sábado, 26 de fevereiro de 2011

PARTIDO VIVO: Organizações de Base: os alicerces do PCdoB

Os alicerces do PCdoB e de todo seu trabalho são as Organizações de Base, as chamadas OBs. Elas são formadas nos locais de trabalho, de moradia, de estudo, em todo lugar onde o partido tem militantes.

O PCdoB luta para que todo militante esteja integrado na sua Organização de Base. E para que todo o trabalho partidário se desenvolva através das OBs, coletiva e organizadamente.

FILIE-SE

Amazonas tem perfil parlamentar publicado em livro pela Câmara

Conforme destacou Pedro de Oliveira, este perfil parlamentar procura resgatar as contribuições de João Amazonas não somente no âmbito do Congresso Nacional, mas também na esfera do movimento social, intelectual e político brasileiro. Amazonas teve a maior parte de sua vida marcada “pela perseguição ininterrupta de governos arbitrários e ditatoriais. Conquistados os períodos preciosos de liberdade, entretanto, suas atividades puderam ser acompanhadas de perto, como o foram durante meados dos anos 40 do século passado, quando da Constituinte de 1945, e depois a partir de 1985, com a redemocratização do país”.

O processo para a realização do livro durou sete anos e consistiu no processo de levantamento dos discursos realizados no plenário do Congresso Nacional quando da discussão da Constituinte de 1945, além de uma biografia escrita pelo historiador Augusto Buonicore e textos assinados por Renato Rabelo (presidente do PCdoB), José Carlos Ruy (jornalista e editor do jornal comunista Classe Operária) e Adalberto Monteiro (secretário de Formação do PCdoB e presidente da Fundação Maurício Grabois).
A publicação será enviada para bibliotecas públicas e outros centros de referência para estudo e pesquisa a respeito da história política do Brasil. O lançamento nacional está programado para o dia 23 de março próximo, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, em Brasília, às 17 horas. Na mesma ocasião serão comemorados os 89 anos de vida ininterrupta do mais antigo partido político nacional em funcionamento no país, que é também o mais jovem por sua composição social e por suas ideias: o PCdoB.
Síntese de uma vida
Homem da política, das ideias e das lutas sociais, João Amazonas atuou em diversas frentes para a construção de um país mais justo e soberano, caminho brasileiro para o socialismo. Além de ideólogo do comunismo e de ser um dos pilares da construção partidária, Amazonas esteve na Guerrilha do Araguaia (1972-1974), foi parlamentar e um dos articuladores da candidatura de Lula à Presidência da República.
No prefácio, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) destaca: “O nome de João Amazonas lembra de imediato a palavra que é a síntese de toda a sua vida: comunista, não apenas no sentido ideológico, mas significando também um compromisso com uma visão de mundo e de sociedade”.
Mais adiante, acrescenta: “sou testemunha de que João Amazonas foi o artífice da necessária unidade das forças progressistas e avançadas na direção de um projeto político e social de caráter emancipatório para o povo brasileiro. Pacientemente, ele construiu, convenceu, dirimiu dúvidas daqueles mais incrédulos da possibilidade da construção de um novo rumo para o Brasil, com soberania e desenvolvimento nacional”.
Um dos destaques feitos na publicação é o fato de Amazonas, especialmente como parlamentar, ter dedicado suas ações sempre aos trabalhadores e à melhoria do povo brasileiro. Como constituinte, apresentou 17 emendas ao projeto de Constituição, “entre elas a que fixava a jornada de trabalho num máximo de oito horas diárias, instituía o direito irrestrito de greve e a efetiva liberdade de organização sindical, e aperfeiçoava a já arejada legislação trabalhista com inovações voltadas para a higiene e a segurança no ambiente de trabalho”, destaca a apresentação assinada pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
Quando deputado, Amazonas era um dos 15 comunistas na Casa, que tinha então 320 deputados. O partido contava, também, com um senador: Luis Carlos Prestes. Amazonas foi eleito pelo Distrito Federal (no então estado da Guanabara, hoje Rio de Janeiro) com 18.379 votos, número expressivo para a época.
Ao contextualizar aquele período, Rebelo anota: “Mesmo a conservadora redemocratização operada naquele período serviu de estuário para que os comunistas, empolgados com a vitória dos Aliados contra o eixo do nazifascismo, se empenhassem em alargar as bases das liberdades democráticas. Getúlio Vargas fora deposto, mas as instituições e os tiranetes do Estado Novo, a começar do então presidente Eurico Dutra, prolongavam sua sobrevida autoritária e limitavam as lutas populares. Sindicatos eram tomados pelo Ministério do Trabalho, grevistas espancados nas fábricas, comunistas sequestrados no meio da noite para sofrer torturas em lugares ermos, e até a comemoração do Dia do Trabalhador, internacionalmente uma data de festa e de lutas, era tirada das ruas e confinada a auditórios fechados”.
Finalizando sua apresentação, Aldo destaca: “João Amazonas viveu para ver o Brasil redemocratizado e os comunistas integrados ao esforço de construção da pátria independente, da pátria democrática, da pátria justa para seus filhos, caminho para a pátria socialista com que sonhou e para a qual viveu e lutou”.



