sexta-feira, 30 de abril de 2010

Dia do Trabalhador: PCdoB quer redução da jornada

A redução da jornada de trabalho que está esperando pela aprovação na Câmara dos Deputados é a mesma reivindicação que deu origem ao Dia do Trabalhador - 1° de Maio. A coincidência foi lembrada pelo deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) no discurso que fez nesta quarta-feira (28) para homenagear os trabalhadores.


Câmara dos Deputados



“Há exatos 124 anos o movimento sindical pedia que a jornada se reduzisse para 48 horas na semana. Hoje, após mudanças radicais na organização do trabalho, nos enormes e revolucionários avanços tecnológicos, nós ainda estamos aqui buscando o convencimento de muitos para reduzir a jornada para 40 horas semanais”, lembrou o parlamentar.



No dia 1° de Maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, chegou ao ápice o movimento reivindicatório que preconizava a redução da jornada para 48 horas semanais. Foram 5 mil greves deflagradas naquele ano, com forte reação da polícia contra os operários, assassinando dezenas de trabalhadores. “Hábito comum do empresariado norte-americano daquela época, que fazia o empregado pagar com a vida pela ousadia de protestar”, destaca Daniel Almeida.



O movimento sindical classista colocou esta bandeira no centro da luta neste ano e no Dia do Trabalhador, sábado, esta bandeira será levantada com força nos atos e manifestações que marcarão o 1° de Maio.



“Nós, do PCd0B, defendemos esta proposta e eu, particularmente, quero conclamar esta Casa para dar esta resposta positiva aos trabalhadores brasileiros. Gostaria que fosse possível fazer isso nesse 1o de Maio, mas como não é possível, que façamos o compromisso de concluir este debate ainda este ano, superando esta etapa importante da transformação da condição servil do trabalho para um patamar de prazer e construção de cidadania.”



História de criança



O deputado contou a historinha que circula pela internet de uma criança que teria perguntado ao pai quanto era o seu salário e quantas horas ele trabalhava por mês. Após obter as respostas, fazer uma conta e encontrar o valor de R$25,00 pela hora trabalhada, ele entrega ao pai duas notas de R$10,00 e uma outra nota de R$5,00. O pai, espantado, pergunta o que significa aquele valor. E o filho, na inocência que só os pequenos conseguem transmitir, diz que gostaria de comprar uma hora do dia de seu pai para que ficasse com ele.



Para o parlamentar, essa historinha de internet pode não ser literalmente verdadeira, mas quantos não são os filhos, esposas e esposos que esperam por mais tempo com seus pais e cônjuges? Quantas não são as crianças que esperam por seus pais no final de semana para brincar no parque, ir à praia, ir ao shopping, ao cinema, ao teatro e no domingo, único dia de folga, o encontra cansado e sem disposição para estas atividades?



A redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, defendida pelo deputado, representa “a expectativa de todos quanto ao dia em que o trabalhador não viverá apenas para reproduzir a força de trabalho, mas terá tempo para se dedicar à família, ao lazer, ao esporte e à formação pessoal.”



Discurso revolucionário



Ao concluir seu discurso, o parlamentar comunista reproduziu o trecho de um texto de autoria dos mártires da luta dos trabalhadores em todo o mundo, condenados à forca em Chicago, em 1886, em julgamentos temerários: Georg Engel, 50 anos, tipógrafo; Adolf Fischer, 30 anos, jornalista; Albert Parsons, 39 anos, jornalista; Hessois Auguste Spies, 31 anos, jornalista e Louis Linng, 22 anos, carpinteiro:



“Um dia de rebelião, não de descanso! Um dia não ordenado pelos indignos porta-vozes das instituições, que trazem os trabalhadores encadeados! Um dia no qual o trabalhador faça suas próprias leis e tenha o poder de executá-las! Tudo sem o consentimento nem a aprovação dos que oprimem e governam. Um dia no qual com tremenda força o exército unido dos trabalhadores se mobilize contra os que hoje dominam o destino dos povos de todas as nações. Um dia de protesto contra a opressão e a tirania, contra a ignorância e as guerras de todo tipo. Um dia para começar a desfrutar de oito horas de trabalho, oito horas de descanso e oito horas para o que nos der gana.”



A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) também falou sobre o Dia do Trabalhador, somando às reivindicações da redução da jornada de trabalho outras demandas do trabalhador. Ela lembrou que 31% dos trabalhadores no Brasil não têm cobertura previdenciária e que os acidentes de trabalho atingiram 757 mil trabalhadores, matando 700 mortos e deixando mil com incapacidade permanente.



Para os dois parlamentares, há também motivos para comemoração. Superados os obstáculos impostos pela política neoliberal do dois governos de Fernando Henrique Cardoso, existe hoje uma política de valorização do salário mínimo, o que permitiu que, de um salário mínimo de 78 dólares no último ano do governo de Fernando Henrique, nós chegássemos a este ano com um salário mínimo valendo 237 dólares.



“Tivemos a retomada do crescimento econômico, que serve, sobretudo, aos trabalhadores e aos empresários que querem construir a riqueza”, destacou Jô Moraes, lembrando ainda o reconhecimento das centrais sindicas como outros motivos de celebração dos trabalhadores.



De Brasília

Márcia Xavier

Chico Buarque declara voto em Dilma e sugere a “meu caro amigo”: “Volta, que as coisas estão melhorando!”

Chico Buarque concede poucas entrevistas. A mais recente se deu em Paris, para a revista “Brazuca”. Em tom descontraído, o cantor, compositor e escritor afirmou que irá votar em Dilma Rousseff, disse esperar viver até os 95 anos e, ao se referir ao velho amigo de uma de suas mais famosas canções, sugeriu que agora ele pode voltar ao Brasil, pois “as coisas estão melhorando”.




Leia abaixo a íntegra da entrevista:



“Se tiver bola, eu dou a entrevista”. Essa foi a única exigência do nosso companheiro de pelada, Chico Buarque, numa caminhada entre o metrô e o campo. Uma bola. E eu acabara de informar que o dono da redonda não viria à pelada de quarta-feira. Éramos dez amantes do futebol, órfãos.



