terça-feira, 24 de julho de 2012

Foto inédita mostra efeitos da tortura em Vera Sílvia Magalhães


Uma fotografia inédita da ex-militante de esquerda Vera Sílvia Magalhães (1948-2007), tirada em 1970, revela os efeitos da tortura a que foi submetida em um prédio do Exército no Rio de Janeiro.


Vera, que disse ter sido submetida a tortura durante vários dias, aparece na imagem sem conseguir ficar em pé, tendo que ser amparada pelo também prisioneiro Cid Benjamin. A foto, obtida pela Folha, está sob a guarda do Arquivo Nacional em Brasília. 

Militantes da organização política de resistência à ditadura militar MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), Cid e Vera participaram do sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick em 1969, uma das mais importantes ações urbanas da esquerda armada.

"Não tinha visto essa foto. Eu tinha que segurá-la porque, naqueles dias, ela não conseguia se sustentar em pé, devido às torturas", contou Cid.

Em outra imagem, essa publicada pelos jornais na época, Vera foi fotografada numa cadeira, diferentemente dos demais presos. As fotografias foram tiradas momentos antes de o grupo ter sido trocado pelo embaixador alemão Ehrenfried Von Holleben, também sequestrado por forças de resistência à ditadura.

Do Rio de Janeiro, o grupo seguiu para a Argélia. Parte regressou clandestina ao Brasil, e alguns acabaram mortos pela ditadura militar. No exílio, Vera estudou sociologia na França. Retornou ao Brasil em 1979, após a aprovação da Lei da Anistia. 

Torturas

Em depoimento prestado à Câmara dos Deputados em 2003, Vera confirmou que as torturas a impediram de ficar em pé pouco antes de ser levada para Argélia. 

Ainda no depoimento à Câmara, Vera classificou a tortura que sofreu como "inteiramente desmesurada". "Fui a única torturada na Sexta-Feira Santa na Polícia do Exército. E eles me disseram: 'Você vai ser torturada como homem, como Jesus Cristo'", contou Vera.

Ela disse que "nunca mais se recuperou fisicamente". "Para uma mulher, acho que exageraram mesmo. Fiquei cheia de sequelas, cheia de problemas." Vera morreu em 2007, vítima de câncer.


Fonte: Folha de S.Paulo


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Pesquisadores: material arqueológico no Solar do Colégio


Cachimbos, ossos, moedas, porcelanas entre outros materiais dos séculos XVIII e XIX, foram encontrados pelos pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em parceria com a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e o Museu Histórico Nacional no Solar do Colégio, onde funciona o Arquivo Público Municipal Waldir de Carvalho administrado pela Prefeitura de Campos através da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. O projeto intitulado “Café com açúcar: Escravidão  em área de açúcar e café no Sudeste rural”.

De acordo com o arqueólogo Luiz Claudio Symanski, cerca de 10 a 15 pesquisadores estão buscando no local artefatos dos trabalhos dos escravos nos séculos XVIII e XIX, na Senzala, na cerâmica de produção local e nas redondezas. “Estamos buscando fragmentos de peças inglesas e portuguesas, ornamentos e colares, além de restos de animais como porcos, animais silvestres”, disse o arqueólogo.

- Aqui é o começo de um projeto que vamos fazer no interior do Rio de Janeiro, terra do açúcar, e em São Paulo, que é grande produtor de café. Optamos por este local, já que é importantíssimo para a história. Vamos descobrir como viviam as comunidades durante a escravidão e após a abolição – completa, acrescentando que os trabalhos prosseguem até o dia 30 de Julho, com previsão de retorno no primeiro semestre de 2013.

A estudante de Ciências Sociais, Luara Antunes, de 21 anos, ficou encantada com a beleza do Solar. “É inexplicável. Aqui, estamos descobrindo como eram as relações de poder entre as duas classes sociais, o escravo e os senhores. A diferença de consumo já que podiam ganhar seu próprio dinheiro. A pesquisa com o moradores do entorno do Solar vai acrescentar  nos estudos, fazendo  a ligação passado- presente”, destaca.

Riquezas históricas - A presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Patrícia Cordeiro, informa que os moradores e visitantes podem ter acesso às riquezas históricas de Campos através de jornais, registros e documentos da Câmara Municipal de Campos e da Prefeitura de Campos no Arquivo Público. Exposição de fotos sobre a Memória do Solar além do laboratório de restauração de acervo, sendo o único do interior do Estado do Rio de Janeiro. “A política cultural implementada pela prefeitura está resgatando a memória da cidade através do Museu Histórico de Campos e do Solar do Colégio onde a população, a cada dia, está podendo conhecer o que marcou a terra dos índios goitacazes”, disse a presidente.