Da redação
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sábado, 19 de fevereiro de 2011

PCdoB se solidariza com o povo egípcio e os povos árabes

Diante da nova realidade egípcia aberta a partir da queda de Hosni Mubarak por conta dos massivos protestos populares, a Comissão Política Nacional do PCdoB emitiu nota em apoio aos povos da região. "Ressaltamos o papel das forças políticas progressistas do Egito, entre elas o Partido Comunista do Egito, e esperamos que o desenlace da luta em curso aponte para um novo regime, democrático, popular e anti-imperialista", aponta o documento a seguir.


Nos últimos dias temos acompanhado com entusiasmo as grandes mobilizações populares na Tunísia, no Egito, na Jordânia, no Iêmen e em vários outros países árabes do Norte da África e do Oriente Médio. São revoltas populares, algumas com potencial revolucionário, de enorme importância política para a região e para a evolução da situação internacional.
As revoltas em curso e as suas conquistas, protagonizadas pelos trabalhadores e estudantes, jovens em sua maioria, atingem diretamente os interesses e o domínio imperialista na região, questionam as relações submissas desses países com os EUA e Israel, e acentuam a tendência de declínio relativo da hegemonia global estadunidense.
O caráter secular e laico de países como o Egito e a Tunísia, é uma conquista histórica desses povos a ser preservada. No entanto, esses regimes são verdadeiras ditaduras reacionárias pró-imperialistas, com mais ou menos aparência “democrática”, com fortes aparatos policiais, militares e de inteligência.
A indignação popular foi contida por décadas com ações repressivas, que já não conseguem conter as massas. Os povos árabes estão nas ruas carregando bandeiras de esperança e lutando pela verdadeira mudança de regime político.
As mudanças começaram no Líbano, com a queda do primeiro ministro Hariri e a assunção de um novo gabinete formado por uma maioria parlamentar da qual participam forças progressistas e anti-imperialistas, com destaque para o Hezbollah.
Na Tunísia o povo derrubou o governo do presidente Ben Ali, que comandava um regime submisso à União Européia e aos EUA. Formou-se um governo de transição, a repressão foi vencida, e conquistou-se a anistia e a legalização de todos os partidos políticos, inclusive os de esquerda e comunistas, e foram convocadas eleições para os próximos meses.