Sem saber se esse era um gol de letra dele para fugir da solicitação de seus parceiros jornalistas, ou uma última esperança, em forma de pressão, de não perder a religiosa partida, eu, que não creio, olhei para o céu e pedi a Deus: uma pelota!



Nada de enigma, oferenda ou golpe de Estado. Ele estava ali, o cálice sagrado da cultura brasileira, que sucumbiu ao ver não uma, mas duas bolas chegarem à quadra pelas mãos de Mauro Cardoso, mais conhecido como Ganso. A partir daí, nada mais alterou o meu ânimo e o da minha dupla de ataque-entrevista, Daniel Cariello. Apesar de termos jogado no time adversário do ilustre entrevistado, tomado duas goleadas consecutivas de 10 x 6 e 10 x 1, tínhamos a certeza de que ele não iria trair dois dos principais craques do Paristheama, e sua palavra seria honrada.



Mas o desafio maior não era convencer o camisa 10 do time bordeaux-mostarda parisiense a ceder duas horas de sua tarde ensolarada de sábado. O que você perguntaria ao artista ícone da resistência à ditadura, parceiro de Tom Jobim, Vinicius de Morais e Caetano Veloso, escritor dos best sellers “Estorvo”, “Benjamin”, “Budapeste” e “Leite Derramado”, autor de “A banda”, “Essa moça tá diferente”, “O que será”, “Construção” e da canção de amor mais triste jamais escrita, “Pedaço de mim”?



Admirado e amado por todas as idades, estudado por universitários, defendido por Chicólatras, oráculo no Facebook, onipresente nas manifestações artísticas brasileiras – sua modéstia diria “isso é um exagero”, mas sabemos que não é –, sua reação imediata ao ser comparado a Deus foi “em primeiro lugar, não acredito em Deus. Em segundo, não acredito em mim. Essa é a única coisa que pode nos ligar. Então, pra começo de conversa, vamos tirar Deus da mesa e seguir em frente”.



Enfim, ainda não creio que entrevistamos Deus, quase sem falar de Deus. Mas foi com ele mesmo que aprendi uma lição, talvez um mandamento: acreditar em coisas inacreditáveis.



Você assume que não acredita em Deus, mas existem trechos nas suas músicas como “dias iguais, avareza de Deus” ou “eu, que não creio, peço a Deus”. No Brasil, é complicado não acreditar em Deus?

Eu não tenho crença. Eu fui criado na Igreja Católica, fui educado em colégio de padre. Eu simplesmente perdi a fé. Mas não faço disso uma bandeira. Eu sou ateu como o meu tipo sanguíneo é esse.

Hoje há uma volta de certos valores religiosos muito forte, acho que no mundo inteiro. O que é perigoso quando passa para posições integristas e dá lugar ao fanatismo. O Brasil talvez seja o pais mais católico do mundo, mas isso é um pouco de fachada. Conheço muitos católicos que vão à umbanda, fazem despacho. E fica essa coisa de Deus, que entra no vocabulário mais recente, que me incomoda um pouquinho. Essa coisa de “vai com Deus”, “fica com Deus”. Escuta, eu não posso ir com o diabo que me carregue? (Risos). Tem até um samba que fala algo como “é Deus pra lá, Deus pra cá – e canta – Deus já está de saco cheio” (risos).



Você já foi em umbanda, candomblé, algo do tipo?

Já, eu sou muito curioso. A mulher jogou umas pipocas na minha cabeça, sangue, disse que eu estava cheio de encosto. Eu fui porque me falaram “vai lá que vai ser bom”. Passei também por espíritas mais ortodoxos, do tipo que encarnava um médico que me receitou um remédio para o aparelho digestivo. Aí eu fui procurar o remédio e ele não existia mais. O remédio era do tempo do médico que ele encarnava (risos).



Já tive também um bruxo de confiança, que fez coisas incríveis. Aquela música do Caetano dizia isso muito bem, “quem é ateu, e viu milagres como eu, sabe que os deuses sem Deus não cessam de brotar.” Eu vi cirurgias com gilete suja, sem a menor assepsia, e a pessoa saía curada. Estava com o joelho ferrado e saía andando. Eu fui anestesista dessa cirurgia. A anestesia era a música. O próprio Tom Jobim tocava durante as cirurgias. Eu toquei para uma dançarina que estava com problema no joelho. Ela tinha uma estreia, mas o ortopedista disse “você rompeu o menisco”. Ela estreou na semana seguinte, e na primeira fila estavam o ortopedista e o bruxo (risos).



Uma vez, estava com um problema e fui ao médico. Ele me tocou e não viu nada. Aí eu disse “olha, meu bruxo, meu feiticeiro, quando ele apertava aqui, doía”. Ele começou a dizer “mas essa coisa de feitiçaria…” e atrás dele tinha um crucifixo com o Cristo. Daí eu perguntei “como você duvida da feitiçaria, mas acredita na ressurreição de Cristo?”. Eu acho isso uma incongruência. Gosto de acreditar um pouco nisso, um pouco naquilo, porque eu vejo coisas inacreditáveis. Eu não acredito em Deus, acredito que há coisas inacreditáveis.



De vez em quando você dá uma escapada do Brasil e vem a Paris. Isso te permite respirar?

Muito mais. Eu aqui não tenho preocupação nenhuma, tomo uma distância do Brasil que me faz bem. Fico menos envolvido com coisas pequenas que acabam tomando todo o meu tempo. Aqui, eu leio o Le Monde todos os dias, e fico sabendo de questões como o Cáucaso, os enclaves da antiga União Soviética, que no Brasil passam muito batidos. O Brasil, nesse sentido, é muito provinciano, eu acho que o noticiário é cada vez mais local.



