por quebra de contrato. Em outras palavras, os encargos trabalhistas de empregados privados seriam custeados com dinheiro público. A proposta de subsídios governamentais têm sido criticada pelos próprios representantes dos trabalhadores, que consideram exagerada a preocupação em relação ao aumento da informalidade.

Creuza Oliveira, presidenta da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), discorda, por exemplo, que a aprovação da PEC possa levar a demissões: “O que o patrão vai contribuir a mais é algo pequeno, de 8% a mais, referente ao FGTS”. “Os empregadores estão acostumados a ter trabalhadores na sua casa, mas na hora de cumprir as obrigações, não querem fazê-lo”, diz. Ela acredita que a aprovação da proposta é “um caminho para a igualdade dos direitos, mas isso não resolve o problema porque, no Brasil, nem sempre a aprovação de leis significa que elas serão cumpridas”.

A relatora da PEC 478/10, deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), argumenta que os empregadores deverão aceitar a nova regulamentação, ou então outros setores do mercado irão absorver esses trabalhadores. Ainda segundo ela, diversos ministérios e secretarias do governo estão estudando possíveis reduções nos encargos trabalhistas. Para Benedita da Silva, a PEC das Domésticas é significativa: “Quando a convenção 189 for ratificada, o Brasil já estará um passo a frente em termos de direitos do trabalhador”.

Fonte: Repórter Brasil

PORTO DO AÇU DESENVOLVIMENTO E DESTRUIÇÃO

Estamos aguardando a muitos anos projetos que alavanquem a  região e tire nosso povo da miséria, com oportunidades de trabalho e desenvolvimento social e econômico. Mas não podemos fechar os olhos para a destruição ao meio ambiente, colocando em risco a vida e a saúde das pessoas, como por exemplo, a salinização da água de toda uma região, também, tem a forma truculenta como foram tratados os produtores rurais do 5° distrito de SJB. Tudo isso nos leva a pensar: Para que serve o progresso?

Na lógica do capitalismo, apenas, para o lucro, de preferência, fácil e bancada com o dinheiro público.

Por um projeto de desenvolvimento que respeite os trabalhadores e o meio ambiente!


Abaixo reportagem Folha da Manhã

 Duas faces do Superporto do Açu

Desde que o projeto para a instalação do Superporto do Açu foi anunciado, em 2007, estavam previstas inúmeras mudanças, positivas e negativas, que vem sendo confirmada e, aos poucos, mudam a rotina de milhares de moradores da cidade e da área rural de São João da Barra. Alguns deles não viram a mudança com bons olhos, gerando desconforto e prejuízos, principalmente aos produtores do 5º Distrito do município, que ontem fizeram uma panfletagem na BR 356, entre Cajueiro e Degredo, para expor à população o problema da salinização na área e uma possível desapropriação de novas terras.
O Superporto será o terceiro maior porto do mundo e o mais importante polo de apoio para a indústria de petróleo e gás do Brasil. Um empreendimento vultoso, que está trazendo o desenvolvimento para a região. No complexo industrial, estão sendo instaladas siderúrgicas, fábricas de cimento, uma unidade de construção naval da OSX, um complexo termelétrico da MPX, indústrias offshore, indústrias de tecnologia da informação, um polo metalmecânico e uma unidade para tratamento de petróleo, entre outros projetos. O funcionamento do Porto do Açu está previsto para ter início ainda em 2013.
No entanto, nada chega de graça, sem mudanças, e os frutos do desenvolvimento começam a ser colhidos. Para o município trouxe transformações significativas. O PIB saiu de R$ 665.837, em 2005, para R$ 2.039.370, em 2009. O Imposto sobre Serviços (ISS) arrecadou R$ 700 mil em 2004. Em 2010, subiu para R$ 12 milhões. A geração de emprego também aumentou na comparação de 2010 com 2011, saiu de 400 para 1.286 postos de trabalho. Em termos populacionais, a perspectiva é que São João da Barra, que atualmente tem 30 mil habitantes, passe para 200 mil em 2025.
Um progresso que está custando caro aos 1.500 produtores rurais que tiveram que deixar suas terras para dar lugar ao complexo industrial, a ser instalado ao redor do porto. Cerca de 90 famílias foram levadas para a Vila da Terra. Os que ficaram lutam na Justiça para não perder as terras onde viveram uma vida inteira.
— O tão sonhado progresso só veio para frustrar o sonho do produtor rural, que foi levado para um local onde a terra não é produtiva, não se tem insumo e nem apoio técnico. Muitas famílias que foram tiradas de suas terras vivem hoje sem perspectiva de vida. O único benefício para nós foi o melhoramento da estrada — disse o presidente da Associação dos Produtores Rurais e Imóveis (Asprim), Rodrigo Santos.
Na localidade de Água Preta, os moradores vivem hoje com um grande problema, causado pela construção do porto: a água doce utilizada pelos agricultores está sofrendo com o processo de salinização. O fato foi comprovado por pesquisadores da Uenf e poderá gerar punição, através da secretaria de Estado de Ambiente e do Instituto do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea).
Jane Ribeiro www.fmanha.com.br