Em outros países da região como a Argélia, Jordânia, Iêmen e o Bahrein, os protestos também crescem.
Milhões de egípcios nas ruas derrubaram o presidente Mubarak

O Egito tornou-se o epicentro dessa onda de indignação popular. Com mais de 80 mililhões de habitantes, é o país mais populoso, um dos mais importantes países em termos geopolíticos da região, e o principal aliado regional dos EUA depois de Israel, por isso recebe volumosa ajuda financeira e militar.
O histórico dia 11 de fevereiro, quando depois de 18 dias ininterruptos de protestos, o presidente Mubarak e seu vice Omar Suleiman foram forçados a renunciar, significou uma grande vitória do povo egípcio.
Ainda assim, as forças populares egípcias continuam estão nas ruas das principais cidades exigindo das Forças Armadas, que assumiram o governo, a real democratização do país, a convocação de eleições para uma Assembléia Constituinte, liberdades civis e políticas e o fim da repressão e do “estado de emergência” que vigora há 30 anos.
Ressaltamos o papel das forças políticas progressistas do Egito, entre elas o Partido Comunista do Egito, e esperamos que o desenlace da luta em curso aponte para um novo regime, democrático, popular e anti-imperialista.
O sentido dessas revoltas do povo egípcio e dos povos árabes é democrático, progressista e anti-imperialista, por isso elas tem toda a solidariedade do Partido Comunista do Brasil, das demais forças políticas e sociais progressistas, e do povo brasileiro.

São Paulo, 18 de fevereiro de 2011

Comissão Política Nacional do Partido Comu

PCdoB divulga declaração de voto da bancada sobre salário mínimo

A bancada do PCdoB votou a favor da proposta do governo Dilma para o salário mínimo e emitiu uma declaração justificando sua posição em que ressalta a importância da institucionalização da política de valorização do salário mínimoe ressalva que os comunistas lutaram por um reajuste maior neste ano até o último momento, mas não lograram êxito neste sentido.


A bancada do PCdoB ressalta a importância da institucionalização da política de valorização do salário mínimo, fruto de um acordo com as centrais sindicais. Os resultados apresentados entre 2006 a2010 – durante o governo Lula, o aumento real do Salário Mínimo foi de 57% - demonstram a justeza social dessa política.
Transformar em lei uma política de valorização do salário mínimo é uma grande vitória dos trabalhadores brasileiros, um contraponto importante ao projeto neoliberal que postula a flexibilização das relações trabalhistas. Indexar o salário mínimo simultaneamente à inflação e ao crescimento real do PIB é a certeza de que, além da manutenção do poder de compra, o salário mínimo se agiganta na tarefa de distribuir e interiorizar a renda em nosso país.

O valor definido hoje, de R$ 545, atende a essa política.

Entendemos de que neste ano poderia haver uma antecipação parcial do reajuste real a ser concedido em 2012. Tanto é assim que já na legislatura anterior tínhamos uma proposta tramitando e, nesta legislatura foi reapresentado o Projeto de Lei n.º 323 pelo Deputado Daniel Almeida, em nome da bancada, garantindo que a cada ano haveria um aumento real de pelo menos 3%. Esse ainda pode ser um importante elemento constitutivo da política salarial para os próximos períodos. Até o último momento tentamos negociar esse conteúdo. Na impossibilidade do acordo, votamos na proposta como originalmente apresentada pela Presidente Dilma, pois a aprovação de uma política de reajustes reais, por mais um quadriênio, é muito mais importante.
Por esse conjunto de argumentos, o Partido e a sua bancada entendem a importância de acompanhar o governo nessa questão.
Reiteramos o posicionamento do PCdoB, em defesa da agenda pelo desenvolvimento com valorização do trabalho, pela ampliação dos direitos dos trabalhadores, e reafirmamos a convicção de que participar e fortalecer esse governo da presidente Dilma, que agora se inicia, é o caminho mais curto para essas vitórias.

Dep. Osmar Júnior

Líder da Bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Governo não pode mais tratar mínimo como despesa, diz Assis

Recém empossado deputado federal pelo PCdoB-RS, Assis Melo concedeu entrevista ao Portal CTB e falou sobre a emenda modificativa que visa assegurar o reajuste de R$ 580 para o Salário Mínimo. “Tenho compromisso com os temas que vão de encontro aos interesses da classe trabalhadora, mas também da população de um modo geral”, explica o deputado.

Roberto Carlos Dias

Portal CTB: Qual o peso que a emenda assinada por você tem para a garantia de um reajuste mais digno para o Salário Mínimo?