Meu pai, que era um crítico literário e jornalista, foi morar em Berlim no começo dos anos trinta. Foi lá, onde teve uma visão de historiador, de fora do país, que ele começou a escrever Raízes do Brasil, que se tornou um clássico. A possibilidade de ter esse trânsito, de ir e voltar, eu acho boa. É como você mudar de óculos, um para ver de longe e outro para ver de perto.



Nesse seu vai e vem Brasil-França, o que você traria do Brasil para a França, e vice-versa?

Eu traria pra cá um pouquinho da bagunça, da desordem. Os nossos defeitos, que acabam sendo também nossas qualidades. O tratamento informal, que gera tanta sujeira, ao mesmo tempo é uma coisa bonita de se ver. Você tem uma camaradagem com um sujeito que você não conhece. Aqui existe uma distância, uma impessoalidade que me incomoda.

Para o Brasil, eu gostaria de levar também um pouco dessa impessoalidade. Da seriedade, principalmente para as pessoas que tratam da coisa pública. Não que não exista corrupção na França.



Outra coisa que eu levaria pra lá é o sentimento de solidariedade, que existe entre os brasileiros que moram fora. Isso eu conheci no tempo que eu morava fora, e vejo muito aqui através das pessoas com as quais convivo. Eles se juntam. Como se dizia, “o brasileiro só se junta na prisão”. Os brasileiros também se juntam no exílio, na diáspora.



Falando em exílio, tem uma história curiosa de Essa moça tá diferente, a sua música mais conhecida na França.

É. A coisa de trabalho (N.R.: na Itália, onde Chico estava em exílio político, em 1968) estava só piorando e o que me salvou foi uma gravadora, a Polygram, pois minha antiga se desinteressou. A Polygram me contratou e me deu um adiantamento. E consegui ficar na Itália um pouco melhor. Mas eu tinha que gravar o disco lá. Eu gravei tudo num gravador pequenininho. Um produtor pegou essas músicas e levou para o Brasil, onde o César Camargo Mariano escreveu os arranjos. Esses arranjos chegaram de volta na Itália e eu botei minha voz em cima, sem que falasse com o César Camargo. Falar por telefone era muito complicado e caro. Então foi feito assim o disco. É um disco complicado esse.



Você acabou de citar o Le Monde. Para nós, que trabalhamos com comunicação, sempre existiu uma crítica pesada contra os veículos de massa no Brasil. Você acha que existe um plano cruel para imbecilizar o brasileiro?

Não, não acredito em nenhuma teoria conspiratória e nem sou paranoico. Agora, aí é a questão do ovo e da galinha. Você não sabe exatamente. Os meios de comunicação vão dizer que a culpa é da população, que quer ver esses programas. Bom, a TV Globo está instalada no Brasil desde os anos 60. O fato de a Globo ser tão poderosa, isso sim eu acho nocivo. Não se trata de monopólio, não estou querendo que fechem a Globo. E a Globo levanta essa possibilidade comparando o governo Lula ao governo Chavez. Esse exagero.



Você acha que a mídia ataca o Lula injustamente?

Nem sempre é injusto, não há uma caça às bruxas. Mas há uma má vontade com o governo Lula que não existia no governo anterior.



E o que você acha da entrevista recente do Caetano Veloso, onde ele falou mal do Lula e depois acabou sendo desautorizado pela própria mãe?

Nossas mães são muito mais lulistas que nós mesmos. Mas não sou do PT, nunca fui ligado ao PT. Ligado de certa forma, sim, pois conheço o Lula mesmo antes de existir o PT, na época do movimento metalúrgico, das primeiras greves. Naquela época, nós tínhamos uma participação política muito mais firme e necessária do que hoje. Eu confesso, vou votar na Dilma porque é a candidata do Lula e eu gosto do Lula. Mas, a Dilma ou o Serra, não haveria muita diferença.



O que você tem escutado?

Eu raramente paro para ouvir música. Já estou impregnado de tanta música que eu acho que não entra mais nada. Na verdade, quando estou doente eu ouço. Inclusive ouvi o disco do Terça Feira Trio, do Fernando do Cavaco, e gostei. Nunca tinha visto ou ouvido formação assim. Tem ao mesmo tempo muita delicadeza e senso de humor.



A música francesa te influenciou de alguma maneira?

Eu ouvi muito. Nos anos 50, quando comecei a ouvir muita música, as rádios tocavam de tudo. Muita música brasileira, americana, francesa, italiana, boleros latino americanos. Minha mãe tinha loucura por Edith Piaf e não sei dizer se Piaf me influenciou. Mas ouvi muito, como ouvi Aznavour.

O que me tocou muito foi Jacques Brel. Eu tinha uma tia que morou a vida inteira em Paris. Ela me mandou um disquinho azul, um compacto duplo com Ne me quitte pas, La valse à mille temps, quatro canções. E eu ouvia aquilo adoidado. Foi pouco antes da bossa nova, que me conquistou para a música e me fez tocar violão. As letras dele ficaram marcadas para mim.



Eu encontrei o Jacques Brel depois, no Brasil. Estava gravando Carolina e ele apareceu no estúdio, junto com meu editor. Eu fiquei meio besta, não acreditei que era ele. Aí eu fui falar pra ele essa história, que eu o conhecia desde aquele disco. Ele disse “é, faz muito tempo”. Isso deve ter sido 1955 ou 56, esse disquinho dele. Eu o encontrei em 67. Depois, muito mais tarde, eu assisti a L’homme de la mancha, e um dia ele estava no café em frente ao teatro. Eu o vi sentado, olhei pra ele, ele olhou pra mim, mas fiquei sem saber se ele tinha olhado estranhamente ou se me reconheceu. Fiquei sem graça, pois não o queria chatear. Ele estava ali sozinho, não queria aborrecer. Mas ele foi uma figuraça. Eu gostava muito das canções dele. Conhecia todas.



Falando de encontros geniais, você tem uma foto com o Bob Marley. Como foi essa história?