Professores farão greve nacional em abril


A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que agrega 44 entidades de todo o país, realizará uma greve entre os dias 23 e 25 de abril, durante a Semana Nacional de Educação.


O encontro e a paralisação têm como objetivo defender a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação pública e discutir uma alteração na Medida Provisória (MP) 592, para que os royalties do petróleo sejam destinados para o setor.

Frente à pressão de diversos movimentos sociais e educacionais, o Plano Nacional de Educação (PNE) - que prevê a aplicação em até dez anos de 10% do PIB na área da educação - foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara no dia 16 de outubro do ano passado e encaminhado para votação no Senado. Se aprovado pelos senadores sem alterações, o texto vai para sanção presidencial. Atualmente, União, estados e municípios aplicam juntos cerca de 5% do PIB no setor por ano.

O texto do PNE diz que serão utilizados 50% dos recursos do pré-sal, incluídos os royalties, diretamente em educação. Hoje, os recursos que vão para a área não chegam a 20%. A CNTE, no entanto, exige que o total dos royalties do pré-sal sejam destinados apenas à educação.

Fonte: Brasil de Fato

Mais um acidente na BR101: morre João Zinclar


O fotógrafo dos movimentos sociais e do Brasil de Fato, João Zinclar, faleceu na madrugada deste sábado (19). Ele retornava de um trabalho em Ipatinga (MG) quando o ônibus no qual viajava, da viação Itapemirim, foi atingido por um caminhão que vinha no sentido contrário e atravessou a pista.


Brasil de Fato
 João Zinclair
O ônibus no qual ele viajava foi atingido por um caminhão que vinha no sentido contrário e atravessou a pista. Zinclar retornava de um trabalho em Ipatinga (MG).

O acidente ocorreu por volta das 3h30 na altura do município Campos de Goytacazes, no norte do Rio de Janeiro. O ônibus transportava 20 pessoas. Um outro passageiro e o motorista do caminhão tiveram ferimentos leves.

Ainda não há definição sobre o dia e local do enterro. Zinclar morava em Campinas (SP), mas seus familiares estão em sua cidade natal, Rio Grande (RS).

João Zinclar tinha 56 anos e deixou uma filha. Ele fotografava para vários movimentos sociais, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sindicatos e meios populares de comunicação, como o Brasil de Fato.

Zinclar foi metalúrgico e integrou a direção do sindicato da categoria em Campinas, de 1990 a 1996. Também foi militante filiado do PCdoB até 1996.

Em 2009, ele lançou o livro fotográfico "O Rio São Francisco e as Águas no Sertão", um registro da cultura do povo ribeirinho e sua luta em defesa do rio. O livro é resultado dos cinco anos em que Zinclar percorreu as margens do Rio São Francisco em oito estados.

O secretário-geral da Fundação Maurício Grabois, Augusto Buonicore  falou sobre o companheiro que militou ao seu lado nos anos 80. "Artista sensível, deixou sua marca no mundo da fotografia. Muito da memória visual da luta dos trabalhadores e do povo devemos a João Zinclair. Seu nome ficará na história e nos corações dos militantes da esquerda brasileira" enfatizou.

O corpo de Zinclar chegará a Campinas-SP neste domingo (20) e ainda não está definido o horário e local do seu sepultamento.