Acho que a emenda dialoga também com o congresso e repercute no ponto de vista das propostas que as centrais mantiveram quando houve o 2º Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), em junho, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, que foi a busca pela valorização do trabalhador. Sendo assim, valorizar o salário mínimo e lutar pelo aumento real, na condição de R$580 permite uma maior distribuição de renda, além de ser o combustível para aquecer a economia do país.

Portal CTB: Essa medida que você tomou, já nos primeiros dias como deputado empossado, demonstra o jeito classista de fazer política na Câmara Federal?

Acho que isso nós iremos constituir ao longo do tempo, mas essa medida já mostra o compromisso que temos com os temas que de interesses da classe trabalhadora e da população de um modo geral, já mostramos o compromisso que temos com o projeto de desenvolvimento, por isso iremos desenvolver esse trabalho de luta pela classe trabalhadora na Câmara Federal.

Portal CTB: Mesmo o Salário Mínimo sendo o combustível que aqueceu a economia e contribuiu para que o Brasil saísse da crise capitalista de 2008/09, porque o governo se nega a reajustar de forma decente o SM?

O governo busca os argumentos deles, mas nós (entidades sindicais) procuramos discutir e debater para que o governo sensibilize pela reivindicação das centrais sindicais, pois, ao longo do tempo, foi demonstrado que o salário mínimo não é uma despesa para nenhum plano econômico, pelo contrario, é investimento porque dessa maneira você aquece a economia e o governo ganha na arrecadação de impostos e com o volume de mercadorias que entra em circulação. No meu entendimento, não existe o custo em despesa e sim o investimento, então nós precisamos, dentro de uma visão econômica de distribuição de renda, compreender exatamente esse mecanismo que no momento que a sociedade tem um poder aquisitivo maior, o governo recebe mais por meio da arrecadação de impostos.

Portal CTB: Qual o prejuízo para o Brasil caso o governo mantenha o Salário Mínimo em R$ 545?

Perderemos um ano de possibilidade de crescimento e distribuição de renda. O salário mínimo irá demorar a chegar num patamar mais adequado, pois deixamos de valorizando o mínimo nesse momento e freamos a gradual valorizando dos últimos anos.

Portal CTB: Você acredita que essa forma truculenta com que o governo Dilma vem tratando as reivindicações das centrais sindicais pode ser prejudicial para sua imagem?

É difícil dizer, pois estamos no inicio do governo, agora é importante ressaltar que há sim uma indefinição de rumo, então se você não deixar claro qual o rumo que será adotado existe sim uma desconfiança. O que queremos é mais clareza o que significaria uma visão mais distributiva e de compromisso com o próprio posicionamento da presidenta em lutar pela erradicação da pobreza extrema.

Fonte:

Portal CTB, por Fábio Ramalho

Netinho de Paula representa Câmara SP no Fórum Social Mundial

Desde domingo (6), o primeiro secretário da Câmara Municipal, vereador Netinho de Paula (PCdoB), representa a Câmara Municipal de São Paulo na 11ª edição do Fórum Social Mundial, que ocorre na cidade de Dacar, capital do Senegal. Netinho participa ativamente dos debates pautados pelo tema central do evento “As crises do Sistema e das Civilizações”.


Nesta segunda-feira (7), o vereador acompanhou as discussões em torno do posicionamento do continente africano na geopolítica mundial. A atividade contou com a presença do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e do presidente senegalês Abdou Layewade.
“Estou impressionado com o alto nível dos debates. Existem muitas ideias interessantes e viáveis que poderiam contribuir para a diminuição da pobreza no mundo, principalmente na África. Vejo que podemos sonhar com um mundo socialmente mais justo e menos cruel. Quero, através das discussões realizadas no Fórum, levar muitas dessas concepções de políticas públicas para a cidade de São Paulo”, afirmou Netinho.


Fonte: Assessoria de Imprensa do vereador Netinho de Paula

Jandira quer comissão para acompanhar ações na região serrana

A deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ) solicitou à Presidência da Câmara a criação de uma Comissão Externa para acompanhar as ações governamentais que estão sendo implementadas na região serrana do Rio de Janeiro.