Foi futebol. Ele foi ao Brasil quando uma gravadora chamada Ariola se estabeleceu lá e contratou uma porção de artistas brasileiros, inclusive eu, e deram uma festa de fundação. O Bob Marley foi lá. Não me lembro se houve show, não me lembro de nada. Só lembro desse futebol. Eu já tinha um campinho e disseram “vamos fazer algo lá para a gravadora”. Bater uma bola, fazer um churrasco, o Bob Marley queria jogar. E jogamos, armamos um time de brasileiros e ele com os músicos. Corriam à beça.



Vocês fumaram um baseado juntos?

Não. Dessa vez eu não fumei.



E essa sua migração para escritor, isso é encarado como um momento da sua vida, já era um objetivo?

Isso não é atual. De vinte anos pra cá eu escrevi quatro romances e não deixei de fazer música. Tenho conseguido alternar os dois fazeres, sem que um interfira no outro.



Eu comecei a tentar escrever o meu primeiro livro porque vinha de um ano de seca. Eu não fazia música, tive a impressão que não iria mais fazer, então vamos tentar outra coisa. E foi bom, de alguma forma me alimentou. Eu terminei o livro e fiquei com vontade de voltar à musica. Fiquei com tesão, e o disco seguinte era todo uma declaração de amor à música. Começava com Paratodos, que é uma homenagem à minha genealogia musical. E tinha aquele samba (cantarola) “pensou, que eu não vinha mais, pensou”. Eu voltei pra música, era uma alegria. Agora que terminei de escrever um livro já faz um ano, minha vontade é de escrever música. Demora, é complicado. Porque você não sai de um e vai direto para outro. Você meio que esquece, tem um tempo de aprendizado e um tempo de desaprendizado, para a música não ficar contaminada pela literatura. Então eu reaprendo a tocar violão, praticamente. Eu fiquei um tempão sem tocar, mas isso é bom. Quando vem, vem fresco. É uma continuação do que estava fazendo antes. Isso é bom para as duas coisas. Para a literatura e para a música.



Tanto em "Estorvo" quanto em "Leite derramado" o leitor tem uma certa dificuldade em separar o real do imaginário. Você, como seus personagens, derrapa entre essas duas realidades?

Eu? O tempo todo, agora mesmo eu não sei se você esta aí ou se eu estou te imaginando (gargalhadas).



Completamente. Eu fico vivendo aquele personagem o tempo todo. Entrando no pensamento dele. Adquiro coisas dele. Você pode discordar, mas chega uma hora que tem que criar uma empatia ou uma simpatia. Você cria uma identificação. E alguma coisa no gene é roubado mesmo de mim, algumas situações, um certo desconforto, não saber bem se você é real, se você está vivendo ou sonhando aquilo. Por exemplo, agora que ganhamos de 10 a 1 (referência à pelada que jogamos três dias antes), eu saí da quadra e falei: “acho que eu sonhei. Não é possível que tenha acontecido” (risos).



Você é fanático por futebol?

Não sou fanático por nada. Mas eu tenho muito prazer em jogar futebol. Em assistir ao bom futebol, independentemente de ser o meu time. Quando é o meu time jogando bem, é melhor ainda, pois eu consigo torcer. Agora mesmo, no Brasil, tinha os jogos do Santos.



Mas eu vou menos aos estádios. Eu não me incomodo de andar na rua, mas quando você vai a alguns lugares, tem que estar com o cabelo penteado, tem que estar preparado para dar entrevistas. Aqui, eu estou dando a minha última (risos). Aqui, é exclusiva. Fiz pra Brazuca e mais ninguém. Eu quero ver o pessoal jogar bola. Então eu vejo na televisão. E quando não estou escrevendo, aí eu vejo bastante.



É verdade que um dia o Pelé ligou na sua casa, lamentando os escândalos políticos no Brasil, e disse “é, Chico, como diz aquela música sua: ‘se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão’”?

É verdade (risos). Eu falei “legal, Pelé, mas essa música não é minha”. O Pelé é uma grande figura. Nós gravamos um programa juntos. Brincamos muito. Conheci o Pelé quando eu fazia televisão em São Paulo, na TV Record, e me mudei para o Rio. Os artistas eram hospedados no Hotel Danúbio, em São Paulo. O mesmo onde o Santos se concentrava. Então, eu conheci o Pelé no hotel. E sempre que a gente se encontra é igual, porque eu só quero falar de futebol e ele só quer saber de música. Ele adora fazer música, adora cantar, adora compor. Por ele, o Pelé seria compositor.



E você, trocaria o seu passado de compositor por um de jogador?

Trocaria, mas por um bom jogador, que pudesse participar da Copa do Mundo. Um pacote completo. Um jogador mais ou menos, aí não.



Você ainda pretende pendurar as chuteiras aos 78 anos, como afirmou?

Não. Já prorroguei. Tava muito cedo. Agora, eu deixei em aberto. Podendo, vou até os 95 (risos).



O Niemeyer está com 102 anos e continua trabalhando. Aliás, não só trabalhando como ainda continua com uma grande fama de tarado (risos).

Ele me falou isso. Eu fui à festa dele de 90 anos e ele me disse: “o importante é trabalhar e ó (fez sinal com a mão, referente a transar)”. Aí eu falei “é mesmo?” e ele respondeu “é mesmo”.



Falando nisso, o Vinícius foi casado nove vezes. Você acha a paixão essencial para a criação?

Sem dúvida. Quando a gente começa – isso é um caso pessoal, não dá pra generalizar – faz música um pouco para arranjar mulher. E hoje em dia você inventa amor para fazer música. Se não tiver uma paixão, você inventa uma, para a partir daí ficar eufórico, ou sofrer. Aí o Vinícius disse muito bem, né? “É melhor ser alegre que ser triste… mas pra fazer um samba com beleza, é preciso um bocado de tristeza, é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não”.

Quando eu falo que você inventa amores, você também sofre por eles. “E a moça da farmácia? Ela foi embora! Elle est partie en vacances, monsieur!”. E você não vai vê-la nunca mais. Dá uma solidão. Eu estou fazendo uma caricatura, mas essas coisas acontecem. Você se encanta com uma pessoa que você viu na televisão, daí você cria uma história e você sofre. E fica feliz e escreve músicas.