O Arquivo Público Municipal Waldir de Carvalho funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h, na Estrada Sergio Vianna Barroso n° 3060. Maiores informações pelo telefone 2733-9999.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O bóson de Higgs e o conhecimento da matéria



5 de Julho de 2012 - 18h19
Pesquisadores do Cern Cientistas do Cern comemoram em Genebra (Suíça) o anúncio da descoberta de uma nova partícula

Os cientistas do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern) anunciaram a mais importante descoberta da física nos últimos 30 anos, um passo importante para o entendimento da estrutura da matéria.

Por José Carlos Ruy



Os físicos do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern) comunicaram ontem (4), em Genebra Suíça, um importante passo para a compreensão da estrutura da matéria. Eles podem ter encontrado indícios da existência do chamado bóson de Higgs, uma partícula elementar fundamental para a explicação da existência da matéria mas, até agora sem comprovação empírica.

"Temos uma descoberta", disse Rolf Heuer, diretor-geral do Cern, no seminário onde foram apresentados os resultados mais recentes das pesquisas realizadas com o Grande Colisor de Hádrons (LHC, do nome em inglês Large Hadron Collider), que é uma imensa máquina (um círculo de 27 quilômetros de circunferência), que custou entre seis e dez bilhões de dólares e começou a funcionar em 2008. E que foi construído especialmente para a investigação de partículas elementares.

Alguns físicos consideraram a descoberta anunciada como a mais importante dos últimos 30 anos no mundo da física. O bóson procurado foi descrito teoricamente por Peter Higgs em um artigo publicado em 1964 e desde então os físicos buscam comprovar sua existência através de experimentos. Trata-se da última partícula prevista pelo chamado modelo padrão cuja existência ainda não foi comprovada. O fato de ser infinitamente pequeno em sua massa e durabilidade (ele se transforma em outras partículas num espaço de tempo infinitesimal) são obstáculos quase intransponíveis para isso. Daí a prudência no anúncio e o alerta de que exigirá ainda muita pesquisa, e o uso de muito tempo e dinheiro para dar aos cientistas uma certeza mais efetiva a respeito do anúncio feito ontem.

Prudência científica

Os cientistas do CERN tem algumas certezas, contudo. Mesmo não tendo observado diretamente o bóson devido a seu decaimento (este é o nome que os cientistas dão à transformação de uma partícula em outras), eles sabem que encontraram alguma coisa importante em dois experimentos diferentes do LHC, o ATLAS (A Toroidal LHC Apparatus)e o CMS (Compact Muon Solenoid).

Os resultados são compatíveis com a descrição feita por Higgs há quase cinquenta anos. "Não é um resultado definitivo, mas as chances são muito grandes", explicou o físico brasileiro Sérgio Lietti, pesquisador do Núcleo de Computação Científica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e que participa das pesquisas do Cern.

Outro físico do Cern, o suíço Oliver Buchmueller, explicou que o resultado semelhante obtido de forma independente pelas duas equipes reforça a convicção da descoberta de um novo bóson, mas pondera, com prudência, que ainda é preciso “provar definitivamente que é o que Higgs previu". Esta é também a opinião do norte-americano de Joe Incandela, responsável pelo CMS. Uma partícula foi de fato encontrada, diz ele, mas ainda é cedo para dizer se é ou não o bóson de Higgs ou não. Ele confessou ter “grandes incertezas"; trata-se, disse, de um “resultado preliminar”, embora “muito forte e muito sólido". "Encontramos algo muito profundo, diferente de qualquer outra partícula."

Sua colega, a italiana Fabiola Gianotti, que dirige a experiência com o detector ATLAS, tem opinião semelhante. "Estamos apenas no começo”, disse, pedindo paciência às pessoas, “em especial aos físicos teóricos”, e também classificando os resultados como preliminares mas sólidos.