O objetivo da parlamentar é envolver o Poder Legislativo nas iniciativas dos poderes executivos estadual e municipais nas áreas comprometidas pelos deslizamentos, enxurradas e desabamentos no início do último mês de janeiro.
A iniciativa de Jandira, apresentada sob forma de requerimento, pretende incluir as cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto num mapeamento que servirá para subsidiar o planejamento de ações futuras, como o aporte de recursos financeiros e inclusão de emendas orçamentárias destinadas a financiar obras de prevenção e as ações de resgate da dignidade de milhares de famílias.
“O momento é de dor. E nos impõe associarmos as ações de preservação, recuperação, sustentabilidade ambiental, políticas urbanas arrojadas e socialmente justas na região. Há um longo caminho a percorrer e, como deputada federal, não pouparei esforços para que as medidas necessárias para evitar novas tragédias sejam efetivadas”, afirma Jandira.
Depois de aprovada a criação da Comissão Externa, o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Marco Maia (PT/RS), deverá indicar os nomes dos parlamentares que irão participar das atividades de monitoramento e fiscalização das iniciativas governamentais adotadas até agora.



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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Deputado do PCdoB apresenta emenda para salário mínimo de R$580

O deputado federal Assis Melo (PCdoB/RS), que participará da reunião das Centrais Sinidicais com o governo,reafirmará a posição do mínimo a R$580,00. De acordo com o deputado federal Osmar Júnior faz parte de uma estratégia de crescimento do Brasil, adotando medidas de crescimento do mercado interno e de valorização do trabalho e do salário. O PCdoB considera que a economia vai se consolidar ainda mais quando os salários forem reajustados acima das metas inflacionárias.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O Partido Comunista e as mudanças estruturais

Alcançam repercussão enormemente positiva as resoluções da Comissão Política Nacional, realizada na última sexta-feira (28). Curiosamente, não saiu uma resolução propriamente dita, mas uma notícia sobre a orientação política adotada. Isto dá a dimensão do alcance que têm e do interesse que despertam os debates sobre os rumos do país e os posicionamentos da direção comunista sobre as tarefas políticas, a tática, a perspectiva estratégica e o fortalecimento do Partido.

Por José Reinaldo Carvalho*

É uma boa indicação do empenho que as instâncias dirigentes executivas devem dedicar à preparação dos documentos a serem submetidos à apreciação e deliberação do Comitê Central, em sua 6ª reunião a realizar-se em 19 e 20 de março.
Vale a pena debruçar-se no porquê da repercussão positiva nas fileiras do Partido suscitada pela Comissão Política.
A direção do PCdoB passou em revista algumas questões cruciais da atual luta política em curso no país. A pergunta que não calou na Comissão Política e que está a exigir resposta tão sonora quanto foi formulada, não só pelos comunistas, mas também pelo governo, o PT, os demais partidos de esquerda da coalizão, o movimento de massas, é se o Brasil vai efetivamente mudar, avançar, ou, no que se refere à orientação macroeconômica, ao aprofundamento das políticas sociais e à adoção de uma diretriz de realizar reformas estruturais democráticas, permanecerá na mesmice de considerar primeiramente a conciliação com as classes dominantes. É indispensável dar passos efetivos, mais ousados, para além da retórica, no sentido de construir uma nação democrática, soberana e socialmente avançada.
São elevadas as expectativas do povo brasileiro, suscitadas na campanha eleitoral pelo ex-presidente Lula, pela então candidata e hoje presidente Dilma e pelos partidos que lhe deram sustentação, entre estes o nosso Partido, que sempre estabelece os necessários nexos entre a tática e a estratégia, os objetivos imediatos e os de longo prazo, os compromissos atuais e a missão histórica.
O partido tem feito apostas elevadas no curso político e transmitido ao povo brasileiro uma mensagem de confiança e otimismo. A própria realização do programa partidário aprovado no Congresso em 2009, calcado na correlação de forças presente, estava condicionada à vitória eleitoral. A interrupção do ciclo progressista aberto com a eleição de Lula em 2002 representaria para o país e as forças populares um retrocesso de tal ordem que implicaria redefinições profundas nos terrenos estratégico e tático.