Pra finalizar. Se você fosse escrever uma carta para o seu caro amigo hoje, o que você diria?

Volta, que as coisas estão melhorando!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Com programa ousado de TV, PCdoB propõe mais avanços para o país

O PCdoB levou ao ar nesta quinta-feira, 22, um programa partidário ousado, palpitante, otimista e de forte conteúdo político. Ao longo de dez minutos, os comunistas falam de sua participação no governo Lula, no Parlamento e de sua visão avançada sobre o país, baseada num novo projeto nacional de desenvolvimento, um dos principais pontos de seu Programa Socialista. A propaganda já está disponível para ser vista pela internet e as inserções de 30 segundo seguem sendo exibidas nos dias 24 e 27.



Com o mote “O Partido do Socialismo; uma forma moderna e mais justa de governar” e especialmente voltado para a classe trabalhadora, o programa começa fazendo menção ao homem da terra e à realidade de milhões de brasileiros do interior que, assim como o presidente Lula, lutam por uma vida mais digna e plena de direitos.

Em seguida, o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA), fala sobre a ascensão do partido. “O PCdoB cresce porque entende o que o brasileiro precisa e o que você quer”. Depois, Raimunda Leone, diretora do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, discorre sobre a presença dos comunistas nos movimentos sociais.




A líder do PCdoB na Câmara, deputada Vanessa Grazziotin, trata da participação parlamentar do PCdoB. Jandira Feghali, secretária de Cultura da cidade do Rio de Janeiro, aborda a atuação no Poder Executivo. "São mulheres e homens que assumem grandes desafios e governam com honestidade, competência e afeto com sua gente”.



Orlando Silva Jr., ministro do Esporte, comenta a atuação do partido na pasta desde o começo do governo Lula. "Conquistamos vitórias importantes para os brasileiros e o Brasil". E completou: “criamos o Segundo Tempo para colocar um milhão de jovens praticando esportes nas escolhas”. Sobre a Copa de 2014 e Olimpíada de 2016, disse que “com essas vitórias, o Brasil ganha muito mais do que você pode imaginar".



O deputado federal Flávio Dino (PCdoB-MA), discorre sobre a modernização do sistema de saúde, a qualificação da educação, a construção de estradas e ferrovias e melhoria do transporte nas grandes cidades. "O Brasil ainda tem muitos desafios pela frente para ser uma nação justa. Por isso, o PCdoB apresenta um novo projeto nacional de desenvolvimento". Em seguida, são mostradas as seis reformas democráticas propostas pelo PCdoB como parte desse projeto: as reformas política, dos meios de comunicação, da educação, tributária, agrária e urbana.



Em seguida, são mostradas as participações que o PCdoB teve nas mais diversas lutas democráticas brasileiras ao longo de seus 88 anos.



Manuela D’Ávila, deputada pelo PCdoB-RS, fala sobre o respeito internacional adquirido pelo Brasil. "Não abrimos mão da soberania e da integração com outros países, principalmente os da América Latina, que, como o Brasil, querem ser mais independentes e fortes".



O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, coloca que "o governo do presidente Lula foi o começo, o ponto de partida" para um novo futuro de bases socialistas. "O Brasil tem papel fundamental na América Latina e no mundo, mas precisa resolver, de uma vez por todas, as desigualdades sociais que ainda existem. O país não pode andar para trás, tem que ir em frente sempre".



O programa é finalizado em um bar, onde Netinho de Paula e Leci Brandão conversam sobre os diferentes estilos de música no Brasil, comparando tal diversidade com a que marca também a política nacional.



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A mídia não comenta, mas Cuba realiza eleições neste domingo

Para algumas pessoas no mundo deve ter soado um pouco estranho o anúncio do Conselho de Estado da República de Cuba de que no domingo 25 de Abril se efetuarão as eleições para delegados às 169 Assembleias Municipais do Poder Popular.

Por Juan Marrero, em Cuba Debate


Isso é perfeitamente compreensível, pois um dos componentes principais da guerra mediática contra a revolução cubana tem sido negar, escamotear ou silenciar a realização de eleições democráticas: as parciais, a cada dois anos e meio, para eleger delegados do conselho, e as gerais, a cada cinco, para eleger os deputados nacionais e integrantes das assembleias provinciais.



Cuba entra no seu décimo terceiro processo eleitoral desde 1976 com a participação entusiasta e responsável de todos os cidadãos com mais de 16 anos de idade. Nesta ocasião, são eleições parciais.



Com a tergiversação, a desinformação e a exclusão das eleições em Cuba da agenda informativa de cada um, os donos dos grandes meios de comunicação tentaram afiançar a sua sinistra mensagem de que os dirigentes em Cuba, a diferentes níveis, não são eleitos pelo povo.



Isso apesar de, felizmente, nos últimos anos, sobretudo depois da irrupção da internet, os controles midiáticos terem começado a se quebrar aceleradamente, e a verdade sobre a realidade de Cuba, nas eleições e noutros acontecimentos e temas, ter vindo à tona.



Não dar informação sobre as eleições em Cuba, nem da sua obra na saúde, educação, segurança social e outros temas, decorre de que os poderosos do mundo do capital temem a propagação do seu exemplo, à medida que vai ficando completamente clara a ficção de democracia e liberdade que durante séculos se vendeu ao mundo.



Apreciamos, no entanto, que o implacável passar do tempo é adverso aos que tecem muros de silêncio. Mesmo que ainda andem por aí alguns comentadores tarefeiros ou políticos defensores de interesses alheios ou adversos aos povos e que continuam a afirmar que “sob a ditadura dos Castro em Cuba não há democracia, nem liberdade, nem eleições”. Trata-se de uma ideia repetida frequentemente para honrar aquele pensamento de um ideólogo do nazismo, segundo o qual uma mentira repetida mil vezes poderia converter-se numa verdade.