Com informações, Brasil de Fato

sábado, 19 de janeiro de 2013

Renato Rabelo: A oposição e o terrorismo inflacionário


A oposição de direita no Brasil tem usado de todas as armas à sua disposição no sentido de demarcar fronteira e radicalizar contra o governo e suas ações. Para isto conta com amplos espaços na mídia.

Por Renato Rabelo*


Não era de se surpreender que a mesma oposição que governou o país e o levou ao FMI por três vezes hoje esteja na vanguarda de um movimento que acusa o governo de conivente com a escalada inflacionária. A inflação para o ano de 2012 ficou acima da meta de 4,5%, chegando a 5,8%. Ou seja, no teto da meta.

A questão é política e envolve uma tentativa de sabotagem ao projeto político da presidenta Dilma Rousseff. Do ponto de vista estratégico, é muito claro que o projeto dos governos Lula e Dilma não encontra sinal de igualdade com o projeto que elegeu FHC em 1994. Sempre bom lembrar que essa oposição toma para si o apanágio de ter acabado com a era da hiperinflação, porém esquece-se de dizer que o fim da hiperinflação deu-se da forma mais cruel e reacionária, pela via da elevação exorbitante dos juros básicos da economia, do arrocho salarial, do endividamento público e da abertura comercial indiscriminada.

Claro que a agenda atual é divergente da vitoriosa em 1994. Arrocho salarial foi substituído por ganhos salariais reais, endividamento público foi trocado por maior expansão do PIB, enquanto que a era da abertura comercial está sendo substituída por mais proteção à indústria e cobrança por mais conteúdo nacional nas obras em infraestrutura e nos investimentos de grandes empresas como a Petrobras. Trata-se de diferenças de fundo que estão sendo escancaradas na mesma proporção em que o rumo definido pelo governo obtém amplo respaldo popular diante de uma oposição sem voto, mas com grande força na mídia e nas altas instâncias do Poder Judiciário.

Mas o terrorismo inflacionário está aí posto. O próprio Copom, de forma unânime, decidiu pela manutenção das taxas de juros (Selic) na casa dos 7,25%. Para o PCdoB esta decisão já mostra uma atitude defensiva frente às violentas pressões dos monopólios financeiros diante das oportunidades que a crise internacional tem dado para o desenvolvimento nacional voltado ao mercado interno e na própria expectativa de investimentos futuros por parte dos empresários. Foi justa a reação imediata de trabalhadores e empresários contra esta política adotada pelo Copom numa hora em que os juros deveriam estar caindo mais ainda para estimular a retomada do desenvolvimento nacional.

O nível em que a batalha está chegando apenas demonstra o que para nós não é nada novo. A luta política está se acirrando, tornando-se renhida e em grande medida despolitizada. Na economia o desafio é o de manutenção dos avanços obtidos em 2012. Não será nada fácil, como o próprio Copom sinaliza.

*Renato Rabelo é presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)

“Não podemos aceitar, sem indignação, tanta desigualdade social”

Quem diz isso é Frei Betto, escritor, teólogo, educador, escolhido por um júri internacional para receber o prêmio José Martí de 2013, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Por Joana Tavares, no Portal Minas Livre


Frei Betto Frei Betto foi homenageado com o Prêmio Internacional José Martí 2013, concedido pela Unesco
“Frei Betto foi escolhido por sua oposição a todas as formas de discriminação, injustiça e exclusão e por sua promoção da cultura de paz e dos direitos humanos”, explicou a organização. O prêmio será entregue no dia 30 de janeiro, em Havana, na Terceira Conferência Internacional pelo Equilíbrio Mundial, que marca o 160° aniversário do combatente da independência cubana e poeta da libertação latino-americana, José Martí.

Nesta entrevista ao Portal Minas Livre, Frei Betto, autor de mais 50 livros de diversos temas, mineiro de Belo Horizonte, fala sobre Igreja, comunicação, as lutas e desafios do continente.

Portal Minas Livre: Qual a importância de um prêmio como o da Unesco, que resgata o pensamento de José Martí e valoriza pessoas que seguem seu legado? Como é para o senhor recebê-lo neste ano?
Frei Betto: O mérito é de todos que lutamos por justiça, paz e direitos humanos na América Latina. Sou apenas um pequeno grão de imensa praia que converge rumo ao futuro melhor de nosso continente.