Há um conjunto de preocupações levantadas por todos os que intervieram na reunião quanto a duas ordens de problemas.

Primeiramente, sobre as opções feitas neste início de mandato pela equipe econômica da presidente. Uma manifesta inclinação para o ajuste fiscal, para priorizar o pagamento da dívida através de maiores concessões à oligarquia monopolista-financeira contraria frontalmente os interesses das massas trabalhadoras e populares. Simbolicamente, esta disjuntiva aparece na decisão de aumentar a taxa de juros, velho e surrado método de “combater a inflação”, que vem dos imemoriais e tristes tempos de Pedro Malan, ministro da Fazenda de FHC, e chegou à nefasta gestão da dupla Antônio Palocci-Henrique Meirelles na era Lula. A Comissão Politica firmou posição unânime contra essa orientação: “O PCdoB está em oposição a essa política”, sintetizou o presidente Renato Rabelo.
Aparece ainda na postura governamental em face da batalha pelo aumento do salário mínimo. A equipe econômica fechou-se em copas em torno de uma estreita faixa entre 540 e 545 reais. As centrais sindicais, inclusive a governista e petista CUT, e a CTB, onde protagonizam os sindicalistas do PCdoB, do PSB e os independentes, insistem nos 580 reais. Não é uma briga de torcidas, mas um conflito distributivo, em última instância, de classe. Argumenta-se que não se pode aumentar o salário mínimo para não incrementar o déficit público e o da Previdência, mas fazem-se cedências fiscais, financeiras e de todo tipo à grande burguesia e ao capital estrangeiro. No mínimo, pavimenta-se o caminho para a recessão, ou para um crescimento medíocre, como assinalaram vários dirigentes comunistas.

Reformas estruturais democráticas

A outra pergunta que não calou, não quer e não vai calar é se o Brasil vai ou não vai avançar na realização das reformas estruturais democráticas.
Chama a atenção que, sem exceção, os dirigentes partidários que têm responsabilidades de governo, parlamentares, representantes no movimento social e autoridades partidárias internas foram unânimes em constatar que a realização de reformas estruturais não está no escopo dos debates no parlamento, nos ministérios e na orientação geral do governo. Está no horizonte dos comunistas, de alguns dirigentes e parlamentares de outros partidos de esquerda e do movimento social, mas não no do partido hegemônico nem do governo.
E, no entanto, nada é mais necessário para o Brasil avançar no rumo da democracia, da soberania nacional e da edificação de uma sociedade socialmente justa do que a realização das reformas estruturais democráticas. Na convicção dos comunistas, esta necessidade está posta, para não retroceder no tempo ao ponto de sermos qualificados como jurássicos, desde 1988, quando o saudoso camarada Amazonas disse no 7º Congresso que o Brasil vivia uma encruzilhada histórica, para cuja saída eram necessárias rupturas revolucionárias. A vida apresentou novidades, os dois governos Lula, o governo Dilma, a oportunidade histórica para promover tais avanços.
Para rememorar, as reformas democráticas são: reforma política democrática; reforma agrária; reforma urbana; reforma nos sistemas educacional e de saúde; reforma tributária e democratização dos meios de comunicação. Sua realização não virá por geração espontânea, nem será fruto apenas da ação governamental. Depende muito da luta do povo, dos movimentos sociais, dos partidos de esquerda.

Frente política e social

Por isso avulta, com maior importância do que antes, a questão de construir o sujeito político que assumirá a liderança de mudanças desta envergadura.
Esta construção tem dois elos indissoluvelmente ligados: uma frente política e social, com base popular, constituição ampla e política de esquerda, o que significa uma plataforma anti-imperialista, popular e democrática. O esquema que tem funcionado até aqui – hegemonia do campo majoritário petista numa coalizão fluida em que pontificam até partidos de centro-direita – tem-se revelado insuficiente para promover e realizar transformações estruturais na sociedade.
Construir um sujeito político com as características de frente política e social, de movimento democrático-popular anti-imperialista é tarefa de enorme envergadura, de largo fôlego e prazo dilatado, para cujo êxito seria necessário empenhar esforços desde já. Não há modelos nacionais nem estrangeiros a seguir. O próprio curso da luta definirá suas formas. Mas é preciso dar os primeiros passos nessa direção.