À luz das eleições convocadas para o próximo dia 25 de Abril, quero apenas dizer-vos neste artigo, dentro da maior brevidade possível, quatro marcas do processo eleitoral em Cuba, ainda suscetíveis de aperfeiçoamento, que marcam substanciais diferenças com os mecanismos existentes para a celebração de eleições nas chamadas “democracias representativas”. Esses aspectos são: 1) Registo Eleitoral; 2) Assembleias de Nomeação de Candidatos a Delegados; 3) Propaganda Eleitoral; e 4) A votação e o escrutínio.



O Registro Eleitoral é automático, universal, gratuito e público. Ao nascer um cubano, ele não só tem direito a receber educação e saúde gratuitamente, como também, quando chega aos 16 anos de idade, automaticamente é inscrito no Registro Eleitoral.



Por razões de sexo, religião, raça ou filosofia política, ninguém é excluído. Nem se pertencer aos corpos de defesa e segurança do país. A ninguém é cobrado um centavo por aparecer inscrito, e muito menos é submetido a asfixiantes trâmites burocráticos como a exigência de fotografias, selos ou carimbos, ou a tomada de impressões digitais. O Registro é público, é exposto em lugares de massiva afluência do povo em cada circunscrição.



Todo esse mecanismo público possibilita, desde o início do processo eleitoral, que cada cidadão com capacidade legal possa exercer o seu direito de eleger ou de ser eleito. E impede a possibilidade de fraude, o que é muito comum em países que se chamam democráticos. Em todo o lado a base para a fraude está, em primeiro lugar, naquela imensa maioria dos eleitores que não sabe quem tem direito a votar.



Isso só é conhecido por umas poucas maquinarias políticas. E, por isso, há mortos que votam várias vezes, ou, como acontece nos Estados Unidos, numerosos cidadãos não são incluídos nos registos porque alguma vez foram condenados pelos tribunais, apesar de terem cumprido as suas penas.



O que mais distingue e diferencia as eleições em Cuba de outras são as assembleias de nomeação de candidatos. Noutros países, a essência do sistema democrático é que os candidatos surjam dos partidos, da competição entre vários partidos e candidatos.



Isso não é assim em Cuba. Os candidatos não saem de nenhuma maquinaria política. O Partido Comunista de Cuba, força dirigente da sociedade e do Estado, não é uma organização com propósitos eleitorais. Nem apresenta, nem elege, nem revoga nenhum dos milhares de homens e mulheres que ocupam os cargos representativos do Estado cubano. Entre os seus fins nunca esteve nem estará ganhar lugares na Assembleia Nacional ou nas Assembleias Provinciais ou Municipais do Poder Popular.



Em cada um dos processos celebrados até à data foram propostos e eleitos numerosos militantes do Partido, porque os seus concidadãos os consideraram pessoas com méritos e aptidões, mas não devido à sua militância.



Os cubanos e as cubanas têm o privilégio de apresentar os seus candidatos com base nos seus méritos e capacidades, em assembleias de residentes em bairros, demarcações ou áreas nas cidades ou no campo. De braço no ar é feita a votação nessas assembleias, de onde resulta eleito aquele proposto que obtenha maior número de votos. Em cada circunscrição eleitoral há varias áreas de nomeação, e a Lei Eleitoral garante que pelo menos 2 candidatos, e até 8, possam ser os que aparecem nos boletins para a eleição de delegados do próximo dia 25 de Abril.



Outra marca do processo eleitoral em Cuba é a ausência de propaganda custosa e ruidosa, a mercantilização que está presente noutros países, onde há uma corrida para a obtenção de fundos ou para privilegiar uma ou outra empresa de relações públicas.



Nenhum dos candidatos apresentados em Cuba pode fazer propaganda a seu favor e, obviamente, nenhum necessita de ser rico ou de dispor de fundos ou ajuda financeira para se dar a conhecer. Nas praças e nas ruas não há ações a favor de nenhum candidato, nem manifestações, nem carros com alto-falantes, nem cartazes com as suas fotografias, nem promessas eleitorais; na rádio e na televisão também não; nem na imprensa escrita.



A única propaganda é executada pelas autoridades eleitorais e consiste na exposição em lugares públicos na área de residência dos eleitores da biografia e fotografia de cada um dos candidatos. Nenhum candidato é privilegiado sobre outro. Nas biografias são expostos méritos alcançados na vida social, a fim de que os eleitores possam ter elementos sobre condições pessoais, prestígio e capacidade para servir o povo de cada um dos candidatos e emitir livremente o seu voto pelo que considere o melhor.



A marca final que queremos comentar é a votação e o escrutínio público. Em Cuba não é obrigatório o voto. Como estabelece o Artigo 3 da Lei Eleitoral, é livre, igual e secreto, e cada eleitor tem direito a um só voto. Ninguém tem, pois, nada que temer se não for ao seu colégio eleitoral no dia das eleições ou se decidir entregar o seu boletim em branco ou anulá-lo. Não acontece como em muitos países onde o voto é obrigatório e as pessoas são compelidas a votarem para não serem multadas, ou serem levadas a tribunal ou até para não perderem o emprego.



Enquanto noutros países, incluindo os Estados Unidos, a essência radica em que a maioria não vote, em Cuba garante-se que quem o deseje possa fazê-lo. Nas eleições efetuadas em Cuba desde 1976 até à data de hoje, em média, 97% dos eleitores foram votar. Nas últimas três, votaram mais de 8 milhões de eleitores.



A contagem dos votos nas eleições cubanas é pública, e pode ser presenciada em cada colégio por todos os cidadãos que o desejem fazer, inclusive a imprensa nacional ou estrangeira. E, para além disso, os eleitos só o são se alcançam mais de 50% dos votos válidos emitidos, e eles prestam contas aos seus eleitores e podem ser revogados a qualquer momento do seu mandato.