O senhor conheceu de perto diversas experiências de construção do socialismo, e atuou ativamente em um momento de ascenso da luta popular. Qual perspectiva o senhor vê hoje para retomar essa mobilização engajada? Há no horizonte da América Latina a possibilidade do socialismo?
O horizonte de toda pessoa generosa e altruísta tem que ser o de uma humanidade constituída em uma só família, sem preconceitos e discriminações, sem desigualdade e injustiças. Se isso vai chamar socialismo ou outro ismo, não me importa. Importa que não podemos aceitar, sem indignação, tanta desigualdade social como há no Brasil e no mundo. O engajamento dos jovens nesse processo é fundamental. Não conheço nenhum revolucionário que tenha iniciado sua luta após os 30 anos. E estou convencido: quando mais utopia, menos drogas; quanto menos utopia, mais drogas. O que não dá é viver sem sonhos...

Como intelectual, assessor e militante, na sua opinião quais seriam as principais lutas que as forças progressistas desse país deveriam centrar seus esforços e se unir em torno delas?
A principal é a reforma agrária. Seguida da educação e da saúde. O Brasil não terá futuro sem mexer na sua estrutura fundiária e sem promover uma verdadeira revolução na educação e na saúde.

A partir de sua experiência no primeiro governo Lula e de suas observações desde então, como o senhor vê o recente estudo da Cebrap que conclui que houve redução na miséria no Brasil, mas ainda somos um dos países mais desiguais do mundo?
É um fato. É a chamada Belíndia - o Brasil é um misto de Bélgica e Índia. Sem educação e melhor qualificação de nossa mão de obra não conseguiremos reduzir essa desigualdade gritante.

O senhor é articulista de alguns jornais da imprensa comercial, mantendo uma postura crítica nesses espaços. Como vê hoje a atuação da mídia na construção de um projeto de sociedade? Qual o papel da imprensa popular nessa disputa?
A imprensa popular tem que criar e alargar seu nicho, sem querer disputar com os grandes meios. E todos nós devemos pressionar o governo para que concessões de rádio e TV também sejam dadas a movimentos sociais, sindicatos, ONGs etc e não aos mesmos caciques de sempre.

Como o senhor vê a postura da Igreja hoje em relação aos problemas fundamentais do Brasil e da América Latina? A Igreja é mais reacionária hoje do que era há 30 anos?
Há uma vaticanização da Igreja Católica no Brasil, no refluxo em sua atuação social. Infelizmente ela deixou de ser a voz dos que não têm, voz nem vez. No entanto, as comunidades eclesiais de base, as pastorais populares e a teologia da libertação continuam ativas.

Houve uma dificuldade de aceitação da Igreja com a revolução cubana e com Fidel Castro. Na ocasião, seu livro “Fidel e a religião” alcançou grande repercussão em Cuba, no Brasil e no mundo, e contribuiu para esse diálogo. Estamos enxergando nesse momento um confronto parecido na Venezuela. Como vê esse conflito? Já pensou em contribuir com o processo venezuelano com alguma iniciativa parecida?
Estive em Caracas em 2011 e mantive bom diálogo com Chávez. Todo processo revolucionário produz choques com as forças reacionárias, e a Igreja Católica na América hispânica não tem a tradição progressista da Igreja no Brasil.

Como o senhor vê o projeto da direita neoliberal na América Latina hoje? Eles estão perdendo poder ou podem retomar pela via eleitoral ou golpes a controlar grande parte dos Estados?
Há que ficar atento. O imperialismo não dorme no ponto. Vide Honduras e Paraguai. No entanto, as forças progressistas avançam na América Latina e no Caribe, graças a Deus!

Como o senhor vê a pretensão de Aécio Neves ser candidato à presidência em 2014 e o que uma eventual vitória dele pode representar?
Ninguém tira da Dilma a vitória na eleição de 2014.

O senhor recentemente lançou um livro que passa pela história de Minas. Quais as marcas dessa história na nossa realidade atual?
Lancei o romance Minas do ouro (Ed. Rocco), no qual descrevo cinco séculos da história de Minas Gerais - do 16 ao 20 - através da saga da família Arienim. Levei 13 anos pesquisando a história de Minas e trabalhando no texto. As marcas atuais dessa história despontam na capacidade de indignação do mineiro frente às injustiças e em sua capacidade criatividade, tanto na política quanto nas artes.



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