Partido Comunista

Do ponto de vista dos comunistas, apresenta-se a tarefa de fortalecer o partido. É progressiva, embora lenta, a acumulação de forças do partido comunista, inclusive no plano eleitoral e institucional. O PCdoB detém cerca de três por cento dos votos nacionais proporcionais, elegeu uma bancada de 15 deputados federais e dois senadores e tem diminuta presença no governo nacional, circunscrita ao Ministério do Esporte. Nos estados e municípios conta com duas dezenas de deputados estaduais, cerca de 600 vereadores, uns 40 prefeitos, entre estes um de capital, e participa em secretarias estaduais e municipais em alguns governos locais. Cartorialmente, o partido tem, segundo dados da Justiça Eleitoral algo em torno de 280 mil filiados. É preciso um censo apurado para aferir quantos militantes somos.
Os principais desafios continuam sendo os do crescimento das fileiras e da influência política e eleitoral. Preparar o partido para os embates de 2012 é tarefa indispensável a que as direções em todos os níveis devem dedicar boa parte das suas atenções.
Mas seria incomprensão e desvio de rumo pretender enfrentar o desafio eleitoral dissociado do esforço para enraizar o partido nas massas, manter-se na linha de frente das lutas do povo, melhorar a composição social das fileiras partidárias, estruturá-las pela base , defender a identidade comunista e a unidade em torno do programa, formar militantes e quadros comunistas, construir um sistema de comunicação para atingir amplos setores e fortalecer ideologicamente o partido.
Numa época em que predomina a contrarrevolução, é tarefa precípua da direção sustentar a bandeira comunista do partido, porquanto em tal ambiente são fortes as tendências liquidacionistas e os fatores de degeneração. Em qualquer situação histórica, sob o capitalismo e o imperialismo, a luta pelo socialismo não prescinde da existência do partido comunista, que é a expressão mais elevada da independência política e organizativa das classes trabalhadoras. É nesse sentido que é correto afirmar que a questão organizativa é antes de tudo uma questão política. Não pode servir como frase de efeito nem rota de fuga para contornar a realização das complexas e duras tarefas de organização e da luta ideológica, que pressupõem antes de tudo clareza no diagnóstico dos problemas, frontalidade e métodos adequados.
A construção do PCdoB não começou na década passada. A acumulação de forças de que resulta o partido atual faz parte de uma época histórica iniciada pelo menos desde a refundação partidária em 1962 e que ingressou numa fase peculiar em 1985, com a legalização. Os comunistas são criativos, inovadores, capazes de se atualizar e se pôr à altura dos desafios políticos, ideológicos e orgânicos contemporâneos. Não se perdem na reiteração de dogmas, não se pretendem uma seita, mas tampouco se propõem reinventar a roda ou redescobrir o caminho marítimo para as Índias.
O Partido tem uma missão histórica a cumprir, relacionada com a sua natureza de classe e os objetivos dos trabalhadores: a revolução e a construção do socialismo. Com discernimento relativamente às peculiaridades da época, não perde de vista a necessidade de soerguer o exército político de massas da luta política e social. Uma tarefa complexa, que requer ciência e pertinácia, ousadia e paciência histórica, que só se realiza por um grande coletivo, teórica, política e ideologicamente preparado.
É esse o sentido do combate às deficiências, ao esmaecimento da identidade, à diluição organizativa, ao debilitamento da unidade, à subordinação do coletivo a interesses e motivações de indivíduos isolados e grupos.
A luta do povo brasileiro tem muito a ganhar com as perspectivas abertas pela última reunião da Comissão Política do PCdoB.

*Secretário nacional de Comunicação do PCdoB