Aspiro simplesmente a que, com estas marcas agora enunciadas, um leitor sem informação sobre a realidade cubana responda a algumas elementares perguntas, como as seguintes: onde há maior transparência eleitoral e maior liberdade e democracia? Onde se obtiveram melhores resultados eleitorais: em países com muitos partidos políticos, muitos candidatos, muita propaganda, ou na Cuba silenciada ou manipulada pelos grandes meios, monopolizados por um punhado de empresas e magnatas cada vez mais reduzido?



E aspiro, para além disso, a que pelo menos algum dia, cesse na grande imprensa o muro de silêncio que se levantou sobre as eleições em Cuba, tal como em outros temas como a obra na saúde pública e na educação, e isso possa ser fonte de conhecimento para outros povos que merecem um maior respeito e um futuro de mais liberdades e democracia.



Fonte: Cuba Debate



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Com a marcha do tempo e o espírito da época

Somente um Partido dotado de uma visão de mundo comunista, que luta pelo socialismo e defende os elevados valores da libertação da humanidade, sintonizado com a época e a realidade do país, é capaz de se apresentar com tamanhos otimismo, entusiasmo, alegria e descontração, sem perder a solidez e a consistência de sua proposta, como fez o Partido Comunista do Brasil em seu programa de televisão de ontem à noite.

José Reinaldo Carvalho*


A julgar pela imediata repercussão positiva, a direção partidária fica com a impressão de que a peça publicitária e política magnetizou a militância e os que seguem o Partido. Somente um Partido não dogmático, portador da dialética e de uma tática ampla, combativa e flexível, simultaneamente elástica e radical, é capaz de tal façanha.



O Programa de TV do PCdoB partiu da afirmação de uma identidade, cara e irrenunciável para os comunistas, identidade de partido de classe e popular, com objetivos históricos elevados. A cena inicial, singela, emotiva e instigante, faz a associação da trajetória sofrida e vitoriosa de vida do presidente da República, com a luta de quase um século dos comunistas e do povo brasileiros por direitos sociais, comida, educação, terra, trabalho, liberdade, independência. A cena carrega forte didatismo e está impregnada da pedagogia popular, pois é assim que o povo evolui e cresce, a partir das coisas simples, sofrendo dores pungentes, mas sem perder a esperança, sorteando obstáculos, travando lutas... e vencendo. O mérito da peça que apresentamos ontem ao Brasil consiste na visão de povo e de partido que transmitiu – simples e concreta, sem estereótipos nem escamoteações de sua natureza.



Em escassos dez minutos mostramos um Partido em crescimento, em movimento, em expansão. Os nossos representantes deram voz a milhares e milhares de comunistas que na vastidão do território nacional batem-se para construir uma organização forte e enraizada no povo.



A construção de uma nação forte, por um povo forte, no rumo do desenvolvimento e do socialismo percorreu cada segundo da peça publicitária.



Mostramos a nossa história – gloriosa, marcada de confrontos políticos e ao mesmo tempo construtiva, indissociável das conquistas atuais. Não escondemos os nossos propósitos. Revelamo-nos como o partido do socialismo, que consideramos – como não? – uma forma moderna de governar. Expusemos à nação a grande reivindicação da classe trabalhadora, síntese de tantas outras lutas – pela jornada de trabalho de 40 horas semanais – sobre a qual tripudia o grande patronato, entrincheirado em suas organizações corporativas, cego na defesa dos seus interesses de classe. Na voz de uma líder operária, o Partido apontou que está em todas as lutas e em todos os movimentos, a começar pelo da classe trabalhadora, mas não só – nas lutas populares, democráticas e patrióticas de todos os setores da sociedade.



Transmitimos, pela voz de nossas lideranças políticas – o presidente do Partido, deputados e o ministro - a mensagem da luta pelo desenvolvimento nacional soberano e independente, com a integração e a solidariedade com os países irmãos do continente latino-americano. De forma didática, nossos porta-vozes disseram que este novo projeto nacional de desenvolvimento faz parte da luta pela construção de um novo Brasil, o Brasil democrático, popular, soberano e socialista.



Por fim, expusemos com toda a clareza, o ponto de vista dos comunistas sobre a situação brasileira atual. Grandes conquistas, grandes desafios, grandes perspectivas.“O governo do presidente Lula avançou, mas foi um começo”, disse o presidente do PCdoB, camarada Renato Rabelo, que indicou a luta por novas mudanças, novos avanços, rumo às grandes realizações da nacionalidade e do povo brasileiro.



O Programa de TV apresentado ontem herda o que o nosso Partido tem de melhor em sua já longa trajetória de apresentação de semelhantes peças de publicidade política. E dá um gigantesco passo adiante no plano da estética.



Isto é fruto de uma justa orientação da direção coletiva do Partido e de um correto método de trabalho. A direção absorveu críticas, observações e proposições do Encontro Nacional de Comunicação realizado em fevereiro último, o que nos capacitou a imprimir uma acertada orientação política e ideológica combinada com a opção pelo profissionalismo e pela boa estética. Marchamos em par com o tempo, o espírito da época, a linha do Partido e o sentimento da militância.



Foi uma prova de fogo, a demonstração de que a comunicação do Partido, não sendo liberal nem oportunista, distancia-se anos-luz do dogmatismo e do sectarismo. Aliás, como toda a atividade do Partido.



Foi uma experiência nova, que nos esforçaremos para sistematizar, consolidar e desenvolver, que fruiu do profissionalismo, da criatividade, da arte, do engenho e da capacidade de realização de artistas, publicitários, técnicos e demais trabalhadores da comunicação.

Vencemos uma etapa. Agora, é hora de preparar o Partido para o grande embate eleitoral de 2010, no qual a Comunicação terá papel de destaque a desempenhar. E no qual conta com o empenho dos militantes, dos quadros e dos amigos.



*José Reinaldo Carvalho é Secretário Nacional de Comunicação do Partido Comunista do Brasil

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Campanha de Dilma planeja atrair adesão de quase 4 mil prefeitos

A ordem na campanha de Dilma Rousseff (PT) é atrair o maior número de prefeitos dos partidos aliados e transformá-los em cabos eleitorais. A estratégia é explorar um potencial de 3.904 administradores municipais que serão orientados a mostrar à população que as principais realizações do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tiveram o dedo da pré-candidata petista.