Evidências estatísticas

Os cientistas afirmam que o bóson observado está dentro das evidências estatísticas (eles chamam de “sigmas de significância” e neste caso atingiu o valor de 4,9, considerado muito alto) que medem a probabilidade dos resultados. O valor alcançado indica, para os cientistas, uma chance de erro apenas um em um milhão. “Não tenho muita dúvida de que, na física de partículas, é o evento mais importante dos últimos 30 anos”, disse o físico Sérgio Novaes, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e que participa da equipe brasileira da pesquisa do CMS. "Acho que é um momento histórico que a gente está vivendo".

O bóson de Higgs foi definido como uma das partículas elementares do chamado modelo padrão, que é dominante entre os físicos para explicar o funcionamento da matéria no mundo infinitamente pequeno do interior do átomo e descrever como as partículas se mantém juntas, dando consistência à matéria. Seria uma espécie de “cola” das partículas, impedindo-as de se dispersarem. Esta consistência, que se manifesta desde este mundo extremamente pequeno, está na base de tudo aquilo que existe no Universo - das estrelas aos planetas e aos seres vivos e toda a realidade material observável.

A busca pela partícula de Higgs é, de fato, a busca pela explicação dos fundamentos da matéria naquela que é hoje a última fronteira da ciência; daí sua importância.

Partícula de Deus?

Os cientistas cercam-se de cuidados. Afinal, o anúncio dos resultados tem um duplo interesse, científico e financeiro. É uma forma de prestar contas dos elevados gastos com a pesquisa e, ao mesmo tempo, uma maneira de tentar seduzir os governos, principalmente europeus, a manter os investimentos. É neste sentido que se deve entender a presença de diplomatas de vários países europeus, convidados para assistirem ao anúncio feito na sede do CERN.

Se há cautela entre os cientistas, o mesmo não se pode dizer de editores e jornalistas que tratam do assunto. A começar pelo próprio apelido dado pela imprensa ao bóson de Higgs: partícula-deus (no Brasil, partícula de Deus). Ele surgiu em 1993 quando o Nobel de física de 1988 Leon Lederman publicou o livro “The God Particle” (A partícula-Deus), sobre o bóson de Higgs. Este título foi dado pela editora, que rejeitou a proposta inicial de Lederman, que era “Goddamn Particle” (em português Partícula maldita).

Os cientistas não gostam deste apelido, mesmo porque a brincadeira distorce completamente o significado da busca pela compreensão mais profunda da matéria. Mas no noticiário científico dos jornais e revistas, o apelido pegou com um fundamento indisfarçavelmente ideológico. A busca pela explicação da existência da matéria que move a ciência exclui por antecipação a interferência de forças sobrenaturais. Ao contrário daquilo que o apelido sugere, a comprovação da existência do bóson de Higgs, ou de outro fenômeno natural semelhante a ele, previsto pela teoria, deixa Deus fora da explicação. A pesquisa significa, neste sentido, um avanço materialista na compreensão da natureza e da matéria, e relega a crença numa entidade sobrenatural e divina à esfera das convicções pessoais e íntimas, não comprováveis pela experiência empírica.

Goyta entra no G2

Com o Aryzão lotado, o Goytacaz não encontrou dificuldade para vencer o Esporte Clube São João da Barra por 3 a 1 e finalmente entrar no G-2 com 30 pontos. 

Os gols do Alvianil foram marcados pelo atacante Saulo, o zagueiro Vladimir e o meia Gilmax. Já o atacante Thiago Trindade descontou para a equipe sanjoanense. O Quissamã segue líder com 35 pontos, mas agora tem o Goyta na vice-liderança, o Audax está em terceiro com 29 pontos e o ECSJB parou nos 27 pontos e caiu para a quarta colocação.




O Goytacaz começou pressionando o ECSJB. Aos 5min quase Wandinho abriu o placar ao mandar uma bomba no travessão, a bola quicou fora do gol e Gilmax cabeceou fraco. Mas no lance seguinte o Goyta abriu o placar. Ruan perde a bola para Wandinho que cruzou na medida para Saulo marcar.

Entretanto aos 16, o ECSJB empatou com Thiago Trindade que aproveitou um cruzamento de Sassá. Porém aos 22, o Goyta fez o segundo com Vladimir de cabeça.

Na segunda etapa, o time da rua do Gás fechou o caixão logo no início. Aos 7, Jocian sofreu falta de Wellington Jacaré, na sequência Gilmax cobrou a falta no ângulo do goleiro Borges que nada pode fazer.

Após o terceiro gol, o ECSJB partiu para cima, mas o Goyta se segurou e saiu com a vitória e na vice-liderança.
05/07/2012 02:03