Além disso, o discurso pré-determinado prevê repassar ao eleitor a tese de que, vitorioso, o pré-candidato do PSDB, José Serra, acabará com as benfeitorias proporcionadas pelo dinheiro extra do Bolsa Família, a ligação elétrica do Luz para Todos e as obras de saneamento básico previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).




A mobilização ficará por conta do grupo de deputados da base aliada, coordenados pelo núcleo paulista de ex-presidentes da Câmara: Arlindo Chinaglia (PT-SP), Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP). “Queremos o engajamento de todos”, disse o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Esse grupo tem um braço no governo. O subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, Olavo Noleto Alves. É dele o mapa das prioridades em cada município.



A ideia dos parlamentares é explorar esses projetos fundamentais para arregimentar o exército de cabos eleitorais por meio de uma enorme rede de influência. A lógica mostra-se simples: um deputado federal precisa do apoio de prefeitos e vereadores de determinada cidade para aumentar o número de votos e ganhar a eleição. Essa aliança é cultivada ao longo dos quatro anos de mandato com a liberação de emendas parlamentares, utilizadas para construção de pequenas obras, como postos de saúde, escolinhas, cisternas etc. Esse dinheiro gera uma fatura a ser cobrada pelos deputados na hora da campanha. E os prefeitos pedirão votos para quem mais levantou recursos.



Essa rede de influência pode não apenas beneficiar Dilma, mas ela tem um potencial maior se conseguir trazer para sua campanha todos os 3.904 prefeitos eleitos pelos 11 partidos que se comprometeram a se engajar na campanha do PT no jantar da última segunda-feira — no total, o país tem 5.563 municípios. Em política, a matemática não é simples. Desse total de legendas, PSC, PTB, PP e PMN disseram que provavelmente darão apoio informal a petista, o que significa não haver consenso nem unidade dentro da legenda. O PTB, por exemplo, é um dos mais divididos. O presidente do partido, Roberto Jefferson (RJ), declarou apoio ao pré-candidato tucano, José Serra, mas o líder na Câmara, Jovair Arantes (GO), e no Senado, Gim Argello (DF), prometem trabalhar pela petista.



Ação e reação



Os aliados de Dilma tentam minimizar os apoios informais dizendo que o mais importante é aumentar a capilaridade da candidatura — jargão para envolver na rede montada pela campanha o maior número de militantes no maior número de cidades. “Os deputados levam para os municípios a solução: habitação, água, infraestrutura e esgoto. Os deputados e os prefeitos sabem dos benefícios da parceria com o governo e o que representa a melhoria para a população (na hora da eleição)”, disse o deputado Luciano Castro (PR-RR).



Esse discurso será recheado por dados do governo: números de beneficiados pelo Bolsa Família, pelo Luz para Todos, além do dinheiro conseguido com a exploração do petróleo da camada pré-sal. Essa última bandeira será apresentada como um resultado da reorganização da Petrobras a partir do governo Lula, quando Dilma estava à frente do Ministério de Minas e Energia.



Fonte: Correio Braziliense



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Se Liga 16: UJS quer visitar 4 mil salas de aula até 5 de maio

Em reunião da Direção Nacional (DN) realizada em 9 de abril, a União da Juventude Socialista (UJS) fez um balanço do processo de mobilização do 15º Congresso, cujo tema é "Pra ser Mais Brasil", e apontou medidas para dar impulso ainda maior a esta que é a prioridade do semestre.

Para o presidente nacional da UJS, Marcelo Gavião, 2010 exige ousadia


A principal medida para esta semana é uma ofensiva com passagens em salas de aula para crescer a mobilização da campanha “Se Liga 16”, que estimula jovens de 16 e 17 anos a retirarem o título eleitoral.



O clima das últimas reuniões da UJS tem sido de entusiasmo devido à vitoriosa primeira fase do Congresso, que compreendeu lançamentos públicos e plenárias estaduais por todo o país. Vinte e quatro estados já realizaram alguma atividade congressual com acompanhamento de algum membro da executiva nacional.



O desafio que a própria direção da organização se impõe é tornar o Congresso da UJS o mais público possível, utilizando-se de mecanismos de mídia e dando máxima visibilidade para esse importante momento de debate de ideias e projetos para o país. Para Marcelo Gavião, presidente da UJS, "a batalha que travaremos em 2010 exige ousadia e a marca da UJS sempre foi a ousadia. Além disso, o Congresso deve refletir o momento de democracia que nosso país vive".



Exemplo desta maior publicidade do congresso da UJS é o anúncio publicado na contracapa da revista Caros Amigos do mês de abril. A ideia agora é buscar fazer o mesmo em outras mídias, como outdoor, busdoor, TVs educativas, de Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, rádios comunitárias, páginas eletrônicas, revistas e jornais locais.



Construir o Congresso nas salas de aula



Entre 2004 e 2008, o eleitorado brasileiro cresceu 7,43%. Esse crescimento, porém, não foi acompanhado pelos números que medem quantos eleitores entre 16 e 17 anos existem no país. Nesse caso, o que se constatou foi uma queda de 19%.



A meta estabelecida pela organização de jovens é realizar passagens em salas de aula nas 20 maiores escolas de cada capital do país até o dia 05 de maio, reforçando a campanha "Se Liga, 16", organizada pela UJS. A ideia é que as direções estaduais rodem até 500 mil panfletos da campanha, que tem como principais atores os membros do coletivo de estudantes secundaristas da UJS pelo país, muitos dos quais diretores da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), entidade que também realiza campanha pelo voto aos 16 e 17 anos.



Neste esforço concentrado será possível visitar 4 mil salas de aula de 540 escolas diferentes. A proposta é filiar cerca de 50 mil estudantes secundaristas à UJS neste processo. Na mesma linha, foi instituído um Dia Nacional de passagem em salas de aula para divulgar o congresso nas universidades. A data escolhida foi 28 de abril.

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